VALADARES DENUNCIA AUMENTO ABUSIVO DE REMÉDIOS DE AMPLO CONSUMO



O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) disse hoje (dia 4) que, conforme levantamento realizado pelo Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal, 87 remédios de uso mais comum foram reajustados no início de fevereiro a índices bastante superiores ao da inflação registrada em janeiro desse ano. Valadares cobrou punições severas aos laboratórios farmacêuticos, pois, a seu ver, "não é justo que eles sejam punidos apenas com a redução de seus preços".

Com o objetivo de saber que providências estão ou serão tomadas pela Secretaria de Acompanhamento Econômico, do Ministério da Fazenda, contra os laboratórios responsáveis pelos aumentos exacerbados, o senador apresentou hoje (dia 4) requerimento de informações dirigido ao ministro da Fazenda, Pedro Malan. Caso a Secretaria tenha realizado alguma investigação, Valadares solicita também os resultados obtidos e as punições porventura aplicadas aos laboratórios, com os dados sobre quantos e quais foram eles.

Os casos mais gritantes registrados no levantamento do Conselho foram os do Amidalin e do Anartrit, ambos do laboratório QIF: "Entre 1º de janeiro e 1º de fevereiro, ficaram 30,36% e 29,7% mais caros. Segundo a Fundação Getúlio Vargas, a inflação de janeiro medida pelo IGPM foi de 0,96%. Ao longo do ano passado, o preço do Amidalin já havia subido 26,6% e do Anartrit, 12,7%", afirmou o senador.

Na opinião de Valadares, dado que dentro do Ministério da Fazenda existe um órgão específico para a fiscalização de abusos econômicos - a Secretaria de Acompanhamento Econômico -, conclui-se que "ela foi incapaz de coibir a ocorrência desses aumentos, que atingem principalmente as camadas mais pobres da população". Paralelamente, enfatizou, os laboratórios oficiais do país tiveram seus recursos reduzidos pelo governo federal.

Valadares registrou que o Conselho verificou que, desde a implantação do Real, não houve um mês sequer sem aumentos nos medicamentos. Os dados comparativos entre os preços praticados em julho de 1994 e os atuais demonstram que remédios como o Propanolol, da Sanval, usado por cardíacos, e o Fenergan, antialérgico da Rhodia Farma, tiveram seus preços majorados em 200% e 150%, respectivamente. "A inflação acumulada no Real, de acordo com o IPC da Fipe, foi de 68,08% até o mês passado", comparou.

Como muitos laboratórios alegam que seus custos são fixados pelo dólar americano, o levantamento do Conselho Regional de Farmácia fez as devidas conversões e, ainda assim, constatou que o Plasil, por exemplo, usado contra enjôo, encareceu 97,4% desde a adoção da URV, em março de 1994. O Parenzyme, antiinflamatório da Medley, subiu 52,3% em dólar, acrescentou o senador.



04/02/1998

Agência Senado


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