Velha e nova Luz: um dos pontos mais charmosos e interessantes da cidade
De fato, a Estação da Luz mudou. Entre 2002 e 2005, foi restaurada com todos os aspectos estruturais e históricos do edifício renovados, ganhou iluminação especial. Hoje, se acha modernamente instalada dentro do projeto Integração Centro, com liberação da passagem subterrânea, o que torna mais fácil a transferência entre os sistemas da CPTM e Metrô, sem custo adicional, permitindo viagens mais seguras e confortáveis.
Atualmente, a Estação, informa Raimundo, é o marco zero da ferrovia. “Daqui você pode ir a qualquer lugar com um único bilhete. Economia de tempo e dinheiro para o usuário”. À primeira vista, a estação lembra uma pequena cidade subterrânea, com comércio que reúne 14 lojas – bijuterias, calçados, sorveteria, cafés – e três quiosques (que oferecem lanches e cafés) instalados de dois anos para cá.
As saídas para as ruas de comércio – São Caetano, Mauá, da Graça, além do acesso à Pinacoteca, Museu de Arte Sacra e a Sala São Paulo – vivem apinhadas de gente. “Não tem como se perder aqui, as informações são claras, a sinalização também”, diz o casal Thiago Tarelli, de Andradina, e Ana Paula Parra, de Umuarama, Paraná.
Ana tem um sonho: descobrir a estação devagar, sob outros ângulos. “Sei que tem obras de arte belíssimas, acesso para o Museu da Língua Portuguesa, quero conhecer todos”.
A jovem de 21 anos se refere ao painel Epopéia Paulista, de concreto amarelo, terracota e branco, de autoria de Maria Bonomi, de mais de 70 metros de comprimento, outro de Maria Tereza Saraiva, além de um fotográfico em preto-e-branco, doação do Instituto Moreira Salles, do fotógrafo Vincenzo Pastore, com foco na região central de São Paulo do século 20, anos 1911-12.
Familiaridade
Enquanto duas jovens passam voando, sem se identificarem, em direção ao Museu da Língua Portuguesa (“ficamos sabendo na última hora do curso de produção cultural e temos de apressar o passo para não perder a inscrição”, diz uma delas), outro casal, sorridente, atravessa a catraca que dá para a conhecidíssima rua das noivas, a São Caetano. “Vim para a última prova do vestido, o casamento é amanhã”, diz Roberta Kelly Montanari, ansiosa, com a mãe, Gilda, a tiracolo, para opinar.
O noivo, Bruno Damasceno, tem bastante familiaridade com a estação. “Trabalhei anos como office boy e conheço todas as ruas de comércio que desembocam aqui”.
A mulher e a máquina
Na base de maquinistas, o movimento é incessante. Um entra-e-sai deles, ao todo 152 divididos em diversas escalas. Oito mulheres fazem parte do grupo. “A presença feminina aqui foi recebida com aplausos”, brinca Valdir Alves, apontando para a colega Maria de Fátima Ceirão Soares, maquinista desde 2005, na ferrovia há 11, onde começou como agente operacional na bilheteria e no bloqueio.
Decidiu ser maquinista atraída pela possibilidade de crescer mais na carreira. “Foi um desafio, fiquei surpresa comigo mesma. Depois do treinamento de seis meses, com cursos teóricos e práticos, me apaixonei e agora não quero outra profissão”.
O também apaixonado Raimundo – aprecia ver a estação transformada em cenário de novelas, minisséries, cinema e comerciais (“é uma viagem”) –, filosofa: “Quem vem a São Paulo e não visita a Luz não conhece São Paulo”.
Maria das Graças Leocádio da Agência Imprensa Oficial
(C.C.)
03/13/2008
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