Valter Pereira nega interferência em questões internas da Venezuela



"O Senado brasileiro não interferiu em nada, o que aprovamos foi um simples apelo para que a liberdade de imprensa fosse respeitada, para que se preservassem as regras democráticas, para que se respeitasse o direito do povo venezuelano ser bem informado". A declaração foi feita pelo senador Valter Pereira (PMDB-MS), que, da tribuna do Plenário, acusou o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de ter novamente agredido o Congresso Nacional ao dizer, no último sábado (2), que o Parlamento do Brasil tinha emitido um comunicado grosseiro contra seu país.

Valter Pereira opinou que a manifestação de Chávez lembra declarações de integrantes do governo brasileiro durante o regime militar, quando forças democráticas de outros países se pronunciavam contra "a arrogância da ditadura". Segundo o senador pelo Mato Grosso do Sul, tanto no caso vivenciado pelo Brasil no período de 1964 a 1985, quanto agora, na Venezuela, os mandatários agem como se estivessem encarnados na figura do próprio país.

- Efetivamente, o que estamos assistindo é a ação de um genérico de Hitler ou de Mussolini a copiar os mesmos métodos para esmagar a democracia e a liberdade. E o presidente Hugo Chávez ainda fala em dignidade. Que dignidade é essa? De privar o povo da Venezuela de se informar e de escolher seus meios de comunicação? De afastar toda a crítica, todas as opiniões contrárias e fazer da intolerância e da arrogância um método de administração? - indagou Valter Pereira.

Em aparte, o senador Mão Santa (PMDB-PI) rebateu a declaração de Hugo Chávez de que o Senado brasileiro age "como um papagaio" do Congresso americano. O representante piauiense lembrou que, no episódio da decretação de guerra pelos Estados Unidos contra o Iraque, diversos senadores repudiaram e condenaram a atitude tomada pelo presidente norte-americano.

Por sua vez, Adelmir Santana (DEM-DF) lamentou a posição do presidente da Venezuela com relação ao Senado do Brasil e lembrou que o tratamento dispensado pelos senadores brasileiros aos parlamentares venezuelanos, por ocasião da implantação do Parlamento do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai, foi exatamente o oposto.

Já o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) classificou de lamentável o teor de entrevista coletiva concedida pelo assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, julgando que nenhuma regra democrática foi violada no episódio da não renovação da licença de funcionamento do canal de televisão venezuelano RCTV. Heráclito avaliou que o assessor foi leviano e deveria pelo menos respeitar as posições que o presidente Lula adotou.

04/06/2007

Agência Senado


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