A economia que ignora a crise









- A economia que ignora a crise

- A despeito de risco-país, dólar em alta, mercado nervoso e turbulências eleitorais, a economia brasileira segue em frente. O setor agrícola se prepara para colher safra recorde, empreendedores buscam financiamentos milionários e grandes empresas apostam nas exportações.

Um indício está no BNDES, que liberou R$ 16 bilhões no primeiro semestre, 40% acima do mesmo período do ano passado, quando não se falava em crise. "Vejo projetos fantásticos", diz Eleazar de Carvalho, presidente da instituição.

Os 44 projetos sobre a mesa de Rudolph Höhn, diretor-presidente da Investe Brasil, provam o interesse de investidores estrangeiros no País. Somados, renderão US$ 6 bilhões em cinco anos. "São empresas com visão de longo prazo", explica Höhn. É o mesmo horizonte em que aposta o presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, quando afirma: "O Brasil real vai bem, obrigado".
Para o ex-ministro Eliezer Batista, a imagem brasileira no exterior não corresponde à realidade. "Temos um grande País, de gente dinâmica". Tão real quanto o Brasil que produz são as saídas propostas por ele, como a integração sul-americana. (pág. 1, A15 e A16)

- O Governo federal está sofisticando a cada ano a embalagem da proposta orçamentária enviada ao Congresso. Para disfarçar a realidade desagradável de um orçamento espremido entre as despesas obrigatórias e a rolagem da dívida pública, a mensagem que acompanha os quatro volumes do projeto de lei é floreada com análises rebuscadas e gráficos aleatórios.

Pouco explicam o conteúdo e acabam escondendo informações importantes, como a redução de gastos sociais e de investimentos em infra-estrutura. (...) (pág. 2)

- Pesquisas da PUC-RJ, associados a especialistas franceses, cruzaram dados das eleições recentes com critérios geográficos feitos pelo IBGE e concluíram que o País chegou ao século 21 ainda dividido em dois: o Brasil oligárquico, que reúne 37% dos votos válidos, e o Brasil pluralista, com os 63% restantes.

Segundo o cientistas político César Romero, o perfil é o mesmo das últimas três eleições, com o lado majoritário ainda fragmentado e o conservador firme sob o comando das oligarquias.
Pelo levantamento, se Luiz Inácio Lula da Silva - líder nas pesquisas eleitorais e tradicionalmente bem votado no Brasil pluralista - quiser chegar à Presidência, deve aproveitar uma chance que o estudo também revelou.

Pela primeira vez, por uma série de fatores conjunturais, há indícios de que o espectro conservador não está tão sólido quanto nos anos anteriores. Assim, o candidato do PT vai depender principalmente do quanto conseguirá cooptar neste segmento da sociedade. (pág. 1 e A4)

- Documentos recém-liberados nos EUA revelam que os americanos tiveram sob observação, na Segunda Guerra, diplomatas do Itamaraty. Relatório revela a interceptação de mensagem ao Terceiro Reich informando da adesão do ex-cônsul brasileiro em Berlim. Em outro, J. Edgar Hoover, do FBI, diz que a mulher do marechal Dutra tinha "simpatias pró-nazis". (pág. 1 e A6)
- Marina Maggessi se orgulha: "Sou polícia". Aos 40 anos, 1,60m de altura, a inspetora chefia o setor de Investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes do Rio. Com seu grupo, unido há 13 anos, já prendeu "metade de Bangu".

Agora, enquanto caça o algoz de Tim Lopes, solta o verbo. "Se futebol é para macho, polícia não é para otário". Segundo ela, tráfico não é crime organizado. "É um bando de jovens escravizados e viciados".

Marina credita a autonomia com que hoje trabalha à morte de Tim Lopes. "Ele foi o redentor desta cidade. Tenho dúvidas se, num ano eleitoral, teríamos esta liberdade para agir". Admite: "A polícia ainda é de má qualidade? É. Mas é a única opção que vocês têm". (...) (pág. 1 e C4)


Colunistas

COISAS DA POLÍTICA - Dora Kramer

Na próxima quarta-feira o Tribunal de Contas da União vai decidir se abre ou não novas auditorias para investigar a aplicação dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador.

Na sexta-feira, o procurador-geral do Ministério Público junto ao TCU, Lucas Rocha Furtado, a pedido da Força Sindical, solicitou que cada entidade que tenha recebido dinheiro do FAT seja alvo de investigação específica.

Entre elas estão a Fiesp e as centrais sindicais CUT, CGT e SDS. Todas já estão incluídas no processo em que o TCU pede aos órgãos de controle interno do Poder Executivo fiscalização nacional e setorial sobre a aplicação dos recursos repassados pelo Ministério do Trabalho para a contratação de cursos de qualificação do trabalhador. (...) (pág. 2)

(Boechat) - A Petrobras tem até amanhã para explicar ao Tribunal de Conta da União os contratos feitos por ela para a construção de plataformas submarinas, em especial e P-36.
Não haverá prorrogação do prazo.

Se a exigência não for atendida, o TCU determinará, com base na legislação, o imediato afastamento da diretoria da estatal, a começar pelo seu presidente, Francisco Gros.
  • A biodiversidade será um dos principais temas da I Feira Internacional da Amazônia, de terça a sexta, em Manaus.

    A Amazônia concentra de 10 a 15 milhões de insetos e 22% das famílias de plantas do planeta.
    Além disso, lá estão 20% da água doce do mundo e cerca de 517 espécies de anfíbios, 524 de mamíferos, 1.622 de pássaros e 3.000 de peixes. (pág. 2)

    (Informe JB - Gustavo Krieger) - A Agência Nacional do Petróleo (ANP) acaba de autorizar a Top Aviation a importar 2 milhões de litros de querosene para aviação. O sinal verde do Governo credencia a empresa a disputar mercado com a BR Aviation e a Shell - as maiores do ramo - pela distribuição de combustível.

    O bolo da aviação executiva no Brasil é grande. Todo ano são consumidos mais de 20 milhões de litros de querosene e gastos cerca de R$ 30 milhões. (pág. 6)


    Editorial

    VENDA DE ILUSÕES

    Na atual conjuntura, a melhor alternativa é preservar a estabilidade, dobrar os especuladores e mostrar ao mundo que o Brasil não é a bola da vez. Em lugar de críticas fáceis e promessas vazias, os candidatos à Presidência deveriam ser honestos e falar claro sobre os gargalos da economia. A venda de ilusões gera votos no presente mas frustrações no futuro. Não serve aos interesses do País. (pág. 12)


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    09/08/2002


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