Crise nos EUA redesenha economia
- Crise nos EUA redesenha economia
- As Bolsas dos EUA transformam-se no pior lugar do mundo para investir, aponta pesquisa da Merrill Lynch com gestores de US$ 711 bilhões em fundos mútuos - quase uma vez e meia do PIB brasileiro.
Com medo dos escândalos corporativos nos EUA, os investidores têm redirecionado seus recursos para o mercado imobiliário, os títulos do Governo ou concentração de ativos em dinheiro ("pools").
No início de 2000, havia cerca de US$ 1,4 trilhão nesses "pools". Anteontem, o valor total atingiu US$ 2,284 trilhões.
O pânico em Wall Street ainda pode se agravar. Sob sigilo, a SEC (órgão que fiscaliza o mercado nos EUA) investiga a existência de fraudes contábeis em mais 18 grandes companhias com ações nas Bolsas.
Segundo bancos de investimento, haverá ao menos seis novos escândalos semelhantes ao da Enron - que pediu concordata - e ao da WorldCom.
Dossiê especial com os principais analistas do mercado financeiro traça um panorama aprofundado da atual crise na economia e explica o que ainda está por vir. (pág. 1 e cad. Dinheiro)
- A União Africana, lançada oficialmente há duas semanas, enfrenta a ginástica de difícil equação de unir países muito diferentes, todos castigados pela pobreza.
Ao menos duas tarefas mais prementes do projeto são impedir a fome de 13 milhões e conter a atual epidemia de Aids. (pág. 1 e A12)
- Graça Machel, Mulher de Nelson Mandela e viúva do líder moçambicano Samora Machel, diz que a "gente rica" do continente "tem de aprender que é necessário investir na África". (pág. 1 e A13)
- Robert Brenner, historiador de economia da Universidade da Califórnia em Los Angeles, acha que o crescimento econômico dos EUA tem sido sustentado só pela capacidade de consumo das famílias, que dá sinais de exaustão, elevando os riscos de nova recessão.
Para ele, se a queda do dólar e a expectativa de alta de juros nos EUA prosseguirem, o mundo todo será afetado, sobretudo países emergentes. (pág. 1, B4 e B5)
- A crença de que o fim da hegemonia americana já começou não decorre da vulnerabilidade que ficou clara em 11 de setembro. Na verdade, os EUA estão desvanecendo como potência global desde os anos 70, e a reação aos ataques terroristas simplesmente acelerou esse declínio. (pág. 1, B6 e B7)
- O PT divulga na terça-feira a versão final de seu projeto de programa de governo, no qual busca saídas para as "armadilhas da âncora fiscal" da gestão do presidente FHC.
O documento defende uma "transição sem atropelos, sem rompimento de contratos e regras estabelecidas" e evita termos polêmicos, como "ruptura com o modelo econômico". O FMI nem é citado. (pág. 1 e A4)
- O deputado José Carlos Martinez (PTB-PR), coordenador da campanha de Ciro Gomes (PPS) ao Planalto, ainda paga parcelas de uma dívida de milhões de dólares a parentes de PC Farias, o ex-tesoureiro assassinado de Fernando Collor.
Em Alagoas, ambos apóiam Collor (PRTB) ao governo. Segundo eles, a decisão do PTB de manter apoio a Collor nada tem a ver com a dívida. (pág. 1 e A9)
- As conversas de Armínio Fraga com representantes dos candidatos à Presidência têm duas leituras políticas. Uma é positiva, a outra é negativa - no mínimo, duvidosa.
Lula despachou José Dirceu para uma visita à casa Branca e Aloizio Mercadante para o gabinete do presidente do BC. Ganham Lula e o PT, pela demonstração de "maturidade" que os tais agentes econômicos e boa parte do eleitorado tanto cobram.
Ciro Gomes também vai marcar amanhã sua ida ao BC, Garotinho não irá se negar, e José Serra mandou o presidente do PSDB, José Aníbal, só para saber tudo aquilo que ele próprio, Serra, estava careca de saber.
Aos olhos do mundo, digamos assim, todos estão cumprindo o seu papel: "pensando no País", ratificando que o Brasil "está politicamente forte" e se comprometendo com uma "transição pacífica". (Eliane Cantanhêde) (pág. A2)
Colunistas
PAINEL
Mal nas pesquisas, José Serra (PSDB) começou a espalhar na base aliada: quem desertar de sua campanha agora ou fizer jogo duplo com Ciro Gomes (PPS) não poderá voltar no futuro, quando o tucano aposta que subirá nas pesquisas. Nem terá espaço no seu eventual Governo.
Editorial
INFECÇÃO NOS MERCADOS
A crise do capitalismo global deixou de ser um tema restrito a intelectuais de esquerda. É uma realidade que transparece há meses e se torna especialmente intensa com a onda de desconfiança que predomina entre os investidores no mercado de capitais dos Estados Unidos.
O impacto financeiro dos ataques de 11 de setembro se empalidece diante dos efeitos do abalo em corporações globais de setores estratégicos, como telecomunicações.
O sistema financeiro global acompanha a tendência. A retração dos investidores é generalizada e coloca em risco o próprio valor internacional do dólar. É verdade que já não ocorrem episódios de colapso de bancos.
Mas o sistema financeiro mundial já passou por várias ondas de ajuste, levando a uma concentração maior e a uma fragilização dos sistemas financeiros de países mais pobres. Em alguns casos, como na Argentina, houve desnacionalização completa e por fim uma quebra pura e simples do sistema e da moeda. (pág. A2)
Topo da página
07/21/2002
Artigos Relacionados
Alagoas redesenha seu mapa turístico
A economia que ignora a crise
ÁLVARO DIAS VÊ ECONOMIA DO PARANÁ EM CRISE
CMO poderá debater efeitos da crise na economia
Crise energética e as influências na economia gaúcha
Crise da economia americana prejudica setor manufatureiro, diz Mantega