Ademir Andrade critica política de aumento dos juros
Ademir fez um breve histórico da situação econômica brasileira desde julho de 1994, quando da implantação do Plano Real, lembrando que na ocasião a dívida pública interna brasileira era de R$ 56 bilhões e a dívida externa, de US$ 132 bilhões. As reservas internacionais, na época, eram de US$ 48 bilhões, com um saldo na balança comercial da ordem de US$ 1,5 bilhão ao mês, ou US$ 18 bilhões ao ano, sendo uma das prioridades do governo, desde então, manter em dia o pagamento da dívida externa.
Com o dólar praticamente estabilizado, recordou o senador, houve um aumento do consumo, com queda das exportações e o aumento das importações, para que o atendimento da demanda não gerasse inflação. Em conseqüência, os seguidos déficits na balança comercial geraram dificuldades para o pagamento do serviço da dívida. Diante desse quadro, ressaltou Ademir, o governo optou pelo incentivo à especulação financeira interna e aumentou os juros da dívida mobiliária pública brasileira, fazendo com que o capital internacional encontrasse no Brasil "um paraíso para ganhar dinheiro".
- Há cerca de três anos o governo chegou à excrescência de pagar 49,5% de juros nos títulos da dívida pública - lembrou o senador -, o que elevou a dívida interna de R$ 56 bilhões em 94 para os R$ 560 bilhões de hoje.
Quando Armínio Fraga assumiu o BC, adotando uma redução gradual da taxa anual de juros, que chegou a 15,25% em março deste ano, gerou-se uma expectativa, disse Ademir, de que a tendência de queda fosse mantida. Ao se indagar sobre as razões do aumento dos juros, Ademir disse que a prioridade do governo é o pagamento da dívida externa, que nos seis anos de governo de Fernando Henrique Cardoso, somados aos seis meses em que foi ministro da Fazenda, passou de US$ 132 bilhões para US$ 230 bilhões.
A decisão de aumentar a taxa de juros anual, segundo Ademir, pode ser um indicativo de uma tendência de alta, com o objetivo de atrair quem tem dinheiro aplicado em paraísos fiscais. Ele lembrou a alegação do governo de que o reajuste do salário mínimo provocaria um déficit na Previdência de R$ 2,8 bilhões ao ano, para destacar que o aumento dos juros significou um aumento de R$ 5,6 bilhões na dívida pública.
Ademir questionou uma dívida que teve início em um período de ditadura e que faz com que a economia brasileira seja hoje conduzida pela obrigação do seu pagamento. Isso perpetua o domínio econômico que não permite ao Brasil desenvolver-se e industrializar-se, "a não ser naquilo que serve aos interesses de servi-los com produtos baratos", afirmou.
O senador pregou o debate sobre a dívida interna e externa e conclamou a sociedade a posicionar-se contra a "política de submissão" do governo, fazendo ver aos organismos econômicos internacionais que "não é possível massacrar o povo brasileiro". Para o senador, "o Brasil pode mudar a sua realidade".
26/04/2001
Agência Senado
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