Adiada a leitura de relatório do processo disciplinar contra Suassuna



Por falta de quórum, o relator no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do processo disciplinar contra o senador Ney Suassuna (PMDB-PB), senador Jefferson Péres (PDT-AM), solicitou - e foi atendido - ao presidente do conselho, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), que fosse adiada a leitura de seu relatório sobre o caso. A nova reunião com esse objetivo foi marcada para as 10h do próximo dia 4. Jefferson lembrou que a leitura do relatório poderia ser feita mesmo com quórum reduzido, pois somente a votação do parecer exige a presença de pelo menos oito dos 15 membros do conselho, mas, segundo observou, preferia não fazer leitura "tão importante sem a presença da maioria dos membros do conselho".

- Lamento muito que o Senado Federal não consiga reunir oito senadores para a apreciação de uma matéria tão importante. Só posso dizer que lamento muito, pois acho que os senadores tinham obrigação de comparecer aqui, mesmo sacrificando suas campanhas - afirmou o relator, ao ressaltar que no próximo dia quatro fará a leitura do seu parecer com ou sem a presença de senadores.

Para justificar a falta de quórum, João Alberto afirmou que os senadores do PFL e do PSDB haviam avisado sobre a impossibilidade do comparecimento, já que o PSDB, que se coligou com o PFL em âmbito nacional, havia marcado para esta quarta-feira (20) um evento no Rio de Janeiro para lançar o programa de campanha do partido à Presidência da República.

Suassuna chegou a solicitar um adiamento da reunião por dez a 15 minutos para aguardar a chegada de mais parlamentares, mas João Alberto encerrou a reunião dois minutos após seu início, com a presença de apenas cinco senadores, além do corregedor da Casa, Romeu Tuma (PFL-SP), que, apesar de ter voz e voto, não é contado para efeito de quórum.

- Infelizmente, não vamos ter quórum. E eu concordo que essa é uma decisão muito importante. Por isso, dou por encerrada a reunião - decidiu João Alberto.

Em entrevista coletiva à imprensa, Suassuna afirmou que preferia que o seu caso fosse votado nesta quarta-feira, mas disse que saberá aguardar com "absoluta tranqüilidade" o dia 4, pois garantiu ser inocente de todas as acusações de envolvimento com a máfia das ambulâncias.

Em relação à falsificação da sua assinatura por sua ex-chefe de gabinete em um ofício enviado ao Ministério da Saúde que beneficiaria o esquema de fraudes, Suassuna voltou a afirmar que Mônica Mucury Teixeira apenas havia falsificado a assinatura porque teria sido informada de que Suassuna, que estava em viagem naquela ocasião, havia solicitado que ela o fizesse.

Em depoimento no Conselho de Ética na última semana, o senador pela Paraíbahavia dito que não soube do ofício na época de sua elaboração e que Mônica havia agido de boa-fé ao assiná-lo, porque um ex-assessor do gabinete, Marcelo Cardoso Carvalho - que vem sendo apontado em depoimentos de membros do grupo de fraudadores como intermediário do senador com a máfia - havia dito a ela que Suassuna não só sabia da existência do ofício, mas também que tinha solicitado que ela falsificasse a assinatura do senador.

- Essa assinatura é uma bobagem sem tamanho e por uma razão simples: se eu fosse da quadrilha, por que eu pediria para alguém assinar por mim? Eu mesmo assinava. Eu estou tranqüilo e inteiramente confiante, sabendo que se for feita justiça, será pela absolvição - declarou o senador pela Paraíba.

Suassuna está sendo investigado pelo Conselho de Ética porque teve o nome citado no relatório parcial da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas por conduta incompatível com o decoro parlamentar. O esquema de fraudes foi criado com o objetivo de utilizar irregularmente recursos do Orçamento da União para a compra de ambulâncias, pelas prefeituras municipais, com preços superfaturados. Segundo a CPI Mista, o senador atuava apresentando emendas ao Orçamento que beneficiariam o esquema de fraudes. Suassuna alega que tudo foi uma armação do seu ex-assessor Marcelo Carvalho.

20/09/2006

Agência Senado


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