Acordo entre governo e oposição adia depoimento de Roberto Teixeira



Um requerimento do líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), acolhido por parlamentares da base do governo adiou o depoimento do compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o advogado Roberto Teixeira, marcado para esta quarta-feira (18) na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI). O motivo do adiamento foi o fato de os outros três convidados para a reunião - Marco Antônio Audi, Marcos Haftel e Luiz Eduardo Gallo, sócios da Volo do Brasil -não terem comparecido à reunião.

Os três enviaram, por meio do advogado Marcelo Panella, ofício informando que estavam impedidos de comparecer em virtude de estarem, no mesmo local e hora, prestando depoimento na 7ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo sobre o processo ligado à dissolução da sociedade (VarigLog) entre eles e o fundo de investimentos norte-americano Matlin Patterson.

O presidente da CI, senador Marconi Perillo (PSDB-GO), ficou incumbido de agendar nova reunião para ouvir os quatro depoentes em uma mesma reunião. A data ainda será marcada.

"Caso escabroso"

Ao justificar o adiamento do depoimento de Roberto Teixeira - que chegou às dependências do Senado no horário marcado - José Agripino observou que "para o bom andamento dos trabalhos" seria conveniente o colegiado tomar conhecimento dos depoimentos dos três sócios perante a Justiça paulista para, depois, ouvi-los no colegiado.

- É de fundamental importância que os quatro depoentes falem em um mesmo dia com o objetivo de a sociedade ver esclarecido este escabroso caso. O problema é agravado mais ainda quando o empresário Marco Antônio Audi garante que tem documentos comprovando que pagou cinco milhões de dólares a Roberto Teixeira, a título de honorários advocatícios, para que ele resolvesse questões tidas como impossíveis junto ao governo, a exemplo de dobrar a lei para permitir que o capital estrangeiro controlasse a Varig, além de permitir que dívidas trabalhistas e tributárias não fossem quitadas pelos compradores - detonou José Agripino.

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) achou sensata a proposta de Agripino, enquanto o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) deixou claro que a reunião a ser marcada não deverá ser uma acareação.

Em entrevista à imprensa, Roberto Teixeira disse que "jamais" tanto o presidente Lula quanto a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff interfeririam ou favoreceriam empresas ou grupos no processo de compra e venda da Varig e da VarigLog. Ele também negou que tenha orientado o administrador do fundo Matlin Patterson, o chinês Lap Chan, a transferir cerca de US$ 85 milhões da VarigLog, na Suíça, para o fundo de investimentos.

Novos depoimentos

Na mesma reunião da CI, foram aprovados outros dois requerimentos, de autoria do senador Flexa Ribeiro, convidando para depor o presidente da Associação dos Pilotos da Varig, comandante Elnio Borges Malheiros, um representante dos Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) e o deputado Paulo Ramos, da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

Os membros da CI aprovaram ainda requerimento do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) convidando o brigadeiro Allemander Jesus Pereira, ex-diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), chamando a depor representantes dos funcionários da Varig.

As acusações

Ao depor semana passada na CI, Denise Abreu - ex-diretora da Anac, órgão que regula a aviação comercial em todo o país - acusou Roberto Teixeira de ter usado a sua amizade com o presidente Lula para favorecer os seus clientes na venda da Varig para a VarigLog, em julho de 2006.

A ex-diretora da Anac também acusou o escritório de advocacia de Teixeira de ter papel de destaque, nove meses depois, na revenda da Varig para a Gol por US$ 320 milhões. O consórcio que vendeu a Varig era formado pelo fundo de investimentos norte-americano Matlin Patterson e os três sócios brasileiros que, junto com o fundo Matlin Patterson, brigam na Justiça pelo controle da empresa, hoje nas mãos de Lap Chan.

Denise Abreu também acusou Roberto Teixeira de ter usado o seu prestígio pessoal junto ao presidente (amigos desde o final dos anos 1970, Teixeira é padrinho de Luiz Cláudio, filho do presidente com dona Marisa) para pressionar a Anac no sentido de dispensar os três sócios brasileiros de apresentarem documentação comprovando capacidade econômico-financeira. Pelo serviço, Teixeira teria recebido US$ 5 milhões. Denise disse que agiu daquela maneira no intuito de preservar a lei brasileira, que proíbe estrangeiros de serem donos majoritários de empresas aéreas. Pela atual legislação, 80% do capital aportado tem de ser de origem nacional.



18/06/2008

Agência Senado


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