"A educação é o pilar de qualquer projeto de desenvolvimento", diz especialista
Para Carlos Roberto Rocha Cavalcante, superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) do Sistema Confederação Nacional da Indústria (CNI), a educação é fator essencial de sustentabilidade do desenvolvimento nacional. A afirmação foi feita em audiência pública realizada na manhã desta quinta-feira (21) na Comissão de Educação (CE), em prosseguimento ao ciclo de debates intitulado "Idéias e propostas para a educação brasileira e o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE)".
Carlos Roberto destacou a importância de envolvimento de todos os setores num esforço coletivo pela qualidade do ensino.
- Quandocomparamos os dados da educação brasileira com os de outros países, percebemos que estamos em desvantagem, e isso afeta a competitividade do setor empresarial do país - afirmou.
No centro da discussão, para Carlos Roberto, estão a revisão dos investimentos em educação e a necessidade de valorização do professor. Quanto aos investimentos, o representante da CNI disse acreditar que o problema não está no percentual de recursos aplicados no setor (cerca de 4% do Produto Interno Bruto), que seria semelhante ao de países como Argentina, Chile, ou Alemanha, mas sim na forma de aplicação.
- A título de exemplo, no Brasil, são investidos a cada ano cerca de US$ 1 mil por aluno no ensino médio, ao passo que, na Alemanha, esse montante chega a US$ 9 mil - disse ele.
Para Marcos Formiga, professor da Universidade de Brasília (UnB), e Leia de Souza Oliveira, presidente da Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra), no entanto, o percentual do Produto Interno Bruto (PIB) investido em educação deveria ser, no mínimo, duplicado. Para Leia, "os 4% são uma vergonha nacional".
A importância da valorização do professor foi objeto de manifestação de todos os convidados. Décio Correia Lima, diretor da Associação Brasileira das Mantenedoras das Faculdades Isoladas e Integradas (Abrafi), afirmou que "o segredo de uma boa escola e a condição básica para o bom desenvolvimento do ensino é a relação professor/aluno".
Carlos Roberto, da CNI, acrescentou que "o investimento no professor é requisito essencial para uma mudança profunda e duradoura". Ele observou que a Coréia do Sul, por exemplo, país cuja economia vem crescendo de forma acelerada na última década, o professor é visto como principal agente do desenvolvimento do país, e, por conseqüência, é um dos profissionais mais bem-remunerados.
Ainda que o estabelecimento de um piso salarial para o magistério no Plano de Desenvolvimento da Educação tenha sido considerado positivo pelos convidados, seu valor ainda é visto como insatisfatório. Para a representante da Fasubra, o piso não poderia ser inferior a R$ 1 mil.
Mas a crítica consensual ao plano de metas do governo federal para o setor diz respeito a sua estrutura, como afirma Carlos Roberto.
- Falta algo que amarre as ações para que elas estejam alinhadas com o objetivo maior do plano e com o desenvolvimento do país - disse ele.
O professor Marcos Formiga expressou opinião semelhante. Para ele, falta ao PDE uma "espinha dorsal".
- É um conjunto de idéias, mas elas estão soltas, e não estão disponíveis, a não ser na legislação, o que é um equívoco - opinou.
Novo paradigma
Na audiência pública da CE, o professor Marcos Formiga, da UnB, defendeuainda a revisão do paradigma educacional.
- Estamos transmitindo conceitos e reproduzindo modelos do século XIX em plena sociedade da informação. É preciso abandonar o velho paradigma centrado no professor e valorizar a gestão do aprendizado pelo próprio aprendiz. Por esse novo parâmetro, professores e alunos devem aprender a aprender, numa via de mão dupla - disse.
Nesse contexto, a criação de programas de controle social baseados na idéia "sociedade na escola" deve ser levada em consideração, na opinião da Fasubra. Da mesma forma, a Abrafi ressalta a importância da participação da família do processo educacional.21/06/2007
Agência Senado
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