Votação do Caso Renan nesta quinta começa com disputa em torno do voto secreto ou aberto



Depois de mais dois meses de investigações, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentardo Senado reúne-se nesta quinta-feira (30), a partir das 10h, para decidir se o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), faltou com o decoro parlamentar, ao se valer do funcionário da empreiteira Mendes Júnior Cláudio Gontijo para fazer pagamentos de pensão à jornalista Mônica Veloso, com que tem filha.

No meio da tarde, o presidente do colegiado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO) anunciou, por meio de sua assessoria, que iria seguir parecer da Consultoria Legislativa do Senado (Nota Informativa nº 1693/2007) e encaminhar o exame do relatório final por meio de votação secreta, mas dois dos três relatores do caso, Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS), anteciparam sua intenção de apresentar recurso ao próprio plenário do conselho, de modo a estabelecer a votação aberta.

- Defendo o voto secreto, mas vou respeitar a decisão do plenário [do conselho] - esclareceu Quintanilha em entrevista coletiva concedida às 20h.

Apesar da disposição do senador Almeida Lima (PMDB-SE) de apresentar um relatório próprio, Casagrande e Marisa entendem que o relatório de fato da comissão de investigação é o que eles concluiriam na noite desta quarta-feira (29).

- A comissão só tem um relatório, e é o que a maioria dos relatores está preparando. Este é que tem de ser votado. O senador Almeida Lima pode até ler o relatório dele, se quiser, mas não terá efeito - afirmou Marisa Serrano em entrevista no final da tarde.

Na terça-feira (28), Quintanilha chegou a afirmar que o conselho votaria "em primeiro lugar" o "relatório majoritário". Essa declaração foi dada ainda quando se discutia se a peça final a cargo dos relatores poderia ser ou não conclusiva, ou seja, se poderia propor ou não punição (inclusive a de perda do mandato) a Renan. A vinculação entre voto secreto e "relatório apenas descritivo" foi estabelecida por um grupo de consultores legislativos encarregados de dar um parecer solicitado à Consultoria do Senado por Quintanilha.

O entendimento da consultoria gerou polêmica. Segundo Casagrande e Marisa Serrano, foi "a gota d"água" para o afastamento do secretário-geral adjunto da Mesa, Marcos Santi. Também de acordo com os relatores, Santi deixou o cargo por estar insatisfeito com o processo de elaboração de pareceres e outras ações demandadas a consultores e assessores durante a tramitação da representação contra Renan.

Emitido verbalmente em reunião realizada no início da tarde de terça entre Quintanilha e os três relatores, o parecer acabou por ser anulado pela nota técnica encaminhada nesta quarta a Quintanilha, com as assinaturas de Fernando Trindade, Gustavo Ponce de Leon Soriano Lago, Paulo Henrique Soares e Gilberto Guerzoni Filho. Como observou o próprio presidente do conselho, a nota não trata da natureza do voto, se conclusivo ou não, embora argumente no sentido de que a Constituição é clara ao estabelecer o voto secreto, quando se trata de decidir pela cassação de mandato parlamentar. E, no entender dos consultores, o voto tem de ser secreto em todas as instâncias da Casa, e não apenas no Plenário, como defende Casagrande.

- Colocarei o relatório em votação na forma em que for apresentado, conclusivo ou não - disse Quintanilha à noite, sem se referir ao relatório (ou voto sem separado) do senador Almeida Lima.

Uma outra nota informativa (nº 1.713/2007), elaborada por solicitação do líder do DEM, José Agripino (RN), foi divulgada nesta quarta. No documento, o consultor Arlindo Fernandes de Oliveira argumenta favoravelmente à votação aberta, atendendo ao princípio jurídico da transparência e publicidade nas ações legislativas, mas observa que o Regimento Interno do Senado prevê a possibilidade de o presidente de uma comissão ou conselho decidir por transformar uma sessão aberta em fechada, o que torna o voto automaticamente em secreto.

Defensor da inocência de Renan, o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), declarou-se a favor do voto secreto, " em respeito às normas em vigor", mas repudiou a idéia de um relatório apenas descritivo das apurações, como chegou a reivindicar Almeida Lima.

- Um relatório [o de Almeida Lima] tem de ser pela absolvição e o outro pela cassação. Não cabe um voto covarde - disse em entrevista coletiva por volta das 17h.

Logo depois, Marisa Serrano evitaria antecipar as conclusões da peça de 50 a 60 páginas que elaborava em conjunto com Casagrande.

- Estamos conferindo nossas dúvidas - resumiu.

Em entrevistas concedidas na terça-feira, ela e Casagrande haviam enumerado o que consideravam as principais fragilidades do presidente do Senado quanto à representação: a relação com o funcionário da Mendes Júnior; a existência de um empréstimo não contabilizado com a empresa Costa Dourada; a evolução patrimonial conflitante com a renda declarada ao fisco; e a incompatibilidade entre os diversos documentos utilizados para comprovar a atividade agropecuária.

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Nelson Oliveira e Raíssa Abreu / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)


29/08/2007

Agência Senado


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