Zambiasi e Emília lideram no Cepa









Zambiasi e Emília lideram no Cepa
Na mais recente pesquisa do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (Cepa) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) de intenção de voto para o Senado, o candidato do PTB, Sérgio Zambiasi, subiu 4,1 pontos percentuais e mantém a liderança, com 42,5%.

A segunda colocada, Emília Fernandes (PT), avançou 2,4 pontos – valor equivalente à margem de erro do levantamento – e chegou a 31,3%. A diferença entre os dois subiu de 9,5 pontos para 11,2 pontos. Em terceiro lugar, figura José Fogaça (PPS), com 27,8%, e em quarto, Paulo Paim (PT), com 24,7%.

Mais atrás, vêm Odacir Klein (PMDB), com 10,9%, Vicente Bogo (PSDB), com 5,3%, Hugo Mardini (PPB), com 3,9%, João Bosco Vaz (PDT), com 3,2%, e Valdir Caetano (PL), com 1,9%. Os demais têm menos de 1%.

Entre os que preferem Zambiasi, há uma ligeira vantagem das mulheres (43,6%) em relação aos homens (41,3%). No caso de Emília, a relação é inversa: a preferência pela pestista se distribui em 31,7% entre homens e 30,9% entre mulheres.

No eleitorado de Fogaça, 27,9% são homens, e 27,8%, mulheres. Na preferência por Paim, há predomínio dos homens (29,4%) em relação às mulheres (20,7%).

No levantamento realizado pelo Cepa por faixa etária, Zambiasi é mais forte entre os entrevistados com 40 anos ou mais (27,1%). Ele atinge 26,4% entre os eleitores de 20 a 39 anos e 18,5% na faixa de 16 a 19 anos. Emília tem 14,3% entre os pesquisados de 16 a 19 anos, 20% de 20 a 39 anos e 19,2% no intervalo de 40 anos ou mais.

Fogaça atinge 11,6% de 16 a 19 anos, 14,2% de 20 a 39 anos e 18,1% na faixa de 40 anos ou mais. Paim tem seu melhor índice no intervalo de 40 anos ou mais (20,4%). Ele atinge 17,2% entre os entrevistados de 20 a 39 anos, e 10,6% entre os que têm de 16 a 19 anos.

Na pesquisa por grau de instrução, Zambiasi alcança 35% no Ensino Superior, 46,8% no Ensino Fundamental e 41,1% no Ensino Médio. Emília tem 33% no Ensino Superior, 31,9% no Ensino Médio e 30,2% no Ensino Fundamental. Fogaça obtém 34% no Ensino Superior, 29,1% no Ensino Médio e 24,2% no Ensino Fundamental, e Paim, 34,5% no Ensino Superior, 24,5% no Médio e 20,5% no Fundamental.

A pesquisa foi feita nos dias 18 e 19 de setembro. Foram ouvidos 1.755 eleitores em 49 municípios gaúchos. A margem de erro é de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos.


O final de semana
Os quatro principais candidatos ao Palácio Piratini fizeram uma maratona em busca de votos no final de semana. As agendas incluíram visitas a até 20 municípios, como fez Germano Rigotto (PMDB). Antônio Britto (PPS), investiu no corpo-a-corpo. Tarso Genro fez 12 comícios, e Bernardi, carreatas e comícios na Serra e nas Missões.


Tarso faz 12 comícios em nove municípios do Estado
Exausto depois de participar de 12 comícios em nove municípios no final de semana, o candidato da Frente Popular (PT-PCB-PC do B-PMN), Tarso Genro, concluiu a maratona em um palanque no bairro Niterói, em Canoas, onde a coligação reuniu ontem centenas de pessoas. No discurso, Tarso insinuou críticas a Germano Rigotto (PMDB).

Tarso mencionou a existência no Rio Grande do Sul de uma “guerra santa” por liberdade e democracia. Na platéia, representantes da organização do Fórum Social Mundial como o argentino Issac Rudnik, do Movimento dos Desocupados, puderam ouvir o petista explicar o significado dos governos do PT para a esquerda da América Latina, que sofre com os “estragos neoliberais”. Foi quando Tarso ensaiou uma provocação a Rigotto.

– São aqueles que sempre apoiaram o modelo neoliberal e agora querem posar de algodão entre os cristais – afirmou Tarso, insinuando uma crítica à postura de Rigotto na campanha de apresentar-se como alternativa à polarização.

Internamente, o PT começa a debater as conseqüências da ascensão de Rigotto nas pesquisas. Segundo o presidente estadual, David Stival, o partido manterá a estratégia de conciliar a defesa do atual governo com a apresentação de propostas. Stival entende que candidato do PMDB é diferente de Antônio Britto (PPS) apenas no campo da ética, porque em relação à forma de desenvolver o Estado é “farinha do mesmo saco”.

Segundo Miguel Rossetto, candidato a vice-governador, o nome de Rigotto já despontava nas análises internas como uma probabilidade de crescimento na reta final, em função de o PMDB estar mais limpo, “mais solto” na disputa, além de contar com uma grande estrutura no Interior. Por sua vez, o ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont candidato a deputado federal, foi incisivo no ataque:
– Nossa estratégia deve ser mostrar que Britto só fez o que fez porque o Rigotto apoiou – disse.
Em Santa Maria, município onde vivem seus pais, Adelmo e Elly, e onde iniciou-se na vida política, Tarso foi o único candidato a participar do 4º Encontrão Estadual de Jovens da Pastoral da Juventude do Rio Grande do Sul, que reuniu cerca de 40 mil pessoas no Parque de Exposições da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Tarso ressaltou a preocupação com o envolvimento dos jovens no narcotráfico e garantiu o combate ao crime organizado.

– Vamos ter forças-tarefas regionais para fazer o combate direto ao narcotráfico – assegurou.


Campanha de Rigotto ganha fôlego com novos números de institutos
Se não lhe faltava ânimo quando aparecia com menos de 5% nas pesquisas de intenção de voto, a nova escalada nos mais recentes levantamentos renovou o combustível do candidato Germano Rigotto (PMDB) e da militância da coligação União pelo Rio Grande durante o final de semana.
No sábado, pouco antes das 9h, o peemedebista partiu de uma concentração em Osório, rumo a Torres, onde deu largada à uma carreata que percorreu todo o Litoral Norte. Rigotto ainda participou de um comício, à noite, em Gravataí. No domingo, gravou programas eleitorais e visitou a 20ª Mateada, em Campo Bom.

Desde o percurso que parou o trânsito no Centro de Torres até o encerramento da peregrinação, às 19h, em Pinhal, Rigotto parecia incansável. A disposição se intensificou ainda mais quando, às 15h45min, parou em meio ao balneário de Rainha do Mar para avaliar os resultados da última pesquisa do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (Cepa) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em que aparece com 17,6%. Em sua única parada ao longo do trajeto em que trocou exatas 15 vezes de veículo, Rigotto colocou o óculos de leitura e não desceu da carroceria da picape em que estava para comentar a escalada dos números com os companheiros. Se até a divulgação dos últimos números, o percurso havia sido vencido com inabalável bom humor, a vibração foi ainda maior com os novos resultados. A grande comemoração foi a possibilidade de vencer Tarso Genro (PT), em um eventual segundo turno.
Para Alberto Oliveira, coordenador da campanha, os números ainda não refletem a adesão nas ruas. Até mesmo Eliseu Padilha admitiu surpresa ante tantas manifestações positivas:
– A cordialidade é uma marca pessoal de Rigotto e tem trazido todos esses resultados.


Bernardi ataca candidato do PMDB em discursos
A subida de Germano Rigotto (PMDB) nas pesquisas provocou a reação do candidato do PPB a governador, Celso Bernardi (PPB). Em visita a Cerro Largo, Bernardi disse que Rigotto age como se o eleitor tivesse esquecido que o PMDB foi governo em oito dos últimos 16 anos.

Bernardi criticou as políticas do PMDB para os servidores públicos. Para ele, o peemedebista deveria assumir que em suas gestões o partido sacrificou a educação, a agricultura e o serviço público, assim como o atual governo do PT:
– No caso dos servidores públicos estaduais tanto o PMDB quanto o PT agiram como verdadeiros carrascos da ca tegoria, pois, além de praticarem arrochos salariais, retiraram conquistas importantes obtidas pelo funcionalismo.

Situação semelhante, segundo ele, ocorreu na época de Britto, que mesmo tendo a “chave do cofre”, deixou de cumprir as leis de política salarial para os servidores públicos, que o Executivo estadual tinha proposto à Assembléia Legislativa. No que se refere à atuação do governo do PT, Bernardi disse que a situação é ainda pior:
– Nem mesmo a reposição da inflação foi feita.

Bernardi disse ser o único candidato a incluir no programa de governo uma política salarial definida, que irá repor a inflação no contracheque dos servidores, a cada seis meses, além de recuperar, gradativamente, as perdas salariais ocorridas nos últimos governos.

Neste final de semana, Bernardi participou de comícios, carreatas e caminhadas nos municípios de Crissiumal, Giruá, Guarani das Missões, Cerro Largo, Cambará do Sul, São Francisco de Paula e Canela. Amanhã, Bernardi se reúne com prefeitos, vices, vereadores e candidatos a deputado estadual e federal do PPB para articular a mobilização do final da campanha. O encontro será realizado no Clube Farrapos, em Porto Alegre, a partir das 17h.


Britto atribui queda nas pesquisas a enfrentamento com petista
Entre um aglomerado de visitantes que passeava ontem à tarde na 20ª Mateada de Campo Bom, no Vale do Sinos, o candidato a governador pela aliança O Rio Grande em 1º Lugar, Antônio Britto (PPS), creditou os resultados das últimas pesquisas de opinião ao enfrentamento direto com Tarso Genro (PT).

Britto assegura, no entanto, que sua estratégia de campanha nestas duas semanas anteriores à eleição não será alterada pela ascensão de Tarso, de Germano Rigotto (PMDB) e de Celso Bernardi (PPB). Conforme a pesquisa do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (Cepa) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) divulgada no domingo e realizada entre os dias 18 e 19 em 49 municípios do Estado, Britto teve uma queda de três pontos percentuais – passou de 29,9% para 26%.

– Era previsível. Estou sendo a pessoa que concentra o embate com o PT. A artilharia do PT é voltada para mim. O que está acontecendo é que os demais candidatos não participam desse embate. Rigotto tem agora um bom momento até porque não teve de entrar na guerra dos primeiros 30 dias de campanha no ar – avaliou o candidato.

Em Campo Bom, Britto seguiu à risca a estratégia traçada por sua equipe, de se encontrar com eleitores em grandes conglomerados e em áreas centrais. No município, cuja economia é voltada ao setor coureiro-calçadista, o candidato discutiu com o público as dificuldades que as indústrias enfrentam em produzir com os impostos incidindo em cascata.

Entre a gravação de programa político, pela manhã, e as visitas aos municípios de Canoas, à tarde, e São Leopoldo, à noite, o candidato teve momentos de descontração, como a brincadeira da troca de óculos com um eleitor e a compra em uma tenda de artesanato de uma boneca de pano da personagem Emília, do Sítio do Picapau Amarelo, por R$ 15.

– Minha neta está de aniversário amanhã (hoje) – explicou Britto.

A exemplo da semana passada, as mulheres da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT) e da coligação O Rio Grande em 1º Lugar farão uma caminhada para lembrar o número do PPS, o 23, na Capital. A concentração será às 17h no Parcão, na esquina com a Rua 24 de Outubro, e a caminhada será em direção à Praça Júlio de Castilhos, no Centro. Às 18h haverá um show musical de encerramento e bandeiraço no Parcão, na esquina com Rua Mostardeiro.

A partir das 19h30min, o Movimento Suprapartidário Livre realiza coquetel de lançamento da marca “Sou Britto porque Sou Livre”, no Restaurante Baguta.


Fórum Social será lançado hoje
Gigantinho e cais do porto também sediarão evento que ocorre entre 23 e 28 de janeiro

O Fórum Social Mundial 2003 será oficialmente lançado hoje, às 14h, no Teatro Bruno Kiefer da Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, com a presença do governador do Estado, Olívio Dutra, e do prefeito de Porto Alegre, João Verle.

O evento irá ocorrer na Capital de 23 a 28 de janeiro de 2003.

Uma das novidades desta edição é a descentralização do fórum, que deixará de estar concentrado na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). O estádio do Gigantinho, o cais do Porto e o auditório Araújo Vianna também foram escolhidos para sediar ações do evento.

Outra novidade é a organização de Mesas de Diálogo e Controvérsia com a participação de representantes de governos, órgãos da ONU e partidos políticos. O objetivo destes encontros, de acordo com os organizadores do evento, é estimular debates que contribuam para a construção de propostas e estratégias voltadas à sociedade civil mundial.

Na cerimônia de hoje, integrantes da Secretaria do Fórum Social Mundial irão detalhar os objetivos e a metodologia das atividades previstas para o evento. Também será abordado o processo de mundialização do Fórum Social Mundial, com representantes do Fórum Social Regional Europeu e do Fórum Temático da Argentina. Para a mundialização efetiva do Fórum Social Mundial, estão sendo organizados Fóruns Sociais Regionais, segundo a Carta de Princípios editada ao final da segunda edição do evento.

Os Fóruns Sociais Temáticos são destinados ao aprofundamento dos debates de questões específicas, consideradas prioritárias na conjuntura mundial pelo Conselho Internacional do FSM. Neste sentido, foi realizado em agosto deste ano o Fórum Social Temático Argentina, que discutiu os efeitos das políticas neoliberais sobre os países em desenvolvimento, a partir do caso argentino. Também está em discussão a realização de um Fórum Temático Palestina, para debater a militarização de conflitos no Oriente Médio.


Prontas para o desafio de ser primeira-dama
Mulheres dos candidatos à Presidência mostram ter personalidade forte e se sentem preparadas para ocupar a posição

Eleições já fazem parte da rotina da paulista Marisa Letícia Lula da Silva, 52 anos, mulher do candidato petista à Presidência. Casada há 28 anos com Lula, ela divide seu tempo entre a casa, a criação de quatro filhos – três deles frutos da união com ele e um do primeiro marido, do qual ficou viúva – e a vida política do marido.

Discreta, ela sempre se manteve nos bastidores das corridas eleitorais de Lula e longe das atenções da mídia. Mesmo durante a campanha presidencial de 1989, quando o então candidato Fernando Collor revelou a existência de Lurian, filha de Lula com a ex-namorada Miriam Cordeiro, que acusou o petista de ter sugerido um aborto, Marisa fugiu do assédio da imprensa.

Para esta eleição, Marisa assumiu a postura ‘‘candidata a primeira-dama’’ e até renovou o guarda-roupa para acompanhar Lula em viagens pelo país. A mudança no visual ficou completa com um corte de cabelo e uma cirurgia plástica.

Marisa conheceu Lula em 1974, quando foi buscar a pensão de viúva que recebia no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), onde o petista trabalhava no Serviço Social.

– Não senti nada no primeiro contato, mas ele não desistiu – lembra, acrescentando que Lula telefonava e insistia, “até que marcamos um almoço”.

Sete meses depois, os dois se casaram.

PatrÍcia Pillar
Por onde passa, a atriz Patrícia Pillar causa frisson. A atriz chama tanto a atenção que tem até quem defenda que ela seria melhor candidata a vice-presidente que o próprio Paulo Pereira da Silva (PTB), o Paulinho, vice do marido, Ciro Gomes (PPS).

Aos 37 anos, Patrícia saiu das telas globais para o palanque eleitoral. Ciente de seu prestígio com fãs de norte a sul do país, a atriz aproveita sua influência para reunir artistas, ir a micaretas e acompanhar Ciro em eventos políticos.

Depois de enfrentar um câncer de mama em dezembro, a atriz se tornou símbolo nacional da luta contra a doença. Uma visita de rotina ao ginecologista revelou um nódulo no seio esquerdo, o que a obrigou a enfrentar uma cirurgia e sessões preventivas de quimioterapia.

A batalha contra o câncer inspirou ainda mais admiração de seus fãs, acostumados a acompanhar a carreira artística de Patrícia desde 1985, quando estreou em Roque Santeiro, da Rede Globo, a primeira de suas 12 novelas.

Patrícia e Ciro se conheceram em 1994, quando ele era ministro da Fazenda no governo de Itamar Franco e assinou um decreto ligado à indústria cinematográfica. Em 1999, quando Ciro se separou da ex-mulher Patrícia Gomes – atual candidata do PPS ao Senado pelo Ceará – já corriam boatos sobre o romance com Patrícia Pillar, com quem logo começou um namoro na ponte aérea Rio-Fortaleza.

Monica Serra
Um currículo de mais de 20 páginas, que inclui um mestrado na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, um doutorado em Psicologia pela Universidade de São Paulo e o cargo de docente da Universidade Estadual de Campinas é o que a chilena Monica Allende Serra tem a apresentar para quem quer detalhes de sua biografia profissional.

Monica e José Serra se conheceram no Chile nos anos 60, quando ele estava exilado. Foi em uma festa, na época em que a então bailarina participava de um projeto chamado Arte para Todos.

Os dois acabaram se casando no Chile, onde nasceram Verônica e Luciano, hoje com 33 e 29 anos, respectivamente. Tiveram de deixar o país em 1973, com o golpe militar de Augusto Pinochet e a queda do presidente socialista Salvador Allende, parente distante de Monica.

Ela saiu do Chile sozinha, passou pela Argentina, Itália e chegou aos Estados Unidos com os dois filhos pequenos no colo.

O casal acabou se reencontrando nos Estados Unidos, onde permaneceu até o final dos anos 70. Em 1978, Monica acompanhou Serra na volta ao Brasil.

A psicoterapeuta está com Serra há mais de 30 anos e sempre observou de longe o marido na política. Com projetos ligados à arte, Monica explica que falta tempo para se dedicar mais à campanha pró-Serra.

Rosinha Garotinho
Rosangela Rosinha Garotinho Barros Assed Matheus de Oliveira, 39 anos, não quer apenas conquistar o posto de primeira-dama caso o marido Anthony Garotinho vença as eleições para presidente. Ela concorre igualmente a um cargo político, o de governadora do Rio, e é líder isolada na preferência dos fluminenses.

– Eu daria conta das duas coisas. Sendo governadora e Garotinho presidente, poderia atuar sem um cargo formal (de primeira-dama), mas levando a minha experiência para a área social – garante.

E conciliar multitarefas não é problema para essa fluminense. Mãe de nove filhos – cinco deles adotados –, Rosinha pretende dar continuidade à rotina familiar normal e às atribuições da vida política.
Ela, que não esquece da família nunca, promete ao marido uma secretaria à escolha dele num futuro governo seu.

– Isso, claro, se Garotinho não chegar ao Palácio do Planalto – destaca.

Em 1981, aos 18 anos, Rosinha se casou com Garotinho, 21 anos. Professora, atriz de teatro amador e radialista famosa em Campos de Goitacazes, no norte fluminense, Rosinha nunca chegou a ocupar nenhum cargo público eletivo.

– A minha candidatura é a retomada de um projeto político que temos para o Estado – afirma.


Crime organizado desafia candidatos
Construção de presídios e aumento do efetivo da PF são propostas para enfrentar os criminosos

A rebelião comandada pelo traficante Fernandinho Beira-Mar no presídio de suposta segurança máxima de Bangu I, no Rio, voltou a colocar a questão do crime organizado no centro do debate eleitoral.

Com tentáculos na estrutura governamental e na iniciativa privada, o crime organizado é um dos principais adversários a ser combatido pelo próximo presidente, conforme os programas dos candidatos.

– Não estamos falando de criminosos sentados em volta de uma mesa discutindo planos. O crime organizado penetrou nas instituições e já faz parte da realidade brasileira – afirma Luiz Eduardo Soares, um dos coordenadores do projeto de governo para a segurança pública de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As alternativas apresentadas pelos candidatos variam desde a construção de presídios federais longe dos centros urbanos, sugerida por José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (PPS), até a proibição da venda de armas de fogo, no programa de Anthony Garotinho (PSB).

Nenhum dos candidatos, entretanto, pretende iniciar sozinho uma cruzada contra o crime organizado. O denominador comum é a integração com os Estados a fim de combater organizações capazes de tomar conta de uma penitenciária apenas para resolver disputas internas do tráfico, como fez Beira-Mar, cujo motim provocou o fechamento do comércio em pelo menos nove bairros do Rio. Criar um sistema unificado de informações, abastecido por Estados, municípios e União, é consenso entre as equipes dos candidatos.

– Vamos criar um sistema como o Sistema Único de Saúde para a área da segurança e integrar a ação dos governos federal, estaduais e municipais – disse Milton Seligman, um dos coordenadores da campanha de Serra.

A valorização da PF também é destacada. Aumentar o efetivo e criar um piso salarial nacional são algumas das propostas. Serra pretende criar uma divisão fardada da PF para realizar ações ostensivas em fronteiras, aeroportos e portos. Segundo os especialistas que atuam a serviço dos candidatos, é preciso impedir que o crime permaneça dentro da estrutura do Estado.

– É preciso lutar contra os corruptos, mas principalmente destruir a estrutura que favorece a corrupção – afirmou o coordenador da área de segurança de Garotinho, o coronel da Polícia Militar do Rio Jorge da Silva.


Serra aponta risco de crise econômica
Candidato insiste na tese de que tem mais experiência do que Lula para administrar o Brasil

O candidato José Serra (PSDB) disse ontem que se Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for eleito presidente da República o Brasil pode se transformar em uma Argentina, em referência à crise econômica no país vizinho.

– É importante saber que candidato está preparado e tem experiência para cumprir seus programas de governo.Vocês viram o que aconteceu na Argentina depois de uma campanha eleitoral em que se prometia o céu. Na Venezuela é a mesma coisa – afirmou.

Para Serra, os candidatos “são bons para criticar, mas não sabem mostrar como fazer.” O tucano avaliou que a pesquisa Datafolha divulgada ontem mostra que ele vai ao segundo turno com Lula:
– Estou preparado como a Seleção Brasileira para ir para o segundo turno e vencer as eleições.
O candidato esteve no sábado em Santa Catarina, tendo a seu lado, no palanque, o governador Esperidião Amin (PPB), candidato à reeleição. Isso levou o presidente do PMDB catarinense, Casildo Maldaner, a divulgar carta aberta anunciando apoio a Lula.

Em Alfenas (MG), Serra voltou a propor um debate com o adversário do PT para “esclarecer” propostas dos programas de governo. Entre as questões em debate, estaria a criação de novos empregos:
– Para o país, seria interessante este debate. O PT falou em 10 milhões de empregos, depois recuou. Eu estou propondo 8 milhões, um número mais seguro.


Garotinho chega ao Sul
O candidato a presidente da República Anthony Garotinho (PSB) iniciou ontem novo roteiro pelo Estado. Às 19h25min, desembarcou em Pelotas, onde fez um comício. Veio acompanhado da mulher, Rosinha Garotinho.

Garotinho prometeu incentivos fiscais à s indústrias que se instalarem na Metade Sul. Encerrado o comício, o candidato e a mulher seguiram para Rio Grande, onde participaram de jantar com líderes do PSB na Churrascaria Leão.

No município, o candidato reiterou que acredita que irá disputar o segundo turno com Luiz Inácio Lula da Silva(PT) e defendeu o desenvolvimento regional.
Hoje ele estará em Santana do Livramento e Santa Maria.


“Não esperem milagres”, adverte Lula
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou sábado à noite, em Governador Valadares (MG), que ninguém deve esperar “milagres no primeiro ano” de um eventual governo seu. É a primeira admissão de Lula de que, se vencer a eleição, terá dificuldades no primeiro ano.

– Vamos ganhar a eleição e fazer o alicerce de um novo Brasil. Vamos mudar a economia e dar garantias a todos os estudantes para que freqüentem as escolas – disse Lula a uma multidão que compareceu a seu comício, no centro de Governador Valadares.

Lula já sabia que a pesquisa do Datafolha o deixava próximo da vitória no primeiro turno. E apelou:
– É importante que continuem nas ruas. E mais, que conversem de casa em casa, que peçam votos e para os candidatos a deputado e a senador de nossa aliança (PT, PL, PC do B, PMN e PCB) – disse Lula.

Antes dele, falou o senador José Alencar, candidato a vice.

– Estou aqui para dizer que o trabalho nasceu antes do capital. Por isso, é preciso ter um trabalhador na Presidência da República. Ele vai devolver ao Brasil a paz social – afirmou.


Ciro pede uma chance
O candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, pediu aos eleitores no sábado à noite, num comício em Barueri (SP), “uma chance” de disputar o segundo turno.

– Não peço por mim, mas por um projeto capaz de levar o Brasil à retomada do crescimento econômico – disse.

Ele insistiu ser capaz de fazer mudanças na economia com mais segurança do que Lula. O candidato disse que não comentaria a pesquisa Datafolha. Segundo assessores, Ciro já sabia estar seis pontos atrás do segundo colocado, José Serra (PSDB), na pesquisa.


Lula mantém dianteira no Cepa
Candidato do PT, que reassumiu liderança no Estado este mês, tem 36,3% das preferências

Com 36,3% das intenções de voto no Estado, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, mantém a liderança na mais recente pesquisa do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (Cepa) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

O candidato do PSDB, José Serra, tem 27,7%. Ciro Gomes (PPS) atinge 13,6%, Anthony Garotinho (PSB), 8%, José Maria (PSTU), 1%, e Rui Costa Pimenta (PCO), 0,1%. Votos brancos e nulos somam 3%. Um total de 28% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder ao questionário.

Na prática, os candidatos mantiveram os índices da pesquisa anterior, feita entre os dias 9 e 11. Lula, que havia assumido a liderança no levantamento anterior, crescera 6,4 pontos percentuais e tinha 36,2%. Depois de crescer 16,1 pontos e atingir 28,9%, Serra caiu 0,8 pontos. Ciro, com 14,2% na pesquisa anterior, caiu 0,6 pontos. Garotinho, com 7,5% no levantamento dos dias 9 a 11, obteve 0,5 pontos.

Lula continua sendo o candidato com índice mais alto de rejeição: 33,3% dos eleitores dizem que não votariam nele de jeito nenhum. O segundo mais alto índice é o de Ciro, com 21,5%. Serra tem 19,5% e Garotinho, 16,3%.

No cruzamento por sexo, Lula tem 39,6% entre homens e 33,5% entre mulheres. Serra atinge 26,9% entre homens e 28,3% entre mulheres. Ciro obtém 14,1% entre o eleitorado masculino e 13,1% entre o feminino, e Garotinho, 7,6% entre homens e 8,4% entre mulheres.

Para a pesquisa, foram ouvidos 1.755 eleitores de 16 anos ou mais em 49 municípios gaúchos. A margem de erro é de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos.


Pesquisa do Datafolha mostra petista com 44%
A mais recente pesquisa Datafolha de intenção de voto para a Presidência, divulgada ontem, mostra o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, a dois pontos percentuais da vitória no primeiro turno.

Lula aparece com 44% (48% dos votos válidos). José Serra (PSDB) tem 19%, Anthony Garotinho (PSB), 15%, e Ciro Gomes (PPS), 13%. José Maria (PSTU) tem 1%, e Rui Costa Pimenta (PCO) não aparece no levantamento. Para o levantamento, foram entrevistadas 3.718 pessoas em 224 municípios nos dias 19 e 20 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.


Paredão do Maluf
Um dia depois de ter chamado o governador Geraldo Alckmin (PSDB) de “Geraldo Maluquinho”, o candidato do PPB ao governo de São Paulo, Paulo Maluf, afirmou que, em Cuba, o candidato tucano certamente seria condenado à morte. Explicou:
– O atual governador, que assinou todos esses contratos (com empresas que administram pedágios), tem sorte de estar no Brasil. Ele assinou isso de uma maneira tão leonina a favor das empreiteiras, com um preço tão alto, por estradas que são nossas, que, se fosse lá em Cuba, o Fidel Castro chamava quem assinou e botava no paredão, fuzilava. Mas aqui no Brasil tem democracia.

Gafe
Errar nomes é gafe feia em eleição. José Serra errou. No fim de semana, em Ananindeua (PA), disse num discurso:

– Boa noite a todos vocês, boa noite a esta terra. Boa noite Ananindéia.

Levou uma vaia e corrigiu o nome.

Cá e lá
Lula saiu-se com essa, sábado, em Governador Valadares (MG):

– O prefeito João Fassarela (PT) informou que vou ganhar as eleições nos Estados Unidos porque o povo daqui que foi para lá vai votar em mim.

A cidade tem um dos mais altos índices de brasileiros que migram clandestinamente para os EUA.

Tem bala?
Se as crianças pudessem votar, muitos candidatos que põem bonecos nas ruas estariam eleitos. Antônio Chiamulera (PPB), de Lajeado, que concorre a deputado estadual, tem sua réplica, com cerca 1m80cm. O Chiamulito caiu no gosto das crianças, que cercam o boneco toda vez que ele passeia pelas ruas da cidade distribuindo panfletos.

Linda
Diálogo ouvido por um repórter da Agência Estado em Belo Horizonte. De um lado, a candidata a vice-presidente da República na chapa de José Serra. Do outro, um eleitor mineiro.

– Sou Rita Camata – ela diz.

– A senhora é realmente linda – elogia o rapaz.

– Falam isso, mas eu queria pedir o seu voto – devolve Rita.

– Tudo bem, mas voto no Lula – encerra o eleitor.

Tira-dúvidas
Qual a punição para quem não vota?

O eleitor que deixar de votar e não justificar a ausência nos casos previstos em lei é multado. O valor da multa é fixado pela Justiça Eleitoral.


Artigos

O desemprego e as eleições
Paulo Brossard

A campanha eleitoral vai chegando a seu termo, com os altos e baixos costumeiros. Se não estou em erro, o desemprego tem sido um dos temas principais, senão o mais constante na propaganda de todos os candidatos: e não é sem motivo. Costumo dizer que rico é quem tem bom emprego, remediado quem tem emprego regular, e desgraçado quem não tem emprego. É fácil imaginar a angústia e o desespero de quem, desempregado, vê passarem as semanas, quinzenas e meses e desempregado continua. De modo que, dado o significativo número de desempregados existente no Brasil, e a intensidade dramática inerente ao fato, seria mesmo incompreensível que ele não aparecesse entre as esperanças mais generalizadas e as promessas mais repetidas. O que não me parece razoável, porém, é que ao fato, sem dúvida grave e de humaníssima expressividade, não se tenham apontado as causas do fenômeno, nem mesmo as principais, para sua razoável compreensão.

Como os leitores sabem, faço grandes reservas ao governo que está a findar-se. Mas eu não diria que o fenômeno resulta da malignidade do seu chefe, que em oito anos se tenha esforçado em manter desgraçadamente alta a taxa do desemprego, embora entenda que ela decorra em grande parte da política por ele implantada, os juros brutais, o endividamento asfixiante das pessoas, das empresas, da sociedade, da nação, a sobrecarga fiscal, a derrama continuada, o risco no empreender e quantos outros fatores que vão esterilizando as fontes geradoras de empregos, vão mantendo, quando não aumentando o desemprego.

Na propaganda eleitoral tenho visto generosas promessas de criação
de empregos, em bases até mirabolantes

Pergunta o curioso quanto custa criar um posto de trabalho e quanto ele vai projetar sobre os encargos do empregador, e saber-se-á porque o empreendedor pensa duas vezes antes de fazê-lo.

Outrossim, o emprego informal é uma realidade e ele é a resposta ao peso brutal dos custos que pesam sobre o emprego. No entanto, esses dados são mais ou menos conhecidos, mas se evita falar neles, porque não é eleitoralmente simpático apontar suas origens. Semana passada foram divulgados alguns dados impressionantes sobre o perfil do empresariado gaúcho. Das quase 47 mil novas empresas abertas no Rio Grande do Sul no ano passado, apenas 11 mil foram extintas, regularmente extintas, cerca de 25%; a maioria continua como se estivesse a funcionar, quando em verdade cerraram as portas. Os dados nacionais igualmente são de indisfarçável gravidade. Existem no Brasil pouco mais de 2 milhões de empresas constituídas, mas 68% a 70% delas não operam mais e apenas 25% estão em dia com o fisco e podem dar baixa do cadastro e encerrar regularmente sua existência.

Esses números mostram que nem sempre os números revelam a verdade... Os dados indicados mostram que a enorme maioria das empresas existentes, 75%, continuam “vivas” porque não têm condições de desaparecer... quando, em verdade, só lhes falta o atestado de óbito.

Ainda mais, graças à criminosa política usurária oficialmente em vigor, no primeiro semestre, enquanto as instituições financeiras tiveram sua rentabilidade ampliada de 16,8% para 18,25% de seu patrimônio líquido, o setor industrial declinou de 10,75% para 5,11%.

Não é tudo. Nos sete anos do governo atual, o endividamento das empresas aumentou 71%, e no caso de dívidas contraídas com bancos o aumento foi de 132%. Desde 1995 o nível de endividamento do setor industrial tem crescido, de 64% para 110% no ano de 2001. Uma empresa, cujo patrimônio era de R$ 1 bilhão no ano passado, tinha dívidas da ordem de R$ 1,1 bilhão.

Como não haverá desemprego se essas são as condições em que vive e atua o setor industrial?

Na propaganda eleitoral tenho visto generosas promessas de criação de empregos, em bases até mirabolantes, mas não vi examinar o problema à luz de suas causas, de modo que os milhões de empregos anunciados podem converter-se em miragens.

Se não estou em erro, as causas de desemprego são múltiplas, cada qual contribuindo com seu quinhão. Quem ignora por exemplo, que o empregado demitido sem causa levanta seu fundo de garantia acrescido de 50% a título de multa, e que o mau empregado muitas vezes força as situações para ser demitido de modo a beneficiar-se da multa? Tudo isto somado contribui ora para o emprego informal, ora para a fuga dos riscos do empreendimento renovador.

E a que conclusões chegaríamos se estabelecêssemos a relação entre o valor das contribuições sociais e os serviços concretos percebidos pelos seus destinatários reais? São mil e um problemas graves que deveriam ser equacionados com realismo e isenção quando se fala em desemprego, se é que se deseja mesmo sua solução efetiva.


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Anistia e indenização
Quase mil ex-presos políticos de Santa Catarina aguardam as indenizações previstas na Medida Provisória 2.151 editada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso com objetivo de encerrar o processo de indenizações devidas a milhares de brasileiros beneficiados com a lei de anistia. A categoria está mobilizada porque, até agora, no caso de Santa Catarina, nenhum ex-preso político foi ainda indenizado como prevê a MP. O ex-ministro José Gregori, que agora é o embaixador do Brasil em Portugal, deu atenção especial ao importante tema, limitando-se porém a honrar as indenizações de anistiados com renome nacional. Recentemente o presidente do PT, deputado José Dirceu, recebeu a indenização prevista em lei. Antes dele, outro deputado e ex-ministro Aloísio Nunes Ferreira (PSDB-SP) também fez jus à indenização.

A mobilização dos ex-presos políticos catarinenses ganhou força com a criação da Associação Catarinense de Anistiados Políticos – Acap, presidida por Carlos Fernando Priess. A diretoria da entidade já enviou à bancada catarinense no Congresso e à mídia nacional um apelo para que as indenizações sejam pagas e o processo de anistia concluído. Também estão enviando às assessorias dos candidatos à sucessão presidencial apelo para que essa questão seja incluída na pauta das prioridades de governo, para quem sair eleito das urnas, em outubro. No Ministério da Justiça, a comissão provisória encarregada de examinar os processos informa que até agora dos 9,9 mil processos em exame apenas 52 anistiados receberam indenização com pagamento único. Existem ainda mais de 3 mil processos que continuam no protocolo. A comissão, através de três câmaras, examina os casos de anistia na administração pública direta, indireta e militar.

As desconfianças dos anistiados políticos catarinenses e de outros Estados, de que está sendo dada prioridade às figuras proeminentes, em detrimento ao direito de outros até mais necessitados, é contestada pelo Ministério da Justiça que alega estar examinando os processos pela ordem do protocolo. Com as limitações orçamentárias, os anistiados com direito a indenização já sabem que terão que se manter mobilizados por muito mais tempo.


JOSÉ BARRIONUEVO

Bernardi investe no turismo
O candidato a deputado estadual da região das Hortênsias Antônio Dorneu Maciel deu a pauta para o PPB no final de campanha. Em reunião realizada no fim de semana em São Francisco de Paula, Celso Bernardi disse que o partido vai investir no turismo, como uma indústria que dá resposta imediata em termos de geração de emprego. Duas prioridades estão estabelecidas para o partido, seja quem for o próximo governador: a conclusão da Rota do Sol e a construção do aeroporto das Hortênsias. As duas obras viabilizarão o turismo nos Aparados da Serra.

Terra nostra
Cidade natal de Emília Fernandes e de Antônio Britto, Santana do Livramento é uma espécie de laboratório da campanha eleitoral. O polêmico ex-prefeito Glênio Lemos (PT do B) é o principal cabo eleitoral de Antônio Britto em sua terra natal. A candidata do PT ao Senado investe em outro ex-prefeito, Elifas Simas, do PSDB, que foi vice de Glênio. O resultado é imprevisível.
Façam suas apostas.

Família Goulart
A viúva de Jango, Maria Tereza Goulart seu neto Cris Goulart anunciaram apoio ao vereador Humberto Goulart, médico, que se licenciou da Câmara de Porto Alegre para concorrer a deputado estadual pelo PDT.

Com domicílio eleitoral no Rio, João Vicente Goulart, filho de Jango, concorre à Assembléia Legislativa pelo Partido Geral dos Trabalhadores. João Vicente foi deputado estadual do RS por um mandato.

Nova estratégia
Embalado pelas pesquisas eleitorais, Germano Rigotto, candidato a governador do PMDB, suspendeu momentaneamente os roteiros para se dedicar mais aos programas de rádio e TV. Sua equipe de marketing finalmente conseguiu uma pausa de 48 horas para que o candidato recupere pelo menos a voz. E mude a estratégia na reta final.

Tarso investe em Olívio
O ex-prefeito Tarso Genro decidiu mudar a estratégia eleitoral nas duas últimas semanas de campanha, investindo no prestígio de Olívio Dutra para unir o partido. O candidato do PT a governador deixou de lado o exercício do contraditório em relação ao governo do Estado explicitado no curto período em que esteve na prefeitura da Capital. Olívio participou domingo do encontro da juventude em Santa Maria.

Escritor concorre
Natural de Caxias do Sul, José Clemente Pozenato, escritor renomado, autor de O Quatrilho e de outras obras de destaque nacional, é um dos poucos intelectuais a concorrer a deputado nesta eleição. Disputa uma cadeira para a Câmara dos Deputados em dobradinha com o ex-reitor da Universidade de Caxias do Sul (UCS) Rui Pauletti (estadual). Pelo PSDB.

Mirante
• O advogado Luiz Ferreira bem que tentou, sem sucesso, impedir a instalação do Conselho de Justificação ao qual está submetido o coronel Monteiro. A defesa foi encaminhada ao secretário da Segurança, José Bisol, desembargador aposentado, que nomeou o conselho, tarefa privativa do governador. Transcorridos 50 dias, não houve manifestação em relação à ilegalidade da constituição dos membros do conselho, que encerrou na semana passada a instrução do processo que, teoricamente, pode redundar até no afastamento do coronel, com perda do posto e da patente.

• Finanças do Estado pautam as últimas duas semanas de campanha.

• Com a participação de Yamandú Costa, Ricardo Pacheco e a banda A Venerável, Beto Albuquerque e De Césaro promovem um show hoje no bar Opinião a partir das 21h. Por apenas R$ 10.

• Tarso anuncia esta semana apoio de prefeitos do PDT.

• Os candidatos aguardam a próxima pesquisa do Ibope para definir a campanha na reta final.

• Eleição de Lula no dia 6 de outubro libera o PDT e Brizola no segundo turno no RS.


ROSANE DE OLIVEIRA

Sem turbulências
A salvo dos ataques que marcaram a campanha no rádio e na televisão até agora, Germano Rigotto viu seus índices de intenção de voto crescerem, enquanto a rejeição se mantinha em níveis incrivelmente baixos. Chega a duas semanas da eleição em ascensão, com chances de se classificar para o segundo turno, até porque nem Tarso Genro nem Antônio Britto deverão fazer qualquer movimento para desconstruir sua imagem, como José Serra vem fazendo com Luiz Inácio Lula da Silva.

Embora o PT prefira enfrentar Britto no segundo turno por considerá-lo um adversário mais vulnerável, não é prudente fazer qualquer movimento agora contra Rigotto. Primeiro, porque se a final for entre Tarso e Britto, o PT tentará conquistar a parcela do PMDB que não assimilou a saída do ex-governador, a começar pelo senador Pedro Simon. Segundo, porque não há muito o que dizer sobre Rigotto – exceto que está ligado ao governo Fernando Henrique Cardoso e que esteve no poder com Britto. Sequer o PT pode atacar o deputado por falta de experiência administrativa, porque este é também o grande problema de Luiz Inácio Lula da Silva.

Britto também não pode atacar Rigotto, como Serra fez com Ciro Gomes, porque precisará do PMDB para enfrentar o PT no segundo turno, se for ele o finalista. Desde o início da campanha, Britto corteja Rigotto e Celso Bernardi e diz que no segundo turno os três estarão juntos, seja quem for o escolhido para enfrentar o PT.

Rigotto não pretende mudar vírgula na linha da propaganda, definida por ele e executada pela agência Fischer, América, estreante em campanhas eleitorais. O candidato está encantado com a capacidade da equipe de criação de transformar suas idéias em programas que caem no gosto do eleitor. E credita a subida nas pesquisas à capacidade de driblar a carência de recursos.

A campanha majoritária é tão modesta que não tem sequer um carro de som à disposição. Os que Rigotto usa nas carreatas e comícios são cedidos por candidatos a deputado. A caminhonete em que viaja é propriedade dele e, até agora, só fez duas viagens em avião fretado – uma para a Fronteira e outra para Santa Maria.


Editorial

DEPENDÊNCIA PERNICIOSA

Duas décadas depois da crise que se seguiu à bancarrota do México, conhecida como Setembro Negro, muitos dos países mais afetados na época, dentre os quais o Brasil, continuam hoje às voltas com dificuldades semelhantes, ainda que os problemas se mostrem inferiores aos de um período que só não superou em gravidade a quebradeira de 1929. Desde então, o Brasil conseguiu provar que teve condições de enfrentar um de seus pontos mais vulneráveis à época: a excessiva dependência de petróleo. O mesmo não ocorreu em relação à insuficiência de poupança interna, que, assim como na década de 80, persiste como um dos grandes problemas irresolvidos do país. O agravante é que, neste momento, as necessidades do setor público se ampliaram, enquanto o fluxo global de investimentos está reduzido à metade em comparação com 2000.

Os avanços conquistados na área do petróleo, a partir de experiências bem-sucedidas como a adoção do Proálcool, que transformaram o Brasil em referência mundial na área de energias alternativas, constituem-se num exemplo positivo do que o país poderia conseguir também no âmbito financeiro. Agora mesmo, no momento em que o mundo se vê na iminência de um ataque dos Estados Unidos ao Iraque, o país está registrando um feito histórico nesta área. Pela primeira vez, está deixando a condição de importador para se transformar em exportador líquido de petróleo, favorecido pelo contraste entre a retração interna no consumo e o aumento da produção da Petrobras. Há alguns anos, ganhos que hoje se incorporam ao cotidiano nessa área pareceriam simplesmente inviáveis.

O país precisa se empenhar mais pela ampliação da poupança
interna como uma de suas prioridades

Às vésperas de uma mudança de governo, portanto, o país precisa se empenhar mais pela ampliação da poupança interna como uma de suas prioridades. Não há melhor forma de o Brasil conseguir reunir com menos dificuldades os recursos necessários para o atendimento de demandas internas e para o cumprimento de compromissos externos do que investir de forma continuada no seu potencial produtivo, com ênfase nas exportações. Infelizmente, o que se constata hoje é uma necessidade crescente do setor público de investir cada vez mais contra a capacidade contributiva dos cidadãos, que arcam com uma carga recorde de impostos. Ao mesmo tempo, é forçado a um custo adicional cada vez maior para continuar financiando o déficit com recursos externos, numa estratégia que empurra o câmbio e a taxa de juros internos para níveis insuportáveis.

O país precisa aproveitar a transição de governo para romper esse círculo danoso. A pretensão é factível, desde que o Brasil consiga reunir as condições para associar o crescimento à estabilidade, valendo-se do mesmo afinco que o permitiu se aproximar da auto-suficiência de petróleo em tempo recorde.


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09/23/2002


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