Ademir Andrade diz que mais alimentos não acabam com a fome



Em pronunciamento preparado para o Dia Mundial da Alimentação, o senador Ademir Andrade (PSB-PA) afirmou ser preciso "retomar o debate sobre as estruturas socioeconômicas que perpetuam a pobreza e a miséria". De acordo com o parlamentar, a produção de grãos per capita aumentou de 247 quilos, em 1950, para 312 quilos em 1998. Isso, no entanto, não impediu que haja hoje, no mundo, um bilhão de pessoas passando fome.

Segundo o senador, diminuiu, inclusive, a área plantada em relação ao total da população. Na década de 50, informou, utilizava-se 0,23 hectare por pessoa, enquanto atualmente utiliza-se apenas 0,12 hectare.

- Se há regiões onde se passa fome, é porque a distribuição da produção de riquezas é desigual - disse Ademir, informando que 40% dos grãos colhidos no planeta são utilizados para alimentar vacas, ovelhas, cabras e outros animais.

O representante do Pará no Senado citou as obras Geopolítica da Fome e Geografia da Fome , de Josué de Castro, que afirmou permanecerem "extraordinariamente atuais". O autor, afirmou o senador, propôs que a solução para acabar com a pobreza e a fome "só se poderia concretizar com a alteração substancial das estruturas rurais então vigentes, ou seja, a reforma agrária".

Ademir Andrade disse que, no Brasil, a situação mudou "muito e nada":

- Não se fez a reforma agrária na proporção necessária, o homem do campo foi brutalmente expropriado e expulso, as cidades se agigantaram e empobreceram de forma assustadora; o país se modernizou, é certo, mas os desequilíbrios sociais e culturais se acentuaram; a agricultura se industrializou, aumentando, assim, a capacidade produtiva, embora não distributiva, de gêneros alimentícios - disse.

Para o senador, é preciso que a modernização agrícola deixe de ser "a adaptação local de um paradigma universal de desenvolvimento técnico para transformar-se em capacidade de inserção do desenvolvimento agrícola na dinâmica do meio natural".

O senador opinou que o mundo está muito longe de cumprir a meta estabelecida na Cúpula Mundial de Alimentação, de reduzir pela metade os quase um milhão de pessoas que passam fome no mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Para ele, "é inconcebível que a fome e a desnutrição continuem minando cerca de 25% das pessoas do país e do mundo".

16/10/2001

Agência Senado


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