Unisinos lança o projeto de integração com a comunidade










Unisinos lança o projeto de integração com a comunidade
A Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) lançou ontem o projeto Unicidade, que busca parceiros na iniciativa privada e pública para o desenvolvimento da população que vive num raio de 100 quilômetros de sua sede, em São Leopoldo. O projeto vai abranger 115 municípios, equivalente a 47,64% da população e 57,83% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado.

O reitor da Unisinos, Aloysio Bohnen, disse que a proposta não é substituir o papel dos governos ou das empresas. "Queremos parcerias para desenvolver o projeto da Unisinos, que não encontra referência no mundo, mas apenas semelhanças em universidades do Canadá e Estados Unidos", explicou.

Segundo ele, a universidade identificou seis pólos na região: alimentos, turismo, tecnologia biobaseadas, tecnologia da informação, coureiro-calçadista e metalmecânico, devendo atuar diretamente nos quatro primeiros e, indiretamente, nos dois últimos, no próximo ano.

O pró-reitor de Administração da Unisinos, Ludger Teodoro Herzog, informou que no campus universitário serão oferecidos atividades culturais e de lazer. A Biblioteca da Unisinos será o ponto de referência do novo Centro do Conhecimento, com galeria de arte, cybercafé e museus. O campus também ganhará um Centro de Conveniência, com praça de alimentação, anfiteatro, cinemas, restaurantes e lojas.

O complexo de Desporto e Lazer vai incluir piscinas térmicas, piscinas de surfe, quadras sintéticas e de areia, pista de atletismo e área verde com arquibancadas para espetáculos ao ar livre com capacidade para seis mil pessoas.

Universidade terá três novos cursos
A Unisinos terá três novos cursos em 2003. Serão criados nas áreas de Gestão de Negócios, Realização Audiovisual e Computação Aplicada às Engenharias. A novidade é que os candidatos farão um processo de seleção exclusivo para os novos cursos, em substituição ao vestibular. O pró-reitor de Ensino e Pesquisa, Pedro Gilberto Gomes, informa que não mais a semestralidade definirá a sua duração.

Segundo ele, haverá a formação seriada (que pode ser mensal, bimestral ou trimestral). "Haverá a diminuição
do tempo de permanência do estudante na Universidade, mas não da carga horária", acrescentou. Segundo Gomes, o objetivo é colocar o aluno o mais rapidamente possível no mercado de trabalho. Os certificados serão fornecidos aos estudantes, progressivamente, na medida em que o aluno vai avançando no currículo.


Governo anuncia privatização 1,7 mil km
O governo federal pretende privatizar mais 1.700 quilômetros de rodovias federais até o final do mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso. O anúncio foi feito pelo ministro dos Transportes, João Henrique de Almeida Souza. Segundo ele, o objetivo era passar para a iniciativa privada 11 mil quilômetros, "mas só 2.500 foram privatizados até aqui".

Em alguns Estados, o processo de privatização ocorrerá sem que as concessionárias cobrem pedágio, de acordo com projeto negociado com o Banco Mundial. "Em certas regiões - e não só no Nordentes - onde a população não pode pagar pedágio, as empresas receberão recursos por cinco anos e não farão essa cobrança".


Superávit de setembro é de US$ 2,349 bilhões
A balança comercial registrou em setembro um superávit surpreendente de US$ 2,349 bilhões - uma cifra similar ao saldo positivo acumulado em todo o ano de 2001. Gerado por um salto na média diária de exportações de 23,4% em relação a setembro de 2001 e por nova retração nas importações (de 12,6%), esse superávit engordou o saldo acumulado no ano, que já alcança US$ 7,727 bilhões, e trouxe perspectivas de um resultado ainda mais otimista para as contas de 2002. O resultado não inclui o último dia do mês.

Os dados, porém, ainda não são suficientes para alterar o contexto de queda da corrente de comércio do Brasil com o exterior, de 10,06% neste ano. Os dados divulgados ontem pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que as exportações somaram US$ 6,178 bilhões nas quatro semanas de setembro, com média diária de US$ 308,9 milhões. Uma vez acrescentado o número do último dia do mês, a tendência será de que os embarques ultrapassem a cifra recorde de US$ 6,223 bilhões, registrada em julho. As importações das quatro semanas, por sua vez, totalizaram US$ 3,829 bilhões, com média diária de US$ 191,5 milhões - um nível considerado fraco para o mês de setembro.

Os números definitivos de setembro serão anunciados amanhã pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, que havia reajustado suas projeções de superávit em 2002 de US$ 7
bilhões para cerca de US$ 8,5 bilhões.

As cifras preliminares já mostraram-se favoráveis ao governo, que necessita acumular saldos positivos crescentes no comércio de bens com o exterior como forma de diminuir seu déficit nas transações correntes - um indicador da capacidade de o País fazer frente a seus compromissos internacionais. De acordo com os números da Secex, o saldo positivo acumulado nos últimos 12 meses, encerrados na quarta semana de setembro, alcançava US$ 9,114 bilhões.

"Os dados de setembro são surpreendentes e não há como contestá-los", afirmou o diretor-executivo da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro. "Mas os números das exportações de setembro são muito otimistas para um momento de retração da demanda mundial. Além disso, a corrente de comércio continua em queda."

Os mesmos dados da Secex indicam que as exportações acumuladas no ano somavam US$ 43,204 bilhões, o que representa uma queda de 2,6% em relação a igual período de 2001. As importações totalizaram US$ 35,477 bilhões, um recuo de 17,7%, na mesma comparação. A corrente de comércio, portanto, alcança apenas US$ 78,681 bilhões no período e indica uma retração de 10,06%. No cálculo dos 12 meses encerrados ontem, essa queda chega a 11,63%, com redução das exportações de 3,8%.

Segundo Castro, as exportações de US$ 6,178 bilhões verificadas nas quatro semanas de setembro podem ter sido "engordadas" por um volume de soja embarcado nos meses anteriores e não contabilizado antes. Essa quantidade corresponderia a cerca de US$ 600 milhões. Caso seja confirmado, o embarque do mês terá sido tão atípico quanto o recorde de julho.


Desemprego cai para 15,4% na Região Metropolitana
A taxa de desemprego total da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) caiu para 15,4% da População Economicamente Ativa (PEA) em agosto, segundo Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). Em julho, o índice ficou em 15,9%. O nível de ocupação manteve a trajetória positiva pelo quinto mês consecutivo, fechando em 0,2%, com a criação de três mil postos de trabalho. Com a saída de sete mil pessoas da força de trabalho, foi reduzido em 10 mil o número de desempregados, totalizando 268 mil indivíduos. A estimativa de ocupados na RMPA é de 1.472 mil pessoas.

Segundo a supervisora da pesquisa, Lúcia dos Santos Garcia, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), a menor pressão sobre o mercado retrata uma melhora geral da economia gaúcha. No mês de agosto, o quadro do emprego deve permanecer melhor na RMPA que em regiões metropolitanas brasileiras.

Entre os setores, o destaque para a queda do desemprego foi serviços, com a ampliação de oito mil empregos, seguido de serviços domésticos, com elevação de dois mil. Já a indústria de transformação e o comércio registraram em agosto queda de cinco mil e dois mil postos, respectivamente.

Em relação a agosto de 2001, o nível de ocupação caiu 2,1%, com a eliminação de 32 mil po stos de trabalho, com o recuo do emprego na indústria (-10,1%), na construção civil (-10,6%) e no comércio (-8,1%). Somente serviços apresentou desempenho positivo, com aumento de 3,8% no contingente de empregados.

Considerando as formas de inserção na ocupação, o número de vagas para autônomos caiu 1,2% entre julho e agosto. Nos últimos três meses, a ocupação para estes profissionais vem caindo. Somente o setor público apresentou performance positiva em agosto, de 1,1%.

Em julho, houve um acréscimo de 1,5% no rendimento real médio do total de ocupados, ficando em R$ 765,00 e de 0,7% entre os assalariados, ou R$ 762,00.

A pesquisa é realizada através de convênio da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social-Sistema Nacional de Emprego (FGTAS/SINE-RS), Fundação Seade/SP e o Dieese.


Agropecuária motiva crescimento de 0,14% do PIB no 1º semestre
Graças ao crescimento de 4,51% da agropecuária, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apresentou crescimento no primeiro semestre. O indicador, que contempla a soma da riqueza nacional, totalizou R$ 612,96 bilhões entre janeiro e junho, incremento de 0,14% em relação ao mesmo período de 2001, segundo divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O setor de serviços cresceu 1,55% e a indústria teve queda de 1,78%. O segmento industrial mais prejudicado pela conjuntura desfavorável este ano foi a construção civil, com queda de 7,32%.

De acordo com o IBGE, os investimentos, que nos primeiros seis meses de 2001 tiveram expansão de 6,77%,
caíram 7,33% no primeiro semestre deste ano, chegando a R$ 115 bilhões. Segundo o gerente do Instituto, Roberto Olinto, a queda nos investimentos deve-se a todo um quadro conjuntural adverso no primeiro semestre, incluindo taxas de juros elevadas, um curto período de racionamento energético, crise argentina, problemas na economia norte-americana e expectativas em relação ao resultado das eleições. Apesar da redução significativa, Olinto alerta que ainda não é o momento de definir se esta será a tendência para os investimentos no ano. "É um quadro que ainda deve ser olhado como provisório", afirma.

Entre todos os componentes da demanda, somente o consumo do governo apresentou elevação, de 1,07%, totalizando R$ 116,4 bilhões. Houve queda significativa de investimentos, consumo das famílias, exportações e importações.

A redução nas importações, aliás, foi também um fator significativo que influenciou o crescimento do PIB semestral conforme Olinto. As compras externas recuaram 18,3%, frente a uma expansão de 14,8% no primeiro semestre do ano passado. O economista atribui a queda ao dólar em nível elevado e ao reduzido crescimento da economia. As exportações também caíram no período, com variação de 4,9%.

Consumo das famílias tem redução de 0,82% no período
O consumo das famílias caiu 0,82% no semestre, ante expansão de 3,5% no mesmo período de 2001. Olinto interpreta a queda como resultado da redução da massa salarial e, consequentemente, do poder de compra das famílias. Na composição dos R$ 612,9 bilhões do PIB do primeiro semestre, R$ 67,9 bilhões referem-se a impostos sobre produtos.

No segundo trimestre, a taxa de crescimento do PIB acumulada nos últimos quatro trimestres foi de 0,03%.

Nesta comparação, a Agropecuária e os Serviços apresentaram taxas positivas de crescimento, de 5,32% e 1,74% respectivamente, enquanto a Indústria recuou 2,78%.

Também neste caso, o único subsetor da indústria a apresentar taxas positivas de crescimento foi a extrativa mineral, com 5,45%. Nos Serviços, destaca-se o aumento de 8,45% das Comunicações. Note-se que, apesar de bastante elevado, este crescimento vem diminuindo desde o início do ano de 2001, quando foi de 16,84%, passando para 11,92% no quarto trimestre de 2001 e para 8,45% neste último trimestre.

BC admite inflação maior para manter crescimento em 2003
O Banco Central (BC) divulgou ontem um relatório flexibilizar o centro da meta de inflação de 2003, que é de 4 por cento, direcionando a política econômica do País para uma inflação de 5%. O objetivo da mudança, segundo o diretor de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn, é preservar o crescimento econômico brasileiro. "Existia a possibilidade de chegar na meta, mas a um custo muito maior", explica.

Apesar da mudança de objetivo, o governo se mantém dentro da meta ampla de inflação do ano que vem, que é de 4%, com variação de 2,5 pontos percentuais, para cima ou para baixo. Segundo Goldfajn, o sucesso da política de meta inflacionária deve ser medido não apenas com o alcance da meta que tinha sido estabelecida, mas também pelo crescimento econômico que foi preservado.

O diretor do BC diz que grande parte da pressão inflacionária do próximo ano, cerca de 0,9 ponto percentual, virá do impacto da depreciação do real neste ano sobre os preços do ano que vem.

Segundo os cálculos apresentados nesta segunda-feira pelo relatório de inflação da autoridade monetária, a inflação de 2003 deve chegar a 4,5%, com uma taxa de juros de 18% e um câmbio próximo a R$ 3,20.


Artigos

Política cultural e a cidadania
Margarete Moraes

Em artigo publicado no JC, dia 13 de setembro último, o ex-assessor de Cultura no governo Britto, Fernando Luís Schüler, critica os governos estadual e municipal por não fazerem o uso que considera adequado de leis de incentivo à cultura através de isenção fiscal. Atribui o que chama de "década perdida" a um modelo de governo errado. Porto Alegre é uma das únicas capitais brasileiras a contar com orçamento próprio, votado e garantido pelo Orçamento Participativo, o que permite a previsão e elaboração de uma política cultural. Pois não basta contar com orçamento, é preciso ter a ousadia de construir uma política cultural densa, plural e moderna que se oponha à velha e desacreditada prática neoliberal. As leis de incentivo à cultura foram instrumentos criados nos âmbitos governamentais como alternativa aos escassos investimentos públicos no setor, para compensar a ausência do Estado. A intenção dos vereadores porto-alegrenses que, em outubro de 1992, propuseram a edição da Lei Complementar nº 183, de incentivo à cultura, com base na renúncia fiscal de IPTU E Issqn, refletia a preocupação da cidade em criar os meios para o financiamento de sua crescente produção cultural. Foi em oposição a esta proposta de lei que o meio cultural, político e administrativo criou o Fumproarte, que estabelece que o dinheiro público deve ser administrado, diretamente, pela comunidade cultural, responsável por dois terços da composição da Comissão de Avaliação e Seleção, em conjunto com a Secretaria Municipal da Cultura, num processo de total transparência. Algo bem distante das leis de incentivo fiscal, através das quais o Estado abre mão de política públicas para a Cultura e delega às empresas, através de suas gerências de marketing, a escolha da programação cultural que chegará ao público. Porto Alegre se orgulha, e é exemplo para todo o Brasil, por desenvolver projetos em parceria com a comunidade cultural baseados na descentralização e na democratização de acesso à criação e à fruição de seu patrimônio cultural. Patrimônio que foi sucateado, destruído, desprezado pela política neoliberal preconizada por aqueles que afirmam que "cultura é um bom negócio" e como tal deve ser tratada.

O "modelo de governo que está errado", nas palavras de Fernando Schüller, é o governo do qual nos orgulhamos. É o governo que desenvolveu o projeto de Descentralização da Cultura. É o governo que tem três fundos de financiamento à Cultura. É o governo que não investe recursos públicos para trazer Roberto Carlos e co bra ingressos para o espetáculo. É o governo que promove intercâmbios com outras cidades, com outros países, pois sabe que a diversidade e a pluralidade cultural são os mais valiosos bens da humanidade, ao contrário do modelo neoliberal que prega a homogeneização de gostos, paladares e desejos, para facilitar o fomento a um consumo direcionado e massivo.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

A banalização da violência
O próximo governo vai ter de entrar de sola na questão da segurança pública. Não é mais possível conviver com tanta violência. O Brasil é hoje uma grande Cidade de Deus infestado de Zé Pequenos, cometendo, quase a troco de nada, as maiores atrocidades.

Entre as cidades que mais padecem o mal da violência pública está o Rio de Janeiro. E não é de hoje. Basta o bandido Fernandinho Beira Mar, preso em Bangu 1, um presídio de segurança total, ser privado de tomar sol, para que os seus asseclas proíbam a abertura do comércio na região.

A governadora Benedita da Silva reforçou o policiamento do Estado e mobilizou 45 mil homens para garantir a segurança nos municípios da região metropolitana. O chefe de Polícia, Zaqueu Teixeira, está investigando a origem dos boatos que provocaram o fechamento de lojas e escolas em vários bairros do Rio, Niterói, São Gonçalo e cidades da Baixada Fluminense. O delegado acredita não descartar nenhuma hipótese, mas ressaltou que é possível que alguém, por interesses ainda desconhecidos, tenha reproduzido uma ação do tráfico que se manifesta, em geral, protestando contra alguma ação da polícia.

Foi uma reação em cadeia da bandidagem.

É uma situação de pânico sem precedentes.

A bandidagem carioca não perdoa a polícia por ter endurecico contra Fernandinho Beira Mar e por ter prendido Elias Maluco. Os bandidos não engoliram o recrudescimento da polícia contra o crime organizado.

E declararam guerra!

A capital de São Paulo é outra cidade assolada pela violência. Lá as rotineiras chacinas de fins de semana matam mais de 50 pessoas, assustando os moradores da periferia, apesar do esforço do governo em combater o crime organizado.

É impressionante! O Estado perdeu a gestão da ordem pública. Aqui, ali e acolá.

E o mais incrível de tudo isso é que até as pequenas cidades do Brasil de Dentro, os chamados grotões, outrora bucólicos recantos dominados pela fraternidade entre os seus moradores, vivem hoje a neurose da insegurança. Não é mais incomum assaltos a bancos, briga de gangues, guerra do tóxico e rebelião nos presídios nas pequenas cidades brasileiras. Também por lá, como nas grandes cidades, o cidadão é prisioneiro dentro do seu próprio lar. O bandido está em liberdade, cometendo nas ruas as maiores agressões contra a sociedade incauta.

A Segurança Pública não é hoje um problema do governo federal. O novo presidente, com o apoio do Congresso, deve assumir anunciando uma grande cruzada nacional contra a violência, destinando vultosos recursos para reequipar as polícias federal e estaduais. Paralelamente a isso devem ser construídos novos presídios. O preso brasileiro precisa trabalhar. Isso lhe faz falta como terapia ocupacional.

Essa ação deve envolver os novos governadores e os prefeitos municipais por um esforço coletivo pela ordem pública.

Se fizermos uma pesquisa tentando descobrir qual o maior anseio de nosso brasileiro comum saberemos que o emprego e a segurança são necessidades básicas, fundamentais. Depois, vem habitação, saúde, educação, transporte, lazer...

Uma coisa puxa a outra. O desemprego traz a miséria que gera a violência. Portanto, o emprego acaba com a
miséria e a miséria diminui a violência.

Se o Estado empregar, a nação alcançará a paz social.


CARLOS BASTOS

Rigotto repete Loureiro da Silva em 59
O candidato peemedebista Germano Rigotto está repetindo o que ocorreu com José Loureiro da Silva, quando disputou com Wilson Vargas, do PTB, em 1959, a prefeitura de Porto Alegre. Como Rigotto, agora, que tinha pouca penetração eleitoral no início de sua campanha, Loureiro da Silva, naquela eleição, foi lançado por uma aliança do PDC com o PL, tendo o então deputado libertador Manoel Braga Gastal como candidato a vice-
prefeito, e eram escassos seus apoiadores no início da jornada.

O comitê central de Loureiro foi instalado num pequeno prédio na Rua da Praia, próximo à Praça Dom Feliciano. Nos meses de agosto e setembro mesmo, era muito pequeno o movimento no local. Lá estavam os abnegados Ailton Pohlmann, Nelson Iglésias, Werner Becker e Arno Oliveira. O dinheiro também era escasso, como foi agora na campanha de Rigotto. Quase ninguém chegava no local, e havia muito pouco material de propaganda, para não se dizer que, na prática, inexistia. Os dias foram passando e começou a surgir um movimento espontâneo do eleitorado em torno da candidatura do Charrua, como Loureiro era conhecido. A disputa era com o trabalhista Wilson Vargas, indicado pelo então governador Leonel Brizola, e havia ainda a chapa Ary Delgado-Godoy Bezerra, da aliança PSD-UDN, que tinha representação numericamente superior na Câmara dos Vereadores da Capital aos dois partidos que apoiavam Loureiro, PDC e PL.

Em meados de setembro, um verdadeiro furacão eleitoral tomou conta da cidade de Porto Alegre e a candidatura de Loureiro sofreu um crescimento impressionante, culminando com sua vitória no pleito, chegando a beirar os cem mil votos e tirando uma diferença de mais de 20 mil votos sobre Wilson Vargas, enquanto Ary Delgado não passava dos dez mil sufrágios.

Naquela ocasião, um fato essencial para a definição do pleito em favor de Loureiro foi, sem sombra de dúvida, o rompimento de Fernando Ferrari com o PTB e Leonel Brizola, dando início a sua dissidência, que desaguaria na criação do Movimento Trabalhista Renovador, o MTR, e o seu lançamento como candidato a vice-presidente da República, em 1960, para um confronto com Jango Goulart, do qual saiu derrotado.

Este crescimento num final de campanha - ocorrido com Loureiro em 1959 - está se repetindo agora com Germano Rigotto, do PMDB. Lançado candidato com números insignificantes na pesquisa, a candidatura de Rigotto foi se encorpando e chegou ao estágio atual, quando tem todas as condições para emplacar o segundo turno. E se em 1959, para Loureiro, o apoio de Ferrari foi decisivo, agora está pesando de forma significativa para Germano Rigotto o fato de ele derrotar o candidato petista Tarso Genro nas simulações efetuadas pelos institutos de pesquisa para o segundo turno. Isso está catapultando sua candidatura e esse pode ser um dado fundamental para que o eleitorado antipetista escolha o peemedebista como depositário do voto útil.

Esta referência às eleições de 1959 e Loureiro da Silva serve para informar que hoje à noite, no restaurante Birra e Pasta, do Shoping Praia de Belas, o jornalista Celito de Grandi estará autografando o livro com excelente biografia de Loureiro da Silva, o Charrua.


FERNANDO ALBRECHT

Urgência urgentíssima
Para transformar de feio em bonito o cartão postal que é a entrada de Porto Alegre, o Legislativo municipal precisa ser célere. O vereador Carlos Pestana (PT) pediu prioridade à Câmara para que aprecie, logo após as eleições, o requerimento solicitando a votação ainda em outubro do projeto da prefeitura que beneficia com três mil moradias as 12 mil famílias que vivem nos bairros Humaitá e Navegantes, no início da freeway. Isso feito, o projeto deve subir ao Senado até o fim do ano, para que o município obtenha autorização para
contratar um empréstimo internacional de R$ 55 milhões.

Tarso na Band I
O Jornal Gente da Rádio Band AM 640 inaugurou ontem a série de entrevistas com os quatro principais ca ndidatos ao Piratini ouvindo Tarso Genro - hoje será a vez de Antônio Britto. Tarso adiantou que a estratégia contra Germano Rigotto será situá-lo como aliado de Fernando Henrique e sua política neoliberal.

Tinha na ponta da língua os itens que enumerou para a Segurança, começando pela separação da Justiça e Segurança. Não quis dizer quem será o nome para a primeira caso vença as eleições.

Tarso na Band II
Reposição imediata do déficit de três mil homens na Brigada Militar foi o primeiro da série. Foi-lhe perguntado como encarava a disposição das principais entidades empresariais em pregar o voto anti-PT. Tarso disse que via isso com naturalidade. Não nominou especificamente os presidentes destas entidade, com exceção de Paulo Afonso Feijó, da Federasul. "Feijó ainda está em clima de guerra fria e pensa que é Eisenhower" disse, referindo-se ao general e presidente dos EUA nos anos 50.

Micuim fashion
A Justiça eleitoral apreendeu o panfleto Micuim News nº 1
que continha pesados ataques anônimos contra a candidatura Antônio Britto. O que chamou atenção foi a forma de distribuição. Kombis ostentando o nome da publicação com meia dúzia ou mais de militantes distribuíram o papel no Parcão e no circuito fashion da Padre Chagas. Irada, a oposição chegou a pensar em retaliar com um tal de Escória News .

Novo hospital
O novo Hospital da Criança Santo Antônio começa a funcionar às 8h da manhã do dia 7. Seria uma boa data? É um dia depois das eleições quando as apurações dominarão corações e mentes de todos e a atenção geral certamente estará centrada neste foco. A explicação dada pela Santa Casa é que as razões foram de ordem técnica e médica.

Composição da Assembléia...
Especialistas políticos e especuladores, curiosos do processo democrático e jornalistas debruçam-se sobre a provável composição da Assembléia e quantos deputados federais cada partido fará. Na Casa do Povo os experts divergem muito no atacado - quem fará mais e menos deputados - e também no varejo, quando se trata de prever a quantidade de parlamentares por partido.

...é assunto sem consenso

Chega-se então a uma espécie de bancada-padrão a partir de 2003. Seja quem for o governador, é parada dura para o futuro inquilino do Palácio Piratini. Assim, o PT faria 16 deputados (um do PC do B), o PPB 11, o PTB oito, o PDT sete, o PMDB cinco, o PSDB dois, PPS/PFL quatro, o PSB e o PL um cada. Sem falar na surpresa de sempre no Interior ou a surpresa negativa, quem achava certa a sua eleição.

Homenagem de Sobral
O diretor geral da Band, Bira Valdez, passeava em uma das praias de Fortaleza no final de semana quando vislumbrou um vulto de bombacha que lhe era familiar na beira do mar. Foi conferir e descobriu que não era um pássaro nem um avião, era Régis Trevisani comendo rapadura e tomando chimarrão. O dono da Churrascaria Mosqueteiro foi para o Ceará para assar o churrasco na homenagem que a cidade de Sobral fez aos diretores da Grendene, que lá emprega 11 mil pessoas.

Agenda cheia
No dia 7 de novembro o ex-dirigente do Clube da Cidadania, Diógenes de Oliveira, tem agenda cheia já pela manhã. Terá que comparecer a duas audiências na 6ª Vara Criminal no intervalo de meia hora, a partir das 8h30min.

Susto
O empresário Helio Wolfrid pregou um susto nos seus amigos ao sofrer três enfartes. Mas já está OK. Há duas semanas sentiu que algo não ia bem e tomou rumo do Hospital Mãe de Deus. Era enfarte. No saguão sentiu-se mal e teve um segundo enfarte, sendo então levado para o Instituto de Cardiologia. Lá, teve um terceiro. Já nos trinques, Helinho voltou ontem às suas atividades empresariais.

Instruções
Instruções do Boletim nº 67 do PT: "Fiscalizar e fazer boca de urna é a mesma coisa para militante petista. É fundamental fazer a boca, conseguir mais votos. Só não é incompatível com o trabalho de fiscalização. Chega às 7h45, verifica a urna, vê a zerésima (?), fala com mesários, sorri bastante, fica amigo, daqui a pouco vai para a rua ganhar votos. Volta de vez em quando. Não tem incompatibilidade. Só tem que ter uma camisa para cobrir os adesivos, senão ficar tirando e botando toda a hora é chato".

Centro de Feiras e Eventos da Região das Hortênsias/Sedai iniciaram tratativas para parceria.

Será dia 10 no Grêmio Náutico Gaúcho jantar de Confraternização dos Vacarianos.

Em 2003 alunos do Unificado contarão também com o 1º e 2º anos na sede da Nilo Peçanha.

De olho no mundo artístico a agência DCS criou o DCS Art para os jovens artistas.

Jorge Furtado autografa seu Meu Tio Matou um Cara
(L&PM) dia 3 às 19h na Porto do Iguatemi.

Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha patrocina dia 3 o 5º GIE de Comércio Exterior.

Vereador Adeli Sell (PT) ministrou palestra em Porto Seguro, Bahia, sobre guerra fiscal no ISS.

Candidatura Sérgio Arnoud (PPS) para a Assembléia recebeu ontem o apoio de sindicalistas.


Editorial

A NOVA FACE DO FMI E A ESPECULAÇÃO CAMBIAL

Se era só o que faltava para colocar os nervos à flor da pele, não falta mais, o dólar disparou - embora a pequena queda de ontem - e o Fundo Monetário Internacional, finalmente, reconheceu que o protecionismo dos países ricos impede que as nações em desenvolvimento, consigam equilibrar suas contas correntes externas. Com efeito, o todo-poderoso Horst Köhler, diretor-gerente do FMI, assumiu a bandeira desfraldada, há muito, por ministros como Pratini de Moraes, da Agricultura, que bradava sozinho contra as taxas e regras sanitárias e fitossanitárias impostas pelos EUA, pelo Japão e pela União Européia, impedindo que o aço, a carne, açúcar, café, algodão, têxteis e suco de laranja nacionais chegassem aos consumidores estrangeiros, mais baratos do que os preços praticados lá fora, duplo prejuízo, pois. Por isso a implantação da Área de Livre Comércio das Américas, Alca, e o acordo com a União Européia devem ser bem negociados, sem xenofobia, porém também sem facilidades adotados a priori. Nesse ponto, o novo governo não deve desleixar tudo o que o Itamaraty vem fazendo, nestas questões. Foi dito e é bom lembrar que os subsídios na área agrícola da UE e
dos Estados Unidos chegam à incrível quantia de US$ 360 bilhões anuais, mais de US$ 1 bilhão por dia útil.

É muito dinheiro e que, diminuído, ajudaria no soerguimento das agriculturas latinas. No entanto, vencer as resistências é quase impossível, tanto na Europa como nos EUA.

Quanto à especulação cambial, vale mais o sentimento, a tal de "percepção" dos mercados do que a realidade, balança comercial em setembro terá superávit de US$ 2,350 bilhões. Ainda assim o dólar está demais, R$ 3,81, comparado às condições macroeconômicas do Brasil, para alegria dos argentinos. Agora, convenhamos, o passado recente de alguns não recomenda muito, por isso não perdoam os mercados um eventual governo de oposição. Ao contrário do que dizem, não é a globalização interferindo no Brasil, é o Brasil alarmando o mundo. Fizemos uma moratória há poucos anos, tivemos campanhas públicas pelo não-pagamento da dívida externa, sob lideranças políticas que estão com possibilidade de chegar ao poder, e a teimosia em gastar mais do que o arrecadado durante quase toda a década de 90, com correção a partir de 98 e os sucessivos superávits primários. Somente com imposição de organismos como o FMI é que fazemos o que é elementar, organizar as finanças, manter câmbio livre e, aí sim, implementar programas fortes na educação, livrando o País dos problemas que o assolam, justamente a partir da baixa ou nenhuma escolaridade de grandes parcelas do povo. Ainda que Armínio Fraga faça bem seu trabalho, o candidato que lidera as pesquisas tem incontinê ncia verbal e escorrega em afirmações tão desnecessárias quanto lesivas a ele próprio. Descartar, quatro meses antes, Armínio Fraga foi um deslize que agitou os agentes financeiros sem necessidade, quando o próximo presidente do BC somente será empossado em março, seu nome precisa passar pelo Senado e este estará em recesso quando do início do mandato, em janeiro. Estamos vivenciando uma época de sobressaltos, onde o que importa é a serenidade, seja dos atuais como, mais ainda, dos futuros dirigentes. Aliás, uma boa plataforma seria evitar pedir dinheiro emprestado ou ir diminuindo a dependência, exatamente o que nos faz ficar à mercê de agências de risco e sofrendo as turbulências das fraudes contábeis nos EUA, do petróleo caro e de uma possível invasão do Iraque. O eleito deve anunciar, de imediato, o novo ministro da Fazenda e o presidente do BC, com nomes pragmáticos e respeitados, isso acalmará a tudo e a todos, o País merece.


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10/01/2002


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