Unicamp diz que sistema de votação do Senado é vulnerável, mas não prova violação
Em companhia do senador Carlos Wilson (PPS-PE), do diretor-executivo do Prodasen (Centro de Processamento de Dados do Senado), Kleber Ferreira Lima, e do presidente da comissão de inquérito encarregada pela Mesa da Casa de investigar se o painel de votação chegou a ser violado, Dirceu Teixeira de Matos, o representante da Unicamp, Álvaro Crosta, entregou oficialmente o laudo da instituição e enumerou 18 pontos de vulnerabilidade do painel, que possibilitam a funcionários ou parlamentares acessarem o sistema.
Ao se dizer surpreso com a fragilidade do sistema eletrônico de votação do Senado, Jader Barbalho determinou o encaminhamento de cópia do documento ao Conselho de Ética da Casa e ao Corregedor-Geral do Senado, senador Romeu Tuma (PFL-SP), para que sirva de subsídio às investigações que estão sendo conduzidas em função da divulgação de conversa travada entre o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e três procuradores da República.
A transcrição dessa conversa, na versão da revista "IstoÉ", atribui ao senador baiano e ex-presidente do Senado declaração na qual diz ter uma "lista" revelando como votaram os senadores na sessão secreta que determinou a cassação do mandato do então senador Luiz Estevão. De acordo com os peritos, o sistema é vulnerável desde sua implantação, tanto com relação ao conhecimento de como votariam os parlamentares, como sobre a possibilidade de alteração de votos. Para isso, basta que a pessoa tenha acesso ao sistema por uma das 18 "portas" indicadas no relatório da Unicamp e tenha também senhas dos senadores.
Essas possibilidades, no entanto, não permitem afirmar que o sistema foi efetivamente violado em qualquer das votações para as quais já foi usado, destacaram os peritos. Eles justificam que esse tipo de invasão, nesse sistema, não deixaria vestígios. Em função dessas conclusões, o presidente Jader Barbalho determinou que a partir de agora o sistema eletrônico da Casa seja usado apenas para o registro da presença dos parlamentares e nas votações abertas. As votações secretas serão realizadas por meio de cédulas.
Essa determinação deverá ser seguida até que a Casa receba as sugestões da comissão de inquérito que investiga o assunto e implemente medidas para aprimorar o atual sistema, tornando-o mais seguro. O presidente da comissão informou a Jader que a intenção é entregar seu relatório em 15 dias.
27/03/2001
Agência Senado
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