Biodiesel e liderança tecnológica



A ideia nasceu debaixo de um ingazeiro, árvore típica do Ceará. Era um fim de semana do ano de 1977 e o engenheiro químico Expedito José de Sá Parente descansava em seu sítio quando vislumbrou a fórmula do biodiesel através do uso de oleaginosas. “O desenho do fruto do ingá me remeteu à solução. Foi a perfeita junção da necessidade com o acaso”, lembra o pesquisador.

Já na semana seguinte, o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) entrou no laboratório com a proposta de desenvolver o óleo vegetal. Parente experimentou a reação química entre álcool e o óleo extraído da semente o de algodão. Conhecido como transesterificação, o processo deu origem ao biodiesel. Parente testou o combustível em um velho motor e viu que funcionava.

Novos estudos aperfeiçoaram o sistema e a patente para a produção do biodiesel a partir de ésteres vegetais (tipos de compostos orgânicos) ocorreu em agosto de 1980. Em 1983, foi homologada. Entre essas datas, testes foram feitos com o veículo de manutenção da linha da Companhia de Eletricidade do Ceará (Coelce). 

Em outubro de 1980, o biodiesel foi apresentado em Fortaleza, em um evento que contou com a presença de fabricantes de motores, ministros e o vice-presidente na época, Aureliano Chaves. Além do biodiesel, Parente trabalhou com a produção de bioquerosene voltado para aviação, num acordo com o Ministério da Aeronáutica. Em 1984, um avião Bandeirante da Embraer voou de São José dos Campos até Brasília, abastecido com óleo combustível feito de babaçu.

Retrocesso

A crise do petróleo, no entanto, deu força ao programa Pró-alcool. Com a produção do etanol de cana-de-açúcar, o projeto do biodiesel foi engavetado pelo governo. Dez anos depois, a patente expirou e entrou em domínio público. O Brasil só voltou os olhos novamente para o combustível renovável no início deste século. Com a introdução do Plano Nacional de Biodiesel, em 2004, que adiciona gradualmente o biocombustível ao diesel mineral, o Brasil se tornou o segundo maior produtor de biodiesel do mundo, atrás apenas da Alemanha.

De sua experiência com o biodiesel, Expedito Parente criou em 1999 a empresa Tecbio, para planejar e construir novas usinas produtoras. Atualmente, a companhia trabalha em cooperação com institutos nacionais e estrangeiros na pesquisa de biocombustíveis originários de resíduos florestais e urbanos. “O objetivo é transformar os passivos ambientais em ativos energéticos”, conta o incansável inventor Expedito Parente.

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Oleaginosas brasileiras
Pesquisa e inovações

 

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Infográfico: Biodisel, a revolução do combustível verde

 




01/05/2012 18:41


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