Abertura de capital pode ser obrigatória para a privatização



A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) deve analisar, em caráter terminativo, substitutivo do senador Paulo Hartung (PSB-ES) a projeto do senador Osmar Dias (PDT-PR) que obriga as empresas públicas e as de economia mista incluídas no Programa Nacional de Desestatização (PND) a manter ou a abrir o seu capital quando forem privatizadas. Essa cláusula deverá constar dos editais de venda das companhias.

A proposta atinge todas as empresas que, na data de publicação da lei, ainda não tiveram os editais de venda publicados. E, com isso, suspende a retroatividade prevista no projeto original, que estabelece a obrigatoriedade de abertura de capital a todas as companhias privatizadas pelo PND.

Osmar Dias argumentou, na justificação do projeto, que muitas empresas privatizadas, principalmente do setor de telecomunicações, têm manifestado publicamente a intenção de fechar o seu capital social. Na avaliação do senador, além dessa abertura ser essencial para o mercado de capitais do país, ela garante a transparência necessária para que a sociedade continue acompanhando as decisões administrativas e financeiras dessas companhias. O fechamento de capital, segundo o parlamentar, reduz o controle econômico-financeiro sobre tais empresas, "possibilitando ações prejudiciais aos consumidores".

O relator reconhece a importância de uma gestão transparente, principalmente para evitar prejuízos aos consumidores. Destaca a contribuição decisiva dessas empresas para o fortalecimento do mercado de capitais brasileiro e para a democratização da propriedade, com a possibilidade de executivos, funcionários e outros trabalhadores participarem do capital delas.

Hartung entende, entretanto, que, para não incorrer em "vícios de constitucionalidade", o projeto de lei não pode alcançar as empresas já transferidas à iniciativa privada. Ele lembra que tais alienações ocorreram nos termos de editais de privatização já publicados, com normas e procedimentos que orientaram as vendas dessas companhias. "Constituem, portanto, atos jurídicos perfeitos, não passíveis de reversão por lei" - sustenta o relator na justificação do substitutivo.



15/10/2002

Agência Senado


Artigos Relacionados


GILVAM BORGES CONDENA ABERTURA DE CPI SOBRE PRIVATIZAÇÃO DA TELEBRÁS

Aula prática pode ser obrigatória para condução de lancha e moto aquática

Licença ambiental de instalação pode ser obrigatória em edital para licitação de obra pública

Separação de bens pode passar a ser obrigatória apenas para pessoas com mais de 70 anos

(Flash) - Alckmin encaminha para Assembléia projeto de lei que autoriza abertura de capital da Nossa

Senado votou 400 matérias, incluindo a abertura para capital estrangeiro em empresas de comunicação