USP testa transporte público individual
Veículo tem 4 lugares; trajeto é programado pelo usuário e não há necessidade de condutor
Na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, pesquisadores estão realizando uma avaliação comparativa entre um protótipo de transporte público individualizado (TPI) e ônibus urbanos. O TPI é um veículo com capacidade para até quatro pessoas e com via própria, mas cujo trajeto é programado pelo usuário e sem necessidade de condutor. A alternativa já tem protótipos produzidos nos Estados Unidos, na Europa e no Japão.
Para realizar esta comparação, o engenheiro Leonardo Hitoshi Hotta fez uma simulação da implantação deste sistema na cidade de São Carlos (SP), que envolveu uma pesquisa com usuários de ônibus e pesquisadores da área de transporte, e também uma comparação entre os dados disponíveis sobre os ônibus municipais e os estimados caso o TPI fosse adotado.
“A partir dos questionários com os usuários de transporte público e pesquisadores, concluímos que o atributo considerado mais importante é a tarifa paga. Para os usuários, fatores como desconforto e demora também foram apontados. Já os pesquisadores da área de transporte (engenheiros, urbanistas e administradores) enfatizaram a questão da viabilidade financeira do sistema, além da adequação à estrutura urbana e consumo de energia”, conta Hotta.
Alguns dados foram colhidos em campo como, por exemplo, o tempo que o passageiro leva da chegada à parada de ônibus até o embarque, medido por meio de uma câmera instalada em um ponto que acompanhou 60 passageiros e calculou a média de espera do local de embarque.
Privacidade e conforto
O pesquisador utilizou então um software canadense de simulação de tráfego (Integration) para o cálculo de tempo de viagem e velocidade, inserindo os dados operacionais disponibilizados pela Prefeitura de São Carlos e as estatísticas do TPI, que foram estimadas utilizando-se os dados de um modelo fabricado na Inglaterra, o ULTra, que está em teste e deve ser implantado no Aeroporto de Heathrow ainda em 2008. O veículo, segundo o engenheiro “uma espécie de táxi sem motorista”, utiliza energia elétrica e uma via própria, mas o trajeto pode ser programado pelo usuário.
Além da privacidade (até quatro pessoas podem viajar juntas, por escolha) e do conforto do transporte até um local mais próximo do destino final do usuário, há a facilidade de poder levar carga e bagagens que podem ser inviáveis de serem transportadas em um ônibus.
Outras vantagens do ULTra em relação ao ônibus foram a velocidade média do percurso, 80% maior, e o tempo de atendimento de cerca de 1 minuto e 40 segundos a partir da chegada do usuário ao ponto, que representou um quinto do tempo de atendimento gasto no caso do ônibus.
Por outro lado, a capacidade de atendimento do TPI seria menor que a do ônibus, e o custo para construção da estrutura e operação do veículo seria muito alto. Na Europa, o gasto estimado por quilômetro (km) construído chega aos R$ 15 milhões.
“De uma maneira geral, concluímos que o TPI é uma alternativa interessante ao ônibus. O que não significa que vá substituir os meios de transporte de massa como trem, metrô e VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). Nosso estudo serviu principalmente para lançar a discussão do caminho que o transporte público pode tomar e, no caso do ônibus, o índice de insatisfação e a crescente diminuição de usuários deste meio demonstra que é preciso intensificar as pesquisas em soluções tecnológicas diversas ao que existe atualmente”, conclui.
Da USP Online
04/02/2008
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