Zambiasi e Fogaça lideram pesquisa
Zambiasi e Fogaça lideram pesquisa
Levantamento indica vantagem de Lula na disputa à Presidência
Com 34,2% das intenções de voto, o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Sérgio Zambiasi (PTB), lidera a mais recente pesquisa de intenção de voto na disputa ao Senado feita pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (Cepa) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Em segundo lugar está o senador José Fogaça (PPS), com 27,6% no levantamento estimulado (em que o entrevistador apresenta um cartão com o nome dos candidatos).
Como em 6 de outubro serão eleitos dois senadores, os entrevistados indicaram dois candidatos. A terceira colocada é a senadora Emília Fernandes (PT), com 24,8%. Paulo Paim (PT) é o quarto, com 22%. Com exceção de Odacir Klein (PMDB), que tem 7%, todos os demais candidatos ao Senado têm menos de 3% das intenções de voto.
No quesito rejeição, em que é perguntado em qual ou quais candidatos o eleitor não votaria de jeito nenhum, Emília aparece em primeiro lugar, com 18,2%. Fogaça e o deputado Paulo Paim aparecem tecnicamente empatados em segundo lugar. O senador do PPS tem 12%, e Paim, 11,6%.
Na disputa à Presidência, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, se mantém em primeiro lugar no Rio Grande do Sul, com 34,7% da preferência na pesquisa estimulada. O candidato do PSDB, José Serra, aparece tecnicamente empatado com o candidato do PPS, Ciro Gomes. Serra tem 18,6% das intenções de voto, e Ciro, 17,6%. O ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PSB) está com 10,8%.
Nesse levantamento, Ciro foi o candidato que teve maior crescimento em relação ao realizado entre os dias 19 e 21 de março: 6,6%. A preferência por Lula teve um aumento de 6,1 %.
Para o levantamento, o Cepa-UFRGS ouviu 1.773 pessoas em 47 municípios no dia 9. A margem de erro é de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos.
PMDB reúne líderes nas Missões e no Vale do Sinos
Germano Rigotto fará palestras hoje em Pelotas e em Rio Grande
Centenas de pessoas participaram neste final de semana de encontros promovidos pelo PMDB para alavancar a candidatura do deputado federal Germano Rigotto ao governo do Estado.
Rigotto se reuniu com líderes do PMDB em São Leopoldo e em Santo Ângelo, como parte de um programa de reuniões preparatórias à convenção estadual.
Diante do auditório do teatro Antônio Sepp, em Santo Ângelo, lotado por militantes do PMDB da região, Rigotto disse que “a vontade dos militantes no encontro levará a candidatura do PMDB ao segundo turno”.
Em São Leopoldo, na noite de sexta-feira, centenas de pessoas lotaram o salão da Sociedade Guarani. A coordenação de campanha fará encontros ainda em Passo Fundo, Santa Maria, Uruguaiana e Pelotas.
- É gratificante o carinho dos amigos e dos militantes. Isso nos dá força e a certeza da chegada no segundo turno – discursou.
Além de parlamentares, candidatos a deputado estadual e federal, prefeitos, vereadores e líderes do PMDB, estiveram em Santo Ângelo o presidente do PMDB regional, Cézar Schirmer, e o candidato ao Senado, Odacir Klein.
Hoje, às 8h, Rigotto fará palestra sobre Os Caminhos para o Desenvolvimento da Metade Sul na Câmara do Comércio de Rio Grande. Depois, participará de reunião-almoço em Pelotas, no Encontro Empresarial Cipel, abordando Política Fiscal versus Desigualdades Regionais.
PTB gaúcho sofrerá intervenção
O comando nacional do PTB cancelou a vinda ao Estado, prevista para hoje, e marcou para quarta-feira uma reunião que tratará dos detalhes da intervenção no diretório do Rio Grande do Sul.
O comunicado oficial chegou ontem aos dirigentes do partido no Estado, mas desde sexta-feira as dificuldades para a realização desse encontro vinham sendo levantadas.
O vice-presidente estadual do partido, Cláudio Manfrói, disse que vê com estranheza a decisão. A executiva gaúcha se reúne hoje, a partir das 19h, para discutir recursos judiciais contra a decisão. Um grupo de advogados deverá ir a Brasília.
– O clima estava bom. Mantivemos o diálogo para que prosperasse inclusive a possibilidade de apoio a Fortunati – disse.
O motivo da discórdia é a decisão do PTB gaúcho de apoiar a candidatura de Antônio Britto (PPS) ao governo do Estado. Com isso, o partido abandonaria a campanha do pedetista José Fortunati. As cúpulas nacionais do PTB e do PDT haviam acertado um pacto de unidade nos Estados, que seria o primeiro passo para a futura fusão das duas siglas. Essa união chegou a ser anunciada no ano passado, mas não houve acordo.
Partidos investem nos puxadores de voto
Os quatro deputados estaduais mais votados em 1998 não concorrerão à Assembléia Legislativa este ano
A decisão do deputado Sérgio Zambiasi (PTB) de não mais disputar a Assembléia Legislativa, depois de quatro mandatos consecutivos como o parlamentar gaúcho mais votado do Estado, estimulou os demais partidos a buscarem puxadores de votos para tirar espaço do PTB.
Além de Zambiasi, que fez 217 mil votos em 1998 e agora será candidato ao Senado, outros três campeões de votos que ficaram entre os quatro deputados estaduais mais votados decidiram trilhar outros caminhos.
Maria do Rosário (PT), a segunda colocada com 76,6 mil votos, e Érico Ribeiro (PPB), com 74,5 mil votos, tentarão uma das 31 cadeiras gaúchas na Câmara dos Deputados. Germano Bonow (PFL), quarto colocado na última eleição, com 68,6 mil votos, deverá ser o vice do candidato a governador Antônio Britto (PPS). O PT, que tem na Assembléia a maior bancada de deputados (11 ao total), junto com o PPB, está confiante no sucesso da candidatura do ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont. O vice-presidente estadual do PT, Paulo Ferreira, acredita que a trajetória política de Pont o credencia para ser um dos mais votados da Assembléia. Além do ex-prefeito, o deputado estadual Flávio Koutzii deverá estar entre os petistas mais votados.
O PPB aposta no ex-governador e ex-ministro da Previdência Jair Soares para ampliar sua bancada de 11 para 13 deputados estaduais. Além de Jair, o PPB conta com os votos de Vilson Covatti, Telmo Kirst, Leila Fetter, Frederico Antunes e Denise Kempf para reforçar a bancada estadual.
O herdeiro de Zambiasi, na avaliação do PTB, deverá ser um deputado que vem da região do Alto Uruguai para tentar o quarto mandato. O partido acredita que Iradir Pietroski irá ampliar seus 48.063 votos conquistados em 1998.
O PSB, atualmente sem representação na Assembléia, investe no agricultor Heitor Schuch, presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag). O PSB já teve três deputados na legislatura passada, caiu para um em 1998. Acabou perdendo seu único representante – Bernardo de Souza –, que no meio deste mandato se filiou ao PPS.
Hoje o PPS está entre as maiores bancadas, com seis deputados estaduais, cinco deles egressos do PMDB. Mesmo assim, o presidente do partido, Nelson Proença, prefere não arriscar em projeções sobre quem será o mais votado da bancada. No partido há quem acredite que Proença seria o nome ideal para puxar votos para a Assembléia, já que em 1998 ele foi o segundo mais votado para a Câmara dos Deputados, com 156.930 votos.
Assim como o PPS, PMDB e PSDB evitam fazer projeções sobre seus puxadores de votos.
Depoimentos revelam pagamento de propina
Empresário teria pago parte da comissão a Ricardo Sérgio
A denúncia de cobrança de propina envolvendo o ex-diretor do Banco Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira por ocasião da privatização da Companhia Vale do Rio Doce, em 1997, chegou a ser parcialmente paga de acordo com as revistas Veja e Época desta semana.
Depoimentos de pessoas que mantêm relações diretas com a Vale do Rio Doce afirmaram, pedindo apenas para ser identificadas, que o empresário Benjamin Steinbruch pagou parte da comissão exigida por Ricardo Sérgio por ter organizado o consórcio vencedor do leilão de venda da estatal.
Conforme a Veja, dois membros do conselho de administração da Vale entre 1997 e 1998 afirmam que os comentários à época na empresa eram de que pelo menos US$ 6 milhões, de um total de US$ 15 milhões, foram pagos. Outras duas pessoas, empresários amigos de Steinbruch, dizem ter ouvido dele relato sobre a propina. Um deles afirmou que Steinbruch declarou ter pago um primeiro pedido de Ricardo Sérgio e negado um segundo, feito um ano depois. A partir desse momento Steinbruch teria começado a se sentir pressionado pelo ex-diretor do BB.
As ameaças de Ricardo Sérgio foram reveladas na ocasião por Steinbruch ao então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, e ao ministro da Educação, Paulo Renato Souza. Ambos confirmam o relato, mas alegam não saber se o empresário chegou a pagar a propina.
Segundo a revista Época, dois executivos envolvidos com a privatização da Vale afirmam que Steinbruch estava convencido de que Ricardo Sérgio, ao pedir a comissão, falava em nome do PSDB, mas que, ao descobrir que o dinheiro ficava com o diretor do BB, decidiu não pagar mais nada.
O presidente nacional do PSDB, José Aníbal, disse no final de semana que as denúncias envolvendo o processo de privatização da Vale não atingem o senador José Serra, candidato do PSDB à Presidência, nem o próprio partido.
– As denúncias que estão aí são, parte delas, repetidas, algumas baseadas em suposições que foram desmistificadas. Mas o que for preciso esclarecer, não teremos complacência, vamos esclarecer – disse ele, se referindo às novas denúncias
Para Aníbal, as acusações contra Ricardo Sérgio, ex-tesoureiro da campanha de Serra para o Senado (1994), são tentativas de prejudicar o candidato à Presidência:
– Estão tentando, de algum modo, atingir o senador, mas não vão conseguir. Serra é um homem honrado, 40 anos de vida pública limpa e um compromisso democrático.
Aníbal disse que “o governo Fernando Henrique tem apurado todas as denúncias que surgem”, seja pelo Ministério Público, pelo Judiciário ou por meio de CPIs.
FH visita mostra de Renoir e elogia Sarney
Acompanhado de empresários, entre eles Olacyr de Moraes, do grupo Itamarati, e pelo ex-ministro da Saúde Adib Jatene, o presidente Fernando Henrique Cardoso visitou na noite de sábado, no Museu de Arte de São Paulo (Masp), a exposição Renoir – Pintor da Vida.
Em seu discurso, FH fez elogios à Lei Rouanet, que prevê incentivos fiscais às empresas que investem em cultura no país, e ao ex-presidente da República José Sarney, que sancionou a lei.
A visita de FH à exposição do Masp, que vai até o dia 28 de junho, durou cerca de 30 minutos. O presidente evitou falar com a imprensa, limitando-se a elogiar o Masp e a atividade cultural de São Paulo:
– Tão importante quanto o progresso material é o que está se vendo no Brasil de hoje, concentrado na cidade de São Paulo. Poucos lugares do mundo têm um museu importante como este.
O presidente retornou a Brasília ainda no sábado à noite.
Alencar tem infecção pulmonar
Ex-governador do Rio sofreu derrame
Internado desde quinta-feira no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, no Rio, o ex-governador fluminense Marcello Alencar, 76 anos, está também com infecção pulmonar.
Alencar foi internado com crise hipertensiva e um derrame cerebral.
O médico de Alencar, Antônio Luiz Medina, disse ontem que “ninguém sabe se ele ficará com seqüelas.
– Só o tempo dirá, mas aparentemente ele está muito bem.
Alencar deve permanecer internado por pelo menos mais dois dias. Ele tem sido submetido a exames, como ressonância magnética e avaliação cardiológica. De acordo com o médico, o quadro clínico do ex-governador é estável.
– Ele está bem, lúcido, brincalhão como sempre – disse Medina, que estava ao lado de Alencar quando ele sofreu o derrame.
A isquemia ocorre quando regiões do cérebro deixam de ser irrigadas com sangue.
Indicação de Mendes é contestada
Associação de Magistrados reage
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) divulgou nota ontem condenando a indicação do advogado-geral da União, Gilmar Mendes, para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a entidade, o “comprometimento máximo” de Mendes com a defesa de interesses do governo é incompatível com a independência exigida da mais alta corte do país.
A crítica pública da AMB é feita na semana em que Mendes deverá ser sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Marcada para a semana passada, a sabatina foi adiada para quarta-feira, após os senadores terem sido alertados de que o advogado-geral da União é alvo de processos na Justiça. Essa informação não constava no texto da indicação enviado ao Senado pela Presidência da República. Quem avisou os senadores foi o ex-presidente da OAB Reginaldo de Castro.
Artigos
“Investi no país errado”
Paulo Brossard
A semana foi triste, menos pela novidade, que não trouxe, mas pela publicidade nua e crua de uma realidade que vem se repetindo ano a ano, mês a mês, semana a semana, e que, pela reiteração, vai se tornando habitual. O desrespeito à lei vai ganhando foros de normalidade e se tornando corrente. A invasão da empresa rural Ana Paula, substancialmente, não difere da invasão das outras fazendas antes invadidas pelo mesmo grupo que a esse tipo de ocupação se dedica. A diferença está em que a Ana Paula envolve um complexo de grande expressão quantitativa e qualitativa. Graças a investimentos de porte, que o comum dos produtores rurais não tem condições de fazer, consorciando os melhores recursos da técnica, adquiriu expressão fora do comum. Tornou-se padrão de qualidade em larga medida. Foi isto que chamou a atenção da comunidade. A moda era difamar a área invadida dizendo-a improdutiva, ainda que fosse exemplarmente trabalhada. Dizer que a Ana Paula era improdutiva ou mal cuidada mais do que inverdade seria tolice rematada. Por isto mesmo a atenção despertada, tanto mais quando a invasão estava prevista.
Diga-se de passagem que os invasores não imputaram improdutividade ao complexo, mas foi dito que “a fazenda não tem produção direcionada para alimentar o povo brasileiro e sim para outros países”. Ora, quando toda a sua produção fosse realmente para exportação, o que não é verdade, seria uma opção lícita; de resto, todas as nações do mundo, da China aos Estados Unidos, de Cuba ao Japão, à Rússia, à Alemanha, multiplicam esforços no sentido de exportar o máximo possível e também entre nós se diz que “exportar é a solução”; e, quando o flagelo aftosa fechou os mercados europeus e americanos à carne brasileira, tudo foi feito para debelar o mal vindo de países vizinhos e festejado o momento em que foi oficialmente reconhecido que deixara de existir o risco de contágio pela nossa carne. O fato é de ontem e está na memória de todos. Isto mostra, no entanto, que numerosos grupos organizados para as invasões de propriedades rurais nenhum compromisso têm com a “reforma agrária”, mas desempenham tarefa internacionalmente planejada com finalidades ostensivamente antidemocráticas.
Quando desse modo se afronta a Justiça, abre-se a portado império da lei da selva e é o fim dos fins
Aliás, a comprovar a assertiva, as invasões mais recentes tiveram como objetivo expresso “protestar contra o governo federal pela demora na reforma agrária”. Só que o protesto é feito à custa dos que trabalham e produzem. Bonita maneira de protestar.
A reação do invadido foi simplesmente patética: “Estou arrependido de ter investido no país natal”, “investi no país errado”. O país errado é o nosso país, um país sem leis, onde as solenes garantias constitucionais do domicílio, da privacidade, da propriedade, da liberdade de empreender e trabalhar, estão sendo reduzidos a nada, mercê do egoísmo, da covardia e do oportunismo.
O mais grave, porém, é que os abusos vêm sendo cometidos à vista de todos e o grave em sumo grau é que o abuso tolerado e festejado vai tirando do homem comum a confiança na justiça. Perguntado por que não requeria a reintegração da posse esbulhada às escâncaras, respondeu a vítima “que país é esse onde tenho de pedir a um juiz para alguém sair da minha casa”, e, pior ainda, deferida a provisão judicial ela deixa de ser cumprida. Foi um ilustre magistrado de Bagé que declarou que as suas decisões nessa área deixavam de ser executadas porque o Executivo não cumpria a lei e a Brigada deixava de servir à sociedade e à lei na pessoa do esbulhado. Isto não foi dito por um anônimo, sem eira nem beira nem folha de figueira, mas por um magistrado. Quando desse modo se afronta a Justiça, abre-se a porta do império da lei da selva e é o fim dos fins. É a deterioração de tudo que possa significar ordem e segurança, direito e liberdade. Mas se levar-se em conta que o mesmo magistrado acrescentou que do fato dera ciência a instâncias superiores e não teve respostas, aí já não se sabe mais o que dizer e o que esperar. Tanto mais quando deixou de ocorrer às escondidas, para suceder à luz do sol; isto não acontece na Índia ou no Senegal, mas ocorre entre nós e como se ninguém visse coisa alguma.
Colunistas
ANA AMÉLIA LEMOS
Fronteira do Mercosul
Os governos do Brasil e do Uruguai decidiram no final de abril, após a primeira reunião bilateral para estabelecer uma nova agenda de cooperação e desenvolvimento da fronteira, criar um portal único na internet com objetivo de facilitar o acesso à informação a todos os interessados. Esse portal estará nas páginas da rede das duas chancelarias. O acordo prevê, também, cooperação nas áreas de saúde, educação e segurança pública. Nesse caso decidiram criar um grupo de trabalho para tratar de questões agudas como droga, terrorismo, contrabando, tráfico de veículos, prostituição infantil e melhor integração na área de comunicações entre as polícias e o Poder Judiciário.
O esforço pela integração é tanto que as autoridades uruguaias anunciaram que estão tomando providências para resolver o problema dos ambulantes na Avenida Internacional, entre Chuy e Chuí, na fronteira sul. Na prática, os problemas persistem. O empresário Hugo A. Pilz, da Transmabi Transportes Ltda, de Porto Alegre, informa que “as autoridades uruguaias, por decisão unilateral, instituíram um Certificado de Aptidão Técnica atestando que o caminhão se encontra apto à execução do transporte rodoviário. Por conta disso, nenhum caminhão brasileiro ou argentino pode transitar em território uruguaio sem esse certificado”, diz o empresário, acrescentando que a multa aplicada a quem não tiver esse documento é de US$ 6 mil e, se reincidente, US$ 12 mil.
Por pressão dos governos da Argentina, do Brasil e do Paraguai, o Uruguai decidiu suspender por 90 dias as multas para o transportador que não tiver o tal certificado. A decisão foi tomada em abril, durante reunião do Mercosul, em Buenos Aires. Para Hugo Pilz, isso não tranqüiliza o setor porque, vencido o prazo, o problema voltará, provocando prejuízos, como ocorreu em abril quando transportadores brasileiros, em protesto, interromperam a fronteira. Não será por falta de leis que a integração fronteiriça deixará de ocorrer. Na semana passada, o Senado aprovou projeto de autoria do deputado Antonio Carlos Konder Reis (PPB-SC) que prevê um amplo programa de desenvolvimento da fronteira que beneficiará, no Brasil, o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. O projeto agora irá à sanção presidencial.
JOSÉ BARRIONUEVO
Rigotto procura vencer polarização
Germano Rigotto (PMDB) não se conteve, sábado, quando tomou conhecimento do resultado da pesquisa publicada na edição dominical que chegava às ruas: denunciou manipulação, envolvendo a UFRGS (responsável pelo trabalho), a RBS e Antônio Britto. Estaria havendo uma “armação” para que a eleição ficasse polarizada entre o candidato do PPS e Tarso Genro. Não admitia estar na lanterna. Rigotto concorda num aspecto: está equivocado o discurso do comando do PMDB que concentra fogo no ex-governador do partido e esquece a sua candidatura. Rigotto considera certa a pesquisa no que se refere à rejeição: a de Britto é alta e a sua é baixa.
PMDB reúne prefeitos com candidato hoje
No fim de semana, sem a presença de Simon, Rigotto participou de duas grandes concentrações do PMDB, em Santo Ângelo e em São Leopoldo. Hoje, Rigotto faz palestra às 8h em Rio Grande, na Câmara de Comércio, e ao meio-dia em Pelotas, na Associação Comercial e Industrial. No final da tarde, estará em Porto Alegre, para uma grande reunião com prefeitos, ex-prefeitos e vereadores do partido, no Clube de Caixeiros Viajantes.
PTB gaúcho passa por provação
Ninguém conseguiu entender onde quer chegar o comando nacional do PTB, que suspendeu sem qualquer comunicado a reunião marcada para hoje em Porto Alegre, oportunidade em que seria construído um acordo com o ingresso da representação gaúcha na Frente Trabalhista, ao lado do PDT. O diálogo deu lugar a uma convocação de uma reunião extraordinária do diretório para tratar especificamente da intervenção no diretório gaúcho. Tudo leva a crer que com o aval de Brizola. Usando de truculência, Roberto Jefferson e José Carlos Martinez vão transformar Sérgio Zambiasi em mártir e vão jogar a opinião pública contra Brizola e seu PDT.
Dois votos para senador
Com duas vagas de senador, os candidatos buscam a primeira ou a segunda opção do eleitor, o que multiplica por dois o contingente eleitoral do Estado, hoje de pouco mais de 7 milhões. Sérgio Zambiasi está numa posição confortável, tanto na primeira como na segunda opção, o que aumenta as suas possibilidades de fazer mais votos do que aquele que for eleito governador. A segunda posição é ocupada por José Fogaça, do PPS de Britto, seguido de perto por Emília Fernandes. Logo abaixo vem Paulo Paim, o que indica uma disputa forte pela segunda vaga.
Zambiasi já admitia aliança
O único pedido de Zambiasi era o direito de o seu PTB concorrer em faixa própria na eleição proporcional, dobrando-se à aliança majoritária. Participaria como candidato ao Senado e indicaria Sônia Santos para a vice de Fortunati.
Com a coligação na eleição proporcional, o PTB daria os votos na legenda, com 80 candidatos só a deputado estadual, e o PDT abocanharia as primeiras cadeiras, por deter alguns nomes com maior densidade eleitoral. Com sete deputados estaduais, o PDT teme perder espaço sem a ajuda de Zambiasi.
Homenagem única à ACM
O prestígio da Associação Cristã de Moços (ACM) de Porto Alegre foi demonstrado em homenagem única da Assembléia, com a entrega de uma placa assinada por todos os 55 deputados. Ao completar cem anos, o parlamento gaúcho reconhece, pela unanimidade de sua representação, de todos os partidos, o trabalho da ACM em prol da solidariedade, do humanismo e da fraternidade.
Voltando à realidade
Não funcionou bem esta idéia de candidato globalizado, com o périplo do ex-prefeito Tarso Genro pelo Exterior, procurando consolidar a imagem que cultiva de cidadão do mundo, dentr o das repercussões internacionais do Fórum Social Munial, que transformou Porto Alegre no maior centro da esquerda do globo. É uma fórmula antiga, imaginada por alguns marqueteiros, para dar robustez à personalidade do candidato, utilizada por Tancredo Neves (depois de eleito).
Embalado pela prévia, que foi um sucesso no PT, e pela posição confortável nas pesquisas, Tarso viajou também na imaginação.
Aqui, na cidade de melhor qualidade de vida, os problemas persistem. E no Estado governado pelo seu partido, os problemas se agigantam. Olívio resolveu também passear pelo Olimpo, enquanto Bisol, catatônico, faz estragos na lavoura.
Queda nas pesquisas
Tarso despencou nas quatro semanas em que mesclou as férias com alguns compromissos políticos. Em relação à última pesquisa do mesmo instituto (Cepa/UFRGS), sua vantagem sobre o segundo colocado ia de 11,3 pontos a 17, em relação a Britto, em dois cenários, com a presença do ex-governador. Em outras simulações, sem Britto, chegou a 22 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, em quase todos vencendo a eleição no primeiro turno. Hoje está empatado com Britto (o ex-prefeito está com pouco mais de dois pontos de vantagem), com uma distância de 13 pontos de uma vitória no primeiro turno.
Tarso encerra em Bolonha viagem ao Exterior
Tarso Genro encerrou seu périplo na Itália, após um encontro com o ex-primeiro-ministro da Itália Romano Prodi, hoje presidente da Comissão da União Européia. Prodi tem a responsabilidade de conduzir os destinos da integração européia e a relação do bloco com a América Latina. No encontro, o ex-prefeito entregou um documento propondo, “a partir da recuperação do Mercosul, uma relação direta com a UE e suas regiões com o bloco do Cone Sul e suas regiões”, segundo transmitiu a assessoria de Tarso em Porto Alegre.
A encontro ocorreu em Bolonha, na Universidade de Bolonha, cidade onde Prodi vive.
Mirante
• Ex-deputado Lino Zardo manda telegrama à coluna criticando o discurso da cúpula do PMDB. “Nosso adversário é outro”, diz ele.
• PPS inicia a campanha eleitoral amanhã, com uma visita ao terreno onde seria instalada a Ford.
• Eva Sopher oferece hoje, ao meio-dia, no Theatro São Pedro, uma feijoada à representação gaúcha no Congresso Nacional, com a presença de jornalistas da área política e cultural. Oportunidade de somar forças para a construção do anexo. A maioria confirmou presença, o que conta como jeton na urna.
• Presidente do Diretório Metropolitano do PPS, Luiz Carlos Mello convida para um debate hoje às 14h, na sede do partido (lopo Gonçalves, 364), com as presenças de Britto e Fogaça.
ROSANE DE OLIVEIRA
Repercussão previsível
Poucas coisas são mais previsíveis do que repercussão de pesquisa. Quem está bem avalia que a pesquisa é correta. Quem está mal desqualifica, relativiza ou identifica pontos positivos a seu favor. É do jogo. Nesta época, pesquisa não é motivo para tirar o sono de ninguém.
Primeiro lugar na pesquisa do Cepa-UFRGS divulgada domingo em Zero Hora, com 2,5 pontos percentuais à frente de Antônio Britto (PPS), o que caracteriza empate técnico, Tarso Genro (PT) disse que “a pesquisa reflete uma relação de forças real”. Na pesquisa anterior, em que aparecia bem à frente de Britto, Tarso avaliou que o resultado estava inflado pela sua presença forte na mídia, em função da prévia do PT. Agora, acha que é Britto quem se beneficia da exposição obtida com o lançamento de sua candidatura.
Ressalvando que tem reservas em comentar pesquisas tão longe da eleição, Britto interpretou o resultado como “um gesto de carinho e confiança do povo gaúcho”. Ressaltou que se sente estimulado porque passou três anos sem ser candidato e nas últimas semanas foi “vítima de agressões e incompreensões de onde menos esperava”.
Em terceiro na pesquisa, Celso Bernardi (PPB) encontrou razões para otimismo. Primeiro, porque cresceu de 2,2% para 6,6% no cenário mais favorável da estimulada. O candidato acredita que quando a campanha deslanchar, seus índices crescerão por conta do trabalho da base do PPB, que tem 174 prefeitos, 153 vice-prefeitos e 1.500 vereadores.
A validade da pesquisa é questionada por José Fortunati (PDT), cujos índices variam entre 4,1% e 4,9%. Fortunati lembra que as pessoas ainda não sabem quem serão de fato os candidatos e desconhecem as propostas de cada um. Atribui seus baixos índices a um processo de fritura patrocinado pelo PPS, pelo PTB e “por setores da imprensa”.
Ao lançar sua candidatura, Germano Rigotto (PMDB) pediu uma espécie de habeas corpus preventivo: advertiu que qualquer pesquisa agora lhe seria desfavorável por ter sido o último a entrar na disputa. Ontem, disse que “nem pesquisa nem manipulação de opinião pública ganham eleição”. Odacir Klein, candidato ao Senado, citou como ponto positivo o fato de Rigotto ter o menor índice de rejeição.
Editorial
A DEFESA DAS MINORIAS
Seis anos depois de uma primeira iniciativa, lançada também num dia 13 de maio, o presidente Fernando Henrique Cardoso aproveita a data em que é comemorado oficialmente o fim da escravatura no país para lançar um Projeto Nacional de Direitos Humanos, cuja preocupação predominante é a defesa das minorias. Ao contrário da iniciativa anterior, desta vez as propostas foram obtidas por meio de consultas em seminários regionais e pela internet, além de sugestões colhidas nos ministérios e órgãos ligados à área social. O aspecto mais inovador do plano, porém, é o que aborda temas considerados polêmicos. Entre eles estão, por exemplo, a união civil entre pessoas do mesmo sexo, a instituição de cotas para minorias e o veto à classificação de raças de forma depreciativa na publicidade.
Trata-se de um avanço que coincide com tendências apuradas até mesmo no Censo 2000, cujos resultados estão sendo divulgados agora. É o caso do crescimento de parcela da população que se considera negra, revelando um aumento da consciência e afirmação dos negros brasileiros. A preocupação com a melhoria das condições de tratamento e de acesso à educação e ao mercado de trabalho de forma efetiva e permanente é uma precondição importante para que o país possa reduzir desigualdades sociais e de renda. Nesse processo, é importante que o país procure optar por formas criativas, evitando prender-se unicamente a alternativas polêmicas como a de cotas, que mesmo colaborando para a eliminação de preconceitos e de injustiças históricas, correm o risco de abrir caminho para outras formas de desigualdade.
As duas seqüelas mais importantes – a discriminação e a pobreza –
exigem ações objetivas
A questão que hoje se põe não é a de conseguir uma estrutura jurídica que garanta a igualdade. Mal ou bem, a organização jurídica tanto em nível constitucional como no âmbito das leis ordinárias é adequada, exigindo tal igualdade e punindo a discriminação. O debate atual sobre o racismo concentra-se nas conseqüências sociais do episódio histórico da escravidão, que o Ocidente aboliu oficialmente há mais de cem anos. As duas seqüelas mais importantes – a persistente discriminação social do negro e a pobreza – exigem ações objetivas. A presença de movimentos políticos xenófobos na Europa são, neste sentido, um retrocesso condenável. Mesmo minoritários, tais movimentos surgem carregados de ódio e de violência, refletindo a ideologia do preconceito e do chauvinismo.
No âmbito do país, é preciso avançar na tendência de construir uma sociedade em que a miscigenação racial seja respeitada e valorizada, transformando-a na base de sociedade sem ódios e sem preconceitos. A dívida histórica – econômica, social e cultural – para com os negros precisa ser honrada, criando-se soluções democráticas que não firam a auto-estima dos beneficiários e que, por outro lado, não sejam apenas um jogo retórico.
Topo da página
05/13/2002
Artigos Relacionados
Zambiasi e Emília lideram no Cepa
Carnês em atraso lideram inadimplência do consumidor brasileiro, mostra pesquisa
Zambiasi lidera pesquisa
DF, PA e RJ lideram ranking do Ligue 180
EUA lideram restrições contra o Brasil
Senado: Maciel e Wilson lideram