Votos perdidos por Ciro vão para os 3 candidatos









Votos perdidos por Ciro vão para os 3 candidatos
Especialista em pesquisa aponta que crescimento de Lula não indica ainda vitória no primeiro turno

As pesquisas do Ibope/Rede Globo e do Datafolha, divulgadas segunda-feira, mostram um novo padrão de redistribuição de votos entre os candidatos nos movimentos provocados no eleitorado pela campanha. Segundo a analista de pesquisas do Grupo Estado, Fátima Pacheco Jordão, os eleitores perdidos por Ciro Gomes (PPS) se distribuíram mais equilibradamente entre José Serra (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Anthony Garotinho (PSB).

Ciro perdeu cinco pontos percentuais, de acordo com o instituto Datafolha e dois pontos, segundo o levantmanto feito pelo Ibope, enquanto os outros três candidatos subiram.

Há também nessas pesquisas uma indicação de fortalecimento eleitoral de Lula, o que justifica o entusiasmo dos seus militantes em tentar um esforço adicional para vencer a disputa ainda no primeiro turno. Fátima diz que o potencial de vitória no primeiro turno está desenhado, sobretudo porque isso já ocorre, beneficiando Lula, entre os eleitores homens. Lula tem, segundo o Datafolha, 47% desse eleitorado e apenas 34% das mulheres.

A especialista não acredita numa solução no primeiro turno em virtude da dinâmica da campanha. Além disso, afirma que os dados das pesquisas ainda apontam como probabilidade maior de necessidade de uma segunda rodada eleitoral para decidir quem será o presidente.

Por isso, ela acredita que são reduzidas as chances de a eleição presidencial se definir já no primeiro turno, com vitória de Lula. Para a especialista, o fato de as mais recentes pesquisas mostrarem Lula com até 45% dos votos válidos não é suficiente. "Esta porcentagem de votos é muito próxima de uma definição já na primeira etapa, mas não se imagina que o quadro de melhora de Serra e de Garotinho possa permitir esta perspectiva", diz.

Ela lembra também que a campanha continua em curso e que a tendência é que a partir desse quadro sejam expostas de modo mais contundente as fragilidades da candidatura petista, sobretudo pelos estrategistas da campanha de José Serra.

A partir de agora, em que os pólos do confronto presidencial praticamente se definiram por Lula e Serra, a analista prevê uma campanha mais agressiva. O mais atingido, segundo ela, deve ser o candidato do PT, que desfrutava de posição privilegiada, apenas assistindo à troca de acusações entre Ciro e Serra, até pouco tempo embolados em segundo lugar nas pesquisas.

Serra parte para o ataque a Lula
Em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, o candidato à Presidência, José Serra (PSDB), partiu ontem para o ataque ao primeiro colocado, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em programa de TV no horário eleitoral gratuito.

Logo no início do programa tucano, uma locutora repetiu os resultados mais recentes das pesquisas Datafolha e Ibope, que colocam Serra isolado em segundo lugar, emendando, na sequência, a frase: "É o mais forte para disputar com Lula o segundo turno".

Logo depois, a locutora diz: "Quem é o mais preparado para gerar os empregos que o País precisa: Serra ou Lula?".

A estratégia do PSDB é resgastar em mais uma eleição o voto útil contrário à candidatura petista.
O presidente nacional do PSDB, José Aníbal, afirmou que o partido quer arrancar Lula "da moita" para colocá-lo em uma posição de debate. "O Lula assumiu uma posição de inércia. Até agora, ele ficou na dele, na moita. É preciso fazer com que ele deixe de ser intocável".

O tucano afirmou que a disputa entre Lula e Serra não será feita com ataques, mas com "confronto de posições", e que o candidato petista se beneficiou ao ficar fora da campanha até agora.

Aníbal descartou a hipótese de uma vitória petista no primeiro turno, e disse acreditar que Lula vai perder votos quando suas propostas começarem a ser questionadas pelos adversários.

Sobre novos apoios à candidatura de Serra, surgidos com a subida do tucano nas pesquisas, Aníbal afirmou que o que existe hoje é uma motivação maior dos aliados em torno do presidenciável.

Maluf cai e empata com Alckmin
O candidato do PPB ao governo paulista, Paulo Maluf, caiu cinco pontos percentuais na última pesquisa estadual do Ibope, divulgada ontem. O ex-prefeito tem 30% e, como a margem de erro é de 2,5 pontos porcentuais, para mais ou para menos, ele está tecnicamente empatado com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que oscilou positivamente 1 ponto e passou para 26%.

O único candidato que apresentou crescimento fora da margem de erro foi o petista José Genoíno, que ganhou 3 pontos e passou para 16%. Carlos Apolinário (PGT) tem 3%, Ciro Moura (PTC) e Antônio Cabrera (PTB) aparecem com 1% cada. Os votos em branco e nulos somam 8% e 13% dos eleitores ainda não sabem em quem vão votar ou não responderam à pesquisa.

Nas simulações para o segundo turno, Maluf também apresentou uma queda expressiva. Se a disputa fosse contra Alckmin, Maluf perderia por 46% a 38% – no levantamento anterior os dois estavam numericamente empatados com 44%. Maluf, que antes vencia Genoíno por 51% a 33%, hoje está tecnicamente empatado com o petista: o ex-prefeito teria 43% e o deputado, 39%.

Maluf também foi o único candidato a apresentar aumento na taxa de rejeição. Hoje 35% dos eleitores dizem que não votariam nele, em comparação a 32% da pesquisa anterior. O índice de rejeição de Genoíno passou de 16% para 15% e o de Alckmin se manteve em 14%.

Foram levantadas ainda as intenções de voto para o Senado. Romeu Tuma (PFL), que concorre à reeleição, se manteve na liderança com 33%. Aloizio Mercadante (PT), o único a apresentar crescimento, passou de 25% para 28%. Orestes Quércia (PMDB) continuou com 25% e está tecnicamente empatado com Mercadante. Cunha Bueno (PPB) tem 8%; José Aníbal (PSDB), 6%; Ademar de Barros (PGT), 3% e Wagner Gomes (PC do B), 2%. A pesquisa entrevistou 1.600 eleitores em 81 municípios do estado.

Guerra na Internet agora chega ao TSE
O candidato José Serra (PSDB) alega que foi injuriado no site de Ciro Gomes (PPS), quando teria sido chamado de mentiroso e entrou com ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a exclusão imediata da referência e o direito de resposta. Esta é a primeira ação com base em notícia da Internet.

O confronto entre Ciro e Serra pode ser acompanhado diariamente pelos eleitores nas páginas dos dois candidatos na Internet.

O site de Serra, por exemplo, diz que "Ciro é especialista em insultos" e chama o programa do candidato do PPS de "desequilíbrio puro". Já no site de Ciro há notícias ironizando a proposta de geração de emprego de Serra e afirma que os remédios genéricos são mais caros no Brasil.

O advogado especialista em Direito Eleitoral, Francisco Roberto Emerenciano, explica que "ofender é denegrir a imagem do outro" e que a caracterização de ofensa eleitoral não é diferente da criminal. "O que muda é o órgão competente para julgar. No caso da ofensa aos candidatos em período eleitoral quem julga é a Justiça Eleitoral, nos outros casos é a Justiça Comum", diz Francisco.

O advogado acredita que o número de reclamações feitas ao TSE com relação às notícias divulgadas nos sites é pequena, porque o acesso a elas pelos eleitores é mais restrito. "Como o dano é menor que o causado por propagandas exibidas na televisão e nas rádios, o interesse em recorrer à justiça é menor", afirma. Segundo a resolução que regulamentou a propaganda eleitoral, as regras para para a Internet são as mesmas da propaganda em qualquer outro meio de comunicação. Cabe ao TSE analisar a reclamação e definir se houve crime.

A representação número 451, feita por José Serra conta Ciro Gomes, ainda está em andamento. O processo aguarda a defesa de Ciro.

Ontem, o candidato do PPS foi punido mais uma vez pelo TSE. O ministro Caputo Bastos decidiu cortar o tempo de Ciro na publicidade eleitoral gratuita por ter ele continuado a veicular imagens do presidente Fernando Henrique Cardoso nas campanhas de 1994 e 1998, sem indicar, corretamente, os partidos que compunham a coligação que então o apoiavam, omitindo o PTB, que agora apóia Ciro.

Transexual dá apoio para candidato gay
O transexual Katielly Lanzini, que busca uma vaga na Assembléia Legislativa de Santa Catarina, pelo PFL, disse ontem que enviará uma carta de solidariedade ao gaúcho José Antonio Cattaneo, candidato do PPB à deputado estadual no Rio Grande do Sul, que foi impedido de participar de um acampamento de tradicionalistas em Porto Alegre (RS), nessa semana.

Segundo Katielly, que é gaúcha natural de Cruz Alta, "os tradicionalistas do Rio Grande do Sul estão praticando hipocrisia."

Katielly, que mora no município catarinense de Chapecó, afirmou que "preconceito é manifestação de gente disfarçada". Ela exortou o candidato gaúcho a reagir diante do preconceito sexual. "Eu teria botado a gauchada para correr de facão se um deles tivesse o desplante de me ofender", garantiu.

Rainha é afastado da liderança do MST
Um dos principais líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o agricultor José Rainha Jr., foi suspenso por tempo indeterminado de suas atividades na coordenação paulista da entidade.

Rainha está preso há seis dias, na cadeia de Presidente Venceslau (SP), sob acusação de formação de quadrilha, por ter participado de invasões de fazendas na região do Pontal do Paranapanema. Com prisão preventiva decretada desde maio, ele estava foragido.

Na prática, a suspensão impede que Rainha responda ou exerça qualquer tipo de atividade em nome do movimento. Ele, por exemplo, está proibido de desenvolver trabalhos de base nos assentamentos do Pontal.

A suspensão, definida há cerca de três meses pela coordenação estadual do MST, deveu-se a uma sequência de desobediências de Rainha a ordens de lideranças do movimento dos sem-terra.
Apesar disso, Rainha continua amparado juridicamente pelo movimento, por meio do deputado federal e advogado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que ontem entrou com pedido de revogação de prisão preventiva no Fórum de Teodoro Sampaio.

O fato culminante para a suspensão ocorreu em janeiro, quando Rainha foi atingido com um tiro nas costas no momento em que deixava a fazenda Santa Rita, em Rosana (SP), invadida dias antes por 200 famílias de sem-terra.

À época, a invasão da fazenda, supostamente liderada por Rainha, foi classificada como precipitada pela coordenação estadual do MST – que caracteriza a suspensão como um "procedimento interno", sem motivo para ser informado à imprensa.

De acordo com a assessoria do MST, a suspensão será rediscutida após a saída de Rainha da prisão.


Serra garante primeiro emprego para os jovens
Fazer o maior programa de treinamento e qualificação da história do Brasil. Esta é a proposta do candidato José Serra (PSDB) para os jovens. Sabatinado por um grupo de jovens sob a coordenação dos integrantes do grupo KLB, Serra falou sobre seu programa de geração de empregos, que prevê a colocação de 8 milhões de pessoas no mercado, no seu governo, caso seja eleito. Para Serra, a preparação dos jovens para o primeiro emprego é fundamental, e isto será feito com o estímulo às empresas para que promovam estágios remunerados. E mais: garantiu aos estudantes a melhoria do ensino médio público o acesso ao pré-vestibular gratuito nas universidades públicas. Para Serra, é preciso "lutar por um país onde haja mais igualdade de oportunidade para todos".

"Lula ou Serra? Quem vai conseguir gerar mais empregos?", foi a pergunta de despedida de seu programa ontem.

Para Lula, que começou homenageando todas as vítimas do ataque aos Estados Unidos, a questão do emprego é, também, fundamental. De dentro da fábrica da Volkswagen, que concedeu férias coletivas enquanto tenta esvaziar um pátio com 15 mil veículos produzidos, Lula disse que uma das prioridades de seu governo será a proposta de um pacto social entre governo, empresários e trabalhadores para discutir a questão do desemprego e garantir trabalho para os brasileiros. Segundo ele, isto será possível com a redução dos juros e o aumento das exportações, citando alguns exemplos.

Trabalhadores podem e devem governar? Esta é a proposta de luta do candidato do PCO, Rui Costa Pimenta. Um plebiscito sobre a Alca resolve o problema nacional? Esta é a plataforma de governo do candidato Zé Maria, do PSTU, que quer a Alca fora da América Latina. Comemorando a ascensão nas pesquisas, Garotinho promete salários integrais para os aposentados.


Preso que trabalha custa menos para o governo
Despesas caem até 20%, mas número de detentos que têm atividade econômica ainda é muito baixo

O gasto que o Estado tem com os presos poderia ser bem menor se todos trabalhassem dentro dos presídios. A economia começa pela redução da pena: a cada três dias trabalhados, o detento tem um a menos na condenação. Produzindo o próprio alimento, os presos podem reduzir o seu custo em 20%.

No Distrito Federal, por exemplo, os presos da Papuda produzem, dentro do presídio, o pão francês que consomem. Segundo Adalberto Monteiro, diretor-executivo da Fundação de Amparo ao Trabalho do Preso (Funap), da Secretaria de Segurança do DF, o custo unitário do produto sai por R$ 0,16, enquanto que, no mercado, o preço médio é de R$ 0,20.

Dos cinco mil presos do DF , 21,5%, ou 1.300 do total, trabalham dentro e fora dos presídios, um índice muito superior ao registrado no conjunto da população carcerária do País, constituída por 240 mil presos.

A Papuda tem projetos de ressocialização que dão resultados positivos. "Hoje, de cada cem presos que passam pelo processo de recuperação, apenas 15% voltam à reincidência", garante Monteiro. No País, segundo o Ministério da Justiça, este índice chega a 85%.

O advogado Paulo Castelo Branco, ex-secretário de Segurança do DF, diz que há presos que chegam a custar R$ 1,5 mil para o Estado. No DF, ainda de acordo com ele, o custo é menor (R$ 800) porque boa parte dos presos trabalha.

O gasto com o preso pode ser maior quando se inclui assistência à saúde. O governo federal pretende gastar, a cada ano, R$ 105 (per capita) para manter uma equipe médica (psicólogo, dentista, médico e etc). O investimento per capita em saúde para cada brasileiro é de R$ 82,47.
Além de custar menos, o preso que trabalha pode gerar outros tipos de economia para o governo. Um exemplo: na Papuda, eles fabricam bolas de futebol que são distribuídas em escolas públicas e entidades filantrópicas. O custo unitário da bola é de R$ 12 – no mercado, este valor chega a R$ 30.

O preso ganha R$ 2 por cada bola produzida. Este trabalho é resultado de uma parceria entre a Funap e a Secretaria Nacional de Esportes. "O trabalho acalma o presídio", ressalta Monteiro, lembrando que em mais de 30 anos de existência da Papuda foram registradas apenas duas rebeliões.

Ângelo Roncalli Barros, diretor do Departamento Penitenciário Nacional, do Ministério da Justiça, diz já está havendo uma mudança sobre o detento. "Não se pensa mais só na custódia, mas na recuperação do preso", garante. "Por isso, estamos incentivando a qualificação profissional dentro dos presídios", arremata.

Fique por dentro
  • Não há dados oficiais, mas a experiência mostra que um preso pode custar, no mínimo, 20% menos para o Estado, portanto para a sociedade, se trabalhar dentro do presídio

  • Nos presídios, o trabalho é opcional, mas há projetos de lei na Câmara Federal, como o do ex-deputa do federal Alberto Fraga (PMDB/DF), que tornam o trabalho obrigatório para os presos

  • No DF, as experiências com o trabalho de recuperação do preso, por meio de uma atividade profissional, são positivas. De um total de 5 mil presos, 1,3 mil trabalham


    EUA em alerta máximo
    Governo eleva o nível de preocupação com novos ataques terroristas para "risco alto"

    Uma grande quantidade de informações secretas, consideradas críveis, levou o governo norte-americano a elevar, ontem, o estado de alerta para ameaças terroristas pela primeira vez desde março. Todo os Estados Unidos agora se encontram em "alerta laranja", o que significa "risco alto" de ataques.

    O anúncio, feito pelo secretário de Justiça John Ashcroft, sublinha os preparativos das autoridades norte-americanas na área de segurança com vistas ao primeiro aniversário dos atentados de 11 de setembro. Os serviços secretos destacaram a possibilidade de ataques com carros-bomba e outros de natureza menos sofisticada. Ashcroft apontou como alvos em potencial os setores de energia e transportes, além de instalações vistas como símbolos dos Estados Unidos.

    O secretário, porém, não citou nominalmente quais os alvos que estariam na mira do terror. Segundo Ashcroft, as células da rede terrorista Al-Qaeda "vêm acumulando explosivos desde janeiro de 2002, como parte da preparação para estes ataques".

    Também como conseqüência dos dados recolhidos pelos serviços secretos, o governo norte-americano decidiu fechar quatro embaixadas na Ásia: Indonésia, Malásia, Barein e Vietnã. A mesma medida se aplicará a consulados norte-americanos em cidades vietnamitas e indonésias.
    "A comunidade de inteligência dos Estados Unidos recebeu informação, com base na descrição de um alto dirigente da Al-Qaeda, sobre possíveis ataques terroristas destinados a coincidir com o aniversário dos atentados de 11 de setembro", afirmou Ashcroft.

    O secretário revelou também haver pistas, procedentes do Oriente Médio, sobre possíveis atentados suicidas contra interesses norte-americanos, mas os alvos são desconhecidos. Apesar da elevação do nível de alerta, Ashcroft recomendou aos norte-americanos que tentem levar suas vidas dentro da normalidade.

    "Não estamos aconselhando o cancelamento de eventos e nem que as pessoas mudem seus planos de viagem", disse. "Pedimos que os norte-americanos, tanto em casa como no exterior, lembrem o aniversário dos ataques brutais com uma consciência maior do ambiente e das ações à sua volta".

    O diretor de Segurança Interna, Tom Ridge, pediu à população que fique atenta para possíveis ameaças. "Vamos deixar claro que cada cidadão que vir algo suspeito o relate", disse.

    Blair confirma ataque ao Iraque
    O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disse ontem que haverá uma ação militar contra o Iraque se o presidente iraquiano, Saddam Hussein, ignorar a vontade da ONU (Organização das Nações Unidas) e não permitir que os inspetores de armas retornem ao país.

    "Diplomacia é vital. Mas quando lidamos com ditadores, a diplomacia deve ser apoiada pelo conhecimento específico na mente do ditador de que atrás da diplomacia há a possibilidade de a força ser usada", disse Blair, durante um discurso no Congresso de Sindicatos, em Blackpool (Reino Unido).

    Blair, que no último sábado reuniu-se em Camp David (EUA) com o presidente norte-americano, George W. Bush, afirmou que "é justo lidar com Saddam por meio Nações Unidas".

    "Que fique claro o fato de que não pode haver novas condições, novos jogos, novas manobras dilatórias, novos questionamentos da autoridade das Nações Unidas por parte de Bagdá. E que fique claro que, se a vontade das Nações Unidas for ignorada, a ação contra o Iraque continuará", disse.

    As declarações foram dadas enquanto crescem as especulações sobre os planos dos EUA de atacar o Iraque para derrubar Saddam Hussein, acusado pelo governo norte-americano de desenvolver armas de destruição em massa. "É preciso dar um novo impulso ao processo de paz no Oriente Médio", declarou Blair. "Saddam não é o único problema da região."

    "Temos de trabalhar com todas as partes afetadas, entre elas os Estados Unidos, por uma paz duradoura que ponha fim aos sofrimentos dos palestinos nos territórios ocupados e dos israelenses vítimas de terroristas", disse.

    CIA não tem provas contra Saddam
    Altos funcionários norte-americanos abandonaram a intenção de vincular o governo iraquiano de Saddam Hussein à rede Al-Qaeda de Osama Bin Laden e outras organizações terroristas conhecidas, informou ontem o jornal The Washington Post.

    Apesar dos esforços neste sentido, a CIA não encontrou provas contundentes que vinculem o líder iraquiano com o terrorismo internacional, indicou o Post, que cita altos funcionários da inteligência norte-americana e especialistas estrangeiros.

    Analistas da inteligência concluíram que não há provas suficientes que vinculem Saddam Hussein aos membros da Al-Qaeda refugiados no norte do Iraque. Também não existem evidências suficientes que confirmem uma suposta reunião em Praga, em abril de 2001, entre um agente da inteligência iraquiana e Mohamed Atta, um dos seqüestradores de 11 de setembro.

    "As provas são escassas", disse um alto funcionário da inteligência ao jornal.

    No discurso que pronunciará amanhã na Assembléia Geral da ONU, o presidente George W. Bush deve se referir aos esforços do Iraque em desenvolver armas nucleares, biológicas e químicas, e não a vínculos com o terrorismo, assinalou o jornal.
    Centenas de palestinos se manifestaram ontem, na Faixa de Gaza, a favor do Iraque, sob ameaça de ataque dos Estados Unidos. A manifestação, organizada pela Frente de Libertação Árabes, uma formação palestina pró-iraquiana, ocorreu por ocasião de uma cerimônia durante a qual foram entregues donativos no valor de US$ 10 mil às famílias de 36 "mártires" palestinos da intifada – movimento de revolta popular palestina contra Israel iniciado em setembro de 2000 e que já matou mais de 2 mil pessoas.

    Essas doações foram feitas pelo presidente do Iraque, Saddam Hussein, que os Estados Unidos querem tirar do poder. Saddam também é acusado de estar produzindo armas de destruição em massa.

    O que é o alerta laranja
    O anúncio de Ashcroft foi precedido por um relato, feito pelo diretor da CIA, George Tenet, na noite de segunda-feira ao presidente George W. Bush e seus principais assessores. Tenet descreveu "conversas" certamente procedentes da rede terrorista Al-Qaeda.

    "Eu diria que são mais críveis do que específicas. Crível no que diz respeito à procedência", comentou uma fonte que participou do relato do diretor da CIA. Os Estados Unidos encontravam-se sob alerta amarelo desde março, ou seja, um nível significativo de ocorrência de ataques terroristas.

    O sistema de alerta é composto por cinco níveis, começando pelo verde, o mais baixo, e passando pelo azul, amarelo e laranja até chegar ao vermelho, que indica uma ameaça grave. Cada cor desencadeia tipos de ações específicas por parte das agências de segurança federais, estaduais e municipais.

    O alerta laranja significa que as autoridades de segurança adotarão medidas extras de precaução em eventos públicos, estarão de prontidão para trabalhar em um local alternativo e coordenarão os esforços de segurança com as Forças Armadas ou com órgãos do governo.

    A cidade de Nova York, em si, mantém-se em alerta alto desde os atentados que pulverizaram as Torres Gêmeas do World Trade Center.

    Defesa aérea em Washington
    O Pentágono deslocou sistemas adicionais de defesa aérea para Washington – dois dias antes do primeiro aniversário dos ataques terroristas de 11 de setembro – mas descreveu a operação como um "exercício".

    Chamados de Clear Skies 2 (Céus Limpos 2 ), os exercícios envolvem cerca de 300 pessoas e destinam-se a testar a "conectividade" de sistemas portáteis de mísseis terra-ar durante as patrulhas aéreas de Washington. A defesa inclui o radar Sentinel, o sistema Avenger e mísseis portáteis Stinger montados em várias instalações militares da área, inclusive no Pentágono.
    O Avenger é um sistema de defesa aérea de curto alcance, fixado sobre um veículo Humvee, e capaz de disparar oito mísseis Stinger em rápida sucessão.

    Vice vai para esconderijo
    O vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, foi enviado a "um lugar secreto" por causa dos riscos de atentatos contra alvos norte-americanos, informou o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.

    No ano passado, após os atentados de 11 de setembro, Cheney foi levado para um local não-divulgado e formou, com assessores e secretários, um "governo paralelo", que assumiria o governo caso o presidente George W. Bush fosse morto.

    Por causa do aniversário dos ataques aos EUA, o secretário da Justiça norte-americano, John Ashcroft, disse ontem que o nível de alerta – medido em uma escala de cinco cores – está apenas um nível abaixo de "vermelho", quando o risco é "severo". Desde março, o nível estava "amarelo", exatamente no meio da escala.


    Bin Laden agradeceu a Allah
    Membros da Al-Qaeda capturados pelos EUA contam como o terrorista comemorou os atentados

    No dia 11 de setembro de 2001, enquanto seus seguidores realizavam uma série de ataques de proporções gigantescas nos Estados Unidos, Osama bin Laden sabia que os atentados aconteceriam, quantos seriam e quando ocorreriam. E, entre um ataque e outro, de acordo com relatos obtidos de homens que o acompanhavam, Bin Laden indicava a seus seguidores, friamente, que outro atentado estava para acontecer.

    A nova informação, de acordo com fontes do serviço de inteligência dos EUA, conforme revelou a rede CNN, foi dada por dois homens que estavam com Bin Laden no dia e que foram detidos e interrogados por uma agência de segurança da coalizão antiterror. O líder de Al-Qaeda, ainda segundo a fonte, passou boa parte do 11 de setembro orando e meditando, e deu pausas apenas para agradecer a Allah depois de cada notícia sobre os ataques que seus seguidores ouviam pelo rádio e a retransmitiam a ele.

    Quando combinada com declarações sobre o 11 de setembro que Bin Laden fez em um vídeo gravado em novembro de 2001, a nova informação lança uma nova luz sobre a atitude do líder terrorista naquele dia. Na fita, que foi encontrada e divulgada por serviços de informações norte-americanos, Bin Laden aparece reunido com um líder religioso saudita e conversa sobre os ataques. A nova informação preenche algumas lacunas.

    De acordo com as fontes, enquanto os terroristas embarcavam nos aviões usados nos ataques, nos Estados Unidos, apenas três pessoas tinham, no Afeganistão, conhecimento exato do que aconteceria: Bin Laden, seu comandante militar de confiança, Mohammed Atef, e Khalid Shaikh Mohammed, que é procurado pelos Estados Unidos desde 1995, por seu suposto envolvimento num plano para atacar aviões norte-americanos no sudeste da Ásia.

    Quando o vôo 11 da American Airlines se chocou com a torre norte do World Trade Center, em Nova York, de acordo com as autoridades que interrogaram os detentos, Bin Laden estava sentado, tendo ao lado um rádio de ondas curtas e aguardando pela notícia. Ele aguarda em silêncio enquanto chega a notícia sobre o primeiro avião.

    Isso parece confirmar a versão de Bin Laden gravada na reunião de novembro. Naquela fita, o líder de Al-Qaeda é ouvido dizendo: "Nós tivemos notificação desde a quinta-feira anterior de que o evento aconteceria naquele dia. Nós terminamos o nosso trabalho, naquele dia, e ligamos o rádio. Eram 5h30 da tarde, pela nossa hora. Eu estava sentado ao lado do doutor Ahmad Abu-al-Khair. Imediatamente, nós soubemos que o avião tinha atingido o World Trade Center. Ligamos o rádio em busca de notícias de Washington. O noticiário continuava e não houve menção ao ataque até o fim. No fim do noticiário, eles informaram que um avião havia acabado de atingir o World Trade Center".

    Juntando os caquinhos
    Um ano depois, o Ponto Zero, como ficou conhecida a área que abrigava o World Trade Center, virou um buraco gigante, 64 mil metros quadrados de área por 20 metros de profundidade, que lembra visualmente uma hidrelétrica, sem a água e com iluminação de estádio de futebol.

    As paredes gigantescas de concreto em volta compõem o clima de desolação e de obra pública abandonada. Onde não há parede estão os restos dos seis andares subterrâneos do complexo.
    Passada a cerca de metal protegida por um pano verde que impede a visão dos 35 mil turistas diários, porém, dá para perceber que, 360 dias depois, a atividade ainda não parou. Três guindastes ainda tiram alguma terra e entulho. Uma rampa liga o epicentro ao "mundo real" daqui de cima. Homens com capacetes colocam trilhos de trem no chão.

    Claro, não são mais os 3.000 trabalhadores que chegaram a dar expediente no auge do resgate e da limpeza, mas entre 300 e 400 pessoas, que agora reconstroem o caminho do trem que ligava Nova York a Nova Jersey em um túnel por baixo do rio Hudson.

    Em julho, a Prefeitura de Nova York "devolveu" o terreno à Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey, os proprietários originais. É o órgão que cuida de tudo agora, até que se decida o que deve ser feito do local.

    Enquanto isso, quem manda na região é o falante Peter Rinaldi, 53, cujo cargo oficial é "gerente-geral da área do WTC". Nova-iorquino do Bronx, ele estava de férias numa praia da Carolina do Norte quando tudo aconteceu.

    Veio para Nova York na noite do dia 11 e não parou de trabalhar até agora. Morava no subúrbio, mas achou por bem dar o exemplo e, com mulher e malas, mudou-se para um dos conjuntos residenciais do Battery Park, com vista para o Ponto Zero.

    Diz que é a prova viva de que o trabalho ali não faz mal à saúde, diferentemente do que afirmam dezenas de bombeiros que desenvolveram doença nos pulmões e pensam em processar o governo. Se o Ponto Zero fosse uma cidade, Rinaldi seria seu prefeito.

    Indagado sobre o que faz mais falta para ele no complexo de prédios além dos 20 amigos que perdeu, o engenheiro responde: "Meu escritório no 72º andar da Torre Sul, onde trabalhei por 28 anos".

    Terrorista fez o "V" da vitória
    Citando relatos dos homens que estavam com Bin Laden, as fontes americanas, segundo a CNN, disseram que ele começou a chorar e a orar e, em seguida, gritou : "Allah Akbar" (Deus é grande). Depois, em um sinal frio de que sabia o que ainda viria, ainda de acordo com as fontes, Bin Laden levantou um braço e ergueu dois dedos.

    É a isso, talvez, que o porta-voz de Bin Laden, Sulaiman Abu Gheith, se refere, na fita, ao contar o que aconteceu.

    "Então, eu me voltei para o xeque (Bin Laden), que estava sentado numa sala com 50 ou 60 pessoas. Eu tentei lhe dizer o que tinha visto, mas ele fez gestos com suas mãos, como quem queria dizer 'Eu sei, eu sei'". Na fita, o próprio Bin Laden dá uma pista sobre seu comportamento.
    "Eles estavam exultantes quando o primeiro avião atingiu o prédio, mas eu lhes disse: 'Sejam pacientes'", afirma o terrorista na fita.

    Bin Laden passa, em seguida, para uma sala adjacente, equipada com televisão por satélite. Mais pessoas se juntam a ele para assistir ao noticiário com ele e começam a gravar as imagens.
    Um dos vídeos de Al-Qaeda obtidos recentemente pela CNN, no Afeganistão, também incluía gravação de noticiários de televisão sobre os atentados.

    A essa altura, prosseguiram as fontes, Bin Laden permanecia em silêncio. Depois, as câmeras mostram o vôo 175 da United Airlines se chocando com a torre sul.

    "Em seguida, eles anunciam que outro avião atingiu o World Trade Center. Os irm


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