Ademir Andrade critica proposta de Arruda de união nacional para enfrentar crise Argentina



O senador Ademir Andrade (PSB-PA), líder do partido, criticou nesta terça-feira (dia 20) a proposta do líder do governo, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), de "união nacional" de todas as tendências políticas para aprovar o mais rápido possível as reformas que ainda tramitam pelo Congresso Nacional, como forma de fazer frente à crise argentina.

Ele afirmou que Arruda, que o antecedeu na tribuna, ao pregar a proposta de união nacional, "age cinicamente, faz demagogia ou mostra que lhe falta a lógica", pois é sabido que o Brasil também vive uma situação difícil, igual ou pior do que a da Argentina, com problemas com sua dívida externa e o pagamento do serviço da dívida, e ainda com a balança de pagamentos estagnada há seis anos.

O líder do PSB disse que a Argentina seguiu todas as orientações do Fundo Monetário Internacional (FMI), bem antes das reformas levadas a cabo no Brasil. Ele explicou que os argentinos privatizaram todo o seu patrimônio, mas, ainda assim, continuam "atolados" em dívidas astronômicas.

Segundo Ademir Andrade, a atual política do presidente Fernando Henrique Cardoso e do ministro da Fazenda, Pedro Malan, de tomar o dinheiro do povo brasileiro para pagar a dívida externa "é a de tirar o sangue do povo". Ele explicou que, para atender aos interesses dos países mais desenvolvidos e do sistema financeiro internacional, somente este ano foram pagos R$ 38,5 bilhões para saldar o serviço da dívida, que não para de crescer, apesar das privatizações de vários setores da economia nacional.

- De nada adiantou privatizar e vender tudo, pois não deu em absolutamente nada. Nós não temos condições de pagar essa dívida externa. O Brasil não deve entrar nesse tipo de coisa - afirmou o senador, referindo-se à proposta de José Roberto Arruda.

Plataforma P-36

Ademir Andrade, no mesmo pronunciamento, lamentou o acidente ocorrido com a plataforma P-36 da Petrobrás, na bacia de Campos, no Rio de Janeiro. Ele convocou a sociedade para ajudar a fortalecer "essa empresa genuinamente brasileira nesse momento de dificuldade".

O senador apontou a terceirização dos serviços contratados pela Petrobrás como um dos possíveis motivos do acidente verificado na plataforma. Ele disse que o quadro de pessoal da empresa - que chegou a ter 70 mil funcionários - foi reduzido pela metade para dar lugar às terceirizações.

Em aparte, os senadores Alberto Silva (PMDB-PI), Ney Suassuna (PMDB-PB) e José Alencar (PMDB-MG) solidarizaram-se com a proposta de união do povo para fortalecer a Petrobras. Já o senador José Eduardo Dutra (PT-SE) criticou a ausência de Arruda e da bancada governista do plenário para dar continuidade ao debate sobre a crise argentina.

20/03/2001

Agência Senado


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