ACM RECOMENDA A FHC OUVIR O RECADO DAS URNAS COM HUMILDADE



O resultado das eleições municipais apontam para a necessidade de realização de uma reforma ministerial, avaliou nesta quarta-feira (dia 4) o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães. Ele considerou "falta de humildade" do presidente Fernando Henrique Cardoso não aceitar as sugestões feitas pelo senador para que promova mudanças no governo e determine a investigação de abusos que teriam sido cometidos por ministros durante a recente campanha eleitoral. "O pior cego é o que não quer ver; não ouvir o recado das urnas é a falência da democracia", disse Antonio Carlos.

O senador observou que "o poder algumas vezes inebria as pessoas, que pensam que podem tudo". Mas ninguém pode tudo, acrescentou Antonio Carlos, lembrando frase do Papa João XXIII. "Quando ele diz que não aceita que se recomende nada ao Presidente da República ele se coloca em uma posição autoritária, que não está à altura de seu passado", acrescentou.

- Se o presidente acha que o governo está bem e as urnas falaram a favor dele, é uma questão de entendimento - observou.

Com relação ao combate à corrupção no governo, o senador revelou que escreve cartas a Fernando Henrique sobre isso há mais de três anos. "O presidente está apostando em minha discrição e no meu caráter de não revelar as conversas que tenho tido com ele sobre o assunto", observou.

O senador disse ainda que respeita a autoridade do presidente, mas ressaltou que não pode aceitar tudo o que ele pensa e a maneira pela qual age. A falta de humildade para aceitar recomendações, avalia Antonio Carlos, "é uma demonstração de que ele é culpado pelos erros dos ministros, porque não aceita nem que se diga algo em torno dos erros de seu governo". O senador admitiu que poderia revelar as cartas que trocou com o presidente da República se esse for o desejo de Fernando Henrique.

Apesar de Fernando Henrique ter entendimento contrário, Antonio Carlos afirma que o presidente ainda não respondeu às suas denúncias de abusos. Durante a recente campanha eleitoral, inclusive, o senador revelou que fez chegar ao ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Pedro Parente, uma série de denúncias sobre "mau uso de dinheiro público em quase todos os estados". Ele citou duas áreas específicas, a da Saúde e a de Transportes, e lembrou que essa atitude de fiscalização e denúncia é uma de suas obrigações como senador.

04/10/2000

Agência Senado


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