ACM APÓIA NOMEAÇÃO DE SERRA E DIREITO DE O PFL REVER INDICAÇÕES



Em entrevista à imprensa, o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, defendeu hoje (dia 24) o direito de o presidente da República escolher seus auxiliares entre as pessoas que "julgar capazes". Ele qualificou o futuro ministro da Saúde, senador José Serra (PSDB-SP), "em função especificamente de seu temperamento, não como um modelo de simpatia, na Câmara ou no Senado, mas como modelo de competência".

Antonio Carlos admitiu ser natural que o PFL discuta a revisão de suas indicações para o "ministério provisório" com que o presidente Fernando Henrique Cardoso deverá completar a atual gestão, em função da inclusão de políticos entre as substituições, que inicialmente seriam feitas com técnicos.

O senador fez questão de separar, no entanto, a naturalidade e normalidade da indicação de Serra para o Ministério da Saúde, da cogitação governamental no sentido de tornar permanente a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), a fim de reforçar o caixa da área de saúde. O PFL "reluta muito em aceitar novos impostos", argumentou. Ele entende que essa questão deve ser tratada apenas após as eleições de outubro próximo, dentro de uma análise ampla e rigorosa da situação da saúde pública e das possibilidades de seu financiamento pelo orçamento da União.

A respeito das reações de lideranças do PFL diante do rumo da atual reforma ministerial, o senador discorda da apreciação negativa feita pelo líder do partido na Câmara, Inocêncio Oliveira. O presidente do Senado reafirmou sua confiança na garantia que recebeu do presidente da República, de que "o ministério que está sendo reformulado será provisório". Até uma próxima conversa com o presidente da República em torno do tema, Antonio Carlos prefere acreditar na transitoriedade "de todos os ministros". O PFL, de qualquer forma, não sairá nem enfraquecido e nem dividido desse processo, garantiu, admitindo "precipitação de alguns pefelistas".

Antonio Carlos também reafirmou sua opinião a respeito da oposição do ex-presidente Itamar Franco ao governo de Fernando Henrique, ressaltando queele "não tem qualidade para exercer o posto que exerceu".

O presidente do Senado anunciou, ainda, a "solução definitiva" para o problema dos dentistas brasileiros em Portugal, graças a gestões feitas pelo ex-embaixador brasileiro, Jorge Bornhausen, junto ao governo daquele país. Trabalho que Antonio Carlos teve a oportunidade de completar, durante visita a Portugal na semana passada. Os últimos 48 profissionais que sofriam restrições estão liberados, encerrando um contencioso que durou sete anos.

Sobre a bomba que foi descoberta nas dependências da Casa na tarde de ontem (dia 23), Antonio Carlos considerou que "o estardalhaço foi muito maior que o artefato". Ele descartou tratar-se de uma ação séria, de caráter terrorista, mas informou que, assim mesmo, a segurança do Senado será reforçada com o uso de circuito interno de TV. Antonio Carlos espera que as investigações em curso cheguem ao responsável.

24/03/1998

Agência Senado


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