Venezuela: prefeito de Caracas defende democracia como condição para ingresso no Mercosul



Em carta enviada ao presidente do Senado, José Sarney, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, manifesta-se contra o ingresso, neste momento, da Venezuela ao Mercosul. Ele afirma que a população venezuelana apoia a posição do senador em favor de que se cumpram as condições democráticas para a adesão daquele país ao bloco. A carta foi encaminhada na segunda-feira (25) por Sarney à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), à qual cabe aprovar parecer sobre a matéria antes da votação em Plenário.

Segundo Ledezma, os venezuelanos que acreditam na necessidade de aprofundar relações privilegiadas com o Brasil e com o bloco, mas a partir de uma perspectiva democrática. "Seria um precedente muito grave admitir no Mercosul um presidente [Hugo Chávez] cujas ações demonstram uma escalada autoritária; que não crê nos princípios de mercado, de processo de integração, e que insulta o Senado brasileiro chamando seus integrantes de 'papagaios do Império Americano' por não se dobrarem ao seu propósito", diz a carta.

O prefeito afirma que a voz autorizada de Sarney, na Presidência do Senado, ao exigir que se cumpram as condições democráticas - entendimento compartilhado por integrantes da CRE, como lembra -, recebe os aplausos entusiásticos da população venezuelana. Depois de dizer que acredita num Brasil democrático, Ledezma expressa sua admiração a Sarney pelo fato de o senador exigir o cumprimento dos acordos internacionais em prol da democracia, do pluralismo e das liberdades.

Golpe de estado

Ainda na carta, divulgada nesta terça-feira (26) pelo presidente do Senado, o prefeito expressa, "em nome dos setores democráticos da Venezuela" e em seu próprio nome, o mais sincero reconhecimento pelas recentes declarações de Sarney em defesa da democracia na América Latina, em geral, e por seu apoio à democracia na Venezuela, em particular, reiterando sua posição, sustentada há décadas, em favor do pluralismo.

Ledezma acrescenta que, graças à contribuição de Sarney quando ocupava a Presidência da República, no final da década de 1980 consolidou-se um processo de democratização que teve como resultado, alguns anos mais tarde, a definição de instituições como a Cláusula Democrática no Mercosul, que impede o ingresso no bloco de países que não respeitam as regras do pluralismo.

Segundo o prefeito de Caracas, em vez de reconhecer a vontade popular, o governo central da Venezuela tem, desde o início, hostilizado de forma inaceitável os que foram eleitos como representantes a nível local e regional, negando-lhes o direito de exercer suas responsabilidades pelo simples fato de serem de oposição, o que se configuraria num "golpe de Estado à Constituição".



26/05/2009

Agência Senado


Artigos Relacionados


Comissão ouvirá prefeito de Caracas dois dias antes de decidir sobre ingresso da Venezuela no Mercosul

Embaixador brasileiro em Caracas fortalece defesa de ingresso da Venezuela no Mercosul

Prefeito de Caracas falará sobre entrada da Venezuela no Mercosul

Prefeito de Caracas sugere aprovação da Venezuela ao Mercosul, com ressalvas

Suplicy defende ingresso da Venezuela no Mercosul

Renato Casagrande defende ingresso da Venezuela no Mercosul