A batalha por novos aliados










A batalha por novos aliados
Começou a guerra para garantir apoios no segundo turno das eleições presidenciais. Os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT-PL) e José Serra (PSDB-PMDB) e os coordenadores de suas campanhas não perderam tempo e passaram o dia ontem atrás de novas alianças. Lula saiu na frente ligando para o candidato derrotado Ciro Gomes (PPS) na noite de domingo mesmo. Serra conversou por telefone ontem com o presidente do PFL, Jorge Borhnausen. Quer trazer de volta para a aliança governista o partido que ajudou a eleger e reeleger Fernando Henrique Cardoso. Todos os partidos que ficaram de fora do segundo turno farão reuniões esta semana para decidir seus rumos. E a maioria deles sairá rachada.

O presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire (PE), reuniu-se ontem com o presidente nacional do PT, José Dirceu, em São Paulo. Os dois deram início às conversas sobre a possibilidade de o partido de Ciro Gomes apoiar oficialmente Lula. Hoje Freire embarca para Fortaleza, onde a cúpula do PPS deverá se reunir com Ciro antes de anunciar qualquer decisão. Com isso, deverá ser adiado o encontro que o candidato da Frente Trabalhista teria hoje com Lula.

A estratégia petista é a de tentar transferir para Lula os votos de oposição que foram para Ciro e o candidato derrotado do PSB, Anthony Garotinho. Dirceu já procurou Garotinho. Amanhã, Dirceu e Lula devem ter um encontro com o presidente nacional do PSB, Miguel Arraes. O ex-governador do Rio disse, porém, que Lula fez alianças à direita e que, por isso, fica difícil apoiá-lo. Garotinho discute o assédio amanhã com Arraes.

Em nome de Lula, Dirceu também conversou com o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola.

— Nós vamos organizar as oposições para disputar o segundo turno. Tenho certeza que vamos conseguir fazer com que os 76% dos brasileiros que votaram em Ciro, Garotinho e Lula estejam juntos no segundo turno — disse Dirceu.

PFL deve apoiar Serra mas sem ACM
Empenhado em ampliar o apoio político à sua candidatura no segundo turno, Serra passou o dia articulando uma aproximação com o PFL. O tucano conversou por telefone com Bornhausen, com o vice-presidente Marco Maciel e com o líder do partido na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE). A iniciativa foi produtiva e amanhã, na reunião da Executiva do PFL, deve ser adotada uma posição recomendando o voto em Serra, mas respeitando aqueles que já têm acordo com Lula.

— Vou presidir a reunião, receber as propostas e colocar em votação. A maioria vai decidir e eu acompanharei a decisão — disse Bornhausen.

O presidente do PFL destacou que seria bom que até aqueles que já declararam apoio a Lula comparecessem para defender suas teses. Para ele, o melhor para o partido é que todos sigam a posição tomada pela maioria.

— Estão todos convidados. A oportunidade é para todos defenderem suas posições — frisou.

Depois de conversar com o tucano, Bornhausen falou por telefone com os senadores eleitos Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Roseana Sarney (PFL-MA), que concordaram com uma resolução recomendando voto em Serra, mas respeitando as dissidências.

— É um momento delicado. Temos que conversar e refletir bastante. E adotar uma posição que preserve a unidade do partido — disse Antonio Carlos Magalhães, que pretende liberar seus aliados na Bahia, embora vá votar em Lula.

Serra decidiu jogar todas as suas fichas no PFL de olho na sua estrutura partidária e interessado em integrar à sua campanha as mil prefeituras que o partido comanda no interior do país, principalmente no Nordeste. O candidato tucano retomou as gravações para o programa de propaganda eleitoral na televisão ontem à noite mas ainda não decidiu quando reiniciará sua agenda de viagens pelo país. Como o PT não tem a mesma estrutura municipal, Serra acredita que, com o reforço dos pefelistas, poderá ampliar sua votação no interior do país. A única decisão tomada até agora é a de que a campanha do segundo turno começará com uma grande manifestação política no Nordeste.

Tucanos querem o PPB, mas não Maluf
O comando político da campanha tucana acha que poderá atrair o PPB em sua totalidade. Esta foi a garantia dada pelo deputado Francisco Dornelles (PPB-RJ) durante longa conversa com Serra por telefone. Mas os tucanos não consideram relevante fazer qualquer tipo de entendimento direto com o ex-governador de São Paulo Paulo Maluf. Dizem que seu eleitorado, conservador, apoiará o tucano por gravidade agora.

Ontem à tarde, reunido em sua casa com os presidentes do PMDB, Michel Temer, e do PSDB, José Aníbal, Serra fez uma avaliação sobre a situação nos dois partidos.

No caso do PMDB, o grande nó está localizado em Santa Catarina, onde o candidato do partido ao governo, Luiz Henrique da Silveira, quer o apoio do PT na disputa contra o governador Esperidião Amin (PPB). O tucano já está conformado em perder este apoio e reconheceu na conversa que era compreensível a posição de Luiz Henrique. Mas advertiu que se o PMDB fechar o apoio a Lula, defenderá que o PSDB catarinense retire seu apoio a Luiz Henrique. Para evitar novas fissuras regionais, Temer conversou com o líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), sobre a disposição da campanha tucana de ter o PFL da Bahia ao seu lado.

— Somos adversários, mas o senador Paulo Souto elegeu-se governador e acho importante que ele apóie o Serra — disse Geddel.

Entre os tucanos a principal preocupação é com o engajamento na campanha do senador eleito Tasso Jereissati, considerado indispensável para compensar o provável apoio de Ciro Gomes a Lula. Ontem, Serra ligou para Tasso em busca de apoio, principalmente no Nordeste.

Frente Trabalhista vai se dividir
A Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT), construída para apoiar Ciro Gomes, deve rachar. O PTB do deputado Roberto Jefferson (RJ) deve voltar às origens governistas, aderindo, pelo menos em parte, à candidatura Serra.

Já o PDT de Brizola, candidato derrotado a senador pelo Rio de Janeiro, deve entrar com força na campanha de Lula.

Até mesmo o candidato a vice na chapa da Frente Trabalhista, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente licenciado da Força Sindical, disse que não tem mais compromisso com Ciro e contou que está sendo assediado pelos dois lados.

Brizola já insinuava o apoio ao candidato do PT desde a reta final do primeiro turno. Agora, no segundo turno, de acordo com o líder do PDT na Câmara, Miro Teixeira (RJ), todos os comitês do partido no Rio já estão trabalhando pela candidatura de Lula. Miro sempre defendeu a união das esquerdas e foi contrário à formação da Frente Trabalhista.


Garotinho: ‘Acho difícil votar em Lula por causa das alianças dele’
O PSB decide numa reunião amanhã se apóia ou não a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência. O presidente do partido, Miguel Arraes, vem ao Rio para a reunião. O ex-governador Anthony Garotinho, candidato derrotado à Presidência, no entanto, afirmou ontem que hoje teria dificuldades de apoiar o PT, por causa das alianças que o partido fez no primeiro turno. Garotinho disse que recebeu ontem ligações de Lula e do presidente do partido, José Dirceu. Os dois, segundo ele, deram parabéns pelos seus votos e disseram que gostariam de estar juntos com ele no segundo turno.

— Disse a eles que isso não depende de mim. Tenho muita dificuldade de votar no Lula nas condições atuais, em função dessa direitização do PT. O PT quer o poder a qualquer custo. E isso nós já vimos no Brasil no que dá. (O presidente) Fernando Henrique era um homem de esquerda, que fez tantas concessões e quem governou foi o programa do PFL. Seria impossível apoiar (José) Serra (candidato do PSDB à Presidência).

Somos oposição ao modelo econômico e Serra é a continuidade. Mas para nós hoje os dois projetos representam continuidade.

Em caminhada na Central para comemorar a eleição da mulher, Rosinha Matheus, para o governo, Garotinho deu uma demonstração de como deve ser sua relação com o PT no segundo turno.

— Já coloquei minhas condições. Lula, para receber nosso apoio, tem que se livrar dessas alianças de direita. Somos um partido que tem compromisso com o povo. Lula está com (o ex-presidente José) Sarney, com esses políticos que afundaram o Brasil. Se quiser nosso apoio, vai ter de escolher com quem quer andar — afirmou.

PSB não vai apenas aderir
Com um discurso repleto de críticas aos petistas, Garotinho disse que o PSB não vai simplesmente aderir a Lula.

— Vou fazer o que o PSB decidir, mas tenho certeza de que vamos escolher o melhor caminho. Não vamos fazer adesão. Temos uma carta de princípios. Nessa carta, deixamos bem claro que não aceitaremos compromissos com esses setores que levaram o Brasil a esta situação. Lula, por exemplo, será que vai aceitar o apoio de Antonio Carlos Magalhães, que é adversário de Fernando Henrique? Será que vai aceitar outros acordos como o do Sarney? Quem vai decidir é o partido, mas quero saber o campo de alianças dele.

Apesar das críticas a Lula, Garotinho descartou qualquer apoio a Serra. Ele não quis adiantar se tomaria a posição de liberar seus eleitores:

— Estou aqui externando minha posição. Se for derrotado, acato a decisão do partido.

Garotinho não quis dizer se libera os eleitores ou se sobe no palanque de Lula.

— Ele precisa entender que, para o bem do país, precisava que ele agora dissesse que é outra eleição.Vamos rever nossas alianças.

O ex-governador afirmou que se sente vitorioso, porque teve mais de 15 milhões de votos numa eleição em que gastou R$ 2 milhões.

— Cumpri uma missão. E agora minha missão é estruturar o PSB como novo partido de esquerda no Brasil.


Ciro deve apoiar Lula, mas partidos que o sustentavam começam a rachar
FORTALEZA (CE). Os partidos da Frente Trabalhista de Ciro Gomes devem se dividir agora no segundo turno. Sem o aval do comando do PPS, que só em reunião deve se decidir, Ciro assegurou seu apoio ao petista Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno da eleição. O PDT vai em peso apoiar Lula. Mas no PTB a dissidência pró-Lula é muito pequena. A maioria deve se aliar a José Serra, do PSDB.

Por volta das 23h30m de domingo, Ciro recebeu um telefonema de Lula em seu apartamento da Praia de Iracema, em Fortaleza. Ciro confirmou sua posição a ele e ao presidente do PT, deputado José Dirceu.

Ciro tomou uma decisão pessoal, que será discutida pela direção do PPS hoje, numa reunião em Fortaleza.

Para o candidato, não havia outra opção, depois dos ataques que sofreu do tucano José Serra, a quem dedicou críticas até o último momento da campanha. Já o presidente do PPS, senador Roberto Freire, eleito deputado federal por Pernambuco, sempre teve mais afinidade com o PSDB e bateu duro em Lula durante a campanha.

Apesar disso, deve ficar com Lula, mas liberar o partido, devido a questões regionais.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, seria difícil para Antonio Britto apoiar o petista Tarso Genro. Deve ficar com Germano Rigotto, do PMDB.

Depois da declaração de voto confirmada por assessores, Ciro preferiu não externá-la numa entrevista, cancelada duas vezes ontem, primeiro de manhã e, em seguida, no início da tarde, com o argumento de que deveria ser referendada pelo PPS.

Frente Trabalhista já se divide e é desmontada
Com a derrota de Ciro, a coligação que o sustentou, a Frente Trabalhista, se desmancha. Durante toda a campanha, os três partidos da coalizão — PPS, PDT e PTB — tiveram divergências. Agora, tomam rumos bem diferentes. O PDT deve aderir imediatamente à campanha petista. O líder do PDT na Câmara, deputado Miro Teixeira, reeleito no Rio, informou ontem que já conversou com o presidente do partido, Leonel Brizola, derrotado na disputa para o Senado, e que ficou acertado pôr à disposição do PT toda sua estrutura a serviço da campanha de Lula.

— Estamos mobilizando o Lula lá. Todos os comitês do partido e dos candidatos no Rio já estão com faixas e trabalhando para o PT. Independentemente de nossas opiniões e ações, agora é Lula — disse, empolgado, Miro, que sempre defendeu a união das esquerdas e foi contrário à formação da Frente Trabalhista para as eleições.

PTB já integrou a base do governo Fernando Henrique
O PTB, que chegou a comandar a campanha de Ciro na fase inicial, deve migrar para a candidatura de José Serra. O partido já integrou a base do governo Fernando Henrique Cardoso. O deputado paulista Ricardo Izar afirmou ontem que a Frente acabou com o resultado eleitoral. Ele vai convocar líderes e parlamentares eleitos para uma reunião ainda hoje para iniciar o mais rápido possível o trabalho em favor de Serra.

— No PTB o apoio a Serra e a Geraldo Alckmin, em São Paulo, é maciço. Um ou outro, por desgosto ou derrota eleitoral, pode preferir Lula. Mas não representam partido. O PT não é da nossa índole — afirmou Izar.


Lula foi o mais votado em 23 estados e no DF
BRASÍLIA. O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, foi o campeão de votos em 23 estados e no Distrito Federal. Lula perdeu apenas em Alagoas, no Ceará e no Rio de Janeiro. Mesmo com o apoio de seis governadores do PSDB, o tucano José Serra (PSDB) venceu apenas em Alagoas, com 29,27% dos votos, praticamente empatado com o petista, que teve 28,58%. No Ceará, o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, saiu na frente. E no Rio o melhor desempenho foi do candidato do PSB, o ex-governador do estado Anthony Garotinho.

Nem mesmo São Paulo, reduto eleitoral de Serra e dos tucanos que comandam o partido, deu ao candidato da coligação Grande Aliança (PSDB e PMDB) a liderança. Serra teve 28,55% dos votos e ficou em segundo lugar, bem atrás de Lula, que obteve 46,08%.

No Maranhão, onde a família Sarney apoiou Lula, o petista obteve 40,87% dos votos e José Serra terminou a eleição em quarto lugar, com 12,06%, atrás de Anthony Garotinho (27,62%) e Ciro Gomes (22,11%), do PPS.

Em muitos estados onde governadores apoiaram Serra, os votos acabaram não sendo transferidos para o candidato tucano. No Distrito Federal, por exemplo, o governador Joaquim Roriz (PMDB) apoiou Serra. Roriz obteve 42% dos votos, enquanto Serra terminou em terceiro lugar no Distrito Federal, com 16,75%. Lula ficou em primeiro lugar, com 49,10% dos votos e Garotinho, em segundo, com 18,18%.

Minas, o reduto mais cobiçado
Em Minas Gerais, onde Serra teve o apoio explícito do governador eleito Aécio Neves (PSDB), que venceu no primeiro turno com mais de 60% dos votos, o tucano ficou em segundo lugar. Ele obteve 22,86% dos votos, bem atrás de Lula, que ficou com 53,01%. Minas é hoje o reduto eleitoral mais cobiçado pelos candidatos.

O candidato da Frente Trabalhista (PPS, PDT e PDT), Ciro Gomes, só ficou em primeiro lugar no Ceará, seu reduto eleitoral, onde contou com o apoio do ex-governador Tasso Jereissati, do PSDB. Ciro obteve 44,49% dos votos, seguido por Lula (39,36%), Serra (8,54%) e Garotinho (7,47%).

Anthony Garotinho venceu apenas no Rio de Janeiro, onde elegeu em primeiro turno sua mulher, Rosinha Garotinho. O ex-governador do Rio obteve 42,17% dos votos, seguido de Lula (40,18%), Serra (8,82%) e Ciro Gomes (8,05%).

Para tentar mudar este quadro no segundo turno, Serra deve centralizar a campanha em Minas Gerais, o segundo colégio eleitoral do país, onde já conta com o apoio do governador eleito Aécio Neves.

Outra estratégia é investir no Nordeste, onde o desempenho do tucano foi fraco no primeiro turno. O problema maior é que Serra não tem um palanque forte nessa região e terá que usar de todo o jogo de cintura que tiver para fazer as pazes com Tasso Jereissati. Serra e o governador do Ceará se desentenderam durante o processo de escolha do candidato do PSDB e acabaram rompidos.

Sobraram mágoas dos dois lados, tanto que, no primeiro turno, Tasso apoiou Ciro Gomes. Na Bahia, outro colégio eleitoral importante, Lula deve continuar liderando, já que o principal líder político do estado, o senador eleito Antonio Carlos Magalhães , já declarou seu voto no petista.


Serra procura Tasso e muda coordenação
SÃO PAULO. Além de ligar para o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, procurou ontem, por telefone, o ex-governador e senador eleito pelo Ceará Tasso Jereissati. Tucano, Tasso não se engajou na campanha de Serra no primeiro turno por causa de seu amigo Ciro Gomes, o candidato derrotado da Frente Trabalhista. Ontem, o candidato tucano disse a aliados que a conversa foi boa e que acredita que poderá evoluir para o engajamento de Tasso na sua campanha no segundo turno.

Ganha força na campanha tucana ainda o publicitário Nizan Guanaes. Serra fez questão de prestigiá-lo indo à sua casa, no Jardim América, em São Paulo, na madrugada de segunda-feira. Nizan ficou mais forte depois que um de seus maiores críticos, o coordenador político da campanha, Pimenta da Veiga (PSDB-MG), anunciou ontem seu afastamento do cargo. Os tucanos se esforçaram para dar um caráter de normalidade ao fato e a versão oficial é que a saída de Pimenta estava acertada caso Serra fosse para o segundo turno. O argumento era de que seria preciso ampliar a coordenação política.

Pimenta convocou uma coletiva, logo cedo, para anunciar que estava deixando a campanha de Serra para dar lugar à criação de um conselho político formado pelos governadores e parlamentares tucanos eleitos. Pimenta citou como exemplos de políticos que podem ajudar nesse papel o governador reeleito de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, o governador eleito de Minas Gerais, Aécio Neves, o governador reeleito de Goiás, Marconi Perillo, e os senadores eleitos por Minas, Eduardo Azeredo, e por Pernambuco, Marco Maciel, além de Tasso.

— É indispensável que os vitoriosos estejam no comando da campanha para uma coordenação coletiva.

Ganhará o segundo turno quem tiver mais capacidade de articulação política — disse Pimenta.

Com sua saída, o comitê de Brasília perde sua função. Esse era um desejo antigo de Nizan. A agenda e a estratégia da campanha de Serra passarão a ser comandadas a partir de São Paulo, onde residem os dois novos coordenadores da campanha: os presidentes do PSDB, José Aníbal, e do PMDB, Michel Temer. Ao saírem da casa de Serra, eles disseram que nos próximos 20 dias vão trabalhar para costurar alianças políticas. Aníbal e Temer procuraram minimizar o trabalho do marketing num esforço para evitar qualquer tipo de crise.

— Vamos dar ênfase ao lado político, com o amparo do marketing — disse Aníbal.

Prioridade esta semana será para alianças
As costuras políticas terão prioridade ao longo da semana. Ontem, Aníbal disparou os primeiros telefonemas com o objetivo de aumentar as alianças em torno do tucano. Não revelou, porém, se havia até o fim da tarde alguma adesão.

A presença de Fernando Henrique Cardoso na campanha também foi discutida no encontro que Temer e Aníbal tiveram com Serra. Na reunião de duas horas, os três teriam alinhavado de que forma efetivamente o presidente poderia colaborar na campanha.

— A participação do presidente é muito importante, claro, e se dará da melhor maneira possível, sem pressões — afirmou Aníbal.

Os estrategistas da campanha de Serra vão investir no eleitorado indeciso e naqueles eleitores que votaram, sem muita convicção, no candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, no primeiro turno. Após as primeiras análises do resultado das eleições, a equipe de marketing e estratégia acredita que há “gordura” nos 46% dos eleitores que votaram em Lula. O publicitário Nélson Biondi, disse, após rápida visita a Serra, que o tucano passa fortalecido para o segundo turno porque os 23% dos votos que obteve são só de “músculo”.


Dívidas de US$ 6,4 bi vencem semana que vem
BRASÍLIA. O segundo turno das eleições para presidente abre um novo ciclo de intensas oscilações, especulação e lucro fácil no mercado financeiro. Os próximos 20 dias de campanha, com direito a uma nova leva de pesquisas eleitorais, serão uma nova oportunidade para o mercado registrar intensas movimentações nas bolsas e no mercado de câmbio. Somam-se a esse quadro os vencimentos previstos, neste período, de parcelas expressivas das dívidas externa e interna do país.

A situação propícia à turbulência deve atingir seu ponto de maior tensão na próxima semana, quando vencem US$ 3,6 bilhões em títulos com swap cambial, o maior vencimento do ano em apenas um dia, e outros cerca de US$ 2,8 bilhões em compromissos privados, ou seja, dívidas de empresas.

Analistas do mercado e do próprio governo acreditam que o fato de a eleição não ter sido decidida no primeiro turno cria novas incertezas políticas que poderão ser usadas como pretexto para subir as cotações do dólar.

Momento propício ao surgimento de especuladores
Segundo técnicos da equipe econômica, apesar do fim do primeiro turno e mesmo com a passagem do candidato do governo para o segundo turno, as oscilações do mercado continuam fortes.

— Esse momento potencializa o aparecimento dos especuladores que se aproveitam das distorções do mercado. O mercado trabalha com informações e, quando elas ainda são incertas, existe uma margem para especulação. O especulador se aproveita da situação e aposta para ganhar ou perder — avalia o diretor do BES Investimentos, Carlos Guzzo.

Segundo ele, mesmo sem o período eleitoral, outubro seria naturalmente um pouco mais turbulento, devido aos elevados vencimentos da dívida pública. Como fatores adicionais de incertezas, segundo ele, ainda há os cenários interno e externo, que vêm ajudando a manter a cotação do dólar em níveis que considera exagerados.

Para o ex-diretor do Banco Central (BC) Carlos Thadeu de Freitas Gomes, o segundo turno é a desculpa perfeita que os investidores encontraram para pressionar a moeda americana para ganhar mais com os títulos públicos que vencem na próxima semana.

— O governo terá que pagar ao mercado cotação altíssima — diz.

Segundo Guzzo, as incertezas observadas neste momento também não devem terminar imediatamente após o segundo turno.

— Quem vai comandar a equipe econômica? E qual será a linha de atuação dessas pessoas? — indaga.

Para alguns especialistas, o BC se encontra num dilema: não tem como segurar a alta do dólar pelos juros, uma vez que não pretende aumentar a Selic até o fim do ano. Além disso, existe um grande vencimento de títulos cambiais concentrados em apenas um dia, pressionando a alta da moeda americana.


Artigos

Cobrando dos pobres
Robert Weissman

A era do fundamentalismo de mercado acabou. Marquetização, desregulamentação e privatização, e as oportunidades para manipulações do mercado oferecidas por regulamentos inadequados — todos estes elementos centrais na ascensão e queda da Enron — estão agora em descrédito nos Estados Unidos. E nos países em desenvolvimento, onde seus efeitos foram mais devastadores, tornaram-se objeto de opróbrio generalizado.

Infelizmente, o FMI e o Banco Mundial continuam a cantar o hino do fundamentalismo de mercado.

Marquetização: Assim como a Enron criou novos mercados em “commodi ties” exóticas como a banda-larga, assim o FMI e o Banco Mundial trabalharam para “marquetizar” serviços anteriormente situados no terreno público e não-comercial. Caso típico: pagamento de taxas para tratamento básico de saúde. O Banco Mundial continua a apoiar essa cobrança, mesmo depois de ter retirado apoio à mesma prática na área da educação. A conseqüência é negar a pessoas pobres o acesso a tratamento. Em Papua, Nova Guiné, a introdução da cobrança levou a um declínio de cerca de 30% na média de atendimentos mensais em postos de saúde.

Desregulamentação: Desregulamentações impensadas na Califórnia levaram a Enron e outras companhias de energia a descartar usuários. Da mesma maneira, desregulamentações nos países em desenvolvimento induzidas pelo FMI e Banco Mundial tiveram conseqüências desastrosas. Nas Filipinas e em Gana, por exemplo, a desregulamentação na área da mineração abriu o país para gigantescas multinacionais, deslocando dezenas de milhares de residentes e pavimentando o terreno para a devastação ambiental.

Privatização: Um ponto central na agenda internacional da Enron foi o controle de serviços privatizados de água e eletricidade em países em desenvolvimento. Gana foi um dos países onde a Enron buscou o controle de um serviço de água privatizado. Problemas ligados a corrupção — incluindo os mencionados pelo Banco Mundial — levaram ao encerramento do negócio.

Mas o Banco Mundial continua a defender a privatização da água na África Ocidental. Como preparação, os preços da água dobraram, e o banco prevê preços mais altos num futuro previsível, mesmo que o pobre consumidor de Gana venha a pagar 10 ou 20% da sua renda pela água potável. Num país onde um terço dos consumidores urbanos não estão nem mesmo ligados ao sistema de água, os operadores privados não teriam qualquer compromisso de expandir o serviço para os pobres.

Na República Dominicana, a privatização apoiada pelo Banco Mundial permitiu que a Enron fizesse a sua grande entrada, comprasse partes da instalação elétrica e jogasse para cima os preços. Quando os consumidores e o Governo não puderam pagar os preços altos, a Enron desligou a luz. A Enron e outros compradores das instalações privatizadas estão agora sob suspeita de terem feito uma compra muito vantajosa, graças a uma avaliação realizada por uma subsidiária da Arthur Andersen.

Manipulações do mercado financeiro: As fraudes financeiras da Enron já passaram à História. Mas examine-se o que faz o FMI no Brasil. Todo mundo sabe que o país não tem perspectiva de pagamento da sua dívida externa. Mas em vez de reconhecer isto, e trabalhar num acordo negociado com os credores, o FMI está fazendo novos empréstimos para o pagamento de velhas dívidas.

Isso tem dois efeitos imediatos: permite que os credores privados, incluindo os grandes bancos americanos, sejam pagos, desviando-se o compromisso da dívida para o FMI. E permite que o FMI extraia do Brasil medidas de austeridade explicitamente destinadas a garantir políticas de fundamentalismo de mercado, independentemente de que Governo seja escolhido nas atuais eleições.

Restrições ao poder das grandes corporações são até mais necessárias nos países em desenvolvimento do que nos Estados Unidos. Mas os fundamentalistas de mercado no FMI e no Banco Mundial continuam sistematicamente a soltar as mãos dessa atividade corporativa no Hemisfério Sul. Esta é a razão das manifestações, em Washington, contra o FMI e o Banco Mundial.

Ação faz diferença: Em 2000, depois de grandes manifestações nos Estados Unidos contra o FMI e o Banco Mundial, o Congresso passou uma lei determinando que os EUA se opusessem a empréstimos do FMI e Banco Mundial que induzissem à cobrança de taxas para serviços de saúde e de educação básica. Em parte como conseqüência disso, a Tanzãnia eliminou taxas cobradas no ensino fundamental, e mais 1.5 milhão de crianças — sobretudo meninas — puderam ir à escola.


Colunistas

PANORAMA POLÍTICO – Tereza Cruvinel

Retratos de um novo Brasil
Na escolha do presidente, o eleitorado pediu mais tempo. Mas ao eleger governadores e congressistas, o desejo de mudança podou o poder dos atuais partidos governistas e fortaleceu os de esquerda, notadamente o PT, que, com seus aliados, pode ser a maior força na Câmara.

O bloco hoje chamado de governista sofrerá um encolhimento aproximado de 10% e a chamada oposição crescerá algo em torno de 35%. Qualquer que seja o resultado do segundo turno entre Lula e Serra, teremos agora um país com distribuição mais equilibrada do poder político. E naturalmente isso criará maior exigência de negociação, diálogo e articulação por parte do novo presidente. Prevíamos que nenhum pólo, nem o de Lula nem o de Serra, teria maioria no Congresso, mas com um crescimento mais moderado da esquerda. O PT fará a terceira bancada no Senado e tudo indica que a maior na Câmara. Resultado da onda vermelha produzida pelo crescimento de Lula na reta final do primeiro turno. Em relação ao futuro presidente, o importante é que agora os dois candidatos vão exibir condições básicas e equivalentes de governabilidade.

O eleitorado vem cometendo uma espécie de darwinismo eleitoral, selecionando a cada pleito os partidos destinados à hegemonia política. Agora, o PT entra para o time dos quatro maiores, entre os quais nenhuma bancada na Câmara terá menos do que 80 ou mais do que cem deputados. Esse equilíbrio é bom para o sistema.

Surgem também sinais de uma guinada do país para a centro-esquerda, com o PSDB e o PT assumindo posições dominantes. Os demais partidos, ainda que sobrevivendo sozinhos, tendem a ir se tornando satélites ou forças auxiliares desses dois. Além de disputarem a presidência, PT e PSDB elegeram dois governadores cada um no primeiro turno e vão concorrer em outros sete estados no segundo turno. Outros partidos que já elegeram governadores foram PSB (três e disputa mais um), PFL (três e disputa mais dois), PMDB (um e disputa mais cinco). O PPS fez dois e agora está fora da disputa, o PPB não elegeu ninguém mais ainda disputa em dois estados.

Optou ainda o eleitorado por uma expressiva renovação no elenco de atores políticos, quando recusou mandato a figuras como Orestes Quércia, Newton Cardoso, Nabor Júnior, Gilberto Mestrinho, Íris Rezende e outros mais. Uma boa varrida, ainda que sempre deixe resíduos do antigo.

Os resultados para a Câmara estão aí, mostrando incongruências deste nosso singular e irracional sistema eleitoral proporcional em extinção no mundo. Candidatos altamente votados não são eleitos, partidos com mais votos fazem menos cadeiras do que partidos menos votados, depois de campanhas caríssimas que acirraram disputas dentro dos próprios partidos. O deputado Vivaldo Barbosa, como outros defensores da reforma política, diz esperar que esta seja a última eleição sob este sistema. Mas, para que isso aconteça, o novo presidente deve encarar a reforma política como prioridade e o próprio Congresso dispor-se a mudar as regras enquanto a próxima campanha ainda está distante.As mulheres pedem passagem

Desta vez tudo indica que a política de cotas não será apontada como algo inútil para fortalecer a presença da mulher na representação política. A bancada feminina vai crescer na Câmara e no Senado.

Só o PT elegerá cinco senadoras: Marina Silva (AC), Serys (MT), Ana Júlia (PA), Fátima Cleide (RO) e Ideli Salvatti (SC). O PT tem ainda Dalva Figueiredo disputando o segundo turno para o governo do Amapá e levará uma expressiva bancada de mulheres à Câmara. Destaque para Luciana Genro, trotskista que sempre está à esquerda do pai, Tarso Genro, candidato ao governo no segundo turno gaúcho.

Em outros partidos também as mulheres se afirmaram. O PPS elegeu Patríci a Gomes (CE) para o Senado e o PCdoB tem duas mulheres entre as mais votadas do Brasil. Jandira Feghali, no Rio, em segundo lugar, atrás de outra mulher, Denise Frossard (PSDB); e Vanessa Gradiolin, a mais votada do Amazonas. O PFL traz Roseana Sarney ao Senado e o PSDB elegeu Lúcia Vânia senadora por Goiás, além de ter Marisa Serrano disputando o governo de Mato Grosso do Sul no segundo turno. Vilma Faria, do PSB, também disputa o segundo turno no Rio Grande do Norte. Além de Rosinha, governadora eleita do Estado do Rio.Notáveis da nova Câmara

Enéas, do Prona, é o deputado mais votado do Brasil. Abaixo dele, com mais de 500 mil votos, vem o presidente do PT, José Dirceu, cuja votação se destaca pelo fato de ele não se ter dedicado à própria campanha, entregue que está à de Lula para presidente. Outro petista que se destaca pela imensa votação é Patrus Ananias, mais 500 mil votos em Minas. Na Bahia, ACM fez barba, cabelo, bigode e sobrancelha. ACM Neto foi o mais votado do estado. No Rio, depois de Denise Frossard e Jandira Feghali, destaque para Francisco Dornelles, com mais de 200 mil votos. Em Goiás, para o estreante Henrique Meirelles, do PSDB, que trocou a segurança do BankBoston pelas incertezas da política. Destaque também para Inácio Arruda, do PCdoB, o mais votado do Ceará.


Editorial

PRORROGAÇÃO

O país entra no segundo turno da eleição do próximo presidente da República de espírito revigorado. A todos os brasileiros cabe comemorar a realização de uma gigantesca eleição como a nossa sem um incidente grave, mesmo em áreas críticas como Rio de Janeiro e São Paulo.

Todas as análises e discussões sobre a conveniência ou não de um segundo turno foram revogadas e perderam o sentido diante da mensagem soberana do eleitor. Somados os votos, o eleitor disse querer mais tempo para o debate. Assim deve ser entendido o recado das urnas.

Os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra participaram de um primeiro turno no qual, pelas próprias características de uma rodada inicial, com mais de dois concorrentes, o detalhamento e a explicação de propostas ficaram em plano secundário. Assim, muitas dúvidas continuam a atormentar eleitores.

Salvo o voto ideológico, dado de olhos fechados, há milhões de outros de propriedade de eleitores interessados em conhecer com profundidade o receituário de cada candidato. Agora, Lula e Serra terão oportunidade de expor planos e projetos, para responder a uma questão fundamental: o que é possível ou não executar, sem gerar efeitos colaterais negativos na economia e na sociedade?

O primeiro turno, salvo alguma fricção maior, comum às duras disputas por eleitores, transcorreu em bom nível, com destaque para a fase final da campanha. Mesmo assim, restaram lacunas a serem preenchidas nesta prorrogação do jogo democrático.

Os candidatos já haviam patrocinado, no primeiro turno, algo inédito: a concordância em torno da necessidade de ser cumprido o acordo de ajuste fiscal com o Fundo Monetário Internacional, de serem respeitados os contratos em vigor (leia-se, títulos da dívida interna e externa) e, por decorrência, de o próximo presidente seguir os parâmetros da responsabilidade fiscal, princípio que já não é mais visto como de direita ou de esquerda. Trata-se de um imperativo de administração pública.

O consenso na declaração desses princípios e no diagnóstico mais geral dos males de uma economia modernizada, mas amarrada a taxas de crescimento medíocres, já indicava um amadurecimento das elites políticas do país. O segundo turno dá a chance a Lula e a Serra de avançarem. Os dois estão desafiados pelas circunstâncias a demonstrar, com argumentos convincentes, a praticabilidade de suas propostas.

Ambos prometem maiores salários e mais empregos. Chegou o momento de mapearem o caminho pelo qual esses objetivos, apoiados por todos, poderão ser atingidos, numa conjuntura mundial de extrema dificuldade para qualquer país acelerar o crescimento. Afinal, a economia americana dá sinais de perda de fôlego, a Europa não tem condições de substituí-la como locomotiva do mundo e o Japão está estagnado há uma década.

Outro ponto básico da agenda do segundo turno é a previdência, subdividida em seus dois segmentos: o INSS, dos trabalhadores na iniciativa privada, e o dos servidores públicos em todos os seus níveis. O assunto é tão complexo quanto importante para todos os brasileiros. O tema surgiu em algumas discussões no primeiro turno, mas nunca foi possível aprofundá-lo. Agora será.

Os números referentes à previdência são gigantescos. Infelizmente, todos negativos, o que transforma os desequilíbrios dos dois sistemas oficiais de aposentadoria no grande fator estrutural de perturbação das finanças públicas brasileiras. Apenas a conta levada anualmente aos Tesouros federal, estadual e municipal para o pagamento dos servidores inativos chega a R$ 50 bilhões. Equivale praticamente a todo o superávit primário de 3,75% do Produto Interno Bruto acertado com o FMI.

A questão é saber dos candidato como irão tapar esse buraco negro fiscal. Deve-se levar em conta, também, que o funcionalismo público exerce grande pressão política contra qualquer mudança. E por isso, desde o início do período FH, alistou-se na oposição. Mas seja qual for o próximo presidente, ele tem um encontro marcado com essa bomba-relógio.

O processo eleitoral levou para o segundo turno dois políticos de biografia inatacável e de origem ideológica comum. A vida os separou nas escolhas feitas na encruzilhada política da redemocratização. Mas a história de cada um garante um segundo turno esclarecedor para o eleitorado.

Até porque as urnas acabam de estreitar os espaços a políticos para os quais os fins justificam os meios. Os eleitores de 2002 ajudam a melhorar a qualidade da legítima luta política pelo poder.


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10/08/2002


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