ADEMIR: REBELIÃO DOS POLICIAIS RESULTA DO AVILTAMENTO SALARIAL
"Tudo aumenta neste país, mas os salários dos funcionários públicos continuam congelados há dois anos e sete meses", afirmou hoje (dia 18) o senador Ademir Andrade (PSB-PA), ao apontar a rebelião de policiais civis e militares em vários estados como a "conseqüência mais gritante" desse aviltamento salarial. "Será que o presidente da República não tem sensibilidade para as coisas que estão acontecendo neste país?", questionou.
Com o jornal Folha de S.Paulo nas mãos, estampando a manchete sobre o afastamento do governador Divaldo Suruagy, Ademir Andrade indagou: "Poderiamos condenar os policiais por essa atitude?". O senador se disse espantado com o clima de guerra que marcou ontem (dia 17) enfrentamento entre os policiais em greve e as tropas do Exército, em Maceió, e afirmou que o presidente da República precisa preocupar-se com isso.
Depois de criticar o governo pela resistência em cumprir as decisões judiciais favoráveis à correção nos vencimentos dos servidores, Ademir observou que, se os policiais fazem greve e obtêm reajustes salariais, não se pode esperar que as outras categorias profissionais o consigam. "E os professores deste país? E as universidades deste país? E os setores ligados à saúde? Quando fazem uma greve, o governo não a enxerga", frisou.
Na opinião de Ademir Andrade, o presidente Fernando Henrique Cardoso não está preocupado com a falência da educação nem com a crise dos postos de saúde. Mas poderia, a seu ver,sentar-se à mesa para debater o assunto com as lideranças partidárias que se encontram apreensivas com o momento político. O senador sugere que, se o governo não pode dar um aumento linear para todos os servidores, poderia esforçar-se por um aumento escalonado, "beneficiando sobretudo aqueles que ganham uma miséria".
Ademir informou que um policial militar em seu estado ganha R$ 130,00 por mês, e que é difícil um servidor conformar-se com uma situação degradante como essa. Disse também que é assustador ver a situação de falência de Alagoas e perceber que, "em meio a esse caos, o governo federal não faz nada para socorrer aquela gente".
Na presidência da sessão, a senadora Emília Fernandes (PTB-RS) manifestou-se também preocupada e afirmou que é urgente a necessidade de uma solução para as greves de policiais que afligem o país.
LOBÃO
O senador Edison Lobão (PFL-MA) refutou afirmação do senador Ademir Andrade (PSB-PA), segundo a qual o presidente Fernando Henrique Cardoso é culpado pela situação salarial que suscitou a greve dos policiais militares e civis em Alagoas, e que resultou no afastamento, ontem (dia 17), do governador Divaldo Suruagy. O senador maranhense disse que a crise salarial em que vivem o servidores federais e estaduais é grave, mas o presidente da República "não está insensível" ao problema.18/07/1997
Agência Senado
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