Ademir manifesta preocupação com a "fuga de cérebros" do Brasil



A saída do país de pessoal especializado e de talentos das universidades e centros de pesquisa deve ser motivo de preocupação para o Brasil, afirmou o senador Ademir Andrade (PSB-PA). "Não valorizamos esses profissionais, perdendo-os para um mercado internacionalizado", alertou o senador, observando que, apesar das vantagens e dos avanços proporcionados pela migração do ser humano no planeta, o Brasil não deveria aceitar a saída de seus melhores cérebros, "nos quais, muitas vezes, toda a sociedade investiu pesadamente".

A partir de pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais, Ademir revelou que os emigrantes são brasileiros com melhor formação, em várias categorias profissionais. O estudo, prosseguiu ele, mostra que mais de 1,27 milhão de brasileiros deixaram o país entre 1986 e 1991; de 1991 a 1996, o número manteve-se relativamente estável, em torno de 1,07 milhão.

Ademir explicou que, para formar um doutor, hoje, no exterior, o Brasil desembolsa entre US$ 110 mil e US$ 130 mil. Ele observou que, "curiosamente, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) não tem a mínima idéia do retorno de todo esse investimento", e sequer sabe precisar o percentual daqueles que concluem os programas de pós-graduação fora do país.

- É inadmissível que uma agência financiadora consiga manter o país na ignorância, incapaz de encomendar aos milhares de mestrandos e doutorandos pesquisas que permitam investigar, analisar, explicar e tornar públicos todos esses dados - protestou.

Um outro fenômeno apontado por Ademir é o da migração de pessoal qualificado (doutores e pós-doutores) das universidades federais para a rede privada de ensino superior, a custo zero de formação. Segundo o senador, grande parte das escolas particulares é formada de "simulacros de caça-níqueis", não produz conhecimento e não se envolve com os problemas das comunidades nas quais está inserida.

- Também devo destacar que, dentro do próprio país, ocorre a migração de profissionais qualificados das regiões menos desenvolvidas para as regiões mais ricas. A minha região, a Amazônia, sofre as conseqüências da falta de oportunidade para os mestres e doutores, perdendo-os para o Centro-Sul - lamentou o senador.

Para Ademir, tudo isso demonstra a adoção de uma política equivocada e de um modelo de desenvolvimento inadequado para a realidade brasileira, marcada pela diversidade. O senador defendeu o fortalecimento dos institutos de pesquisa e universidades, por meio de investimento governamental na formação e na valorização dos profissionais, como forma de o país não ficar condenado à submissão aos países que detêm o saber.

12/03/2001

Agência Senado


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