80% dos jovens que usam piercing precisam de cirurgia reparadora
Estudo do Hospital das Clínicas de SP aponta que reconstituição de orelha e nariz são mais freqüentes
O Hospital das Clínicas de São Paulo, da Secretaria Estadual da Saúde, registrou um aumento da incidência de infecções provocadas pelo uso do piercing no nariz, orelha e língua. Dos 40 casos atendidos pelo hospital, 80% resultaram em cirurgias reparadoras para a reconstituição da orelha e do nariz. A maioria dos casos se deu em adolescentes.
O alerta é do otorrinolaringologista Perboyre Lacerda Sampaio. Segundo o médico, a colocação da jóia no lóbulo da orelha pode provocar uma cicatrização anômala que cresce descontroladamente. Dependendo do caso, o paciente é submetido a várias cirurgias e tratamento com corticóide e radioterapia. Em alguns casos, a anomalia atinge volumes de até meio quilo em cada orelha.
As complicações são mais freqüentes em povos mestiços, como os brasileiros. Daí a preocupação com o modismo que, a cada geração, tende a ganhar um maior número de adeptos.
Outro problema ainda mais grave, na opinião do médico, é a colocação da jóia na parede lateral do nariz ou na parte superior da orelha (locais onde existem cartilagem).
O risco do uso do piercing na língua é atribuído a formação rápida de abscesso, com edema que pode chegar a obstruir a respiração e causar a morte por sufocação caso haja penetração de germes no seu interior.
De acordo com o médico, não importa o tempo em que a pessoa usa o acessório e nem como foi feito. Mesmo se observando todos os cuidados com a higiene e assepsia, a ocorrência de um trauma no nariz, na língua ou na orelha é o suficiente para iniciar o processo destrutivo.
As más condições de higiene de muitos estabelecimentos que oferecem o serviço, aliadas a falta de educação formal dos profissionais, podem acelerar o processo com complicações pós-operatória das mais variadas.
Do Hospital das Clínicas de São Paulo
(I.P.)
12/05/2007
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