Com críticas, Garotinho apóia Lula, e PFL se decide por Serra










Com críticas, Garotinho apóia Lula, e PFL se decide por Serra
Ex-governador cobra compromissos do PT e rejeita aderir a eventual governo; pefelistas liberam lulistas

Em um dia de intensas articulações para obter apoios políticos e partidários no segundo turno da eleição presidencial, o tucano José Serra e o petista Luiz Inácio Lula da Silva contabilizaram perdas e ganhos.
Pela manhã, Serra obteve uma recomendação formal de voto da Executiva Nacional do PFL. O partido, porém, deixou livres os setores que apóiam Lula, como Antonio Carlos Magalhães (BA) e Roseana Sarney (MA). Clésio Andrade, vice do governador tucano eleito em Minas, Aécio Neves, disse ter "dificuldades de apoiar Serra" e declarou voto em Lula.

Serra acertou maior participação do PMDB e do PPB na sua campanha. Disse aos aliados que três meses de governo Lula bastariam para jogar o país numa profunda crise econômica. E voltou a acenar com a promessa de que os novos aliados teriam lugar em seu governo.

Fracassou, no entanto, a tentativa, feita com a ajuda do presidente Fernando Henrique Cardoso, de obter empenho claro de Aécio a favor do tucano. Em contrapartida, Tasso Jereissati, que apoiou Ciro Gomes (PPS) no primeiro turno, se comprometeu a auxiliá-lo no Ceará.

Lula, por sua vez, obteve a declaração de voto de Anthony Garotinho, presidenciável derrotado do PSB. A adesão, no entanto, veio cheia de ressalvas e críticas pesadas ao PT. Em entrevista exclusiva à Folha, o ex-governador cobra uma série de compromissos, entre eles a sua proposta de elevar o salário mínimo a R$ 280 já em 2003, para ir além da atitude protocolar.

Garotinho diz ainda que não irá aparecer pedindo votos na campanha de Lula na TV e que rejeitará qualquer participação dele ou do PSB em eventual governo petista.

Temendo rachar de vez, o PTB adiou a decisão sobre quem apoiar. Vice de Ciro, o sindicalista Paulo Pereira da Silva, do partido, declarou voto em Lula, seguindo as demais legendas da Frente Trabalhista, PPS e PDT. O senador José Sarney (AP) disse ontem em São Paulo que irá aglutinar no PMDB uma frente anti-Serra. A Executiva do PSB se reúne hoje para definir os termos do apoio ao petista.


ACM diz estar satisfeito com decisão da sigla
O senador eleito Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), 75, disse ontem que ficou satisfeito com a decisão adotada pela Executiva nacional do PFL, que recomendou voto para José Serra no segundo turno, mas liberou os diretórios estaduais para apoiarem José Serra (PSDB) ou Lula (PT).

"Esta foi a decisão que o senador Jorge Bornhausen combinou comigo por telefone, até porque, uma eventual imposição ao nome de José Serra não seria cumprida", disse ACM.

Apesar de dizer que ficou satisfeito com o resultado da reunião, o ex-presidente do Congresso, que já anunciou seu voto a Lula no segundo turno, disse que gostaria que o PFL fosse mais explícito.

"Por mim, a Executiva não recomendava voto a José Serra e abria o leque para todos os diretórios. No entanto, a comissão executiva do partido, que é toda domesticada, às vezes toma posições diferentes da vontade popular", disse ACM.

Com 19 deputados eleitos, a bancada do PFL baiano é a maior do partido no Congresso. Do total, apenas o deputado José Carlos Aleluia deverá votar em José Serra no segundo turno.

O parlamentar e o presidenciável têm um ótimo relacionamento Aleluia indicou e Serra nomeou, quando era ministro da Saúde, o presidente da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) na Bahia.

A decisão de apoiar Lula no segundo turno também deverá ser seguida pelo governador eleito, Paulo Souto (PFL). "Não existe a menor possibilidade de eu votar em José Serra no segundo turno", disse o governador.


PSDB fracassa ao buscar empenho maior de Aécio
Fracassou a tentativa do presidente Fernando Henrique e do presidenciável José Serra de enquadrar o governador eleito Aécio Neves (MG). A idéia era fazê-lo trabalhar mais ativamente pelo tucano em Minas e a comprar briga com Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Aécio participou ontem de reunião com dirigentes tucanos e com Serra, na qual foi pressionado. Depois, reuniu-se com FHC no Palácio da Alvorada.

Apesar de ter dito que intensificará esforços pró-Serra em Minas, Aécio se recusou a integrar a coordenação nacional e a estadual da campanha presidencial. Falou que participará de comícios e do programa eleitoral de TV.

Aécio manteve elogios a Lula e não criticou o apoio ao petista dado ontem pelo seu vice, Clésio Andrade (PFL), o que irritou Serra. "A maioria do PFL mineiro estará com Serra, como eu estou, e espero que o vice eleito também venha a estar", disse Aécio.

Os serristas saíram da reunião contrariados com Aécio, mas negaram haver divergência. Nos bastidores, afirmaram que ele deseja ser candidato a presidente em 2006 e está jogando contra Serra.

"Nesta hora, o Serra precisa de gente que ajude e não que atrapalhe. O candidato sabe que tem o meu apoio", afirmou Aécio, que se mostrou contrário a um confronto duro com Lula. "A campanha deve ser feita em alto nível. Os dois candidatos são inatacáveis do ponto de vista moral."


Lula e Alckmin levam o voto do vice de Ciro
No mesmo dia em que anunciou apoio ao candidato tucano a governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o vice na chapa derrotada de Ciro Gomes (PPS), Paulo Pereira da Silva (PTB), declarou voto no petista Luiz Inácio Lula da Silva para presidente.

"A tendência é o partido liberar para que apoiemos quem quisermos. Eu vou votar no Lula", disse, admitindo subir no palanque do petista caso seja convidado.

Quanto ao PTB, preocupado diante da possibilidade de um racha, deve liberar o apoio de seus integrantes no segundo turno. A decisão deve ser anunciada hoje, após um almoço na casa do presidente da legenda, o deputado federal José Carlos Martinez.

Com isso, o PTB será o único dos partidos da Frente Trabalhista que deu sustentação a Ciro a não optar por Lula. PPS e PDT anunciaram anteontem a adesão ao petista. Defensor do apoio a Lula, Martinez, segundo petebistas ouvidos pela Folha, não insistirá na união com o PT diante da divisão existente hoje na bancada entre José Serra e o petista.

"Não queremos rachar mais do que já está rachado", disse um integrante da direção petebista que prefere não ser identificado.

Embora haja na legenda partidários da adesão ao PSDB, dirigentes do PTB afirmam que, se o apoio do partido ao tucano Geraldo Alckmin em São Paulo não encontrou resistências, o mesmo não se pode dizer de Serra.

Ele é apontado por parlamentares da sigla derrotados na eleição como o responsável pela verticalização que os teria prejudicado. É visto ainda com mágoa pelo bombardeio contra o partido assim que os petebistas decidiram optar por Ciro. Atribuem também a Serra as notícias de que se recomporiam com o governo assim que recebessem promessas de cargos.

"O PTB apoiar o Serra vai ser impossível", declarou ontem o deputado Walfrido Mares Guia, um dos coordenadores da candidatura derrotada de Ciro. "Não podemos apoiar alguém que destruiu os empregos e que agora, na maior cara de pau, promete criar outros. Se o Serra ganhar, vamos para a oposição", completou ele, defensor da adesão a Lula.

O deputado Arnaldo Faria de Sá concorda, mas afirma que existe a mesma dificuldade em relação a Lula. "O que o Serra fez com a bancada complica nosso apoio a ele, mas, apesar disso, e com todas as restrições ao Serra, também acho difícil nosso apoio ao PT."

Pressão
Pesa também na decisão da sigla a pressão exercida pelo PDT de Leonel Brizola, que ontem já assumiu suas duas cadeiras na coordenação da campanha petista. Encarregados de colaborar na articulação polít ica, participaram ontem de uma reunião com o PT o secretário-geral do PDT, Manoel Dias, e Carlos Lupi, vice-presidente do partido. PTB e PDT planejam uma fusão. Um eventual apoio do PTB a Serra, diz um integrante da direção do PDT, "não ajudaria" nesse processo.


Em três meses PT põe país em crise, diz Serra
Tucano chama petista para o debate e cobra mobilização de aliados durante reuniões com PSDB, PMDB e PPB

Em reuniões com o PMDB, PSDB e PPB, o candidato José Serra deu ontem em Brasília o tom da campanha tucana no segundo turno. Ele convocou os aliados a explorar as contradições do PT, desafiar Luiz Inácio Lula da Silva para o debate e previu que em três meses, se o petista for eleito, o Brasil entrará em crise.

Serra fez este comentário após ouvir uma intervenção do senador eleito Arthur Virgílio (AM) duvidando de que o PT, no governo, aceite as propostas de salário mínimo apresentadas na Câmara pelo deputado Paulo Paim (RS), eleito senador pelo Rio Grande do Sul no dia 6.

Antes disso, Serra fez outras intervenções contundentes sobre o PT. Na primeira, disse que a hora era de decidir a quem o país iria se juntar: às crises da Argentina, da Colômbia, da Venezuela ou prosseguir com estabilidade e desenvolvimento. Assegurou que vai debater a questão da segurança. Citou o Rio Grande do Sul, cujos índices de violência teriam piorado na gestão PT.

Serra também disse que Lula quer fugir dos debates programados por três emissoras de TV sob a alegação de que precisa visitar 14 Estados. Um tucano anotou a frase do candidato: "Vocês imaginam como a mídia iria receber isso se foi dito por mim!".

Depois, em entrevista, Serra voltou a insistir que há o "PT na TV, o PT no governo e o PT do MST". E voltou a cobrar os debates: "Quem não deve não teme".

"Eu não creio que um candidato a presidente precise de dois dias para se preparar para um debate. Imagine, se estivesse no governo, demorar dois dias para tomar uma pequena decisão".

Corrida contra o relógio
Nas reuniões, o candidatos e os partidos concordaram que correm contra o tempo para tirar em 17 dias a diferença de cerca de 20 milhões de votos que separam Lula de Serra.

Até agora, argumentou o próprio Serra, a campanha se desenvolveu a partir das eleições para governador, senador e deputados estaduais e federais. Agora, seria preciso mobilizar intensamente os prefeitos, além dos candidatos aliados eleitos ou que se encontram na disputa do dia 27.

Devem ser realizados quatro eventos regionais. Os partidos também pediram mais material -que está em falta no comitê de Serra- para tornar a campanha mais visível nas ruas. Os problemas financeiros da campanha também já seriam menores.

A pouco mais de duas semanas da eleição, o maior problema político de Serra continua sendo o seu próprio partido, o PSDB. O PMDB cobrou uma participação mais efetiva na campanha de Aécio Neves (PSDB), governador eleito de Minas, Estado onde Lula ganhou com uma grande diferença de votos.

O senador eleito Tasso Jereissati colocou a estrutura partidária do PSDB do Ceará à disposição de Serra. Mas reconheceu que a situação no Estado é atípica por causa da candidatura de Ciro Gomes (PPS) e porque ficou muito claro para os cearenses que há um enfrentamento entre eles.

No PMDB, a situação mais grave é a de Santa Catarina, onde o peemedebista Luiz Henrique disputa com o governador Esperidião Amin (PPB). Serra está inclinado a fazer uma opção entre os dois palanques.


Ala evangélica chega a 60 parlamentares
Levantamento preliminar feito pela Folha a partir de informações de lideranças religiosas indica que a bancada evangélica de deputados federais eleitos tem pelo menos 60 parlamentares donos de 5,1 milhões de votos.

É um crescimento de aproximadamente 25% em relação à bancada anterior, que, segundo o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), era de 48 parlamentares.

Com 60 votos, a bancada evangélica só perde em tamanho para a paulista, com 70 nomes. A coloração partidária da bancada vai do PT ao PPB, passando por PL, PFL, PTB, PSDB, PSB e PDT.

A Assembléia de Deus contabiliza até agora 23 deputados que são membros da igreja ou apoiados por ela, informaram as coordenações políticas da Conamad (Convenção Nacional das Assembléias de Deus de Madureira) e da Cgadb (Convenção Geral das Assembléias de Deus do Brasil).

O coordenador político da Igreja Universal do Reino de Deus e da bancada evangélica, deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ), informou que o grupo elegeu pelo menos 22 parlamentares, sendo 18 membros diretos da igreja e quatro apoiados por ela nos Estados.

Há pelo menos oito parlamentares batistas. Os demais parlamentares evangélicos pertencem a denominações como Metodista, Quadrangular, Presbiteriana, Mórmon e Sara Nossa Terra.

A diferença que marcou a eleição desse ano foi a posição da Assembléia de Deus, que resolveu, como só a Universal fazia antes, indicar abertamente seus candidatos aos fiéis.

Para a socióloga Regina Novaes, pesquisadora do Iser (Instituto de Estudos da Religião), o evangélico -candidato ou eleitor- assume sua identidade também porque, como religioso, tem a necessidade de estar congregado.

"Se você tem um crescimento da população evangélica, é natural ter um aumento da representação política desse grupo", afirma Regina Novaes, sobre o resultado preliminar das eleições.


Artigos

O futuro julga o passado
Clóvis Rossi

SÃO PAULO - Antonio Barros de Castro, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) que é também colunista quinzenal desta Folha, concluiu seu artigo de ontem com a observação de que, "paradoxalmente, o acerto de um governo de oposição consagraria, no atacado, a obra de FHC. E vice-versa".
De fato, bota paradoxo nisso. Setenta e seis por cento dos eleitores votaram em candidatos de oposição, o que pode ser traduzido, talvez com excessiva simplificação, em votar contra o governo.

Em tese, portanto, o governo já fracassou aos olhos do público. Como poderia justamente uma administração de oposição consagrar a obra de FHC (e vice-versa)?

Por incrível que pareça, Barros de Castro tem razão, pelo menos em parte. Se o governo Lula (ou Serra) mantiver a espinha dorsal da gestão FHC e der certo assim mesmo, a biografia de Fernando Henrique sairá engrandecida.

A sensação que ficará será a de que o atual presidente semeou o que o seu sucessor viria a colher.
Por isso mesmo, FHC se opôs frontalmente à candidatura de Roseana Sarney. Temia o fracasso dela como presidente, o que mancharia a posteriori sua biografia, ainda mais porque seria uma candidata saída da própria coalizão "fernandista".

O fato de Lula ser de oposição não significa que o seu eventual fracasso não respingue em FHC. Na Argentina, como lembra Barros de Castro, o fracasso de Fernando de la Rúa (de oposição a Carlos Menem) levou para a lata de lixo também o que havia sido elogiado pelo público durante o período Menem.
O difícil, no Brasil, é definir o que exatamente é a espinha dorsal do governo FHC, o quanto dela será mantido e o quanto será mudado. É, de fato, um tremendo paradoxo, mas o futuro acabará, de alguma maneira, julgando também o passado.


Colunistas

PAINEL

Foto de campanha
Lula deverá se reunir amanhã com Ciro (PPS), Garotinho (PSB), Leonel Brizola (PDT), Roberto Freire (PPS) e Miguel Arraes (PSB). As imagens do encontro serão usadas no programa de abertura do horário eleitoral no segundo turno.

Reserva de domínio
O PT desconfia de que Garotinho não se empenhará muito na tarefa de transferir votos de sua base evangélica para Lula. Por isso, está procurando diretamente dirigentes das principais igrejas que apoiaram o ex-governador no primeiro turno.

Plano evangélico
A prioridade não-dita da bancada da Igreja Universal no Congresso: dobrar participação nas comissões que tratam das concessões de canais de rádio e TV. Um dos artífices do plano é Magno Malta (PL). Apesar de fiel da igreja Batista, Malta é ungido pelo bispo Edir Macedo.

Oficial
Garotinho (PSB) diz que não pediu nenhum cargo ao PT para apoiar Lula. "Não faço política nesse nível. Se o partido quer participar do governo, não é problema meu", afirma o ex-governador do Rio de Janeiro.

Extra-oficial
Aliados de Garotinho e de Lula dizem que o ex-governador exigiu dois ministérios para o PSB. "Ninguém está autorizado a falar em meu nome", afirma o candidato derrotado do PSB.

A conferir
Na reunião do PFL de ontem, Jorge Bornhausen (SC), presidente da legenda, foi explícito: "Quem quiser apoiar [eventual" governo do PT terá de deixar o partido". No segundo turno, o PFL recomenda voto em Serra, mas não impede que filiados façam campanha para Lula.

Bóia de salvação
Previsão do deputado federal reeleito João Caldas (PL-AL): "Com Lula na Presidência, o PL será a porta da esperança de muitos deputados federais. Um verdadeiro desaguadouro".

Questão de prioridade
Reitores de universidades federais têm reclamado de atraso no repasse de recursos da União. Há o risco de algumas universidades ficarem sem verba para pagamentos de serviços como água e energia.

Meu nome é governo
Michel Temer (PMDB) entrou para a coordenação da campanha de Serra, mas continua mantendo conversas reservadas com José Dirceu (PT). Desde domingo, eles trocaram ao menos dois telefonemas. O petista já fala em "governabilidade".

Gabinete paralelo
Dirceu tenta costurar com Temer um acordo para obter o apoio do PMDB no Congresso em eventual gestão Lula. O PT daria ao PMDB a presidência do Senado e cargos no Ministério.

Reflexo das urnas
Nizan Guanaes está descontente com a falta de recursos na campanha de Serra. Os tucanos prometeram que a situação melhoraria no segundo turno. Mas o marqueteiro continua tendo que colocar dinheiro do próprio bolso para pagar funcionários.

Ponta firme
De olho na liderança do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira -que em PE declarou apoio a Serra- não quis se comprometer na reunião do partido ontem. Na hora de votar moção em favor do tucano, o deputado preferiu se abster. Para não desagradar a ACM e a Roseana.

Edição de imagens
Sérgio Machado (PMDB-CE), que foi filmado e fotografado votando em Lula, apareceu ontem na reunião do PMDB com Serra. Deu a desculpa de que digitou errado o número do petista, mas depois corrigiu o voto. Só que aí ninguém filmou.

Forever
Ciro continua a alimentar seu site com notícias contra Serra.

Desempenho regional
Ciro terminou a eleição com menos votos (10,1 milhões) do que Aloizio Mercadante (10,4 mi), eleito para o Senado por SP.

TIROTEIO

De Roberto Jefferson (PTB-RJ), sobre o segundo turno:
- Não voto em sapo barbudo nem em sapo careca.

CONTRAPONTO

Política real
Na campanha ao governo do Rio Grande do Norte, o candidato do PTB, Fernando Bezerra, atacou a candidata do PSB, Vilma Faria, cobrando uma promessa que ela teria feito, como prefeita de Natal (RN), de construir determinada ponte na cidade. Bezerra fez passeata e colocou no horário eleitoral da TV:
- Quero minha ponte!
Indignada, a prefeita contra-atacou. Citando o escândalo que causou a queda de Bezerra no Ministério da Integração Nacional (uma empresa dele obteve financiamento da Sudene mas não teria feito as obras correspondentes), a propaganda da prefeita retrucou:
- Quero meu emprego!
Com a confirmação do segundo turno entre Vilma e Fernando Freire (PPB), a ex-prefeita tenta uma aliança com Bezerra. Segundo assessores de Vilma, o novo bordão é o seguinte:
- Quero seu apoio!


Editorial

A DANÇA DAS ALIANÇAS

Com a recomendação de voto em José Serra feita pelo PFL e com a adesão de Ciro Gomes e Anthony Garotinho a Luiz Inácio Lula da Silva, o grande jogo das alianças eleitorais para o segundo turno vai se definindo. Falta saber a opção de legendas menores, como o PTB e o PPB. Mas faltam sobretudo os acertos regionais, que nem sempre seguem a lógica dos nacionais.

Em Estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Ceará, o segundo turno para o governo local mimetiza o confronto nacional. Nesses Estados haverá divisão automática entre um lado, que sustenta Serra, e outro, favorável a Lula. Mas a dificuldade surge quando se examinam situações como as de Santa Catarina e Paraná. Em ambos, o candidato do PMDB que disputa o turno final está mais próximo de Lula, apesar de o partido ser coligado a Serra na corrida pelo Planalto. No Paraná, também o adversário do peemedebista Roberto Requião, Álvaro Dias, é de um partido (PDT) que fechou com o PT em âmbito nacional. Se Lula privilegiar um palanque, pode ver diminuído o apoio do outro.

Mesmo em unidades da Federação em que a adesão do governante eleito parece automática, há detalhes a considerar. Aécio Neves, em Minas, apóia naturalmente seu correligionário Serra, mas tem feito esforços para não "queimar as pontes" com Lula. O vice de Aécio, Clésio Andrade (PFL), disse ontem que vota no presidenciável do PT. Também o apoio de Garotinho a Lula, no Rio, tem condicionantes: o ex-governador não quer subir no mesmo palanque que a governadora petista Benedita da Silva e há vários prefeitos de seu partido que são inimigos inarredáveis do PT.

Somem-se os esdrúxulos apoios de ACM e da família Sarney a Lula e o que restará é um cenário multifacetado de "apostas" políticas.

É evidente que a grande maioria do eleitorado não segue a orientação de partidos ou de políticos na hora de decidir o seu voto para a Presidência. A dança complexa que ora se observa -de caráter partidário, ideológico, regional e, até, pessoal- diz respeito a outro tópico. Trata-se da formação de dois ambientes político-partidários distintos, que prenunciam governos também distintos.


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10/10/2002


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