ADVOGADO AFIRMA QUE DESEMBARGADOR TEM SINAIS DE RIQUEZA "A OLHOS VISTOS"



Ao responder pergunta do senador Djalma Bessa (PFL-BA) sobre sinais de riqueza manifestados pelo desembargador Daniel Ferreira da Silva, o advogado Abdalla Isaac Sahdo Júnior afirmou que esses sinais existiam "a olhos vistos". Exemplificou que o desembargador tem duas casas, quatro carros na garagem e deu a uma filha um carro de presente de aniversário. O relator da CPI, senador Paulo Souto (PFL-BA) indagou se a prática da comercialização de alvarás continuava no Amazonas. O advogado respondeu que as denúncias na imprensa e a atuação do Ministério Público impediram a prática - embora tenha dito posteriormente, respondendo a pergunta do senador Maguito Vilela, que o Ministério Público não tomou qualquer medida com relação ao fato, à exceção de um dossiê não formalizado.Abdalla acrescentou que o novo presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas, José Batista Vital Pessoa, determinou que todos os alvarás de soltura fossem comunicados a ele. Souto observou que o Poder Judiciário cassou a maioria dos alvarás expedidos irregularmente, conforme relato posterior do advogado.O presidente da CPI, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), indagou se fora feita também perícia grafotécnica com relação à assinatura do desembargador no alvará de soltura do traficante Altamiro Câmara Filho. A resposta foi negativa. O senador Maguito Vilela (PMDB-GO) quis saber quais as providências tomadas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Abdalla afirmou que apenas recentemente a Comissão de Ética da entidade começou a investigar as atividades de Maria José Menescal.Maguito Vilela enalteceu a "coragem cívica" do depoente. Para ele, trata-se de denúncia da maior seriedade, "tão grave quanto as denúncias que temos de São Paulo e da Paraíba". Afirmou que o traficante faz muito mal à sociedade, e não pode ter boa vida dada por um desembargador de Justiça.O senador Jefferson Péres (PDT-AM) avisou que, propositadamente, não se inscreveu para indagar ao depoente, uma vez que tem parentes na Justiça do Amazonas e isto poderia impedir sua isenção no caso. Para não demonstrar desinteresse, todavia, permaneceu durante toda a reunião da CPI.

05/05/1999

Agência Senado


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