ADEMIR ANDRADE CRITICA O PROGRAMA CÉDULA DA TERRA
O senador Ademir Andrade (PSB-PA) criticou hoje (dia 14) o programa Cédula da Terra, lançado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e que permitirá aos interessados em comprar um pedaço de terra a obtenção de um financiamento com regras flexíveis e um prazo de carência de três anos para o início das prestações. Ele sugeriu que os financiamentos sejam concedidos a associações de trabalhadores e não individualmente, a fim de propiciar o assentamento de muitas famílias.
A primeira crítica do senador foi motivada pelofato de o Pará não estar na lista dos primeiros estados a serem contemplados pelo programa. Conforme Ademir Andrade, o governo vai começar a conceder esses financiamentos no Maranhão, Ceará, Pernambuco, Minas Gerais e Bahia, negligenciando o fato de que os lugares mais convulsionados pela questão fundiária no Brasil são o Pará e o Pontal de Paranapanema, em São Paulo.
- Por que o governo decidiu começar a aplicação do programa por áreas não convulsionadas? Essa é uma das razões para o meu protesto - disse. Ele também condenou o fato de o governo estar dando a opção de transferência de terras produtivas para o prosseguimento da produção, quando mais adequado seria tirar terras da especulação e entregá-las ao cultivo agrícola.
Na opinião de Ademir Andrade, "os trabalhadores haverão de querer as terras melhores. Se isso acontecer, não estaremos tomando terra da especulação para alguém que vai produzir. E também não sei se esses R$10 mil serão suficientes".
O senador lamentou a forma como o presidente Fernando Henrique Cardoso dirigiu-se à oposição no discurso em que lançou o programa Cédula da Terra. O presidente disse que talvez os que gostem da reforma agrária apenas para fins políticos não gostem do programa. O senador afirmou que o desejo da oposição é que Fernando Henrique de fato faça a reforma agrária, assim como um bom governo. "Por que ele não quer que gostemos de algo que seja bom?", questionou.
14/08/1997
Agência Senado
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