Violência sexual é praticada por "gente poderosa", denuncia promotora
A prática de violência sexual em várias localidades das regiões Norte e Nordeste envolve -gente poderosa-, denunciou nesta quarta-feira (9) a promotora do Ministério Público do Maranhão Lítia Cavalcanti, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso Nacional que investiga redes de exploração sexual de crianças e adolescentes. Nessas regiões, disse ela, a violência ainda é considerada um ato normal.
- Quem mais explora sexualmente as crianças e adolescentes não são as pessoas pobres ou de menor poder aquisitivo. A violência é praticada por juízes de Direito, oficiais da Polícia Militar, políticos, policiais civis, médicos, enfim, gente poderosa, de renome e endinheirada - afirmou a promotora.
A cidade maranhense que lidera a exploração sexual, acrescentou, é Caxias, considerada a terceira maior do estado. Lá, observou, é comum crianças de 12 anos fazerem -programas- e orgias sexuais em troca de R$ 10,00, uma pequena viagem ou até uma calça jeans.
Lítia Cavalcanti se disse estarrecida com a impunidade e a falta de sensibilidade da própria sociedade que, observou, assiste a esses crimes na maior naturalidade, -como se tudo fosse normal-. Por isso, cobrou das autoridades federais um combate rigoroso contra a exploração sexual no Norte e no Nordeste, a fim de que os direitos da infância sejam garantidos.
Diante das graves denúncias e da divulgação de nomes de supostos envolvidos em crimes de exploração sexual, a presidente da CPI, senadora Patrícia Saboya (PPS-CE), decidiu tornar secreta a audiência pública. Também tomou parte da reunião Janete Cruz, coordenadora nacional da Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual e Comercial.
Patrícia Saboya acredita que a CPI vai enfrentar grandes desafios durante os trabalhos, previstos para serem concluídos em dezembro, quando o relatório final deverá ser votado. Ela disse estar certa de que a exploração sexual infantil está organizada em sofisticadas redes criminosas internacionais que se estruturam e se desmobilizam de maneira muito ágil e envolvente. Por isso, acrescentou, há uma grande dificuldade para identificar e punir os responsáveis.
09/07/2003
Agência Senado
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