ACM: ESTADOS UNIDOS NÃO TÊM AUTORIDADE PARA FALAR DE CORRUPÇÃO



O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, reagiu hoje (dia 9) aos termos do relatório do Departamento de Comércio norte-americano que critica a corrupção no Brasil, afirmando que se trata de uma "atitude prepotente", e estranhando a divulgação do documento às vésperas da visita do presidente Bill Clinton ao país, que começa na próxima segunda-feira.

- Falta autoridade aos Estados Unidos para falar de corrupção, porque o próprio presidente da Nação norte-americana é vítima de processos que já são fundamentados, e pode até perder o cargo. Que autoridade tem um país para reclamar de outro, sobretudo na hora em que seu presidente vem visitá-lo? - indagou.

Para o senador, a única diferença que talvez exista entre Brasil e Estados Unidos, se o assunto é corrupção, é que lá - onde"os casos também se multiplicam" - muitos são punidos. "Aqui se combate a corrupção, mas ela ainda existe porque a Justiça nem sempre toma as providências indispensáveis", assinalou.

Antonio Carlos considera o episódio como exemplo da "atitude prepotente" que os norte-americanos costumam adotar, "e, infelizmente, os outros países aceitam".

- Nós temos que reagir a isso; do contrário, porque somos mais pobres, ficaremos sempre humilhados - afirmou.

O senador acha que a reação da diplomacia brasileira deveria ter sido mais dura, para evitar a "repetição audaciosa" deste tipo de incidente.

- Cada um tem seu estilo, e eu respeito o estilo do presidente Fernando Henrique, mas eu acho que ele deveria ter sido mais enérgico - disse.

Sobre as justificativas do embaixador norte-americano, Antonio Carlos Magalhãescomentou que ele apenas cumpriu a obrigação de defender seu governo. Da mesma forma, observou, "a nós cabe defender o país das acusações, sejam até procedentes, mas esvaziadas pela falta de autoridade dos americanos de falar em corrupção".

Segundo o senador, o relatório, dirigido aos empresários que integrarão a comitiva do presidente Clinton ao Brasil, é mais uma demonstração da inabilidade da diplomacia norte-americana, já que os Estados Unidos são "useiros e vezeiros" em cometer gafes desse tipo.



09/10/1997

Agência Senado


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