"A soberania que Lula está defendendo é a de Evo Morales, não a do povo brasileiro", diz Agripino



O senador José Agripino (RN), líder do PFL, protestou, nesta quarta-feira (3), diante da postura adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no episódio da nacionalização do petróleo e do gás bolivianos. Agripino disse não considerar correta a decisão do chefe da Nação de se reunir nesta quinta-feira (4) com os presidentes da Argentina, Néstor Kirchner, da Bolívia, Evo Morales, e da Venezuela, Hugo Chávez, para tratar da crise.

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- O Brasil tem que ter um governo do Brasil para defender seus interesses, assim como a Bolívia está defendendo os dela. Lula não pode dividir essa responsabilidade com outras pessoas. Quem está assumindo a América do Sul é Hugo Chávez - criticou.

Para o senador, a questão está sendo tratada de forma ideológica e não diplomática. Prova disso, para ele, é o fato de que o Itamaraty e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, estariam sendo deixados à margem da situação, que estaria sendo administrada exclusivamente pelo assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. Quem sentirá as conseqüências dessa distorção, alertou ele, é a população brasileira.

O que deveria ser posto como prioridade no episódio, na visão de Agripino, é a soberania nacional, que, para ele, é "a faculdade que só as nações independentes têm de assumir compromissos".

- Neste momento, a soberania que Lula está defendendo é a de Evo Morales, não a do povo brasileiro. Ele está agindo frouxamente - observou.

Na última segunda-feira (1), o presidente da Bolívia, Evo Morales, baixou um decreto estabelecendo a nacionalização dos hidrocarbonetos (petróleo e gás), ocupando refinarias com tropas do exército. Os diversos pontos da decisão contrariam interesses de empresas que investiram naquele país, com destaque para a Petrobras. Além disso, teme-se que o aumento no preço do gás prejudique a indústria brasileira.

Agripino condenou a atitude de Morales.

- Só um soberano pode assinar acordos internacionais e refazê-los em negociações subseqüentes. Uma vez assinados, eles têm que ser cumpridos, pois quem assinou não foi uma pessoa física, mas o presidente, como chefe da nação. Revogá-los unilateralmente é quebra de compromissos internacionais - afirmou.

O representante do Rio Grande do Norte foi aparteado pelo senador Ramez Tebet (PMDB-MS), para quem o Brasil estaria revoltado diante da incapacidade de reação do presidente da República.

Nacionalização da exploração do petróleo e do gás na Bolívia movimenta o Plenário



03/05/2006

Agência Senado


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