Acordo com Irã: Valter Pereira diz que busca de soluções diplomáticas não é prerrogativa de grandes potências
Ao abordar o acordo firmado entre o Brasil, a Turquia e o Irã para estabelecer controle internacional sobre o programa nuclear iraniano, o senador Valter Pereira (PMDB-MS) disse nesta terça-feira (1º) ser contra a ideia de restringir às grandes potências as negociações diplomáticas para solucionar os problemas mundiais. Para ele, a negociação de contenciosos deve estar ao alcance de todos os países que sejam capazes de contribuir para a paz.
- É verdade que o terreno onde o chefe de estado brasileiro [Lula] botou os pés é extremamente árido - afirmou, referindo-se ao impasse que envolve o programa nuclear iraniano.
Ele assinalou que o Irã, uma nação de cultura milenar, é administrado por "figuras bizarras" como o presidente Mahmoud Ahmadinejad, vem acumulando profundas desconfianças externas. Mas, para ele, isso não deve alimentar pretextos que levem o governo iraniano a se afastar das regras da convivência internacional.
- Quando o Irã recusou as condições postas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para tocar o seu programa nuclear, acabou agravando as dúvidas sobre suas intenções. Ao colocar-se na contramão da comunidade internacional não faltaram providências para as devidas retaliações - observou.
O senador afirmou não ter dúvidas de que, em carta endereçada ao presidente Lula e divulgada pelo governo brasileiro, o presidente norte-americano Barack Obama teria avalizado a base do acordo trilateral de Teerã. Segundo ele, o requisito apontado por Obama foi o mesmo da AIEA e teria sido contemplado pelo acordo. Valter Pereira leu trecho da carta, que para ele ratificaria a "essência do acordo" assinado com a República Islâmica do Irã: "Para nós, o acordo iraniano quanto a transferir 1.200 quilos de seu urânio de baixo enriquecimento (LEU) para fora do país reforçaria a confiança e reduziria as tensões regionais ao diminuir substancialmente os estoques de LEU do Irã".
O senador classificou como uma "inovação" a exigência de que o acordo deveria proibir enriquecimento de urânio a 20%, o que poderia significar um "afrouxamento nas negociações" conduzidas por Brasil e Turquia. Para o senador, caso exista essa exigência nas bases do entendimento, só resta concluir que o verdadeiro fundamento da divergência está "mascarado".
- Se não ficarem claros os defeitos do tratado, teremos de reconhecer que as falhas estão na má vontade de quem não quer negociação alguma ou no preconceito contra aqueles que a protagonizaram. Talvez estejamos lidando com uma dissimulada reserva de mercado: o da diplomacia. E quando os grandes reivindicam o controle de tais decisões, é preciso ter desconfianças também - assinalou.
O senador ainda disse que, em muitos casos, o objetivo da paz é mero pretexto para a indústria bélica promover a guerra. Ele citou a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, em 2003, como exemplo.
01/06/2010
Agência Senado
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