Lula decide atacar e chama Serra de ‘chorão’








Lula decide atacar e chama Serra de ‘chorão’
Petista abandona cautela e critica tucano, por não assumir o ônus de ser do governo

BRASÍLIA – O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abandonou ontem temporariamente a estratégia de evitar críticas aos adversários e chamou o tucano José Serra de “chorão”. Fazendo questão de carimbar o rival como “o candidato do governo” a cada duas frases, Lula não se conteve. “Serra só quer o bônus da máquina fazendo campanha para ele, mas não quer o ônus de ser candidato do governo”, disse o petista, ao ser questionado se fizera tabelinha com os outros concorrentes de oposição, no debate de segunda-feira da TV Record, com o objetivo de prejudicar Serra.

“A verdade é que o candidato do governo é chorão”, afirmou Lula. “Por isso, acha que todas as perguntas foram feitas para atingi-lo”, completou o petista, depois de participar de debate na Universidade de Brasília (UnB) sobre as propostas de governo do PT para a educação.

Lula disse não saber o que Serra quer ao reclamar tanto. Pesquisa do Ibope divulgada terça-feira indica que o tucano está tecnicamente empatado no segundo lugar com Ciro Gomes (PPS).

Ambos têm agora 17% das intenções de voto e estão 18 pontos atrás de Lula.

“Serra não quer que se discuta o passado. Ora, não poderemos discutir o futuro sem conhecer o passado e o passado do governo que ele representa é desastroso”, provocou o presidenciável do PT, fiel à decisão do comando de sua campanha de reforçar as diferenças entre o discurso do ex-ministro da Saúde e a prática do governo, conforme antecipou ontem o Estado.

Ao dar a estocada no tucano, Lula aproveitou para ironizar o adversário. “Ele então que diga que não é candidato do governo, que está fazendo oposição. O que não dá é um candidato do governo se apresentar num debate como se não tivesse nada com esse governo.”

O petista repetiu não ter preferência quanto ao adversário para o segundo turno, embora a cúpula do partido afirme, em conversas reservadas, que é melhor enfrentar Ciro. O comando da campanha acha que o candidato do PPS, atacado por Serra, chegaria mais “ferido” à segunda etapa da disputa.

“Se Deus me ajudar e a gente colher tudo aquilo que está plantando, espero obter 51% no primeiro turno”, observou Lula, que, nos comícios, tem pedido empenho dos militantes para ajudá-lo a vencer no dia 6 de outubro. “Se não der, nós vamos enfrentar isso com a mesma galhardia com que estamos enfrentando no primeiro turno.”

Lula reafirmou estar na fase do “paz e amor” e disse que, se for criticado, avaliará muito bem que respostas dará. “A cada crítica que recebermos, vamos avaliar se deveremos ou não respondê-las”, argumentou. “Só espero que meus adversários lembrem-se de que, quando estão falando na televisão, no sofá normalmente está sentada uma família, um homem e uma mulher. Se as pessoas querem ouvir palavrão, difamação e injúria, elas não precisariam ligar a TV para ver debate político. Se depender da minha disposição, não haverá nenhum baixo nível nessa campanha.”

O candidato do PT condenou as agressões entre Serra e Ciro. “Acho que a disputa entre esses meus dois adversários não vai ser resolvida no debate. Porque um acusa o outro, mas não prova nada contra ninguém. Fica numa rixa que parece até uma questão pessoal. Não ajuda na campanha nem na politização da sociedade. Acho que quem não entrar nessa pode até ganhar mais credibilidade da sociedade.”

Afirmando estar “muito tranqüilo” nesta eleição, Lula prometeu participar de todos os debates até o fim da campanha. “Até porque quero ensinar, sobretudo os candidatos a presidente e a governador, que ninguém deve ter medo porque está em primeiro lugar. Se uma pessoa está em primeiro lugar é porque tem virtudes. Se tem virtudes, nada melhor do que expô-las na televisão no debate com seus adversários”, declarou.

Sobre as queixas de Ciro e de Anthony Garotinho (PSB), a respeito das decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) favoráveis a Serra, Lula disse não ter como fazer juízo de valor sobre elas.

Mas voltou a dar estocadas em Serra. “Acho que a verticalização foi feita com o objetivo de beneficiar o candidato Serra. Nós (do PT) ainda não entramos com nenhuma ação. Eu confesso que não tenho conhecimento das queixas de Garotinho e de Ciro Gomes. O que não pode é só chorar. Tem de agir. O dia em que eu tiver algum problema com o Serra, vou à Justiça”, concluiu.


'Lula também foi chorão e ficou reclamando'
Serra afirma que, no debate, petista ficou devendo explicações em 'questões substantivas'

RECIFE - Em campanha no Recife, José Serra disse que Lula, do PT, foi tão chorão quanto ele no debate da última segunda-feira. "De fato, pedi a palavra várias vezes, mas ele também foi chorão, ficou chorando em cima do direito de resposta que eu conseguia, ficou reclamando, uma ciumeira injustificada dada as características elegantes que Lula tem como pessoa e que eu reconheço."

Para Serra, "fora a questão folclórica de quem chorou mais", o que interessa é que Lula ficou devendo explicações em quatro questões "substantivas" levantadas no debate. "Quem vai dirigir o País tem de ser capaz de explicar a sua posição e a do seu partido", afirmou, lembrando que Lula não explicou porque o PT votou contra o Fundo de Valorização do Ensino Fundamental e Magistério, Fundef, que trouxe grande benefício ao Nordeste. O PT, segundo ele, também tem criticado a plataforma da Petrobrás, mas não explicita, no programa, a prioridade das compras governamentais para produção brasileira.

"Esta é uma proposta minha, de que haja reserva de mercado nas compras governamentais para micro e pequenas empresas." O tucano lembrou que, mesmo sendo favorável "em tese" à privatização, o PT votou contra a privatização.

Serra afirmou que, no Recife, "até as árvores, paralelepípedos e rios" sabem quem foi ele, como ministro da Saúde, em parceria com o governo do Estado, o responsável pela recuperação do laboratório farmacêutico Lafepe, Para torná-lo o centro produtor de remédios do Norte e Nordeste. "Lula pode elogiar a inciativa, mas tem de dizer que é minha."

O candidato diz que se Lula quisesse mesmo debater, teria feito a ele a pergunta sobre a dengue. "Teríamos mostrado que a dengue não tem cor partidária; subiu no Recife e em Goiânia, que são administradas pelo PT, não por culpa do PT, mas porque o PT não está acima do bem e do mal da dengue."

Empate - Serra afirmou que não iria polemizar com Paulinho, vice de Ciro Gomes, sobre a idéia de pedir à ONU a fiscalização das eleições. Definiu a idéia como "estilo deles": "Eles acham que os outros se comportam como eles se comportariam."

Ele entende o empate com Ciro Gomes nas pesquisas como um gol, apesar de os votos não terem sido transferidos para ele: "Querer fazer gol todo dia não dá. Importante é ganhar a partida até o final do segundo tempo, o que esperamos vá acontecer."


Candidato já é favorito de eleitores de FHC
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, conseguiu conquistar mais eleitores que aprovam o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e hoje é o preferido de quase um terço (32%) desse segmento, segundo a última pesquisa Ibope, divulgada terça-feira. De acordo com a Fátima Pacheco Jordão, analista de pesquisas eleitorais e consultora do Grupo Estado, Serra já é identificado pelo eleitorado como o candidato do governo e está próximo do teto que conseguiria atingir entre os que aprovam a administração de Fernando Henrique.

"Não há muito mais espaço para Serra crescer nesse segmento", diz ela.

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