Visando transmissões em 4G, governo e empresas pressionam por 'Lei das Antenas'



Visando à expansão da rede de telefonia celular e da internet banda larga, especialmente a que utiliza tecnologia de quarta geração (a 4G), o governo federal e as empresas do setor defendem uma “Lei das Antenas”. Com uma nova lei de âmbito federal, eles esperam superar as restrições que as legislações municipais impõem à instalação de antenas – o argumento das prefeituras se refere a questões como risco à saúde, impacto ambiental e preocupações urbanísticas. Para discutir o assunto, várias comissões do Senado realizaram conjuntamente uma audiência pública nesta quinta-feira (8).

O ponto de partida do debate foi o PLS 293/2012, projeto do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) que pode dar origem à Lei das Antenas. Ao final da reunião, o relator da matéria, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), informou que receberá sugestões ao texto até a próxima quarta-feira (14). E que apresentará seu relatório no dia 20 de novembro.

– Esperamos votar esse projeto no Plenário do Senado daqui a três semanas – declarou o senador, que defende a aprovação da proposta.

Um dos problemas apontados numa eventual Lei das Antenas seria o conflito entre uma lei federal e diversas legislações municipais. Mas, segundo Eduardo Braga, o projeto “pode estabelecer diretrizes e parâmetros no âmbito da competência concorrente” – ou seja, a União estabelece as normas gerais e estados e municípios podem ter leis específicas, mas que não podem ir contra a lei federal. Ele reiterou que “há competência constitucional para que essa lei estabeleça as diretrizes”.

– Quando se trata de um plano nacional, não pode haver, por exemplo, uma regra para a cidade do Rio de Janeiro que não permita levar a comunicação para Niterói, porque tudo isso depende da interconexão – explicou.

Porém, mesmo dentro do governo federal não há consenso. Representante do Ministério do Meio Ambiente, o consultor jurídico Mauro O' de Almeida ressaltou que “não é do interesse do ministério federalizar questões de licenciamento ambiental relacionadas a esse tipo de atividade”.

– Da forma como está esse projeto de lei, pode haver problemas na sua efetividade – afirmou ele, referindo-se aos problemas de competência constitucional.

O consultor do Ministério do Meio Ambiente ressaltou que a Lei Complementar 140/2011 fixou atribuições específicas para os municípios no que se refere ao licenciamento ambiental. Também argumentou que essa lei complementar “é indiretamente uma norma constitucional”, já que regulamenta o artigo 23 da Constituição.

Além disso, ele disse à Agência Senado que “o fórum adequado para discutir as questões técnicas de licenciamento ambiental relacionadas a esses casos seria o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)”.

Copa e prazos

Representando as empresas de telefonia, Antonio Carlos Valente, presidente da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil) lembrou que as operadoras têm prazo – fixado pelo governo – até o final de abril do ano que vem para implantar redes 4G nas cidades-sede da Copa das Confederações, evento preparatório para a Copa do Mundo de 2014.

– A instalação de equipamentos depende, entre outros itens, de licenciamento municipal. Mas estamos enfrentando muitas dificuldades – disse.

Segundo Antônio, há mais de 250 legislações estaduais e municipais, mas principalmente municipais, que restringem ou proíbem a implantação de infraestrutura de telecomunicações.

– E nosso entendimento é que as estações rádio-base não se enquadram como atividades poluidoras – afirmou.

Antonio também observou que a meta é finalizar a rede 4G em todas as cidades-sede da Copa de 2014 até o final do ano que vem. E, até maio de 2014, as operadoras já deveriam atender todas as capitais e cidades com mais de 500 mil habitantes.

Ao defender uma lei federal que ofereça uma uniformização nas exigências, o presidente da Telebrasil reiterou a dificuldade e complexidade para atender várias legislações diferentes.

Diretor do Departamento de Banda Larga do Ministério das Comunicações, Artur Coimbra também ressaltou que o prazo para a implantação do 4G para a Copa das Confederações “está acabando”.

– São raríssimos os casos em que prefeituras emitem as respectivas licenças em menos de seis meses. E com frequência os licenciamentos saem após um ano – informou.

Para Artur Coimbra, quando os municípios atuam com leis que restringem a instalação de antenas para evitar possíveis doenças decorrentes de radiação (segundo ele, um receio “pouco justificado”), pode ocorrer uma “reação perversa”, porque as antenas restantes, para atender a mesma cobertura – antes feita por um número maior de antenas –, acabam aumentando sua potência e a exposição da população a eventuais radiações.

Essa audiência pública foi promovida por quatro comissões do Senado: de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR), de Assuntos Sociais (CAS) e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA).



08/11/2012

Agência Senado


Artigos Relacionados


Governo amplia apoio aos atletas brasileiros visando resultados em 2016

Governo pode regular setores que pressionam inflação

Pequenas usinas de biodiesel pressionam governo por aumento de mercado

Oposição critica governo por insinuar que mais recursos para a educação pressionam a inflação

Ipem-SP trabalha visando a proteção do consumidor

Mão Santa narra viagens visando o fortalecimento de seu partido no Piauí