Valter Pereira critica precariedade do SUS
O senador Valter Pereira (PMDB-MS) fez, nesta terça-feira (23), um retrato da "crise na saúde pública" do país, relatando a situação vivida pela Santa Casa de Campo Grande (MS), onde pacientes se acumulam nos corredores à espera de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) ou vaga no centro cirúrgico. Faltam ainda profissionais, equipamentos, medicamentos e material de consumo.
- No alvorecer do novo governo da República, espero que o sistema de saúde que foi implantado no sentido de democratizar a atenção médica tenha prioridade. Se reconheça que nem tudo decorre da falta de recursos. É preciso a mudança de mentalidade para encontrar uma modalidade de gestão que transforme os recursos públicos em atenção básica de saúde - propôs Valter Pereira.
O senador leu em Plenário trechos de documento dos responsáveis pelo pronto-socorro da Santa Casa. Num dos trechos, há relatos de pacientes com insuficiência respiratória que recebem socorro por meio de aparelho manipulado manualmente pelos enfermeiros por até 10 horas seguidas no pátio da instituição. "Em meio a esse caótico atendimento, o hospital transforma-se em shopping de diagnóstico hospitalar terceirizando o grosso de seus serviços", relatou o parlamentar.
Ele também destacou a situação dos pacientes com câncer do Hospital Regional de Campo Grande que, à falta de aparelho de radioterapia, são transferidos para a rede privada.
O Ministério Público estadual, chamado a intervir, considerou que a situação deveria ser apenas complementar. Porém, informou Valter Pereira, a medida tornou-se corriqueira, com fila de espera de 170 pacientes e transferência de recursos que poderão chegar a R$ 1,8 milhão, por falta de investimento do sistema público do estado. Segundo Valter Pereira, o governador do estado, André Puccinelli, já afirmou não ter intenção de investir em equipamento de radioterapia.
- O SUS é o sistema perfeito no discurso e na teoria, na prática é o caos, afirmam os promotores. O atendimento na rede pública não existe. As promotorias municipal e estadual admitem que o custeio em clínica particular apresenta-se como solução provisória - relatou o senador.
Brasil perde leitos
De acordo com o senador, a diminuição de leitos hospitalares no Brasil entre 2005 e 2009, apontada por pesquisa médico-sanitária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica a desativação de 1.500 leitos, com 2,3 leitos para cada grupo de mil brasileiros. Enquanto isso, lembrou Valter Pereira, a população brasileira cresce. A taxa deveria estar entre 2,5 leitos e 3 leitos por cada mil habitantes, segundo determinação do Ministério da Saúde de 2009.
- Essa é uma equação difícil de entender - criticou.
Privatização de leitos
Valter Pereira também considerou preocupante que no ano passado 64,6% dos leitos disponíveis no país estavam na rede privada, contra 35,4% na rede pública, o que ocorreria devido ao sucateamento da rede pública e beneficente.
O parlamentar disse acreditar que a falta de licitação para a compra de insumos e equipamentos hospitalares também contribui para o desvio de recursos na área de saúde.
23/11/2010
Agência Senado
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