Aécio chama Lula de presidente
Aécio chama Lula de presidente
Itamar leva presidenciável do PT e candidato do PSDB a Diamantina e homenagem a JK vira comício
A cerimônia de entrega de medalhas comemorativas do centenário de Juscelino Kubitschek, em Diamantina (MG), se transformou em comício do candidato do PT à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O petista, convidado pelo governador Itamar Franco, que apóia sua candidatura, fez discurso e o deputado Aécio Neves, candidato do PSDB ao governo de Minas cometeu ato falho, ao se referir a Lula como presidente. Em seguida, corrigiu afirmando estar se referindo ao presidente de honra do PT. Já o governador de Minas, Itamar Franco, disse que caberá a Lula e Aécio devolver a esperança ao Brasil.
Lula, Itamar e Aécio passearam pelas ruas de Diamantina e estiveram na casa onde Juscelino passou a infância e a adolescência e hoje transformada em centro cultural.
Itamar foi vaiado por estudantes, por ter vetado o repasse de recursos ao ensino superior.
O governador, Lula e Aécio levantaram a taça do pentacampeonato da Copa do Mundo de Futebol. A taça foi enviada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), como parte das comemorações dos 100 anos de nascimento de JK.
Numa resposta às críticas do tucano José Serra, que o acusa de não dizer como vai gerar novos empregos no País, Lula afirmou que se for eleito, terá de gastar seus quatro anos de mandato para recuperar os empregos que Serra e o governo de Fernando Henrique Cardoso fecharam.
A briga por mais empregos
Quem vai gerar mais empregos? Lula, com sua proposta de 10 milhões, ou Serra com seus 8 milhões?
A pergunta está no ar e Serra já saiu à frente para explicar, na voz de Gugu Liberato, cada passo de seu governo para atingir a meta dos 8 milhões.
Serra acha que pode gerar 3 milhões de novos empregos na agropecuária, incentivando o agronegócio e a agricultura familiar; vai criar 850 mil empregos no turismo, primeiro aumentando de R$ 24 milhões para R$ 84 milhões os gastos com publicidade; vai estimular a criação de 600 mil empregos na construção civil; 1 milhão e 230 mil empregos nas áreas de saúde (500 mil) e educação (730 mil). E mais 2 milhões 230 mil fazendo a economia crescer à média de 4,5% ao ano.
Lula dedicou seu tempo, ontem, à proposta de criação do projeto 1º emprego, pelo qual pretende dar incentivos às empresas para empregar jovens de 16 a 21 anos sem experiência profissional. Para isso, ele promete restituir a cada empresa R$ 200 para cada jovem empregado. Quer, também, instituir a carteira profissional do 1º emprego. E para gerar mais postos de trabalho ele admite que se deve criar programas de retomada do crescimento.
O candidato a deputado pela Aliança Trabalhista, José Batista, concorda com Lula e promete lutar por uma melhor distribuição de renda, justiça e paz social. Para Ney Valença, também da Aliança, não há lugar para os ladrões, mentirosos e corruptos. E Vasco Vasconcelos, da Frente Brasília Unida, garante que, mesmo sem ser deputado, já conseguiu apresentar um projeto que cria o dinheiro em braille. Se depender do pastor Egmar, o contribuinte vai pagar pouco ou quase nenhum imposto de renda. Para Moacir Santos, o voto não tem preço, tem conseqüência. Wilson Seixas pede muito conscientização na hora de votar. E Agnelo Queiroz defende o Fundo Constitucional do DF.
Motorista vai decidir na Justiça multas de pardais
Ministério público promete entrar com ação terça-feira pedindo o cancelamento de 130 mil infrações
A briga para invalidar as multas, emitidas por radares eletrônicos após 10 de maio deste ano, vai chegar à Justiça. O procurador geral dos Direitos do Cidadão, Antônio Ezequiel de Araújo Neto, do Ministério Público, promete entrar, na terça-feira próxima, com uma ação civil pública pedindo o cancelamento das multas.
Somente no Distrito Federal, entre os dias 1 de maio e 7 de setembro último, foram emitidas 129.517 multas (por excesso de velocidade flagrado por radares) pelo Departamento de Trânsito (Detran), que totalizam um valor estimado de cerca de R$ 21 milhões. Estas multas podem ser canceladas porque, desde o dia 9 de maio, não existe uma lei regulamentando a fiscalização dos radares eletrônicos em todo o País.
O próprio Ministério da Justiça tem dúvida se as multas devem ser canceladas ou não. Tanto é que pediu um parecer do seu departamento jurídico para saber o seguinte: se, com a revogação da Resolução 131 (que regulamentava a fiscalização dos radares), em 9 de maio, passam a valer as resoluções anteriores ou se fica nula a regulamentação. A dúvida será esclarecida na semana que vem.
"Independentemente da posição do Ministério da Justiça, vamos entrar com uma ação pedindo o cancelamento das multas e também com uma liminar para que seja suspensa a cobrança das mesmas", garante Antônio Ezequiel. Para ele, ao revogar a Resolução 131, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) anulou todas as anteriores. "Expressamente, na lei, ou tacitamente (de forma implícita)", garante.
Ele lembra que a Resolução 131, em seu artigo 9, revoga sete outras resoluções. Entre elas, porém, não está a de número 29, que pode ser validada pelo Ministério da Justiça. De qualquer forma, o Contran promete se reunir na próxima quinta-feira para discutir uma nova regulamentação.
Segundo o procurador Antônio Ezequiel, a ação civil pública pode beneficiar a todos os motoristas com multas emitidas depois de 10 de maio e que seu mérito pode ser julgado em seis meses. Os motoristas garantem que vão recorrer pelo menos administrativamente (no Detran) para ter a infração cancelada. Mas tem gente, como Isaías Lopes Gomes, 21 anos, que pretende esperar mais um pouco, até a decisão do Ministério da Justiça.
Ele é procurador de uma locadora de veículos e diz que a empresa tem, de maio para cá, cerca de 160 multas (no valor de cerca de R$ 20 mil) que podem ser canceladas. A vendedora Antônia Alves da Silva, 33 anos, tem R$ 4 mil em multas, emitidas desde o final do ano passado. "Se puder cancelar algumas, claro que vou recorrer, pois este valor é muito puxado", assegura a vendedora, cujo salário é de R$ 1,3 mil.
Detran começa a receber os recursos
O Detran/DF está recebendo os recursos dos motoristas com multas emitidas após o dia 10, mas garante que só vai se posicionar sobre o assunto depois que o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) der o parecer oficial.
O Instituto Brasileiro de Ciências em Trânsito (IBCT), uma Organização Não Governamental especialista no Código de Trânsito, recomenda aos motoristas que não paguem as multas. "Se alguém estiver com algum problema específico (precisando por exemplo do licenciamento do veículo) deve procurar ajuda de órgãos como Ordem dos Advogados do Brasil, Ministério Público e de defesa do consumidor", ressalta o presidente do IBCT, Pedro Siqueira Matheus.
Em São Paulo, o IBCT está entrando com algumas ações individuais para cancelar as multas. "Paralelo a isto, os motoristas devem recorrer administrativamente, nos Detrans de seus estados", orienta Pedro Matheus. Por enquanto, o Detran não fala em ressarcimento aos motoristas que pagaram as suas multas.
O IBCT, assim como o Ministério Público do DF, entende que a cobrança das multas no período posterior a 10 de maio deste ano está sendo feita de forma irregular. "Alguém tem de ser responsabilizado por isto", garante o procurador Antônio Ezequiel.
Segundo os especialistas em trânsito, a Resolução 131 foi revogada, pelo então ministro da Justiça Miguel Reale Júnior, porque feria a autonomia dos municípios. É que pela regulamentação eles teriam de prestar esclarecimentos ao Denatran sobre a instalação e op eração dos radares móveis. No DF, existem 270 equipamentos eletrônicos (conhecidos como pardais). Eles registram, a cada mês, uma média de 15 mil infrações.
Justiça libera remédios de plantas brasileiras
Decisão do STJ para empresa fechada, abre precedente. Especialistas alertam para riscos nos produtos
As ervas fitoterápicas que constam na lista de produtos usados na fabricação de medicamentos – chamada de Farmacopéia Brasileira – podem ser colocadas à venda enquanto aguardam o registro do Ministério da Saúde. A decisão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), refere-se apenas à empresa paranaense Honinteg - Complementos Alimentares Ltda, que recentemente fechou as portas. Embora a sentença não traga mais efeitos práticos para a empresa, abre precedentes para que outras ações na Justiça sejam decididas no mesmo sentido, em casos dessa natureza.
Na avaliação do presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Jaldo de Souza Santos, a decisão do STJ pode ter embasamento legal, mas, sob o ponto de vista farmacológico, representa riscos à saúde pública. É que, de acordo com ele, esses medicamentos possuem contra-indicações, ao contrário do que a sentença sugere. "A cáscara sagrada é estimulante do útero e, por isso, é abortiva", exemplifica Santos, citando um dos produtos que eram comercializados pela Honinteg.
A concepção de que se é seguro tomar medicamentos feitos à base de plantas também é criticada pelo chefe da Unidade Fitoterápica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Edmundo Machado. "Os efeitos colaterais vão depender da sensibilidade de quem está usando a erva, e ainda, se essa pessoa toma o medicamento fitoterápico associado a outros medicamentos", observa Machado.
Segundo ele, um dos compostos existentes em medicamentos vendidos pela empresa, a erva-de-são joão, não pode ser usado por portadores do vírus HIV, por exemplo, porque anula os efeitos dos remédios contra a Aids. "Essa decisão garante o direito de uma empresa vender medicamentos que não passam por nenhum exame", alerta.
O registro do Ministério da Saúde, explica Machado, é a garantia da segurança e da eficácia do produto, que a empresa tem que comprovar por meio de estudos e testes. "Quem é que, estando doente, vai tomar um medicamento confiando apenas na palavra do fabricante?".
Como em todo remédio, o número do registro do Ministério da Saúde deve constar no rótulo, na bula e na caixa do medicamento fitoterápico. O consumidor deve ter o cuidado de observar esse registro, que, segundo Machado, é composto pelas letras MS (iniciais de Ministério da Saúde), seguidas do numeral um, e, na seqüência, de oito a 12 dígitos. "Se não tiver esse número o medicamento fitoterápico, a princípio, é irregular", diz.
A decisão do STJ confirma decisão anterior do Tribunal de Justiça do Paraná, que garantia o direito de comercializar os medicamentos fitoterápicos, que haviam sido apreendidos pela Secretaria de Municipal de Saúde de Curitiba
A apreensão dos produtos da Honinteg - Complementos Alimentares Ltda ocorreu em setembro de 1998. A a empresa entrou com um mandado de segurança e a questão chegou ao STJ porque o município recorreu para manter a apreensão.
Bush dá ultimato a Saddam
Presidente norte-americano diz que se o Iraque não se desarmar o ataque a Bagdá será inevitável
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, declarou ontem, na abetura da Assembléia Geral das Nações Unidas, em Nova York, que uma ação militar contra o Iraque é "inevitável", a menos que se cumpram as resoluções da ONU que exigem o desarmamento de Bagdá.
"As resoluções do Conselho de Segurança serão seguidas. A justa exigência da paz e segurança será alcançada. Ou uma ação será inevitável", disse Bush. "E um regime que perdeu sua legitimidade perderá também seu poder."
Em seu discurso, Bush destacou, com meticulosidade, como o presidente iraquiano, Saddam Hussein, segue há uma década sem cumprir as demandas que a ONU impôs ao país após a Guerra do Golfo, em 1991, depois que as tropas iraquianas foram expulsas do Kuwait.
Insistindo que a recusa do Iraque de obedecer resoluções anteriores ameaçava a autoridade e a credibilidade da ONU, Bush declarou que os EUA trabalhariam com os outros membros do Conselho de Segurança do órgão em uma nova iniciativa sobre o Iraque.
"Se o regime do Iraque nos desafiar novamente, o mundo precisará agir deliberada e decididamente para responsabilizá-lo", disse Bush. "Não se deve duvidar dos propósitos dos EUA."
Na opinião de Bush, a conduta do regime iraquiano é uma ameaça à autoridade das Nações Unidas e uma ameaça à paz.
"O Iraque tem respondido a uma década de demandas da ONU com uma década de desafios. Todo o mundo agora enfrenta um teste, e as Nações Unidas, um momento difícil e desafiador", disse.
"As resoluções do Conselho de Segurança devem ser honradas e reforçadas ou colocadas de lado sem consequência? A ONU vai servir o propósito de sua fundação ou será irrelevante?", questionou.
Segundo Bush, o Iraque poderia desenvolver armas nucleares em um ano, se o regime de Saddam Hussein adquirir "o material radioativo correto".
"O regime de Saddam Hussein é um grande perigo, que está aumentando. Esse regime põe em risco um grande número de pessoas no mundo. Não podemos correr esse risco", disse.
Os líderes mundiais começaram, ontem, o debate anual da Assembléia Geral das Nações Unidas. Em seu discurso de abertura, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, advertiu os EUA de que um ataque contra o Iraque, sem aprovação da ONU, violaria o direito internacional e a estabilidade global.
Mulá Omar está vivo
O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, atribuiu ao regime deposto Taleban o atentado que sofreu na semana passada e disse que o líder do grupo, mulá Mohammad Omar, está vivo e será capturado.
Em uma entrevista exibida ontem, pela rede de televisão CNN, Karzai disse não saber se Osama bin Laden – a quem se atribuem os ataques de 11 de setembro de 2001 contra os EUA – está vivo, mas afirmou que, caso isso seja verdade, ele não poderá se esconder para sempre.
"Temos de prendê-los e levá-los à Justiça", afirmou Karzai, em Nova York, onde participou das cerimônias que marcaram o primeiro ano dos atentados. "Sei que o mulá Omar está vivo, não sei sobre Osama. Se ele estiver morto, bom para nós. Se estiver vivo, precisamos ir atrás dele. Eles não vão se esconder para sempre, um dia serão presos. Várias vezes estivemos perto, muito perto deles", afirmou Karzai, que chegou ao poder com apoio militar norte-americano, que derrubou o Taleban.
Na quinta-feira passada, Karzai escapou por poucos centímetros dos disparos feitos contra seu carro, em Cabul. Ele disse estar convencido de que um militante do Taleban cometeu o atentado.
Iraque diz que resistirá
O Iraque alertou, ontem, os EUA, na Assembléia Geral da ONU, que está pronto para responder a qualquer invasão com todas as armas à disposição, incluindo facas de cozinha, paus e pedras. O aviso foi dado pelo ministro do Exterior iraquiano, Naji Sabri, apenas algumas horas antes do presidente norte-americano George W. Bush defender na assembléia um ataque ao país do golfo Pérsico.
"Se formos atacados, responderemos usando tudo que tivermos à disposição, incluindo facas de cozinha, nossas próprias mãos, paus e pedras", afirmou Sabri. "Nós nunca deixaremos esses sionistas invadirem nosso país."
Washington acusa o Iraque de ser parte de um "eixo do mal", por supostamente produzir armas de destruição em massa. Há uma especulação crescente no mundo de que os Estados Unidos estão se preparando para atacar Bagdá e derrubar o presidente iraquiano, Saddam Hussein.
Sabri disse que o Iraque está pronto para aceitar os inspetores de volta de acordo, reafirmando o desejo iraquiano de que o ato condicione o fim das sanções impostas ao país após a invasão do Kuwait, em 1990. Os inspetores de armas da ONU começaram a trabalhar no Iraque depois da Guerra do Golfo (1991) e deixaram o país em 1998.
"Esperamos pela volta dos inspetores de acordo com as resoluções do Conselho de Segurança, e se o retorno ocorrer e servir aos propósitos das Nações Unidas, não vemos problema nisso", disse o chanceler iraquiano.
China veta entrada de Taiwan na ONU
A China e seus aliados barraram ontem, pelo décimo ano seguido, a tentativa de Taiwan de entrar na ONU . O comitê da Assembléia Geral da ONU, que estabelece a agenda da organização, decidiu por consenso contra a apresentação da solicitação de Taiwan durante a sessão, inaugurada ontem, disse o porta-voz Richard Sydenham. "Chegou-se a um acordo de que o item não será incluído na agenda", disse Sydenham. Representantes de cerca de 90 dos 190 países que participam da sessão da Assembléia Geral expressaram sua opinião sobre o assunto durante várias horas de debate e a maioria se opôs à entrada de Taiwan na organização. Taiwan, com uma população de mais de 23 milhões de habitantes, tenta ingressar na ONU ano após ano, desde 1993, mas a China – que considera a ilha uma província renegada – e seus aliados se reúnem a cada sessão para manter o tema fora da agenda da Assembléia Geral.
Artigos
Observadores e observados
Ricardo Mendes
Quando o candidato democrata Al Gore reconheceu a vitória do republicano George W. Bush, na última eleição presidencial dos Estados Unidos no ano 2000, ainda havia dúvidas sobre a lisura do processo eleitoral. Existia controvérsia sobre o resultado da votação na Flórida, estado governado por um irmão do republicano. Gore era o vice-presidente da megapotência e tinha como trunfo a popularidade do titular, Bill Clinton. O candidato derrotado poderia ter insistido na hipótese de fraude eleitoral – e havia elementos para fundamentar a contestação –, mas optou por não o fazer.
O conformismo manifestado por Gore no episódio ocorreu fundamentalmente porque ele e a cúpula do seu partido compreenderam que, na opinião dos norte-americanos, um homem público deve zelar pela estabilidade e pela legitimidade das instituições democráticas. Lá, entende-se que a presidência é algo bem maior que o homem que possa exercê-la.
A atitude de Al Gore eliminou o último obstáculo à ascensão de Bush. Mas, ao capitular, o candidato democrata deixou para seu povo e o mundo uma lição de respeito às instituições. Felizmente, esse é um pensamento que vem ganhando força no Brasil.
Quando Lula, José Serra e Ciro Gomes (num segundo momento) repelem a necessidade de observadores internacionais fiscalizarem as eleições presidenciais, os três políticos sinalizam para os brasileiros e a comunidade internacional que nosso país não pode ser visto como uma reles república de bananas.
A preocupação em atribuir um caráter de força e credibilidade às nossas instituições não é mero proselitismo político. Ela atende a, no mínimo, duas necessidades inegáveis. A primeira: o homem que vencer as próximas eleições precisa ter o sinal da legitimidade para ser um interlocutor forte diante das demais nações e dos diferentes setores da sociedade e da economia brasileiras. A segunda: as posições defendidas pelo Brasil na comunidade internacional – das estratégias para atrair investimentos à luta para romper barreiras comerciais – só terão força na medida que os olhares estrangeiros reconhecerem a seriedade dos nossos representantes e tiverem confiança de que a solução dos nossos conflitos origina-se da negociação e do diálogo, e não de arroubos voluntaristas de líderes auto-suficientes.
Nos últimos 50 anos, dois presidentes foram eleitos com discursos que achincalhavam nossas instituições: Jânio Quadros e Fernando Collor. Achavam que o presidente pode ser maior que os valores democráticos. Quebraram a cara, com graves e duradouras conseqüências para todos nós.
Colunistas
CLÁUDIO HUMBERTO
Nó estratégico" imobiliza Serra
Apesar dos desmentidos, está mesmo em curso uma operação "todos contra Serra", na campanha presidencial. Ciro Gomes e Anthony Garotinho repetem, no horário eleitoral, o comportamento do último debate na Record, atacando o governo FhC e seu candidato. A certeza dessa "conspiração" imobiliza o comando da campanha tucana, que chama isso de "nó estratégico": eles ainda não sabem como partir para o confronto com Lula deixando o flanco desguarnecido para a pancadaria de Garotinho e Ciro.
Mudando de lado
Filiando-se ao PSDB, Nizan Guanaes dá o primeiro passo para realizar um velho projeto: ser eleito prefeito de Salvador. Ele vai finalmente saborear o que os políticos mais gostam de fazer: falar mal dos seus marqueteiros.
Voto verde-oliva
A campanha eleitoral invadiu os quartéis, no Paraná. A pretexto de oferecer seu helicóptero para ajudar no combate ao incêndio do Parque Nacional de Ilha Grande, na divisa com o Mato Grosso do Sul, o candidato a governador Beto Richa (PFL) pousou, com estardalhaço, em pleno quartel da 5ª Companhia de Fronteira, do Exército, para desespero do seu comandante.
Autoplágio
Duda Mendonça, marqueteiro do PT, decidiu criar o boneco "Lulinha Paz e Amor", para distribuir às crianças. A idéia é boa, mas não é original: quando trabalhava para Paulo Maluf, Duda inventou o boneco "Malufinho", que os adversários petistas chamavam carinhosamente de "Vudu".
Fala sério
Fernandinho Beira-Mar consegue armas, celulares, chaves e matar inimigos em presídio de segurança máxima, mas o secretário de Segurança do Rio, Roberto Aguiar, ainda diz que o bandido "não manda nada". Até a crédula d. Josefa, do cafezinho, achou que dr. Aguiar está de gozação.
Mata, mas faz
D. Elma M., que acha d. Josefa do cafezinho trouxa demais, está pensando seriamente em votar no Fernandinho Beira-Mar para governador. Além de algumas características maléficas de muitos candidatos, ele tem o que lhes falta em organização, autoridade e liderança. E não promete, cumpre.
O rei do Rio
Sorridente, transitando livremente e sequer algemado em Bangu I, só faltou Fernandinho Beira-Mar dar entrevista coletiva, contando como enfrentou quase 24 horas de rebelião.
Pensando bem...
...o presídio é de segurança máxima. Beira-Mar não tem o que temer.
Operação desmonte
A Rede Globo realiza a "operação desmonte" da sua equipe de jornalismo em São Paulo, responsável por alguns dos mais competentes momentos investigativos de sua história recente. Também a área esportiva, que antes editava o Globo Esporte, agora será concentrada no Jardim Botânico. Para a Globo, pelo visto, o vitorioso futebol paulista vai virar "periferia" do carioca.
Invasão de priva (cidade)
Paulo Maluf, candidato ao governo paulista, azucrina os incautos com gravações pedindo votos ao telefone. Seu desafeto político Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) candidato a deputado federal, copiou: pede votos até a secretária-eletrônica. Aconteceu com uma (e) leitora. Do Rio.
Troféu Podus Gelidus
No comitê de Ciro Gomes, a brincadeira agora é identificar os "pés-frios" que fizeram o candidato despencar. Os "cristãos novos" lideram o ranking, mas o deputado cearense Paulo Linhares está com a mão no troféu: ele integrou a campanha da ex-Patrícia de Ciro à prefeitura de Fortaleza. Ela era líder absoluta nas pesquisas, mas terminou a campanha em quarto.
Mãe na roda
O trocadilho é infame, e a proposta, idem. A Suzuki do Brasil dá generosa mãozinha para jornalistas sem caixa: descontos, até R$ 11 mil, para carros da montadora, até o dia 30. Como o luxuoso Grand Vitara 5D, que custa R$ 67.200 para os simples mortais. Oferta especial dessas, via e-mail para os caros colegas, merecia um editorial sobre ética.
Pindaíba na rede
É grave a crise no Serpro, sacrossanto Serviço Federal de Processamento de Dados. Graduados ou não, os servidores estão proibidos de navegar na Internet. Para impedir que eles, técnicos em informática, burlem a proibição, a direção manda desligar a rede. Conexão com o mundo exterior, no Serpro, só das 8h às 9h e das 12h às 14h. Nem um minuto a mais.
Folia aérea
A Varig é uma das empresas aéreas que tentam sair do atoleiro depois que o governo desistiu de receber o dinheiro dos impostos, cobrados em cada passagem, e por elas embolsados ilegalmente. A festa é tão grande que os passageiros do vôo 5509, entre Recife Brasília, quarta-feira, nem estranharam quando o comandante se apresentou: chamava-se Momo.
A fonte secou
Com aquele mundão de água na Baía de Guanabara, os passageiros das barcas Rio-Niterói não têm sequer um bebedouro nas estações de embarque e desembarque. Desconfiam da pressão das lanchonetes que exploram a venda de refrigerantes, sucos e água mineral. A concessão para explorar o transporte é pública, mas a sede foi privatizada.
Poder sem pudor
Uma idéia fixa de Maluf
Não é a primeira vez que Paulo Maluf chama de "pederasta" um repórter que faz perguntas incômodas, como o jornalista Jair Viana, de São José do Rio Preto. Maluf era governador e concedia entrevista a quatro pesos pesados do jornal O Estado de S. Paulo, incluindo o editor-chefe.
- Como o sr. vê a introdução desse novo verbo no vocabulário da língua portuguesa: malufar? - perguntou um deles, com toda pertinência.
- Da mesma forma que você verá amanhã faixas estendidas na porta do Estadão e na rua de sua casa, anunciando que você é pederasta.
Levantou-se e foi embora.
Editorial
COMBATE AO VANDALISMO
Alguns cidadãos precisam de um choque de civilidade. Sem qualquer motivo, depredam o patrimônio público. Quebram aquilo que foi construído com parte da renda de suas famílias.
O governo resolveu mudar as paradas de ônibus do Distrito Federal, que, mais claras e eficientes, vão garantir conforto aos passageiros. Mas, no Guará II, nem bem foram instaladas – algumas delas ainda não estão prontas – e já amanheceram pichadas. É apenas uma parte do projeto de substituição de paradas, que será levado em seguida para Taguatinga e Plano Piloto.
Parentes, vizinhos e conhecidos deveriam chamar essas pessoas para uma conversa e mostrar que sujar a cidade não é motivo de orgulho. Estão destruindo aquilo que pode ser necessário para suas mães, avós ou irmãs. Caso uma conversa não resolva, é preciso que esses jovens sejam denunciados à polícia.
O poder público, pago para proteger pessoas e patrimônio da sociedade, rende muito mais se ajudado pelos cidadãos de bem. Os brasilienses têm o dever de ajudar a polícia a identificar esses contraventores. Ainda mais quando se sabe que as pequenas ações criminosas são treinos para formar bandidos.
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09/13/2002
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