Zambiasi mantém liderança









Zambiasi mantém liderança
José Fogaça e Emília Fernandes estão empatados em segundo lugar para o Senado

A disputa pela segunda vaga gaúcha ao Senado está empatada. Os candidatos José Fogaça (PPS) e Emília Fernandes (PT) têm, respectivamente, 24,4% e 24,3% da preferência dos eleitores.

Os números são da mais recente pesquisa do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (Cepa) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e mostram Sérgio Zambiasi (PTB) na liderança, com 34,5%.

Na pesquisa espontânea (em que o entrevistador não apresenta o nome dos candidatos), o preferido é Paulo Paim (PT), com 7,5%, tecnicamente empatado com Sérgio Zambiasi (PTB), com 7,4%. Na estimulada (em que o entrevistador apresenta o nome dos candidatos), Paim aparece em quarto lugar, com 19,4%.

Zambiasi tem a preferência dos eleitores em todas as faixas etárias, com destaque para a faixa de 20 a 39 anos. Fogaça tem melhor votação entre os de 40 anos ou mais e Emília Fernandes entre os jovens de 16 a 19 anos.

Ao serem questionados se sabem que terão de votar em dois candidatos para o Senado, 82,8% dos entrevistados disseram não. De cada quatro entrevistados, três disseram ainda não ter escolhido candidatos a deputado estadual e federal. A pesquisa apontou que apenas 35,1% dos eleitores gaúchos estão muito interessados na escolha dos dois novos senadores, e 13% disseram não ter interesse.

O Cepa ouviu 1.753 eleitores em 49 municípios gaúchos entre os dias 15 e 18 de julho. A margem de erro é de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos.


Os herdeiros do palanque
Intenção de continuar a trajetória dos pais motiva filhos de políticos ao teste das urnas

Eles brincavam de esconde-esconde ao redor de palanques e em vez de figurinhas colecionavam santinhos de políticos.

Muitos cresceram em Brasília e se acostumaram a circular entre homens importantes de colarinho branco. Enquanto seus amigos viajavam com a família nos finais de semana, eles participavam de carreatas com os pais pelo Interior.

Hoje, 10 ou 20 anos mais tarde, filhos de conhecidos políticos que ajudaram a escrever a História do Rio Grande do Sul decidiram enveredar pelo mesmo caminho dos pais falecidos, aposentados dos plenários ou que ainda estão em plena militância.

Embora não sejam novatos como os companheiros de disputa, três candidatos a deputado federal também têm na origem de suas trajetórias a forte influência dos pais, com a diferença de que hoje já estão com os nomes consolidados entre os eleitores. Em segundo mandato na Assembléia, Luciana Genro (PT), filha do candidato a governador Tarso Genro, enfrenta o desafio de chegar à Câmara.

– Meu interesse pela política foi motivado pela militância de meu pai.

José Otávio Germano (PPB), filho do ex-vice-governador Octávio Germano (PPB), enfrenta as estradas do Estado com o mesmo objetivo de Luciana: chegar à Câmara pela primeira vez, depois de ter sido presidente da Assembléia.

Herdeiro político do ex-deputado federal Jorge Alberto Mendes Ribeiro, morto em 1999, o presidente do diretório metropolitano do PMDB, Mendes Ribeiro Filho, trabalha para ser reeleito para o terceiro mandato na Câmara.


O novo Marchezan
Quando tinha três anos, em 1974, Nelson Marchezan Junior já morava em Brasília em razão do trabalho do pai.

Cresceu no centro do poder, onde viveu por mais de 10 anos, e integrou a juventude dos partidos pelos quais Marchezan passou.

Hoje, aos 30 anos, tomou uma importante decisão: além da carreira de advogado, tentará seguir os passos do pai também na política. Candidato a deputado federal, Junior fala com desenvoltura sobre trabalhos marcantes de Marchezan – morto em fevereiro –, como a CPI dos Medicamentos e o projeto bolsa-escola.

– O nome Marchezan é uma marca a qual quero dar continuidade. Meu pai sempre buscou estabelecer políticas eficazes, e eu nunca tive que me violentar ou me modificar para ser igual a ele – compara.

“Vontade de fazer” deverá ser o lema de trabalho de Junior:
– Tenho muito orgulho da vida pública de meu pai. Depois de alguns meses de sua morte, percebi que essa foi a maior herança que ele me deixou. Não poderia, de jeito nenhum, jogá-la fora.


A influência em casa
Valter Nagelstein, que em 2000 disputou a prefeitura da Capital e agora é candidato a deputado estadual pelo PPS, era criança quando via o pai, o ex-vereador de Bagé e ex-chefe da Casa Civil, Mathias Nagelstein, realizar reuniões em casa para reconstruir o antigo PTB. Hoje, mais de 20 anos depois, Valter (PPS) não tem dúvida:
– Ele me influenciou em tudo. Além de meu pai, é meu conselheiro, parceiro e amigo.

Embora sejam de partidos diferentes – Mathias é do PDT – Valter sonha compartilhar um momento político com o pai, hoje com 64 anos.

– Não sou um cara que goste de andar por aí fechando portas, gosto de abri-las e de mantê-las abertas. Aprendi isso com meu pai – conta.


Pai deixou nome e a vocação
O filho do falecido ex-prefeito de Santa Maria Evandro Behr têm o mesmo nome e a vocação para a política do pai.

A paixão pelo processo legislativo e o sonho de mostrar o lado bom da política levaram Evandro, 32 anos, a se candidatar a deputado estadual – em 2000, ele concorreu a vice-prefeito. Além disso, a morte do pai, em 1996, também serviu como incentivo:
– Vi as pessoas sentirem falta de meu pai e notei que a maior obra que ele deixou foi mostrar para as gerações mais jovens que é possível fazer política e ser honesto.


Chaise teve duplo aprendizado
Embora não seja exatamente um novato na política, o advogado Carlos Eduardo Chaise, 41 anos, terá em outubro sua primeira experiência nas urnas como candidato a deputado estadual pelo PDT. Já ocupou cargos administrativos como diretor da CRT, da Cohab e recentemente da Corsan. Agora, parte para a disputa pelos votos inspirado no que aprendeu em casa com o pai, Sereno Chaise, e a mãe, Terezinha Irigaray.

Sereno foi vereador, deputado estadual, prefeito de Porto Alegre e hoje é vice-presidente do Banrisul. Terezinha foi vereadora e a deputada estadual mais votada do país em 1967, com 59 mil votos. Hoje, integra o Tribunal de Contas do Estado.

O pai é do PT, a mãe está sem partido e Carlos Eduardo é pedetista fiel. Apesar das diferenças, Carlos exalta o aprendizado doméstico.

– A grande herança que trago de Sereno e de Terezinha é um padrão de conduta ética e moral – destaca.


O irresistível pedido de Brizola
Ela cresceu em meio a reuniões com trabalhistas. Acompanhando o pai, o ex-prefeito de Pelotas por duas vezes Anselmo Rodrigues nas campanhas, Adriane Rodrigues disputou uma vaga na Assembléia, em 1998, sendo a candidata mais nova do país, com apenas 20 anos.

Esse ano, a pedido do pai, pensou até em se afastar da política e terminar o curso de Direito. Mas a pausa não durou muito. Em seguida, segundo ela, foi lançada por Brizola para disputar a Câmara Federal.


Burmann cresceu em meio a reuniões do PDT
Vice-prefeito de Ijuí desde 2000, Gerson Burmann, 39 anos, também tem a política no sangue. Seu pai, Vanderlei Burmann, foi prefeito de Ijuí por dois mandatos e morreu em 1994 no meio da segunda administração. O tio, Orlando Burmann, foi deputado estadual. O que liga a família, além do sangue, é a paixão pelo trabalhismo.

Gerson cresceu em meio a reuniões do PDT, o que o levou a se filiar ao partido bastante jovem e decidir disputar cargos eletivos. Apesar da história familiar se misturar com a política, a decisão de disputar agora uma das 55 vagas da Assembléia Legislativa partiu de seu grupo político da microrregião de Ijuí.

– Não foi uma decisão pessoal, embora a influência para entrar na política tenha vindo da família. Desde guri cresci dentro do PDT – conta.


Morte de Branco incentivou Janir
Aos 28 anos, Janir Branco concorre pela primeira vez a um cargo eletivo. No entanto, a política não é uma novidade em sua vida. Candidato a deputado estadual pelo PMDB, Janir é filho do ex-prefeito Wilson Branco, morto há dois anos.

Com a morte do pai, a continuação da história política da família acabou recaindo sobre Janir e o primo, Fábio Branco, agora prefeito de Rio Grande.

– Para mim, é uma maneira de dar continuidade ao trabalho do meu pai – afirmou.


Autógrafo de Simon estimulou Biolchi
Com oito anos, o vereador de Carazinho Márcio Biolchi, hoje com 23, ganhou um autógrafo do então candidato a governador Pedro Simon (PMDB). Aquele nome assinado com caneta esferográfica em um pedaço de papel branco teve o efeito de um sino badalando na cabeça do menino, que ali descobriu que existia política. Foi Simon, e não o exemplo do pai, o deputado federal Osvaldo Biolchi, que traçou a trajetória de Márcio.

Márcio aprendeu muito em casa, mas diz que ele e seu pai tiveram caminhos distintos:
– O vínculo pessoal fica dentro de casa.


Pesquisa revela empate entre Lula e Ciro no RS
O candidato da Frente Trabalhista cresceu 13,2 pontos percentuais desde o último levantamento do Cepa

Os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PPS) estão tecnicamente empatados na pesquisa de intenção de voto para a Presidência no Rio Grande do Sul.

De acordo com o último levantamento do Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (Cepa) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Lula tem 28,4% da preferência dos gaúchos e Ciro 27,7%.

O candidato da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT) teve um crescimento de 13,2 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, realizada pelo Cepa nos dias 11 e 12 de junho. Ciro tinha 14,5% e estava atrás de José Serra (PSDB). O tucano agora está em terceiro, com 19,6%. Na comparação entre os levantamentos, Lula e Serra caíram quase sete pontos percentuais em um mês. O petista perdeu 6,8 pontos percentuais e o tucano 6,7. O quarto colocado, Anthony Garotinho (PSB), está com 6,8% das intenções de votos, uma queda em relação aos 8% registrados no último levantamento.

Na primeira pesquisa do Cepa realizada após os registros oficiais das candidaturas, José Maria (PSTU) tem 1,3% da preferência e Rui Costa Pimenta (PCO) 0,6%. O número de indecisos subiu de 8,8% para 12,4%.

O levantamento confirma no Estado a tendência apontada nas pesquisas nacionais do Ibope e do Vox Populi, que na semana passada colocaram Ciro Gomes como o segundo na disputa presidencial e Lula em primeiro lugar. Os números de Ciro no Estado são equilibrados em todas as faixas etárias, enquanto Lula tem maior aprovação na faixa entre 20 e 39 anos e menor entre 40 anos ou mais. Na comparação com o grau de instrução dos eleitores, Ciro é o preferido entre os que concluíram os Ensinos Médio e Superior. Lula tem boa aceitação entre os eleitores do Ensino Superior e é o favorito entre os que concluíram somente o Ensino Fundamental.

O Cepa ouviu 1.753 eleitores em 49 municípios gaúchos entre os dias 15 e 18 de julho. A margem de erro é de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos.

Mais da metade dos pesquisados (52%) disse ter muito interesse pela eleição para presidente da República, enquanto 9,1% afirmaram não ter nenhum interesse. Sobre o pleito para o governo do Estado, 7,5% disseram não se interessar, enquanto 55% garantiram muito interesse.


Lula diz que seu programa não responderá ao mercado
Propostas do candidato do PT serão lançadas oficialmente amanhã

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou ontem que seu programa de governo, a ser lançado amanhã, não dará respostas ao mercado financeiro, apesar de assegurar instrumentos de controle da atual política econômica, como manutenção do superávit primário em 3,75% do Produto Interno Bruto (PIB).

Lula diz estar mais preocupado com os indicadores sociais.

– Brincou-se muito com o mercado nos últimos anos, mas a preocupação excepcional do nosso plano, agora, é com a área social, porque esta é a grande dívida que temos de pagar – afirmou.
Na solenidade de lançamento do programa, em Brasília, o petista fará um discurso em defesa da retomada do crescimento com produção industrial e geração de empregos. Em um dos cadernos temáticos, que deve ser divulgado com a plataforma petista, aparecerá a meta de criação de 10 milhões de empregos em quatro anos de governo.

Lula expôs alguns pontos do programa ontem à tarde, ao participar da festa de posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC no Estádio de Vila Euclides, em São Bernardo do Campo. O petista falou para arquibancadas praticamente vazias num nítido contraste com os anos em que comandou históricas assembléias de metalúrgicos no Vila Euclides, no fim dos anos 70. Em 1980, 100 mil trabalhadores lotaram o estádio para protestar contra a prisão de Lula, então presidente do sindicato. Ontem, eram cerca de 2 mil que ouviam seu discurso e esperavam o show do sambista Jorge Aragão.

– Aqui começou a minha história e devo tudo o que aconteceu na minha vida ao que aconteceu neste estádio.

Luiz Marinho, presidente reeleito do sindicato, tentou amenizar a falta de “quórum”.
– Hoje é dia de festa, não de luta, e a companheirada não tem obrigação de estar presente – justificou.

Animado, Lula parecia não dar atenção ao baixo número de manifestantes. Estava mais interessado em falar de propostas para o país.


Ciro nega ser o plano B do governo
O candidato à Presidência da República pela Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS-PDT-PTB) fez ontem à noite, em Lages, pelas mãos do PFL, o primeiro comício desta campanha no Sul do país.
Em palanque eclético, que juntou os presidentes nacionais do PDT, Leonel Brizola, e do PFL, Jorge Bornhausen, e o candidato a governador pelo PPS, Sérgio Grando, Ciro, vestido de pala como Brizola e desacompanhado da namorada Patrícia Pillar, discursou para cerca de 2 mil pessoas, abrigadas da chuva fina e da temperatura de 13 graus no terminal de ônibus da cidade. O candidato observou que não tem o apoio do PFL, mas apenas do PFL que abandonou o governo federal:
– A audácia das nossas propostas, em matéria tributária e previdenciária, exige o apoio de três em cada cinco deputados federais e senadores. Então o PFL que rompeu com o governo terá um papel importante neste esforço de governabilidade, para o dia seguinte.

Em discurso rápido, na festa que custou R$ 6 mil ao PFL do prefeito de Lages, Raimundo Colombo, Ciro explicou que “uma caminhada difícil como esta exige parcerias fortes como a que foi feita com Jorge Bornhausen aqui em Santa Catarina”.

Hoje, Ciro se encontrará com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, no Rio.


Serra diz que projetos seguem modelo do Real
Tucano inspira-se em plano de 94

Em passagem por seu comitê político ontem, em São Paulo, o candidato à Presidência José Serra (PSDB) disse que “aquilo que o Plano Real fez” pela economia, seu “plano social vai fazer pelo povo brasileiro”.

A comparação com o plano de 1994 vem numa hora em que os tucanos recomendam que Serra ligue sua imagem à do presidente Fernando Henrique Cardoso para melhorar a posição nas pesquisas de intenção de votos. Hoje, o candidato se encontrará com o comissário de comércio da União Européia (UE), Pascal Lamy. O objetivo do encontro é discutir as relações econômicas do Brasil com a UE.

– Existem barreiras às nossas exportações agrícolas que a Europa impõe e que nós temos que remover. Temos de exportar mais para gerar mais oportunidades de trabalho no Brasil. Nós queremos vender mais. Eles impõem subsídios, barreiras protecionistas, e não nos deixam exportar tudo aquilo que a gente poderia – disse Serra.

No sábado, o candidato participou em Cascavel, Paraná, de uma festa de lançamento dos candidatos a deputados do PSDB e do PFL. Ao lado do governador Jaime Lerner (PFL), e do candidato ao governo pelo PSDB, Beto Richa, Serra foi recebido no parque de exposições da cidade por mais de 50 tratoristas e chegou a dirigir um trator por alguns metros. O tucano prometeu um novo seguro agrícola.


A oração de Garotinho
O presidenciável Anthony Garotinho (PSB) usou de sua condição de evangélico para pedir votos no fim de semana em um evento de líderes da Igreja Sara Nossa Terra, em Brasília. Em um discurso cheio de saudações religiosas, de passagens e citações bíblicas, Garotinho pediu engajamento em sua campanha e votos “no presidente que vai discutir valores e se preocupar com a família’’. O candidato lançou um slogan para ser usado pelos evangélicos na hora de pedir votos. “Ele é meu irmão, ele é crente, mas eu voto nele porque ele é competente’’. Subiu no palco com a filha Clarissa, 21 anos, e se ajoelhou para rezar.

que havia passado o dia em Brasília fazendo panfletagem. Ajoelhou-se no palco do Ginásio Nilson Nelson, o maior do Distrito Federal, para ouvir a oração do bispo Robson Rodovalho, o líder da Igreja Sara Nossa Terra, na qual classificou a pretensão de Garotinho à Presidência da República de “projeto divino’’ e não um “projeto humano’’.


FH veta reserva para aumento do mínimo
O presidente Fernando Henrique Cardoso vetará a reserva de R$ 5 bilhões que os parlamentares criaram na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2003 com o objetivo de garantir verbas para um reajuste real ao salário mínimo acima da inflação.

A reserva também cobriria novos gastos feitos por meio das emendas de deputados e senadores. Com a decisão de FH, o Congresso terá de cortar ou rever as prioridades que serão propostas pelo atual governo para o primeiro ano da nova administração, se quiser aprovar as emendas dos parlamentares e corrigir o mínimo acima da inflação.

O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Guilherme Dias, disse no final de semana que recomendou ao Palácio do Planalto o veto à reserva incluída na LDO de 2003 pelos congressistas por causa do quadro mais apertado da arrecadação no próximo ano:
– Não há margem para trabalhar com folga o próximo Orçamento, e o Congresso tem competência legal para rever as prioridades que vamos propor.

Diante do quadro de incertezas na economia, o governo preferiu arcar com o ônus político de vetar a brecha que poderia facilitar um aumento real do mínimo. A estratégia do governo é jogar a decisão de um aumento acima da inflação para depois de outubro.

O projeto da LDO, aprovado no Legislativo no início do mês, será sancionado nesta semana. ê com base nele que o Executivo elaborará a proposta do Orçamento de 2003, que terá de ser enviada ao Congresso até o final de agosto. Como não há possibilidade de veto parcial do dispositivo da Lei de Diretrizes que prevê a reserva de R$ 5 bilhões, esta será a primeira vez que a proposta orçamentária será encaminhada aos congressistas sem verbas livres nem para financiar as emendas individuais dos parlamentares, consideradas um direito sacramentado dos deputados e senadores.

Por meio da prerrogativa constitucional de emendar a proposta orçamentária, os congressistas brindam seus redutos eleitorais com despesas de interesse municipal e estadual. Para assegurar somente as emendas individuais, seriam necessários R$ 1,18 bilhão - cada deputado e senador pode incluir no Orçamento R$ 2 milhões em despesas. Também ficarão descobertas as emendas estaduais e regionais, que costumam somar cerca de R$ 5 bilhões para projetos defendidos pelos governadores e lideranças políticas regionais.

– O governo não deu aval ao acordo feito entre os partidos políticos que resultou na aprovação da reserva de R$ 5 bilhões na LDO – ressaltou Dias.

Na prática, os parlamentares elevaram a “reserva de contingência” na Lei de Diretrizes, uma conta originalmente utilizada para despesas emergenciais da União. A “reserva de contingência” foi ampliada de 1% para 3% da receita corrente líquida, portanto de R$ 2 bilhões para R$ 6 bilhões. Conforme o dispositivo da LDO que será vetado, deste total, R$ 5 bilhões seriam usados pelo Congresso e R$ 1 bilhão ficara para gastos emergenciais do governo.

Outro motivo que levará o governo vetar os recursos para um reajuste significativo para o salário mínimo é a conseqência desse aumento nos projetos e obras prioritárias do governo federal no primeiro ano do novo governo. Se fossem mantidos os R$ 5 bilhões que o Congresso pretendia destinar ao mínimo e emendas dos parlamentares, o Executivo teria de mandar a proposta orçamentária com apenas R$ 7 bilhões para investimentos. Esse valor representaria uma queda brutal em relação aos R$ 12 bilhões que o governo tem destinado para investimentos nos últimos anos.


Boletim do PT é apreendido
Justiça Eleitoral considerou texto ofensivo

Um boletim de campanha do candidato da Frente Popular (PT-PCB-PC do B-PMN), Tarso Genro, foi o alvo da primeira apreensão determinada pela Justiça Eleitoral na disputa pelo Palácio Piratini.
Impresso na sexta-feira, o folheto de quatro páginas, em cores, teve sua busca e apreensão determinada no sábado pelo juiz da 112ª Zona Eleitoral, Pedro Luiz Rodrigues Bossle, coordenador da Fiscalização da Propaganda Eleitoral. No despacho, o magistrado afirmou que a publicação “contém matéria ofensiva a candidato ao governo do Estado, além de configurar propaganda eleitoral sem a consignação do nome da coligação responsável, bem como as respectivas legendas”. Na última página do boletim, porém, consta o logotipo de campanha de Tarso, com a inscrição “Frente Popular” e as siglas dos partidos que a integram.

A apreensão foi divulgada na tarde de ontem, pelo deputado federal Nelson Proença, presidente estadual do PPS e coordenador da campanha da coligação Rio Grande em 1º Lugar (PPS-PFL-PT do B-PSL), que apóia a indicação de Antônio Britto (PPS). Na petição entregue à Justiça, foram destacados sete trechos do material de propaganda considerados ofensivos pela coligação. O ex-governador Antônio Britto é acusado de haver “jogado o RS às últimas colocações no ranking da economia brasileira”, de haver chefiado o Estado “traindo promessas da campanha de 1994” e de ser um “fujão”, entre outras críticas.

– Há uma tradição da Frente Popular de baixar o nível da campanha – disse Proença, anunciando uma reunião da executiva do PPS para examinar o assunto, na quarta-feira:
– Em menos de um mês, Tarso agrediu a nós, do PPS, e aos candidatos Sérgio Zambiasi, Celso Bernardi, Germano Rigotto e Aroldo Medina com termos como “escória”, “enrolão” e “direita raivosa”.

Apresentado à Justiça no sábado, dia 20, o “pedido urgente de busca e apreensão” tem a data do dia 16. Questionado sobre a diferença de datas, Proença disse que a coligação tomou conhecimento do material no dia 16. Ele não explicou como o PPS teve acesso ao material.

Segundo o coordenador de campanha de Tarso, José Eduardo Utzig, os originais foram entregues à gráfica no dia 18, dois dias depois da data constante no requerimento da coligação. Utzig informou que foram impressos “cerca de 30 mil” boletins. No início da noite, a assessoria de imprensa do PPS informou que a data do pedido havia sido grafada incorretamente pelos advogados da coligação.


Candidatos suspendem programação prevista
Dois dos quatro primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto para o governo do Estado, Antônio Britto (PPS) e Celso Bernardi (PPB), cancelaram parte da programação que haviam preparado para o fim de semana.

No sábado, Britto suspendeu seus compromissos, em Passo Fundo, depois de haver recebido notícias de que sua mulher precisaria fazer alguns exames médicos em Caxias do Sul. O candidato começou o dia com uma caminhada na feira de pequenos produtores.

A chuva que caiu ontem em Porto Alegre fez com que o PPB suspendesse a programação prevista para o domingo. Foram canceladas a carreata que percorreria as principais avenidas da Capital e o showmício que seria realizado na Restinga. Segundo os organizadores, o evento deverá ocorrer no próximo fim de semana. O candidato do partido, Celso Bernardi, anunciou suas propostas para a implantação de uma política para os portadores de deficiência física.

Cumprindo roteiro em Canoas, Gravataí, Cachoeirinha e Glorinha, no sábado, Tarso Genro (PT) voltou a atacar Britto. O candidato convocou os petistas a intensificarem a campanha nas ruas e afirmou que “a vitória significa derrotar Britto no primeiro e no segundo turno”. O domingo foi dedicado a reuniões com os coordenadores de campanha.

Em Otávio Rocha, interior de Flores da Cunha, o candidato do PMDB, Germano Rigotto, reuniu-se com pequenos produtores, em encontro promovido pelo sindicato rural. Rigotto atacou a política do governo do Estado para o setor:
– Falta aos agricultores apoio as suas atividades. É um descaso nunca antes visto.

O candidato esteve ainda em Relvado, acompanhado de Odacir Klein, postulante ao Senado, e do senador Pedro Simon, ambos do PMDB.

Nem a dor-de-cabeça tirou a disposição do candidato ao governo do Estado, José Fortunati (PDT), durante a festa de aniversário do deputado estadual Kalil Sehbe Neto, que concorre à reeleição. Centenas de pessoas participaram do encontro no Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Rincão da Lealdade, em Caxias do Sul.


Contratações são foco de polêmica
Quadro de pessoal cresceu 7% desde 99

A contratação e nomeação de 51.697 servidores estaduais pelo governo Olívio Dutra, a partir de janeiro de 1999, ingressou no hall das polêmicas da eleição no Rio Grande do Sul. Apresentado como triunfo pela atual administração, o aumento dos quadros é usado como arma pela oposição, que acusa o governo de inchar a máquina e arrochar os salários.

Segundo a Secretaria da Fazenda, o número de servidores da administração direta cresceu de 261.175 em dezembro de 1998 para 280.072 em dezembro de 2001. Apesar do aumento de 7,24%, o atual governo reduziu o comprometimento da receita com pessoal – 58,47%, nos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), segundo dados do Tribunal de Contas do Estado, do fechamento de 2001 –, ficando abaixo do limite estabelecido para adequação à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Os gastos só com pessoal do Executivo ficaram em 48,35% da receita líquida.

Com 33.925 contratações e o Programa de Demissão Voluntária (PDV), que excluiu 12.104 servidores, o governo anterior, de Antônio Britto, entregou o Estado com um comprometimento de 75,92%.

Segundo o secretário substituto da Fazenda, Odir Tonollier, a melhoria no desempenho em relação à LRF está ligada ao incremento da receita corrente líquida (a arrecadação passou para R$ 7,5 bilhões) e a mudanças nos critérios para o cálculo dos gastos com pessoal, estabelecidas pelo Tribunal de Contas do Estado. Pela nova definição, pensões, assistência médica, auxílio de alimentação e transportes não mais entram na conta. A LRF dá prazo até dezembro de 2002 para que os gastos com pessoal do Executivo consumam no máximo 49% da receita corrente líquida.
Parte significativa das contratações é emergencial ou temporária (19.498). A educação foi a área que recebeu o maior incremento de pessoal nos últimos três anos e cinco meses. Das 51.697 contratações e nomeações, 41.866 são do magistério. Apesar disso, o presidente da Federação das Associações dos Círculos de Pais e Mestres do Estado, Raul Gomes de Oliveira Filho, diz que no início do ano faltavam professores em mais de cem escolas.

Os salários da categoria pouco mudaram, na avaliação da presidente do Cpers-Sindicato, Juçara Dutra Vieira. Em três anos e meio, o magistério obteve dois reajustes: 14,9% em 2000, após uma greve de 32 dias, e outro no ano seguinte, de 25%, em quatro parcelas.


Oposição critica o governo
As contratações são atacadas pela oposição. O deputado Cézar Busatto (PPS), ex-secretário da Fazenda do governo Antônio Britto, acusa o governo de baixar o nível salarial:
– O fato de ter contratado 50 mil pessoas não significa que há 50 mil novos servidores. É preciso melhorar produtividade e qualidade, sem necessariamente botar mais gente.

As contratações emergenciais também são criticadas pelo 1º vice-presidente da Federação Sindical dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (Fessergs), Flávio Dall’Agnol. Segundo ele, deveriam se limitar a casos excepcionais, até porque nem sempre melhoram os serviços. Para a segurança pública, foram feitas 2.342 contratações e nomeações. A presidente do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia (Ugeirm-Sindicato), Adélia Porto, diz que a Polícia Civil tem 5,8 mil agentes e delegados na ativa e seriam necessários mais 1,2 mil. Na Brigada Militar, a situação é pior. A corporação atingiu em dezembro de 2001 um efetivo de 24.240 homens, o menor desde 1991. No governo Britto, saíram 4.822 PMs, parte pelo PDV.

– Dos 822 que entraram no atual governo, menos de 500 ficaram – diz o presidente da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho dos Cabos e Soldados da BM (Abamf), Leonel Lucas.

O fato de estar prestes a se adaptar à LRF não significa que o Rio Grande do Sul vive uma situação financeira confortável. Pelo contrário. O Estado gastou com pessoal R$ 4,5 bilhões, nos últimos 12 meses. Para manter a folha de pagamento em dia, o governo faz malabarismos – fornecedores são pagos com atraso, saques no caixa único passam de R$ 1,3 bilhão e investimentos previstos no Orçamento são represados.


Contratações são foco de polêmica
Quadro de pessoal cresceu 7% desde 99

A contratação e nomeação de 51.697 servidores estaduais pelo governo Olívio Dutra, a partir de janeiro de 1999, ingressou no hall das polêmicas da eleição no Rio Grande do Sul. Apresentado como triunfo pela atual administração, o aumento dos quadros é usado como arma pela oposição, que acusa o governo de inchar a máquina e arrochar os salários.

Segundo a Secretaria da Fazenda, o número de servidores da administração direta cresceu de 261.175 em dezembro de 1998 para 280.072 em dezembro de 2001. Apesar do aumento de 7,24%, o atual governo reduziu o comprometimento da receita com pessoal – 58,47%, nos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), segundo dados do Tribunal de Contas do Estado, do fechamento de 2001 –, ficando abaixo do limite estabelecido para adequação à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Os gastos só com pessoal do Executivo ficaram em 48,35% da receita líquida.

Com 33.925 contratações e o Programa de Demissão Voluntária (PDV), que excluiu 12.104 servidores, o governo anterior, de Antônio Britto, entregou o Estado com um comprometimento de 75,92%.

Segundo o secretário substituto da Fazenda, Odir Tonollier, a melhoria no desempenho em relação à LRF está ligada ao incremento da receita corrente líquida (a arrecadação passou para R$ 7,5 bilhões) e a mudanças nos critérios para o cálc ulo dos gastos com pessoal, estabelecidas pelo Tribunal de Contas do Estado. Pela nova definição, pensões, assistência médica, auxílio de alimentação e transportes não mais entram na conta. A LRF dá prazo até dezembro de 2002 para que os gastos com pessoal do Executivo consumam no máximo 49% da receita corrente líquida.
Parte significativa das contratações é emergencial ou temporária (19.498). A educação foi a área que recebeu o maior incremento de pessoal nos últimos três anos e cinco meses. Das 51.697 contratações e nomeações, 41.866 são do magistério. Apesar disso, o presidente da Federação das Associações dos Círculos de Pais e Mestres do Estado, Raul Gomes de Oliveira Filho, diz que no início do ano faltavam professores em mais de cem escolas.

Os salários da categoria pouco mudaram, na avaliação da presidente do Cpers-Sindicato, Juçara Dutra Vieira. Em três anos e meio, o magistério obteve dois reajustes: 14,9% em 2000, após uma greve de 32 dias, e outro no ano seguinte, de 25%, em quatro parcelas.


Oposição critica o governo
As contratações são atacadas pela oposição. O deputado Cézar Busatto (PPS), ex-secretário da Fazenda do governo Antônio Britto, acusa o governo de baixar o nível salarial:
– O fato de ter contratado 50 mil pessoas não significa que há 50 mil novos servidores. É preciso melhorar produtividade e qualidade, sem necessariamente botar mais gente.

As contratações emergenciais também são criticadas pelo 1º vice-presidente da Federação Sindical dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (Fessergs), Flávio Dall’Agnol. Segundo ele, deveriam se limitar a casos excepcionais, até porque nem sempre melhoram os serviços. Para a segurança pública, foram feitas 2.342 contratações e nomeações. A presidente do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia (Ugeirm-Sindicato), Adélia Porto, diz que a Polícia Civil tem 5,8 mil agentes e delegados na ativa e seriam necessários mais 1,2 mil. Na Brigada Militar, a situação é pior. A corporação atingiu em dezembro de 2001 um efetivo de 24.240 homens, o menor desde 1991. No governo Britto, saíram 4.822 PMs, parte pelo PDV.

– Dos 822 que entraram no atual governo, menos de 500 ficaram – diz o presidente da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho dos Cabos e Soldados da BM (Abamf), Leonel Lucas.

O fato de estar prestes a se adaptar à LRF não significa que o Rio Grande do Sul vive uma situação financeira confortável. Pelo contrário. O Estado gastou com pessoal R$ 4,5 bilhões, nos últimos 12 meses. Para manter a folha de pagamento em dia, o governo faz malabarismos – fornecedores são pagos com atraso, saques no caixa único passam de R$ 1,3 bilhão e investimentos previstos no Orçamento são represados.


Artigos

O temor aos códigos
Luiz Augusto E. Faria

Os economistas fazem parte de uma estranha classe de cientistas que acreditam que as leis por eles enunciadas para explicar a realidade não são invenção sua, mas obra da natureza. Algo semelhante fazem os teólogos, ao verem em Deus a fonte de suas certezas. Entretanto, e diferente desses, que pregam obediência às leis dos homens, os economistas têm por elas profundo desprezo, sempre desconfiados de que contrariem suas “leis da natureza”.

O comentário de Guilherme Villela, em artigo a ZH, é exemplar dessa aversão dos economistas à regulação da vida social materializada nas normas jurídicas. Foi por desconhecer tais “leis naturais” que Hamurábi instituiu seu código e teria tabelado o preço do óleo, um artigo essencial. Que ousadia tentar proteger consumidores da cobiça de mercadores gananciosos! O articulista compara os economistas do governo estadual ao rei babilônico e critica a política adotada, afirmando que as ações da atual administração nada têm a ver com o desempenho superior da economia gaúcha em relação ao Brasil ou a outros Estados, como Paraná e Bahia.

Defende a gestão anterior e suas iniciativas de atrair grandes projetos e concentrar astronômicos subsídios (desde o começo do Fundopem foram R$ 1,8 bilhão) em meia dúzia de empresas, a maioria multinacionais. Apela para o conceito de multiplicador para dizer que o atual governo colhe o que foi semeado antes. Basta, entretanto, olhar o desempenho desagregado do crescimento do RS para ver que não foram os beneficiários dos programas anteriores (petroquímica, siderurgia) que puxaram o crescimento recente, mas aqueles setores tradicionais (metalmecânica, calçados, material de transporte), para os quais estão voltadas ações de fomento (extensão empresarial, redes de cooperação, promoção comercial etc.), que atendem 20 mil empresas, contra menos de 700 nos programas anteriores.

Quanto ao governo federal, apenas a desvalorização cambial, proposta pela oposição e “engolida” pela equipe econômica, teve impacto positivo sobre a economia gaúcha. No mais, houve a ação discriminatória em relação à aftosa, preços mínimos desestimuladores, redução dos gastos da União e o apagão, que só não causou maior dano em razão dos investimentos do Estado em transmissão.

Na agropecuária, as 5,3 mil novas propriedades de assentados e as mais de 80 mil atendidas pelo RS Rural explicam em parte o crescimento que se deu apesar de três secas e da aftosa. Mas o seguro agrícola atendeu “apenas” 25 mil propriedades, é verdade. Isso porque não pareceu um negócio atraente às seguradoras privadas... e o governo anterior privatizara a Companhia União.

Frente à onda que transformou os preconceitos dos especuladores e a ganância de alguns grandes empresários – um movimento justificado pelo discurso que defende a manutenção dos “fundamentos macroeconômicos” e respeito às “leis naturais” – em parâmetros das ações governamentais, melhor ficar com os códigos do Estado de direito. Afinal, estes acolhem os interesses da maioria – consumidores, trabalhadores, produtores rurais e empreendedores.


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Sem discriminação
O ministro da Integração Nacional, o alagoano Luciano Barbosa, fará nesta semana sua primeira visita ao Rio Grande do Sul. Irá percorrer a Região Noroeste e a Metade Sul, áreas incluídas nas prioridades do governo federal. Quinta-feira, em Santa Rosa, autorizará a liberação de todo o recurso destinado ao pagamento da bolsa-estiagem aos produtores rurais que tiveram grandes prejuízos com a seca no ano passado. Pretende avaliar a implantação do programa que, a exemplo do Reconversul, está sendo implementado na Região Noroeste para evitar o êxodo rural, populacional e empresarial. Luciano Barbosa também visitará Passo Fundo, onde se reunirá com prefeitos. O novo ministro, que assumiu o cargo faltando poucos meses para o término do governo FH, não é um “ilustre desconhecido”.

Quando houve intervenção em Alagoas, no descalabro do governo Divaldo Suruagi, Luciano Barbosa foi escolhido pelas autoridades federais para ser o interventor. Com cursos de especialização em gestão pública, inclusive no FMI, o ministro da Integração é, sobretudo, um curioso. Já esteve no Rio Grande do Sul uma vez para um compromisso particular, em Santa Cruz do Sul, que, como a sua Arapiraca, é grande produtora de fumo.

Assim que assumiu o cargo, indicado pelo PMDB e com as bênçãos de Pedro Parente, o alagoano se preocupou em desfazer a imagem de que o órgão, por ter sido ocupado por políticos nordestinos, está transferindo a maior parte dos recursos orçamentários da União para o Nordeste. Por isso, determinou que fossem liberados todos os recursos destinados à Região Sul. A planilha dos pagamentos mostra que, até julho, os três Estados sulinos (RS, SC e PR) receberam um total de R$ 22,9 milhões, dos quais 89,2% ficaram em Santa Catar ina, 45,2% com o RS e 34,4% com o PR.

Qual é a explicação para esse desequilíbrio? “A responsabilidade não é nossa”, diz o ministro, lembrando que as iniciativas para obtenção dos recursos é dos prefeitos e dos governadores. Mesmo que faça força para provar que não permitirá discriminação privilegiando o Nordeste, as dúvidas persistirão por conta dos antecedentes. Na visita ao RS, o ministro sabe que ouvirá muitas queixas.

Em tempo: o ministro José Abrão, do Desenvolvimento Agrário, em elegante nota a esta coluna, diz que não faz uso eleitoral das visitas ao RS e que sempre esteve comprometido com a política fundiária do presidente FH.


JOSÉ BARRIONUEVO

Queda de Lula é maior no RS
Apesquisa do Cepa-UFRGS confirma o que a coluna antecipou domingo a partir de avaliações anteriores: Lula obtém seus piores índices no Rio Grande do Sul, sua principal base eleitoral, que o colocou em vantagem nas três eleições anteriores com grande diferença de votos em relação a Collor e FH. Pesquisa publicada hoje mostra um empate, com Ciro subindo e encostando em Lula, com menos de um ponto abaixo do petista, que vem caindo a cada avaliação. A rejeição é mais um indicativo: Lula, com 37,2%, desponta com 27 pontos acima de Ciro Gomes, que aparece com 10,7% de eleitores que não votariam no ex-ministro de jeito nenhum.
Lula no RS – Lula vem quarta-feira ao Estado.

Efeito Olívio
Não existe nenhum outro ingrediente para a queda de Lula, mais light, mais maduro, mais preparado hoje, a não ser a desaprovação ao governo Olívio entre os gaúchos. É a única razão visível para um índice bem abaixo da média nacional num Estado que sempre lhe deu vitória. Soma-se a isso o tom radical adotado por Tarso Genro em seus discursos como candidato a governador pelo PT, em claro confronto com a postura conciliatória do candidato a presidente da República.

Destempero verbal
Tarso assumiu na semana que passou, diante da queda nas pesquisas, um discurso perigosamente maniqueísta. Absoluto, apresenta um Estado dividido entre o bem – o partido e seus seguidores – e o mal – todos os demais que não se converteram. Mesmo em se tratando de uma fala para militantes e ativistas, presentes à inauguração da sede de sua campanha, este não é o tom que se espera de um candidato a governador que deveria ter, como preocupação primeira, a pacificação do Estado.

Emília em alta
Ao completar 53 anos, Emília Fernandes tem uma boa notícia. Pesquisa publicada nesta edição mostra a senadora alcançando José Fogaça na disputa da segunda vaga do Senado. Emília festejou sexta, no Clube Farrapos, o aniversário de 53 anos, cercada por filhos e netos. Foi prestigiada pelo governador e pelos candidatos a governador, Tarso, e a vice, Miguel Rossetto.

Ausência de Britto
Como último orador, Tarso exagerou na dose ao atacar Germano Rigotto (PMDB) em Tramandaí, no encontro de lojistas, recolhendo fortes vaias. A platéia reagiu na defesa do candidato do PMDB, que não tinha mais espaço para responder. Sempre com o vento a favor nos confrontos eleitorais anteriores, Tarso não soube temperar o discurso em meio a um público adverso. Perdeu as estribeiras. Britto mais uma vez fugiu do confronto, que teve a participação de seis candidatos.

Simon presente
Tendo a seu lado o senador Pedro Simon, Germano Rigotto fez uma série de encontros, ontem, no Vale do Taquari, base eleitoral do deputado Elmar Schneider, sempre com grande público. Esteve em Arvorezinha, Ilópolis, Anta Gorda, Doutor Ricardo e Relvado.

Coração é de papel
O coraçãozinho reivindicado por Germano Rigotto apareceu, imenso, num cartaz na inauguração do comitê central de Garotinho em Porto Alegre. É também a logomarca do candidato do PSB à Presidência. Dele, de Rosinha, de Britto, de Rigotto e de dezenas pelo Brasil afora. É também capa de Veja e IstoÉ esta semana.

– Nosso objetivo é fazer uma campanha que fale direto ao coração do povo brasileiro – disse Garotinho, explicando o slogan, depois de abonar filiações de 11 evangélicos, três deles pastores da Assembléia de Deus e um pastor da Igreja Universal.

Com mais de 70 líderes evangélicos, o PSB está formando um núcleo voltado para este segmento no partido.

Maior concentração de candidatos
Numa cidade com a maior concentração de candidatos, a deputada Cecilia Hypolito (PT) lançou, sábado à noite, em reunião com mais de mil pessoas, sua campanha à Câmara. Parte em busca da vaga que foi do prefeito Fernando Marroni, que se licenciou da Câmara para disputar a prefeitura de Pelotas em 2000.

Notificação do governador
Presidente do Fórum em Defesa do Serviço Público, Carlos Alberto Pacheco diz que o secretário da Administração, Elton Scapini, revela “absoluto desconhecimento” da ação da entidade contra o governador. Assegura, contrariando o secretário, que Olívio Dutra foi pessoalmente notificado no dia 12 sobre a necessidade de cumprir a lei que estabelece a obrigatoriedade de revisão anual dos salários dentro do mesmo índice, sem distinção de categorias. Sobre os técnicos-científicos, observa que 8% concedidos em três parcelas estão muito longe dos 56% da inflação de quatro anos.

São trigêmeos
Britto não será pai de gêmeos, como foi anunciado. Sua mulher Luciana recebeu a boa nova, após novo exame: vai ser mãe de trigêmeos, aguardados para meados de fevereiro. O pai, candidato, estava em Vacaria, sexta-feira, quando chegou a notícia, no dia em que Luciana completava dois meses de gravidez.


ROSANE DE OLIVEIRA

Surpresas da pesquisa
O dado mais curioso da pesquisa Cepa-UFRGS de intenção de voto para o Senado é a ignorância da maioria absoluta dos entrevistados em relação à necessidade de votar em dois nomes para senador em 6 de outubro. Nada menos do que 82,8% dos entrevistados estão mal informados sobre a eleição de senador.

Esse dado sugere que a principal tarefa dos candidatos ao Senado é esclarecer os eleitores de que têm direito a dois votos. Não estranha, pois, que o grau de interesse pela eleição de senador seja tão menor do que para a escolha do governador e do presidente da República.

Os índices dos candidatos são compatíveis com o estágio atual da campanha: aparecem nas primeiras posições os mais conhecidos, mas a margem de mudança é ampla. O deputado federal Paulo Paim, por exemplo, está em quarto lugar na pesquisa estimulada, mas divide a liderança com Sérgio Zambiasi na espontânea – em que se pergunta ao eleitor em quem pretende votar, sem apresentar um cartão com o nome dos candidatos.

Surpresa é o crescimento de Ciro Gomes, que está tecnicamente empatado com o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Sem ter vindo ao Estado depois da oficialização das candidaturas, Ciro teve no Rio Grande do Sul desempenho superior à sua média no país. E encostou em Lula no Estado que desde 1989 deu os melhores índices ao candidato do PT.

Nesta quarta-feira, um dia depois de apresentar seu plano de governo, Lula faz sua primeira visita ao Rio Grande do Sul em companhia do vice, José Alencar. Será a oportunidade de testar o acerto da coligação com o PL, vista com desconfiança pela maioria dos petistas gaúchos. Os dois participarão de um debate e de um comício em Ijuí e, depois, de uma caminhada no Centro de Porto Alegre.


Editorial

EXPORTAÇÃO E INVESTIMENTO

Em boa hora, as montadoras instaladas no país dispõem-se a pisar no acelerador das exportações. Segundo a vice-presidente da Anfavea e diretora da Volkswagen Elizabeth de Carvalhaes, se as empresas não conseguirem colocar no Exterior os veículos que os brasileiros, premidos pela conjuntura adversa, não estão adquirindo, há risco de comprometerem-se investimentos de mais de US$ 20 bilhões feitos n o Brasil nos últimos seis anos. Para ela, as vendas externas de carros precisam aumentar dos atuais 21,4% do total da produção para 35% até 2004, como forma de dar plena utilização à capacidade instalada, hoje de 3,2 milhões de unidades/ano.

Essa nova perspectiva despertou pronta reação do governo, que transmitiu às empresas uma mensagem sucinta: a de que mantenham os empregos, já que Brasília vem envidando esforços para abrir-lhes novos mercados, de que são exemplos os acordos assinados com o México e o Chile para a colocação de 180 mil veículos nos próximos 12 meses. Há além disso perspectivas razoáveis de um acerto com a Argentina na área automotiva. E poderiam ser lembradas ainda as possibilidades de abertura do bilionário mercado da China, mediante a assinatura de um acordo de livre comércio com o Brasil, como ainda agora aventado por autoridades daquela nação em Genebra. Vale recordar a esse respeito que o volume de trocas de Pequim já bate em estupendos US$ 500 bilhões, mas a participação brasileira nessa corrente é de inexpressivos US$ 2,5 bilhões.

A despeito da queda, o montante supera o que se registra nas
demais nações do subcontinente

Em verdade, a indústria automobilística, que se manteve na vanguarda tanto da modernização fabril da nação quanto das relações entre capital e trabalho, vem concorrendo decisivamente para agregar tecnologia e, portanto, valor, a nossas vendas externas. Seu potencial, no entanto, está longe de esgotar-se e nada mais racional, neste momento, que passe a ocupar um peso similar ao que detém no México em termos de embarques internacionais. Pois o que precisamos é de mais investimentos, além de segurar os que temos. A esse propósito, aliás, cumpre lembrar pesquisa recém divulgada pela consultoria Simonsen Associados.

De acordo com ela, as empresas instaladas no Brasil em todos os campos anunciaram no primeiro semestre inversões da ordem de US$ 61 bilhões, a médio e longo prazos, cifra que deverá elevar-se a US$ 131 bilhões até o final do ano. Os números são bastante inferiores aos US$ 156 bilhões projetados em 2001. Apesar disso, importa levar em conta um dado essencial: trata-se de aplicações voltadas à produção e que exigem alguma maturação. O simples fato de que sejam planejadas em um momento difícil para a economia brasileira revela confiança nas potencialidades da nação. Recorde-se ainda que, a despeito do declínio, o montante supera os verificados em qualquer outra nação do subcontinente. Um outro aspecto digno de nota é que esse dinheiro deve ser canalizado principalmente para infra-estrutura energética, o que é fundamental para todos os campos produtivos, aí incluído o automobilístico. Pois é tempo de o país livrar-se em definitivo de sustos como a ameaça de apagão que estancou o crescimento nacional em 2001.


Topo da página



07/22/2002


Artigos Relacionados


Zambiasi reafirma liderança de Mozarildo no PTB

Ibope confirma liderança de Zambiasi

Óleo diesel mantém liderança no ranking de produtos industriais

Brasil vence Escócia e se mantém na liderança do torneio de futebol feminino

Biodiesel e liderança tecnológica

Demóstenes deixa liderança do DEM