Ademir critica racionamento imposto ao Pará e ao Maranhão



O senador Ademir Andrade (PSB-PA) criticou nesta quinta-feira (dia 7) o governo federal pela intenção de impor racionamento de energia elétrica à região Norte, o que afetaria especialmente os estados do Pará e do Maranhão. Embora esteja localizado na região Nordeste, este último é abastecido pela energia gerada na hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, estado exportador do insumo. O excedente de produção de Tucuruí e a necessidade que o Pará tem de se desenvolver foram as principais razões nas quais Ademir se baseou para atacar a hipótese de racionamento naquela região.

Ademir argumenta que há alternativas ao racionamento. O governo poderia, por exemplo, determinar a redução das atividades de duas indústrias beneficiadoras de alumínio - a Albras/Alunorte, no Pará, e a Alcoa, no Maranhão - que consomem energia elétrica de maneira intensiva e compram com alto subsídio um terço da produção de Tucuruí. Essas empresas, no entanto, estão querendo vender ao governo a energia que economizarem, sem retribuir num momento de crise o subsídio que têm recebido, segundo Ademir Andrade.

Na opinião do senador, outra razão para que a sociedade e as forças políticas paraenses reajam contra o racionamento em seu estado é que o governo estaria dando à crise uma dimensão exagerada. O intuito seria o de tirar do noticiário temas negativos para o governo, como as denúncias de corrupção na administração pública.

Discordando do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que o aparteou, Ademir disse não acreditar que o racionamento irá durar dois anos. Requião apoiou suas previsões nos longos prazos exigidos para a construção de usinas hidrelétricas e no atraso do programa de montagem de usinas termelétricas movidas a gás. Requião lembrou que a região Sul, incluída nos novos planos de racionamento, é igualmente superavitária (produz mais que gasta) em energia elétrica, exportando suas sobras.

- O governo tomou várias decisões e depois voltou atrás nos seus planos quanto ao racionamento. Se o problema fosse tão grave, o racionamento deveria ter começado em maio e com medidas mais duras - disse o senador paraense, para quem o presidente Fernando Henrique Cardoso "é um incompetente".

Ademir Andrade voltou suas críticas também ao governador do Pará, Almir Gabriel (PSDB), que estaria assumindo "atitude passiva" diante das imposições do governo federal. Gabriel pediu que a cota de redução do consumo fixada para o Pará fosse reduzida de 20% para 15%. Em troca, o estado poderia começar a adotar medidas de economia já a partir do dia 1º de julho, 15 dias antes do que estariam programando as autoridades federais. Ademir observou que os líderes políticos do estado, como o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB), e o presidente da Assembléia Legislativa, Martinho Carmona (PSDB), já se manifestaram contra o racionamento.

07/06/2001

Agência Senado


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