Ademir Andrade ataca política econômica e critica alta de juros



O senador Ademir Andrade (PSB-PA) atacou, em plenário, nesta sexta-feira (dia 20), a decisão do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, de aumentar a taxa de juros anual do país (Selic), revertendo a tendência anterior, verificada desde o arrefecimento da crise financeira da Ásia. O senador destacou que, com uma taxa de juros em 16%, o Brasil volta a acenar para o capital internacional como um "paraíso dos especuladores", numa atitude subserviente aos interesses estrangeiros.

Ademir Andrade lamentou a política de juros altos do governo e apontou para o aumento da dívida externa brasileira, que, afirmou, saltou de US$ 132 bilhões em 1994, quando Fernando Henrique Cardoso assumiu o poder, para US$ 230 bilhões atualmente. A dívida pública, apontou o senador, cresceu de R$ 56 bilhões para R$ 560 bilhões. Ele classificou de desastrosa a administração de Fernando Henrique Cardoso, que em seis anos de governo acumulou sucessivos déficits na balança comercial.

O senador lembrou que a política de aumentar os juros é decorrente do déficit da balança, pois o governo tem necessidade de atrair dólares, na intenção de cumprir seus compromissos com a dívida externa.

- Fernando Henrique vendeu ao capital internacional 80% do parque industrial brasileiro e não tem medido esforços, às custas do sacrifício do povo, para pagar uma dívida que é uma bola de neve - disse Ademir Andrade, pedindo que a imprensa se aprofunde no assunto.

Para o senador, a má condução da política econômica é mais grave até do que os escândalos envolvendo a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e a violação do painel eletrônico do Senado. Ele condenou ainda a tentativa do governo de privatizar as companhias geradoras de energia.

Em aparte, o senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) cumprimentou Ademir Andrade pelo discurso e explicou que a economia brasileira encontra-se numa armadilha, já que não pode crescer, sob o risco de provocar mais importações e ampliar o déficit da balança de pagamentos. A política de juros altos, avaliou, teria a intenção de frear o crescimento brasileiro e atrair capital especulativo.

20/04/2001

Agência Senado


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