Zambiasi apóia conselho de defesa para a América do Sul



O recente conflito entre Equador, Colômbia e Venezuela e o drama humano que ele encobre expôs a necessidade de criação de um Conselho Sul-Americano de Defesa, disse nesta quinta-feira (13) o senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS). O conselho foi proposto originalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas o senador pretende que o assunto seja levado à consideração do Parlamento do Mercosul, em sua próxima reunião, em Montevidéu, na forma de "Proposta de Declaração de Apoio".

- A função do conselho seria a de formular e coordenar uma estratégia conjunta para a região. Entendo fundamental que o Parlamento do Mercosul também possa estar unido, no sentido de trabalhar por uma proposta, acima de tudo, de paz e de harmonia social - disse o senador pelo PTB.

De acordo com o parlamentar, com os ânimos desarmados, a crise precisa ser analisada por meio de uma abordagem que ultrapasse os "limites meramente políticos, diplomáticos, ou até ideológicos do Mercosul". Para Zambiasi, é preciso observar que o conflito fortaleceu a idéia da integração do continente sul-americano. Diante da ameaça à soberania de um país, todos os demais se uniram em defesa de princípios e valores comuns.

No entender de Zambiasi, restou a convicção de que se Colômbia não tem o direito de invadir o Equador para combater a guerrilha, o Equador também não pode dar abrigo às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ( Farc ), e muito menos a Venezuela pode movimentar seus exércitos nas fronteiras, numa ação que o senador disse considerar intempestiva, e que só colaborou para aumentar a tensão.

- Como muito bem disse o presidente Lula, a região precisa, antes de tudo, de paz, para desenvolver-se, gerar empregos e renda - disse Zambiasi.

O senador, entretanto, chamou a atenção para a realidade que está por trás do confronto entre Colômbia e Equador, a de "uma profunda crise humana": cerca de três a quatro milhões de colombianos desalojados de suas terras, de suas casas, de suas cidades e até de seu país. Aproximadamente um milhão de colombianos estariam refugiados na Venezuela e outros 500 mil teriam se abrigado no Equador, a maioria em situação ilegal.

No Brasil, a estimativa é de que nos últimos anos entraram em torno de 17 mil colombianos, através das chamadas fronteiras secas, especialmente pela cidade de Tabatinga, no Amazonas, segundo matéria recente do jornal O Globo. A maioria deles, diz o jornal, "estavam marcados para morrer ou fugiram para impedir que crianças, a partir dos 10 anos, fossem recrutadas para atuar como soldados das Farc, dos paramilitares e de outros grupos".

- E o mais grave, dramático e impressionante disso, é que se estima que a metade desses três ou quatro milhões de desalojados colombianos tem menos de quinze anos. São crianças, adolescentes, jovens, sem qualquer futuro, arrancados do caminho natural da construção de suas vidas. São arrancados do trabalho digno, da constituição de uma família, da possibilidade de serem felizes - disse Zambiasi.

Para o senador, essa realidade é fruto de um processo de violência histórica na Colômbia que, antes de uma saída militar, impõe soluções cada vez mais políticas, negociadas, já que estaria evidente a impossibilidade de o governo ou a guerrilha se imporem pelas armas.

- O governo do Brasil, e sua diplomacia, deu um dos passos mais importantes para construir um caminho sólido e estratégico no rumo da paz. Primeiro, apontando a Organização dos Estados Americanos (OEA) como fórum de diálogo imediato da crise e, junto com isso, apresentando a proposta de criar um Conselho Sul-Americano de Defesa - afirmou Zambiasi.



13/03/2008

Agência Senado


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