Ademir critica reação do governo a declarações de representante da ONU



O senador Ademir Andrade (PSB-PA) criticou a reação "aparentemente indignada" do governo às declarações feitas esta semana pelo relator-especial da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, Jean Ziegler. O senador reconheceu que as palavras do representante da ONU, que visitou regiões do interior do país por 18 dias, foram duras, mas, conforme observou, verdadeiras.

Ademir lembrou que Ziegler apontou as desigualdades sociais brasileiras e antecipou que iria recomendar em seu relatório a criação de uma comissão de controle de direitos humanos voltada para as carências alimentares. Ainda de acordo com o senador, o representante da ONU pediu a implementação de uma política de renda mínima no Brasil. Contabilizou 135 mil mortes violentas e a ocorrência de 40 mil assassinatos por ano no país, dizendo que, para a ONU, 15 mil mortos por ano já são indicador de guerra.

- Em vez de rebater as críticas e tentar desqualificar aquele que aqui esteve em missão oficial, o governo deveria agir. Tirar do papel, por exemplo, o plano de segurança pública, criado há cerca de dois anos, que até agora não foi convenientemente posto em prática - afirmou o senador.

Ademir disse também que é "vergonhoso ouvir que no Brasil a fome é um genocídio, não uma fatalidade, porque a responsabilidade é de ordem social e não da natureza". Segundo ele, em vez de aceitar as "imposições do FMI, de promover um superávit absurdo nas contas públicas para pagar juros extorsivos a banqueiros internacionais, o governo deveria fazer investimentos maciços em políticas sociais continuadas, em saneamento e em saúde "e não enganar o povo com programas eleitoreiros, visando maquiar a realidade".



21/03/2002

Agência Senado


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