A sessão da CPI da Segurança foi suspensa depois de 12 horas de inquérito



Por quase 12 horas, a CPI da Segurança Pública ouviu ontem dois diretores do Clube da Cidadania. O corretor de seguros Daniel Verçosa e o presidente da entidade, Diógenes de Oliveira, responderam os questionamentos dos deputados, que giraram principalmente em torno da gravação apresentada na última semana, em que Oliveira pede ao Chefe de Polícia Luiz Fernando Tubino, para que não interfira na atividade da jogatina no Estado. Por questões de saúde de Diógenes de Oliveira, a sessão foi suspensa.

Daniel Verçosa foi questionado sobre sua relação com o poder público. Ele afirmou que não tem qualquer negócio com administrações públicas, tanto estadual, quando municipal ou federal, e justificou as diversas ligações para o Palácio Piratini e secretarias do governo como consequências de amizades pessoais. Segundo o relator da CPI, deputado Vieira da Cunha (PDT), em um determinado período, Verçosa registrou 195 ligações do Palácio Piratini. De março a agosto deste ano, 117 ligações com a secretaria de Obras Públicas e, em outra oportunidade, 125 ligações para a secretaria Especial de Habitação e outras 39 para Associação Riograndense de Empreiteiros de Obras Públicas.

O presidente do Clube de Seguros da Cidadania usou o espaço das explicações pessoais fazendo a leitura de um relatório que preparou para a CPI. Diógenes contestou que os recursos do Clube da Cidadania tivessem origem na contravenção. Segundo ele, já está comprovado, pela própria CPI, que as verbas resultaram de doações, cujos recibos foram emitidos em nome do Clube.

Diógenes reafirmou que deu um carteiraço em nome do governador para solicitar ao ex-chefe de polícia Luiz Fernando Tubino que não interviesse na atividade de jogatina no Estado. Na última semana, a Comissão recebeu uma fita com a gravação da conversa dos dois, em que Oliveira diz estar falando em nome do governador Olívio Dutra.

Em seu depoimento, o depoente disse que o Clube de Seguros nunca teve dinheiro público e nem tem aplicações em paraísos fiscais. Afirmou que não é bicheiro e não tem relações com a contravenção. Depois de uma manifestação que durou mais de uma hora, o presidente do Clube da Cidadania, Diógenes de Oliveira, começou a ser inquirido pelos deputados.

Diógenes também apresentou documentos que, segundo ele, comprovam o desvio de milhões de reais para paraísos fiscais, patrocinado por uma empresa de comunicação do Estado, que estaria fazendo campanha contra o atual governo. Ele entregou documentos à CPI e anunciou que fará o mesmo ao Ministério Público.

Sobre o lançamento dos valores das prestações pagas no contrato de compra e venda do prédio da Farrapos, cedido em comodato para o diretório estadual do PT, Diógenes disse que pagou parcelas de R$ 14.400, enquanto que o relator da CPI apresentou cópias dos cheques nos valores de R$ 28.800. Diógenes insistiu por várias vezes que se faça um levantamento contábil do Clube de Seguros com técnicos da CPI para comprovar o fluxo de caixa. Em outra oportunidade, Diógenes revelou a existência de R$ 80 mil em caixa, fruto de empréstimos que fez em seu nome, junto a alguns amigos. Este recurso foi repassado ao caixa do Clube e como garantia o próprio Diógenes assinou uma promissória. Questionado sobre a reforma no prédio do Clube de Seguros, Diógenes disse que não houve nenhum custo, divergindo da afirmação de Jairo Carneiro à CPI de que foram gastos R$ 80 mil em obras no local.

Sobre o custo da campanha eleitoral do Partido dos Trabalhadores para as eleições ao governo do Estado (na gravação, Diógenes diz que os gastos foram na ordem de R$ 6 milhões), o depoente afirma que lançou esse número ao acaso, já que não conhece a contabilidade eleitoral do PT. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral, o PT declarou gastos de R$ 2,6 milhões na campanha. O depoente se negou a responder questões sobre opiniões próprias ou de outras pessoas. “Esses pontos serão discutidos com meu partido, quando tivermos conversas duras, viscerais e francas”, declarou Oliveira. Ele também disse que as questões contábeis do Clube de Seguros da Cidadania devem ser respondidas por contabilistas da entidade. Diógenes de Oliveira também negou ter qualquer relação com bicheiros.

Os deputados que compõem a CPI da Segurança examinaram recibos, documentos e livros do Clube de Seguros da Cidadania. Os deputados constataram erros de endereços e datas nos livros contábeis da entidade. Segundo Diógenes, houve uma mudança de endereço da entidade, mas não precisou as datas em que isso ocorreu.

Os deputados que compõem a CPI irão acompanhar o depoente até a sua residência para obter a relação da mútua que originou R$ 80 mil reais repassados por Diógenes para o Clube da Cidadania. O pedido foi feito pelo deputado Vieira da Cunha (PDT) e deferido pelo presidente da Comissão, deputado Valdir Andres (PPB).

Ontem, por volta das 22h30min, Diógenes de Oliveira passou mal e a sessão foi suspensa. Segundo a equipe médica da Assembléia, o depoente estava sofrendo de taquicardia e pressão alta. A continuação da sessão ficou marcada para o a próxima quinta-feira.

11/06/2001


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