Ademir Andrade responsabiliza autoridades por assassinato de sem-terras



O senador Ademir Andrade (PSB-PA) afirmou nesta quarta-feira (15) que estão sendo julgados pelo Tribunal de Júri do Pará os 156 policiais militares que estavam presentes no momento do assassinato dos 19 sem-terra em Eldorado dos Carajás (PA) no dia 17 de abril de 1996. Mas não estão em julgamento os principais responsáveis pela chacina, na opinião de Ademir: o ainda governador do estado, Almir Gabriel, o comandante da PM, coronel Fabiano Lopes, e o secretário de Segurança Pública na época e que continua no cargo, Paulo Sette Câmara. "Eles deveriam estar no banco dos réus e ser os primeiros a serem julgados", declarou.

A convicção de que esses são os verdadeiros culpados foi confirmada, de acordo com Ademir, pelo primeiro depoimento de um dos acusados, o coronel Mário Colares Pantoja, comandante do Batalhão da Polícia Militar durante o confronto. O coronel afirmou que, ao receber a ordem de desocupar a estrada. dada pelo coronel Fabiano Lopes, ponderou que não teria condições de tirar os colonos sem ajuda de uma tropa de choque. Segundo o coronel Pantoja, Lopes disse então, de maneira clara, que se tratava de determinação do governador que as pessoas fossem retiradas da estrada.

- Isso acontece porque o brasileiro ainda não atingiu um nível de conscientização política para que o Brasil possa ser um país justo e sério. Ficou fora do julgamento, por decisão judicial, quem tem dinheiro, bons advogados, poder. Ficaram de fora os que eu sempre afirmei, ao longo dos anos, terem sido os verdadeiros responsáveis. O coronel Pantoja apenas recebeu e cumpriu ordens, mas não tinha pessoal capacitado para cumprir a missão. Além disso, havia sido informado que havia possibilidade de negociação: os sem-terras queriam ônibus para sair do local - lembrou.

Segundo Ademir, foram sobretudo a inexperiência e a intransigência do governador que conduziram à chacina dos trabalhadores. "O governador, querendo mostrar sua autoridade e inexperiente para avaliar o que poderia ocorrer, mandou que os trabalhadores fossem retirados dali a qualquer custo", disse.

O senador Luiz Otávio (PPB-PA) interrompeu o pronunciamento para dizer a Ademir que "é difícil permitir que argumente da forma como faz, até porque o governador não é parte desse processo". Ele afirmou ainda que, na época, o procurador-geral da República, Aristides Junqueira, também acusou Almir Gabriel, mas que o Supremo Tribunal Federal excluiu o governador do processo. Ademir assegurou que concederia um aparte a Luiz Otávio, que não o requisitou.

GREVE DE FOME

Ademir Andrade lamentou ainda a intransigência do governador Almir Gabriel que, no seu entendimento, não aceita negociar com professores estaduais em greve, após ter oferecido 7% de reposição salarial. Os professores reivindicam cerca de 80%, além de outras melhorias nas condições de trabalho, informou, manifestando sua preocupação pela greve de fome que oito funcionários e professores estão fazendo desde o último dia 8. "Já são sete dias de greve de fome, não sei o que pode acontecer a essas pessoas. Elas querem diálogo e um governador de estado deveria ser leal com seus funcionários. Isso é uma demonstração de intolerância do governo do estado", afirmou.



15/05/2002

Agência Senado


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