Acaba invasão à fazenda de FHC









Acaba invasão à fazenda de FHC
Polícia Federal prende e algema 16 líderes dos sem-terra, mas prisão gera crise dentro do governo

Durou menos de 24 horas a invasão de cerca de 200 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) à fazenda Córrego da Ponte, da família do presidente Fernando Henrique Cardoso. A ocupação terminou ontem às 7h55, quando quatro ônibus com a maioria dos manifestantes deixaram a fazenda. Do lado de dentro, a Polícia Federal prendeu e algemou 16 líderes da ação.

A tática da polícia foi a de evitar o confronto, com promessas de uma reunião dos sem-terra com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, que os receberia em Buritis. Era assegurado a eles que ninguém seria preso. Somente passariam por uma revista. Primeiro, foram retiradas as mulheres e as crianças, sempre em grupo de cinco pessoas. Depois, os mais velhos. Até que só restaram os líderes, que foram antes da prisão chamados a presenciar uma revista que seria feita na sede da fazenda. Alguns até ajudaram na inspeção.

O grupo dos dirigentes do MST ficou sozinho, junto com os policiais. Então, imediatamente, receberam ordem de prisão e a determinação para que deitassem no chão. Em seguida, foram algemados com as mãos para trás. Durante toda a madrugada, os sem-terra cantaram na varanda da fazenda e consumiram tudo o que havia no estoque de bebidas alcoólicas: uísque, cachaça, vinho e até vinagre. Intercalaram a bebedeira com as idas e vindas à porteira que separa a sede do resto da propriedade para as negociações com integrantes do governo.

Uma operação de guerra
Foi uma noite de muitas negociações e muito medo. Desde o anoitecer, aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) passaram a sobrevoar a fazenda ininterruptamente. Os vôos eram rasantes. Também havia dois helicópteros da Polícia Federal. Por volta da meia-noite chegaram os 300 homens do Exército. Mas só receberam ordem de entrar na fazenda às 5 horas da manhã, quando já havia sido fechado o acordo para que os sem-terra desocupassem a propriedade.

Os 16 sem-terra presos foram colocados num ônibus especial da Polícia Federal e levados para Brasília, cada um acompanhado de um agente. Ao sair da fazenda e ver os jornalistas, um deles pôs a cabeça para fora e quis dizer alguma coisa. Mas levou um tapa do policial que o vigiava.
A operação montada para desocupar a fazenda foi grandiosa. Além dos 300 homens do Exército, de cerca de 70 da Polícia Federal, dos aviões e dos helicópteros, havia também mais de 20 caminhões, quatro ambulâncias do Exército e do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal e carros menores, até mesmo da Polícia Rodoviária Federal que, a rigor, não era presença necessária, porque as estradas próximas a Buritis são todas estaduais ou municipais. De terra batida e esburacadas.

Ouvidoria negociou acordo
Pelo acordo negociado pelo ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho (que se demitiu), os sem-terra sairiam da fazenda com a garantia de que não seriam presos e iriam para Buritis conversar com o ministro Raul Jungmann.

Também foi assegurado ao MST que hoje seria editada uma portaria autorizando a compra da Fazenda Barriguda, em Buritis, numa área de 4,8 mil hectares onde existe um assentamento.
Os sem-terra que haviam sido colocados nos ônibus durante a madrugada não souberam das prisões dos colegas. Dirigiram-se para Buritis pensando que se encontrariam com o ministro, que nesta altura já estava em Brasília. Mas, a um quilômetro da cidade, foram parados numa barreira montada pela PM mineira.

"Foi estabelecido um plano de guerra", reclamou Gilmar de Oliveira, um dos líderes que conseguiu escapar da prisão. No assentamento da Fazenda Barriguda os sem-terra fizeram uma assembléia e decidiram que voltarão a Buritis quando conseguirem se reorganizar.

Presidente fica irritado
A invasão da Fazenda Córrego da Ponte, irritou profundamente o presidente Fernando Henrique Cardoso, que estava em Brasília. Fernando Henrique foi surpreendido com a notícia e considerou um "abuso inaceitável" o fato de os sem-terra terem chegado à sede da fazenda e ocupado a casa que freqüenta com regularidade, junto com a primeira-dama, Ruth Cardoso, seus filhos e netos.
O que mais deixou o presidente "perplexo" foram as imagens, exibidas pela televisão, dos integrantes do MST espalhados pela sala da casa, falando ao telefone, e também no quarto do casal, onde as portas dos armários estavam abertas, em uma absurda invasão de privacidade.

Ontem o presidente reconhecia estar "aliviado" com o fato de que a fazenda foi desocupada sem nenhum incidente. Uma das grandes preocupações de FHC era de que neste processo de desocupação houvesse incidentes graves, que pudessem prejudicar o seu governo, produzindo fatos políticos com reflexos nas eleições. Mas agora o presidente está convencido de que eles extrapolaram e isso poderá levá-lo a manter uma guarda permanente na fazenda, o que já conta com a aprovação do Supremo Tribunal Federal (STF).

Para ministros, houve mal-entendido
O ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, afirmaram ontem que não houve negociação sobre a prisão de integrantes do MST após a retirada do movimento da fazenda Córrego da Ponte. Para eles, pode ter havido um "mal-entendido". Segundo o ministro da Justiça, os 16 líderes presos são acusados de resistência, invasão de propriedade, cárcere privado, furto e violação de domicílio.

"Houve prática de crime, desobediência de decisão judicial e a lei tem que ser cumprida. O que foi negociado foi uma saída pacífica", disse Aloysio. De acordo com o ministro, pode ter havido um mal-entendido entre os líderes do movimento ou mesmo com os dois representantes do governo nas negociações, mas em nenhum momento foi feito um acordo que os liberasse da prisão.
O Ouvidor Agrário do Incra, Gercino José Alves Filho, e a responsável no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) pelos conflitos rurais, Maria de Oliveira, pediram exoneração dos seus cargos. Os dois afirmam que prometeram ao MST que ninguém seria preso. Oliveira se disse 'indignada'. 'A Ouvidoria Agrária Nacional foi traída', afirmou. De acordo com Aloysio, uma invasão que causou "tamanho escândalo não poderia ser considerada um passeio no parque".
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Alberto Cardoso, disse ainda que objetos pessoais do presidente estavam espalhados, facas foram enterradas pelo terreno e houve consumo de bebidas e alimentos na casa. A sede da fazenda foi isolada para a perícia policial.


PFL quer mostrar que FHC não governa só
Partido denuncia ação do governo para enfraquecer lideranças e assédio para criar dissidência

O clima na última reunião da executiva do PFL era de revolta contra o governo. O deputado Inocêncio Oliveira (PFL-PE) atribuiu a denúncia de trabalho escravo em sua fazenda no Maranhão à perseguição política. Irritado, informou que estava sendo perseguido em várias frentes pelo governo para enfraquecer sua liderança dentro do partido. Disse que sua emissora de televisão em Pernambuco estava sofrendo uma devassa da Receita Federal.

Líderes de bancadas relataram assédios de governistas sobre deputados do baixo clero, tentando promover dissidência dentro do partido. O senador Romeu Tuma (PFL-SP) reforçou a suspeita de que alguns delegados da Polícia Federal estavam fazendo uso político de ações policiais.
O senador Jorge Bornhausen, presidente do PFL, concluiu que era preciso decidir pelo fechamento de questão em todas votações para evitar que os líderes, como Inocêncio, fossem pressionados pelo governo e, ao mesmo t empo, inibir dissidências dentro do baixo clero.

Agora, parlamentar do PFL só vota de acordo com a linha do partido ou poderá até ser expulso, o que significa impossibilidade de se candidatar nas próximas eleições. Foi a resposta do partido, segundo sua liderança, às investidas do governo em sua base partidária. "Vamos provar que sem o PFL Fernando Henrique não governa", afirmou o deputado Roberto Brant (PFL-MG).

Há muita sede de vingança dentro do PFL, principalmente em cima do senador José Serra, candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, que é visto como responsável pelo que chamam de "perseguição sofrida pelo partido". Como contrapressão, decidiram azucrinar ao máximo a governabilidade de Fernando Henrique.

Votação da CPMF é o primeiro teste
Já dentro dessa linha ação de dificultar a governabilidade, o PFL vai atrapalhar enquanto puder a votação da CPMF, que é tida como última chance para pressões no Congresso. Os líderes não vão negar, mas também não terão pressa em aprová-la. Não estão dispostos a aceitar aceleração na votação do Senado, como quer o governo. "Já decidimos que a CPMF seguirá o rito normal", disse Brant.

É a primeira vez na sua história que o PFL se comporta de modo tão radical na política. Isso foge a seu tradicional profissionalismo e pragmatismo ao tratar as questões partidárias. Predomina no partido o sentimento de que foram traídos pelo PSDB. Eles pensavam que poderiam manter a candidatura de Roseana Sarney ao lado da de José Serra até junho, quando poderia haver algum acordo entre os dois candidatos ou, ainda, no segundo turno.


PT aprova negociações com o PL
O Diretório Nacional do PT aprovou ontem, em reunião em São Paulo, o prosseguimento das negociações do partido com o PL, partido ligado a grupos evangélicos, e com setores do PMDB que se opõem ao governo Fernando Henrique Cardoso.

Por 38 votos a 29, foi derrotado o destaque defendido por setores radicais da legenda que pregavam a suspensão das discussões.

A vitória foi considerada ''apertada'' por representantes de correntes mais radicais da sigla. ''A base do PT e seus simpatizantes são contrários à aliança com o PL'', disse o deputado Ivan Valente.
''O acordo que foi feito é que, uma vez tomada a decisão, todos iriam acatá-la e essa questão não voltaria mais como uma divergência no PT'', disse o presidente do PT, José Dirceu.


Uso da ferrovia vai trazer produto mais barato ao DF
Acordo fechado pelo Sindicato dos Atacadistas permitirá uma redução no custo do transporte

O preço de alguns produtos deve cair em Brasília. A previsão é do Sindicato do Comércio Atacadista do Distrito Federal (Sindiatacadista/DF), que acaba de firmar parceria com com a Ferrovia Centro Atlântica, subsidiária do Vale do Rio Doce. Com a parceria, os produtos chegarão à Brasília via malha ferroviária, diminuindo o custo do transporte em 30%. A primeira remessa de produtos, 1.800 caixas de suco Del Valle (21.600 litros), chega amanhã.

Segundo o presidente do Sindiatacadista/DF, Fábio de Carvalho, a medida tende a beneficiar os mais interessados, os consumidores brasilienses. Para Fábio, o custo economizado com a nova forma de transporte vai proporcionar preços cada vez mais atraentes em vários produtos. "A tendência é que praticamente toda a remessa de atacado vinda de São Paulo venha via malha ferroviária. Essa economia fatalmente será repassada ao preço", explica.

Outra mudança significativa que deverá acontecer com o acordo diz respeito ao furto de mercadorias. "A expectativa é que o roubo de cargas diminua", diz Fábio de Carvalho. Só no ano passado 2.653 casos de roubo de cargas foram registrados em todo o país, resultando uma média mensal de 221 furtos.

Esta primeira remessa feita em parceria entre o Sindiatacadista e a Ferrovia Centro Atlântida vai funcionar em caráter experimental. Daqui há 25 dias as duas partes terão nova reunião para decidir a continuidade do acordo. "A Ferrovia Centro Atlântica vai nos mostrar a proposta de montagem do terminal ferroviário a ser construído e nós revelaremos o levantamento do quanto de mercadoria será transportada pela via", conta Fábio. Uma das medidas do acordo é a construção de um terminal de cargas na Rodoferroviária de Brasília. "Outro fator importante é a diminuição de avarias na mercadoria. O produto chegará em containers e será armazenado em um depósito próprio do terminal", finaliza o presidente do Sindiatacadista.


Cautela deve dominar o mercado financeiro
A cautela deve voltar a dominar os negócios no mercado financeiro, a partir de hoje, principalmente depois que o Comitê de Política Econômica (Copom), do Banco Central, optou por um corte modesto da taxa básica de juros, a Selic, de 18,75% para 18,5% ao ano, num momento em que a maior parte dos analistas acreditava numa redução de 0,5 ponto percentual.

As incertezas no cenário eleitoral e a demora na aprovação da emenda da CPMF também contribuíram para que o otimismo fosse substituído pela prudência. O anúncio de que o gás de cozinha vai subir 14,5% a partir de abril também desagradou ao mercado, pois o reajuste tende a levar o BC a manter o conservadorismo na condução da política monetária.

Na sexta-feira, até a pressão sobre o câmbio na Argentina voltou a incomodar. Nesse cenário conturbado, as projeções de juros e o dólar subiram e a bolsa caiu com força.

Os analistas estão ansiosos para conhecer o resultado da pesquisa CNT/Sensus sobre as eleições presidenciais, que deve vir a público hoje. Há informações de que a sondagem mostraria o governador Anthony Garotinho (PSB) na frente do senador José Serra (PSDB), o candidato preferido pelo mercado para suceder Fernando Henrique Cardoso.

Mas a atenção dos analistas vai estar voltada principalmente para a divulgação do Relatório de Inflação, na quarta-feira, e da ata da reunião do Copom, na quinta. Os documentos devem dar pistas sobre os rumos da política monetária e explicitar as razões que levaram o BC a reduzir a Selic em apenas 0,25 ponto.


Deputado compara Otan com Hitler
Vojtech Filip, chefe do grupo parlamentar do Partido Comunista (KSCM) na Câmara dos Deputados tcheca, comparou a atual política da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) com a do dirigente nazista Adolf Hitler nos anos 30.

"Hitler liquidava o sistema da Sociedade de Nações, ou seja, o sistema de segurança criado depois da Primeira Guerra Mundial" e a "Otan se esforça hoje por liquidar o sistema da segurança mundial baseado no Conselho de Segurança da ONU", afirmou Filip, durante um debate na rede de televisão "Prima".

"Acho que é possível uma comparação desse tipo e, inclusive, é justificada do ponto de vista histórico", afirmou o deputado. A República Tcheca entrou na Otan em 12 de março de 1999.


Artigos

Quando falta coerência
José Luiz Oliveira

A quinta-feira, 21 de março, fica no calendário eleitoral do DF como o dia em que a oposição deu início à campanha pela reconquista do Palácio do Buriti. Não há outra explicação para a encenação que se armou no Ministério Público sob o véu de uma audiência pública para discutir o programa Renda Minha, que beneficia famílias carentes com filhos na escola.

O Ministério Público cumpre o seu papel fiscalizador ao exigir, provocado ou não, explicações sobre a aplicação de recursos em programas sociais. Está dentro de suas atribuições indagar por que alguns dos milhares de inscritos no Renda Minha, comprovadamente necessitados, ficaram de fora do programa. Eram esses os objetivos da audiência pública.

Mas, lamentavelmente, a reunião descambou para a política. Os deputados do PT e a claque recrutada p elo partido transformaram o MP em palanque para atacar a secretária Eurides Brito e o governador Roriz. As duas representantes da Secretaria de Educação, sufocadas na arena de leões, quase não tiveram tempo de falar sobre os critérios do programa e apresentar números.
Não se discute, aqui, o direito de a oposição contestar e fazer comício para vender um peixe que o brasiliense teve à mesa durante quatro anos e rejeitou quando surgiu a oportunidade de mudar de prato. Não se discute nem mesmo a ilegalidade do comício fora do prazo determinado pela lei. O que se questiona é o palco.

Bem sei que não podemos exigir muito de nossos políticos. São quase todos vazios de idéias e (todos) com um apetite imenso para desfrutar das regalias do poder. Pouquíssimos estão realmente em sintonia com as aspirações do povo e uma parcela menor ainda, a que apresenta alguma idéia, sabe aliá-la à execução.

Se não podemos exigir tudo, nem muito, peçamos pelo menos coerência, atributo imprescindível a um político que almeja merecer a confiança do eleitor. Essa qualidade, infelizmente, faltou no palanque de quinta-feira.

Vejamos. Questionaram por que famílias ficaram de fora do Renda Minha, mas não explicaram os motivos que levaram o governo do PT a ignorar 3.384 famílias no cadastramento de 96 e 16.330 no de 97. Não disseram aos procuradores do Ministério Público que o Bolsa Escola contemplava, em 98, 22.608 famílias selecionadas em apenas dez regiões administrativas e que o Renda Minha beneficia 43.280 famílias de todo o DF.

Se na época do PT se compreendia que os recursos eram poucos para atender a tantos necessitados, e portanto alguns tinham de ficar fora, por que se exige, hoje, que todos os inscritos sejam atendidos? Isso se chama incoerência.


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

Drama: onde está meu José?
Onde está meu José? é o nome do livro ainda inédito e resume o drama da brasileira Regina Moreira Westenberger, que envolve o roubo do filho, nascido em 19 de março de 1969, na Casa de Saúde São José, Rio, onde trabalhou. Mãe solteira, pobre, fez cesariana de graça com o médico Marcos Vidigal, já falecido, a quem acusa de levar o bebê para adoção. Hoje, empresária bem-sucedida, casada com um alemão, ela busca José há 33 anos, com ajuda de amigos na Alemanha.

Mistério sem fim
Fruto de um namoro com um ex-deputado federal casado, que ajuda nas investigações, José teria sido levado por um casal rico para o exterior, pois o médico tratava de casais inférteis. Durante a ditadura, Regina Moreira foi advertida a desistir. O Itamaraty nada encontrou. A viúva do médico desconversa e a casa de saúde diz ter perdido a ficha do bebê. O médico Augusto Franco, irmão de Itamar, conhece o drama de Regina.

Manobra esperta
A operação para Everardo Maciel, da Receita Federal, nomeando-o ministro da Previdência, é a forma que os "luas pretas" do Palácio do Planalto imaginaram para botar um tucano tomando conta do Leão.

Até no PT
Essa história de prévia é um perigo. Agora, os adversários de Lula podem dizer que até no PT 15,5% são contra ele.

Pensando bem...
...que dupla, hein? Enquanto Jarbas costura, José serra.

Mudança de rota
Portaria do ministro Aloysio Nunes Ferreira (Justiça), de 28 de fevereiro, especificou as cidades a serem visitadas na Europa pelo diretor do Denatran, Jorge Francisconi, entre 4 e 8 de março, "para conhecer in loco" a inspeção veicular. Na Espanha, Barcelona era o destino, mas Francisconi foi a La Coruña, onde fica a sede da ISV, empresa que venceu o lobby para estadualizar o milionário serviço, no Brasil.

Conselho de papel
A Comissão de Educação do Senado se reúne amanhã para discutir com representantes de emissora e de jornais a regulamentação do Conselho de Comunicação Social, previsto na Constituição e nunca implementado.

Bem pensado
Boa idéia do senador Luiz Otávio (PPB-PA), autor do projeto exigindo devolução de taxas de inscrição em concursos que terminam anulados ou nem acontecem. Uma verdadeira indústria fatura com os incautos.

Madeira na cabeça
Caberá ao Conselho Federal da OAB as indicações para a vaga do ministro Paulo Costa Leite, que se aposenta do Superior Tribunal de Justiça em abril. Dois nomes devem integrar a lista que o STJ enviará para a escolha de FhC: Reginaldo de Castro, ex-presidente nacional da OAB, e Luís Carlos Madeira, atual ministro do TSE. Madeira é o favorito.

Dia de São Nunca
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, está disposto a um acordo com o belicista maluco que governa Israel: Ariel Sharon devolve as terras palestinas invadidas e os pefelistas devolvem os cargos do governo.

O PT malufiza
A malufização da Prefeitura de São Paulo constrange a militância do PT: Marta Suplicy contratou – sem licitação, claro – a empresa mineira CPP Consultoria de Polícias Públicas para executar o Orçamento Participativo de 2002. A CPP é muito ligada a Itamar Franco e seu dono, Rudá Rici, é da base mineira da Divergência Socialista, uma das muitas seitas do PT.

Critérios de chanceler
O ministro das Relações Exteriores negou apoio ao embaixador José Maurício Bustani, da Organização para a Proscrição de Armas Químicas. Mas levará FhC à Costa Rica e prestígio ao embaixador Luiz Fernando Benedini, réu em inquérito, no Itamaraty, por irregularidades.

No limite
O desespero toma conta dos milhares de aposentados e pensionistas da Imprensa Nacional, com salários rebaixados sem aviso. Em Brasília, um aposentado matou a mulher; no Rio, uma jovem se suicidou, vendo a mãe ameaçando fazer o mesmo. Com a briga na Justiça, muitos não recebem a diferença salarial, num jogo de empurra entre bancos.

Bastidores da novela
Experiente jornalista de TV (trabalhou no Fantástico e no Globo Esporte) Letícia Dornelles lança hoje o seu primeiro livro: "Como enlouquecer em dez lições", pela Editora Record. Será na Livraria da Travessa, no Rio, às 19h. É uma comédia sobre os bastidores de uma novela de emissora paraguaia com sede em Niterói.

Devendo o alheio
Funcionários da Cedae, de abastecimento de água do Rio, rezam pelo Prece, seu fundo de pensão. Tentam receber R$ 348 mil que o sindicato dos trabalhadores (Sintsama) pediu emprestado. Denunciam outras irregularidades na administração petista da entidade, que estaria esperando Benedita da Silva tomar posse para negociar a dívida.

Poder sem pudor

O tom de Dom
Um mês após o golpe de 1964, Dom Hélder Câmara desembarcou no Recife para assumir o arcebispado. Desfilou em carro aberto, ao lado do governador Paulo Guerra (vice de Miguel Arraes, que estava preso), do comandante do IV Exército, general Justino Bastos, e de representantes das três armas. Mas ao chegar em Olinda, Dom Hélder surpreendeu com um discurso corajoso, contundente, libertário, diante da multidão. Os homens da ditadura foram abandonando o palanque, um a um, sem se despedir, e deixaram o arcebispo de Olinda e Recife com o seu povo – que nos 40 anos seguintes o chamou carinhosamente de "Dom".


Editorial

OS CONDOMÍNIOS E O LAGO SUL

O mais justo é que os condomínios tenham administração própria. Eles têm semelhanças com o Lago, mas problemas diferentes .

Apolêmica "anexação" dos condomínios ao Lago Sul tem acirrado os ânimos na área mais nobre da cidade. A começar pelas discussões a respeito do tema. Alguns moradores protestam contra a "invasão" e usam argumentos injustos para combater a criação da Gerência Administrativa dos Condomínios. O embate não deve levar em conta a classe social de cada um, mas os problemas e necessidades de cada área.

O mais justo é que os condomínios tenham administração própria. Eles têm mais semelhanças com o Lago do que com Paranoá ou São Sebastião, mas também não podem ser tratados como as QIs e QLs. As demandas por saneamento, segurança e conservação são diferentes e exigem ações distintas.

Quem mora nos condomínios já pôde constatar melhorias na sinalização das vias públicas, na limpeza externa dos condomínios e no policiamento. Embora possam ficar preocupados com a qualidade dos serviços em seu bairro, os moradores do Lago Sul não foram prejudicados. A queixa mais relevante é sobre o excesso de trânsito, que será sanado com a terceira ponte.
A tendência é de que todos vivam em harmonia. Como, aliás, é rotina, visto que o Lago Sul é a grande passagem dos moradores que seguem em direção ao Plano Piloto, sejam eles dos condomínios ou de São Sebastião.


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03/25/2002


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