ACM ALERTA: SENADO NÃO DEVE VOTAR DÍVIDAS DE ESTADOS SEM ANÁLISE PROFUNDA



O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, advertiu hoje (dia 26) os senadores que a Casa não deve votar pedidos de rolagem de dívidas ou endividamentos dos estados "quase sempre em regime de urgência", porque corre riscos pela falta de análise profunda dos pedidos estaduais.

A advertência foi feita durante votação de requerimento de urgência para que seja votada resolução autorizando a prefeitura de São Paulo a rolar parte de sua dívida mobiliária, no valor de aproximadamente R$ 200 milhões.

- Peço uma reflexão dos senhores senadores sobre o assunto, para que o Senado não possa ser motivo de críticas, muitas vezes justas. Já tivemos problomas aqui, culpando também o Banco Central, pela falta de exames indispensáveis - disse.

Depois de ser informado pelo senador Esperidião Amin (PPB-SC) que já tramita na Casa projeto prevendo que os senadores terão no mínimo 15 dias para análises de pedidos sobre dívidas, Antonio Carlos Magalhães considerou esse prazo "muito pouco".

Após o alerta do presidente, o senador Osmar Dias (PSDB-PR), que havia assinado pelo partido o requerimento pedindo urgência para o caso da prefeitura de São Paulo, retirou sua assinatura. O líder do PPB, Epitácio Cafeteira (MA), explicou que a resolução nada tinha a ver com precatórios e, caso não fosse votada nesta semana, a prefeitura paulistana enfrentaria problemas, pois os títulos vencem no próximo sábado. "A urgência evitará um colapso", afirmou.

Pela liderança do PFL, o senador Edison Lobão (MA) manteve a assinatura no requerimento. O senador Gilberto Miranda (PFL-AM), que foi relator do assunto na CAE, explicou que houve atrasos porque o Banco Central, depois da CPI dos Precatórios, decidiu solicitar documentos adicionais às prefeituras e governos estaduais. Mesmo assim, a documentação chegou ao Senado na segunda-feira da semana passada.

O senador José Eduardo Dutra (PT-SE), líder do Bloco Oposição, também manteve a assinatura. O senador Esperidião Amin (PPB-SC) também argumentou pela votação. O senador Levy Dias (PPB-MS) leu relatório do BC mostrando que a prefeitura de São Paulo cumpriu todas as formalidades técnicas. O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) ponderou que o plenário tem agido "por impulso: ou aprovamos todas as urgências, ou não queremos aprovar nenhuma". Lembrou que duas resoluções sobre endividamento da prefeitura do Rio já estão com prazos vencidos.

Já o senador Lauro Campos (PT-DF) alertou que os senadores estavam prestes a votar em urgência uma rolagem de 98% da dívida mobiliária da cidade de São Paulo quando o Banco Central recomendava apenas 90,52%. Se passasse disso, a prefeitura ultrapassaria sua capacidade de endividamento. Para ele, se se vai votar em urgência, então é recomendável optar pelas recomendações do Banco Central. O senador Lúdio Coelho (PSDB-MS) afirmou que não votará mais endividamentos que tenham chegado ao plenário em regime de urgência.

Antonio Carlos Magalhães, depois de consultar o plenário, anunciou que a partir de agora só colocará em votação, como manda o regimento interno, no máximo dois pedidos de urgência para votação de matérias em plenário. Além disso, não convocará qualquer sessão extraodinária para votação de tais requerimentos.

O presidente colocou então em votação dois requerimentos solicitando urgência para projetos de resolução que tratam de endividamento da prefeitura de Porto Alegre, o que foi aprovado. Com isso, o requerimento para o caso paulistano deverá ser votado na sessão de amanhã (dia 27) e a resolução que permite a rolagem só figurará na Ordem do Dia da próxima terça-feira (dia 2).

26/08/1997

Agência Senado


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