TURRA FALA À TV SENADO SOBRE CRESCIMENTO DO SETOR AGRÍCOLA



O Brasil está na expectativa de uma safra recorde de grãos, estimada em 84 milhões de toneladas, depois de um período de estagnação em que a produção esteve no patamar dos 70 milhões. Foi o que revelou o ministro da Agricultura, Francisco Turra, em entrevista à TV Senado que vai ao ar nesta quarta-feira (27). A previsão, informou Turra, foi feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a partir da monitoração por satélite, e confirmada pelo Banco do Brasil e pelo IBGE.Segundo o ministro, existe, também, a expectativa de que a comercialização da safra de grãos tenha um impacto positivo na balança comercial brasileira, gerando um superávit de 11 bilhões de dólares. "Vamos voltar a ser auto-suficientes em alguns produtos básicos como arroz e feijão", adiantou Turra. No caso do arroz, a produção prevista deve ser de 11,5 milhões de toneladas para um consumo estimado em 11 milhões. Isso tudo num contexto de baixos estoques, que não devem prejudicar o produtor na hora de comercializar seu produto, acrescentou.No caso do trigo, cuja produção caiu bastante nos últimos anos frente à importação crescente do produto argentino, o ministro disse que a meta é impor um ritmo de crescimento da produção de 500 mil toneladas por ano. Em 99 a produção será de 3 milhões de toneladas, mas o Brasil já produziu mais de 6 milhões por ano no passado. De qualquer forma, informou Turra, está ocorrendo uma recuperação do setor, já que nos últimos anos a produção caiu para 2 milhões de toneladas ao ano. A queda, segundo o ministro, se deve à falta de determinação política de apoiar o setor. "Como o trigo argentino era mais barato, a preferência foi pelo aumento da importação". No entanto, o ministro frisou que a orientação agora é outra. "Mesmo que o custo do trigo nacional seja um pouco mais alto do que o do importado, ele pode ser competitivo na medida em que o setor tenha a atenção devida". Outro produto avaliado pelo ministro foi o leite, que tem sofrido forte concorrência do produto importado, o qual chega ao país, muitas vezes, depois de passar por intermediários do Mercosul. "Temos uma preocupação muito grande com o leite, porque ele é o pinga-pinga do pequeno produtor. Vendendo leite diariamente ele está sempre recebendo alguma coisa". O principal problema da produção nacional de leite, segundo o ministro, é a falta de melhorias no processo produtivo. "O produtor está sempre descapitalizado, de forma que não tem como investir na produção". Segundo o ministro, são 2 milhões e 300 mil brasileiros empregados no setor, o que, por si só, já justifica uma atenção especial do governo. O ministro abordou também o problema enfrentado, hoje, pelos produtores de alho. Segundo ele, o setor está desmotivado e o Brasil, que já produziu 85 por cento do consumo, atende, hoje, a apenas 15 por cento da demanda. Mas só no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina o setor emprega cerca de 50 mil pessoas. Por isso, contou o ministro, uma série de encontros com autoridades do setor agrícola de outros países do Mercosul têm sido realizados. O objetivo é rever acordos comerciais para adequá-los à realidade. "Principalmente no caso do leite, nós já demos o nosso alerta: da forma que está não pode ficar".O ministro divulgou, também, o total de área plantada no país - 37 milhões de hectares. Informou, ainda, que o Brasil possui uma das maiores fronteiras agrícolas do mundo: são 180 milhões de hectares inexplorados, sendo 80 milhões de cerrado. Estados Unidos, Canadá e União Européia não possuem mais fronteira agrícola, fato que demonstra a importância do Brasil no contexto mundial, afirmou Turra.Segundo ele, o brasileiro precisa ser mais agressivo ao se aventurar no setor agrícola. "Nós plantamos para, um ano depois, pensarmos em vender. O correto seria vender já pensando no que vamos plantar". Francisco Turra tratou, ainda, do problema recente de desabastecimento no Norte do país, destacando que, com as chuvas na região Nordeste, a situação deve se normalizar. A entrevista com o ministro da Agricultura vai ao ar à 1h e às 5h, 13h30 e 21h15.

26/01/1999

Agência Senado


Artigos Relacionados


JOSÉ JORGE FALA À TV SENADO SOBRE INCENTIVO AO SETOR DE INFORMÁTICA

TV SENADO DEBATE ENDIVIDAMENTO DO SETOR AGRÍCOLA

JONAS PINHEIRO DESTACA ACORDO SOBRE A DÍVIDA DO SETOR AGRÍCOLA

Augustin fala sobre o Programa de Incentivo ao Crescimento

Secretário da Agricultura fala sobre combate ao greening em evento do setor

SESSÃO PLENÁRIA/José Gomes fala sobre setor calçadista