Acordo com Egito prejudica indústria gaúcha e deve ser rejeitado, defende Ana Amélia
A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) pretende articular com colegas da bancada gaúcha esforço político para impedir que o Senado aprove acordo firmado entre o Mercosul e o Egito com reflexos sobre a indústria de autopeças brasileira. Em Plenário, nesta sexta-feira (11), ela disse que uma das conseqüências da ratificação seria a destruição da indústria automobilística de Caxias do Sul, no seu estado. Isso porque as tarifas de importação de peças de ônibus ou mesmo de um veículo quase inteiro seriam rebaixadas a quase zero, abrindo caminho para uma concorrência "desleal e predatória".
- Já informei à assessoria parlamentar do Itamaraty, do nosso Ministério das Relações Exteriores, responsável pela política externa brasileira, que se este acordo vier [para o Senado] não será aprovado. Vamos nos encarregar, nós senadores do Sul do país, vamos nos encarregar de inviabilizá-lo - assegurou.
Depois de informar que foi designada por seu partido para integrar a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), onde os acordos internacionais passam por exame antes de seguirem a Plenário, Ana Amélia disse que atuará nesse colegiado contra o acordo.
Ela informou ainda que documento recebido da Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus) mostra as conseqüências negativas do acordo. Segundo assinalou, a questão é preservar os empregos de milhares de metalúrgicos do setor metal-mecânico e automobilístico do Rio Grande do Sul.
No pronunciamento, o primeiro da senadora na tribuna da Casa, Ana Amélia agradeceu a seus eleitores a conquista do mandato e listou os compromissos que irá defender, assumidos ainda na campanha. Disse que estará ao lado do senador Paulo Paim (PT-RS) na defesa dos aposentados e pensionistas da Previdência. Assinalou que o empobrecimento desse grupo é visível, resultado de reajustes menos favoráveis para os que ganham acima do salário mínimo.
Ela aproveitou ainda para cobrar uma auditoria nas contas da Previdência e para saber se foram punidos os que desviaram dinheiro do órgão.
- Uma auditoria séria e profunda nas contas da Previdência poderá revelar e desvendar esse déficit de duvidosa origem tão propalado pelos especialistas. Acho que o caminho maior e melhor agora é exatamente uma auditoria para evitar que os aposentados continuem pagando uma conta que não devem e tenham melhor condição de receber - afirmou.
Ana Amélia disse que defenderá ainda um novo pacto federativo, ao lado de estados e municípios. Conforme a senadora, não é possível aceitar que a União, "a prima rica da federação", continue absorvendo 70% dos tributos arrecadados no país. Ela também incluiu na lista de seus compromissos a defesa dos produtores rurais, pequenos e médios. Na sua avaliação, eles são pouco valorizados pelos governos e pela própria sociedade urbana.
- O agricultor é o responsável por colocar o café da manhã, o almoço e a janta na mesa dos brasileiros, mas é tratado muitas vezes com grande preconceito, sem o reconhecimento de que são eles os responsáveis pelo nosso superávit da balança comercial - afirmou.
A senadora também destacou seu compromisso com as pequenas e médias empresas, segmentos que - conforme assinalou - possuem grande participação nas economias dos estados do Sul país. Ela informou que já está inscrita na Frente Parlamentar Mista da Pequena da Micro e Pequena Empresa, presidida esse ano pelo deputado federal Pepe Vargas, também do PP gaúcho.11/02/2011
Agência Senado
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