Turismo é estratégico para reduzir desigualdades estruturais, diz conferencista



O turismo é uma atividade estratégica, um instrumento maior para reduzir as desigualdades estruturais e sociais e levar postos de trabalho a todos os lugares. Para seu incremento, é essencial um trabalho eficiente de marketing e de construção da imagem de um local, fazendo com que a atividade não apenas gere lucro para as empresas, mas também realize os sonhos de quem viaja. Essa é a opinião de Caio Luiz de Carvalho, presidente da empresa São Paulo Turismo e ex-ministro do Esporte e Turismo do governo Fernando Henrique Cardoso, manifestada durante o 6º Congresso Brasileiro de Comunicação no Serviço Público, que se realiza na Câmara dos Deputados.

Caio Luiz de Carvalho ministrou palestra nesta quinta-feira (14) sobre "O que o turismo pode fazer pelo Brasil e o que a comunicação pode fazer pelo turismo", dentro do programa do último dia do congresso. O conferencista destacou a importância de se vender a imagem de uma localidade de maneira competente e de a população e os empresários aprenderem a processar recursos naturais, culturais e humanos para gerar riqueza e desenvolvimento sustentável. O ex-ministro ressaltou ainda a importância da criação de uma identidade local e de se criar história para os destinos turísticos, levando-se em conta o conceito de que mercado não vende serviços, mas momentos inesquecíveis.

- É preciso bater forte em termos de comunicação - disse.

O palestrante citou a Bahia como exemplo de marketing eficiente e de trabalho competente na área de turismo. As campanhas publicitárias que valorizam o estado existem desde a década de 80, sempre envolvendo a população e os artistas locais. Outro exemplo de sucesso destacado foi em relação à cidade de Nova York, nos Estados Unidos, que em 1972 era uma cidade fabril falida. Com a divulgação de uma nova imagem, a construção de centros de convenções, o lançamento das campanhas publicitárias "Big Apple" e "I love NY", o turismo explodiu e hoje a cidade tornou-se a maior em serviços e em entretenimento do mundo.

Para Caio Luiz de Carvalho, não é só a cadeia produtiva do turismo que ganha com seu crescimento. Em 2005, o setor adquiriu 690 mil aparelhos da indústria eletro-eletrônica e 1,6 milhões de cadeiras e as locadoras de automóveis adquiriram 300 mil veículos. Houve a criação de 1,9 milhões de empregos no Brasil e investimentos de US$ 10,6 bilhões no setor.

O empresário lamentou que a recomendação da Organização Nacional de Turismo para investimento - 2% do que os países recebem de divisas estrangeiras devem ser aplicados em marketing, na promoção e na consolidação do turismo - não seja cumprida. Se fosse obedecida essa recomendação, o Brasil deveria investir US$ 72 milhões no setor. O maior orçamento destinado ao turismo ocorreu em 1998 - de US$ 26 milhões - o que resultou em um volume de5,3 milhões de turistas estrangeiros no Brasil. Hoje este número pouco aumentou e deve ficar em torno de 5,6 milhões, ainda longe da meta de 9 milhões, segundo Carvalho.



14/09/2006

Agência Senado


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